terça-feira, 5 de setembro de 2017

Minha Prima Raquel

Esse filme é um remake de um antigo clássico romântico lançado em 1952 e que tinha no elenco Olivia de Havilland e Richard Burton. A trama se passa na era vitoriana quando dois primos muito próximos são separados quando um deles é diagnosticado com tuberculose. Em busca de um lugar com clima mais ameno ele vai para uma região distante onde acaba conhecendo Rachel Ashley (Rachel Weisz), também sua prima de um outro ramo da família. Não demora muito e eles se casam, mas pelas cartas que envia ao seu primo as coisas não seguem muito bem. Em pouco tempo chega a notícia de sua morte. O primo sobrevivente,  Philip (Sam Claflin), se convence que ele foi morto pela esposa, que estaia de olho em seus bens, mas será que essa suspeita teria base na realidade? Uma vez que ele não tem provas sobre isso...

Eu gosto de chamar esse tipo de narrativa de "trama Dom Casmurro", isso porque assim como aconteceu no famoso livro de Machado de Assis nunca ficamos sabendo da culpabilidade ou não da personagem principal. A Rachel dessa história em muito se assemelha a personagem Capitu de Machado de Assis. Ao longo de toda a estória você nunca saberá com certeza se ela é uma boa moça (isso levando-se em conta seu modo de ser e personalidade que aparenta ter) ou se ela é na realidade uma viúva negra, uma mulher sem escrúpulos, disposta a matar seu próprio marido para ficar com sua herança! O filme tem uma bela fotografia e aquela ambientação que já bem conhecemos, tudo remetendo ao charme da era vitoriana, com seus belos figurinos e cenários. Com um desenvolvimento bem próprio, mais ao estilo europeu de fazer cinema, essa nova versão não decepciona, mas também não inova em quase nada. Um velho problema que parece se repetir em todos os tipos de remakes cinematográficos.

Minha Prima Raquel (My Cousin Rachel, Inglaterra, Estados Unidos, 2017) Direção: Roger Michell / Roteiro: Roger Michell / Elenco: Rachel Weisz, Sam Claflin, Holliday Grainger / Sinopse: Baseado na novela romântica escrita por Daphne Du Maurier, esse filme conta a história da enigmática Rachel (Welsz), que tanto pode ser uma viúva em luto, como também uma assassina fria e inescrupulosa. O primo de seu falecido marido não consegue chegar a uma conclusão sobre isso. Pior, ele aos poucos começa a se apaixonar perdidamente por Rachel e seus encantos femininos. Filme premiado no Golden Trailer Awards.

Pablo Aluísio.

Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar

Esse é o quinto filme da franquia "Piratas do Caribe". Somando-se as bilheterias de todos os filmes anteriores o estúdio faturou quase quatro bilhões de dólares arrecadados nos cinemas! É um valor assombroso! Por isso a Disney parece não querer largar o osso. Curiosamente esse quinto filme acabou decepcionando comercialmente, mostrando que o público finalmente cansou das aventuras do capitão pirata Jack Sparrow. Com orçamento de 230 milhões de dólares (outra fortuna), o filme mal conseguiu até agora se pagar nas bilheterias de cinema. Provavelmente, depois desse pífio desempenho, a franquia finalmente chegue ao seu tão adiado final. Realmente não há muito mais a se explorar. O roteiro desse novo filme, por exemplo, é apenas uma variação de todos os anteriores. Há obviamente o protagonista carismático, sempre envolvido em cenas absurdas, um capitão querendo vingança  e alguns personagens secundários que não fazem muita diferença no final. E claro, não poderíamos esquecer, muitos efeitos visuais, os mais bem realizados de Hollywood. Aqui temos tubarões zumbis (isso mesmo que você leu!) aliados a um navio fantasma (literalmente falando) com toda a tripulação morta voltando ao mundo dos vivos para uma acerto de contas definitivo com Sparrow.

Por falar nesses marinheiros mortos, a melhor coisa do filme é justamente o vilão, o capitão espanhol Salazar (Javier Bardem), No passado ele teve seu navio afundado por uma manobra de Jack Sparrow. Sua nau bateu nos recifes e todos morreram, inclusive ele. Envoltos numa maldição eterna eles conseguem voltar ao mundo dos vivos para se vingarem finalmente de Sparrow. Os efeitos digitais são muito bem feitos, como já escrevi, em especial o visual etéreo de Salazar, com seus cabelos sempre dando a impressão de que ele está afundando no fundo do mar (afinal ele morreu justamente assim). Fora isso esse quinto filme é mais do mesmo. Há o breve retorno de alguns personagens do primeiro filme e até uma aparição divertida de Paul McCartney como o tio de Sparrow,  Pena que são apenas aspectos menores que ajudam a passar o tempo.

Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar (Pirates of the Caribbean: Dead Men Tell No Tales, Estados Unidos, 2017) Direção: Joachim Rønning, Espen Sandberg / Roteiro: Jeff Nathanson / Elenco: Johnny Depp, Geoffrey Rush, Javier Bardem, Geoffrey Rush, Orlando Bloom, Keira Knightley, Paul McCartney / Sinopse: O falecido capitão espanhol Salazar (Bardem) volta para o mundo dos vivos para se vingar do capitão pirata Jack Sparrow (Depp), a quem ele culpa por sua morte e de seus tripulantes. Filme indicado ao Teen Choice Awards.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Hércules

Vamos inicialmente para a sinopse do filme: Segundo a lenda que se espalha aos quatro ventos na Grécia Antiga, o guerreiro Hércules (Dwayne Johnson) é o filho bastardo de Zeus com uma mortal. Desde cedo colocado à prova por ser considerado um semideus, ele agora se torna mercenário contratado por um rei que se diz cercado por terríveis inimigos movidos por magia negra, em um exército de centauros poderosos comandados por um bruxo cruel e sanguinário. Mas será que isso é realmente verdade? Pois é, o velho Hércules retornou às telas. Nos anos 1950 e 1960 o personagem Hércules viveu seus melhores dias em termos de popularidade no cinema. Muitos filmes foram realizados explorando sua lenda, principalmente produções italianas de baixo orçamento. Agora, em tempos de reciclagem, um grande estúdio de cinema americano resolveu investir nesse ícone da mitologia antiga.

Curiosamente ao invés de abraçar as aventuras de um herói semideus enfrentando terríveis monstros em seus famosos trabalhos, o roteiro procura mostrar Hércules como um guerreiro mercenário, cujas lendas populares que se cantam em prosa e verso não correspondem necessariamente com a verdade. Ele seria um tipo de herói cuja fama é superestimada em relação aos acontecimentos reais. Isso trouxe aspectos positivos, mas também negativos ao filme em si. Positivo porque fugiu de certas armadilhas que afundaram filmes como "Fúria de Titãs" e negativos porque podem vir a decepcionar o fã do Hércules da mitologia clássica. Em termos de produção não há o que reclamar, o filme de fato é muito bem realizado, cortesia dos 100 milhões de dólares de seu orçamento. Dwayne Johnson, o conhecido The Rock, está adequado para o papel, mas quem rouba o show mesmo no quesito atuação é o veterano John Hurt como o Rei Cotys. Inicialmente ele surge como um monarca frágil e cercado por forças terríveis que se espalham em seu reino, para só depois mostrar sua verdadeira face. Ao redor de Hércules também surge uma galeria de ajudantes, amigos e companheiros de batalha que ele foi conhecendo ao longo de sua jornada. Esse tipo de equipe de heróis me fez recordar dos primeiros filmes de Conan, ainda com Arnold Schwarzenegger. Então é isso, temos aqui um filme divertido, pipocão, que não nega suas pretensões e nem suas origens. Se for encarado apenas dessa forma sem dúvida lhe proporcionará uma sessão despretensiosa de pura diversão.

Hércules (Hercules, Estados Unidos, 2014) Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer / Direção: Brett Ratner / Roteiro: Ryan Condal, Evan Spiliotopoulos / Elenco: Dwayne Johnson, John Hurt, Ian McShane / Sinopse: Novo filme explorando as aventuras do herói da mitologia grega, Hércules. Aqui ele enfrenta novos e perigosos desafios que testarão sua força digna de um semideus. Filme indicado ao Teen Choice Awards nas categorias Melhor Filme de verão e Melhor astro de Filme de verão.

Pablo Aluísio.

A Lenda do Pianista do Mar

Título no Brasil: A Lenda do Pianista do Mar
Título Original: La leggenda del pianista sull'oceano
Ano de Produção: 1998
País: Itália
Estúdio: Medusa Film, Sciarlò Company
Direção: Giuseppe Tornatore
Roteiro: Alessandro Baricco, Giuseppe Tornatore
Elenco: Tim Roth, Pruitt Taylor Vince, Bill Nunn

Sinopse:
No começo do século XX, nasce a bordo de um navio um menino que é batizado com o nome de Danny Boodmann (Tim Roth). Os anos passam e ele aprende a tocar piano. Se torna um grande músico. Só que ele nunca deixa o navio onde nasceu.

Comentários:
O cinema italiano tem uma longa tradição em filmes emocionais, nostálgicos e líricos. O cineasta Giuseppe Tornatore (de "Cinema Paradiso", "Malena" e "Lembranças de um Amor Eterno") sempre teve grande talento para dirigir filmes nessa linha. Aqui ele assina uma de suas obras mais ternas, mais sensíveis. Tudo parece seguir como se fosse uma grande fábula. Isso é uma característica da obra original, uma peça teatral em forma de monólogo, onde um ator no palco contava a estória do tal pianista do mar. E em um filme onde a música é tão importante, o espectador ainda é presenteado com uma linda trilha sonora assinada pelo grande mestre da música no cinema Ennio Morricone, que inclusive foi premiado merecidamente com o Globo de Ouro por esse trabalho. Mais do que justo, merecido! Em termos de premiação aliás o filme foi muito bem, inclusive vencendo em várias categorias importantes do David di Donatello Awards, uma das premiações mais importantes do cinema italiano. Belo e poético, esse "A Lenda do Pianista do Mar" é uma excelente pedida para aquele tipo de público mais sensível, que gosta de cinema de arte produzido na Europa.

Pablo Aluísio.

domingo, 3 de setembro de 2017

Eu, Daniel Blake

Essa produção inglesa foi bastante elogiada pela crítica, fazendo uma excelente carreira em festivais internacionais de cinema. Seu roteiro realista critica a ineficiência do Estado, atolado em atividades burocráticas, a maioria delas não fazendo qualquer sentido prático. O protagonista é um trabalhador comum, um marceneiro, chamado Daniel Blake. Certo dia ele sofre um infarto no trabalho. Sua médica o aconselha a não mais trabalhar, com risco de sofrer um segundo infarto, que na sua idade seria praticamente fatal. Blake então vai até o centro de assistência social do governo inglês e então começa seu calvário. O procedimento para receber uma ajuda governamental, enquanto ele ainda não está trabalhado, é absurdamente Kafkiana. Uma infinidade de petições, protocolos, recursos e tudo o mais em que chafurda a burocracia estatal. Enquanto isso Blake vai definhando, sem dinheiro e sem condições de trabalhar para se sustentar.

Ele também conhece uma jovem mãe solteira, que vive com duas crianças, em estado de grande pobreza. Ela chega a roubar alimentos em um pequeno mercado do bairro e acaba indo parar em uma atividade moralmente condenável, embora tenha sido a única saída para ela sustentar as crianças. Como se vê é um filme que mostra pessoas comuns, sofrendo as piores situações, para simplesmente sobreviver com o mínimo de dignidade. O Estado, criado justamente para auxiliar nesses casos, se apresenta como uma máquina absurdamente ineficiente, cheia de servidores ineptos e incompetentes, levando um homem a perder praticamente todos os seus direitos. Um bom filme, muito consciente do ponto de vista social, demonstrando acima de tudo como pode ser cruel a máquina burocrática de um sistema falido.

Eu, Daniel Blake (I, Daniel Blake, Inglaterra, Bélgica, 2016) Direção: Ken Loach / Roteiro: Paul Laverty / Elenco: Dave Johns, Hayley Squires, Sharon Percy / Sinopse: Daniel Blake (Johns), um trabalhador comum, homem honesto, passa por todas as dificuldades possíveis para ser aprovado em um sistema de proteção social. Ele perdeu sua capacidade de trabalho após sofrer um infarto, está sem dinheiro e precisa de ajuda para sobreviver. Filme premiado pelo BAFTA Awards na categoria de Melhor Filme Britânico do Ano. Também premiado pelo Cannes Film Festival.

Pablo Aluísio.

Viktor

O roteiro desse filme não necessariamente é aquele tipo que esperaríamos encontrar em uma fita estrelada por Gérard Depardieu. Está mais para Charles Bronson. Explico. A trama é bem simples. Depardieu interpreta um envelhecido membro da máfia russa. Após ficar sete anos preso na França por seus crimes ele volta às ruas. Sua primeira atitude é ir atrás do seu filho, que não vê há anos. Então descobre que ele foi assassinado, provavelmente por um contrabandista russo de diamantes. De volta a Moscou, Viktor (Depardieu) decide então fazer justiça pelas próprias mãos. Ele arma ciladas, onde vai pegando um a um do grupo de responsáveis pela morte de sua filho, um rapaz que tinha problemas com drogas.

Primeiro Viktor aponta sua fúria contra um advogado, que trabalhava com o traficante, depois... bom, se você já assistiu a algum filme de vingança com Charles Bronson já sabe do que estou falando. Um ponto positivo (já que o roteiro é previsível) é o fato do filme ter sido rodado na Russia e em outros lugares da federação russa, como a Chechênia, por exemplo. Isso trouxe um belo cenário para as cenas, algo que não estamos acostumados a encontrar em filmes de ação como esse. Outro destaque é a presença da bela Elizabeth Hurley no elenco. A inglesa interpreta uma antiga paixão de Viktor que ele reencontra. Pena que a química de sedução entre os dois é quase nula, muito pouco verossímil para o espectador. Então é basicamente isso. Como o velho Bronson não está mais vivo era de se esperar que roteiros como esse ficassem à deriva em busca de algum ator famoso, ate que o encontrasse. Gérard Depardieu fisgou a isca. Pena que o resultado seja bem mediano realmente.

Viktor (Viktor, França, Rússia, 2014)  Direção: Philippe Martinez / Roteiro: Philippe Martinez / Elenco: Gérard Depardieu, Elizabeth Hurley, Evgeniya Akhremenko  / Sinopse: Viktor (Depardieu) é um antigo membro da máfia russa que após ficar sete anos preso na França retorna à liberdade. Agora ele almeja vingar a morte de seu filho, que foi executado por um traficante de diamentes de Moscou. Armado até os dentes, ela saiu em busca de satisfazer sua sede de vingança.

Pablo Aluísio.

sábado, 2 de setembro de 2017

Os Oito Odiados

Como o próprio material promocional do filme deixa claro temos aqui o oitavo filme de Quentin Tarantino, o segundo no gênero western. O enredo é dos mais simples: O caçador de recompensas John Ruth (Kurt Russell) aluga uma diligência para levar sua prisioneira Daisy (Leigh) até Red Rock. A viagem é dura pois é realizada no meio de uma forte nevasca. No caminho eis que surge o Major Marquis (Jackson). Seu cavalo morreu por causa do clima hostil e ele está com dois corpos de foragidos. Pretende também levá-los a Red Rock para embolsar o prêmio de suas capturas. No começo Ruth reluta em lhe dar uma carona, mas depois de um diálogo dos mais interessantes (marca registrada de Tarantino) resolve lhe ajudar. A viagem segue. Mais a frente outra surpresa. Eles encontram Chris Mannix (Goggins) no meio da estrada coberta de neve. Ele se diz o novo xerife de Red Rock. Abrindo mais uma exceção Ruth resolve lhe ajudar também. Juntos acabam parando em uma estalagem, usualmente usada como posto de paradas em longas viagens. Ela pertence a uma velha conhecida de Ruth, mas para sua surpresa ela não está lá. Também não está seu fiel companheiro. No lugar deles há um grupo de homens. Não demora muito para que Marquis desconfie que algo muito estranho está prestes a acontecer naquele lugar esquecido por Deus.

"Os Oito Odiados" é mais uma tentativa de Tarantino em levar seu estilo único para o velho oeste. A boa notícia é que ele realizou realmente um bom filme. Não diria porém que está isento de críticas. Há uma duração excessiva (quase três horas de duração para um enredo tão simples é certamente um exagero), violência insana e gratuita (nada que irá decepcionar os fãs do diretor), atos de vulgaridade desnecessários (como a cena de sexo oral com o personagem de Samuel L. Jackson) e uma quebra de ritmo no terceiro ato do filme. Mesmo assim diverte e agrada. O que salva esse filme é a mesma característica que salvou em último análise todos os filmes anteriores do diretor, ou seja, uma profusão de ótimos diálogos, o desenvolvimento psicológico de praticamente todos os personagens, além do sempre presente clima surreal de contar suas histórias. Tarantino parece ter uma mente dual, pelo menos em relação aos seus personagens e isso volta a se refletir por aqui. No geral é certamente muito interessante, longe da banalidade do que anda se vendo nas telas. Não é o melhor em termos de Quentin Tarantino, mas certamente é muito melhor do que noventa por cento do que se vê hoje em dia nas telas. Vale a pena assistir, não tenha dúvidas disso.

Os oito odiados (The Hateful Eight, EUA, 2015) Direção: Quentin Tarantino / Roteiro: Quentin Tarantino / Elenco: Kurt Russell, Samuel L. Jackson, Jennifer Jason Leigh, Tim Roth, Walton Goggins, Demián Bichir, Michael Madsen, Bruce Dern / Sinopse: O caçador de recompensas John Ruth (Kurt Russell) acaba levando de carona em sua diligência dois homens que encontrou por acaso no meio da estrada, durante uma forte tempestade. Eles acabam parando numa velha estalagem que mais se parece com um armadilha mortal. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Trilha Sonora (Ennio Morricone).

Pablo Aluísio.

Atômica

Pensei que seria um filme bem melhor. Antes de mais nada é interessante dizer que se trata de uma adaptação livre dos quadrinhos. Escrevo a palavra "livre" porque realmente mudaram bastante coisa. No comics a protagonista é uma jovenzinha nerd com cabelos pretos. Há poucas cenas de ação. Isso para Hollywood não serviria muito. Assim  na telas a agente Lorraine Broughton (Charlize Theron) virou uma loiraça fatal, com cabelos platinados, que resolve tudo na base da porrada! A personagem original era bem mais intelectual nos quadrinhos, resolvendo as questões envolvendo espionagem mais pelo caminho da deducão, da inteligência. No cinema a Lorraine por Theron decide enfrentar tudo na base dos punhos e das armas. Perdeu em sutileza, ganhou em ação. E cenas de ação são o que não faltam durante o filme inteiro. Mal termina uma pancadaria e começa outra. Quase não há espaço para o espectador pensar um pouco sobre tudo o que está acontecendo...

E o que estaria de fato acontecendo? Basicamente agentes de vários países (Inglaterra, Estados Unidos e Rússia) lutando entre si para colocar as mãos em uma lista com os nomes de todos os agentes infiltrados por toda a Europa. O cenário onde se dá essa guerra de espionagem é a cidade de Berlim, durante o ano de 1989, às vésperas da queda do muro. E por ai vai... Surge também a identidade de um agente duplo, sua identificação também se torna vital e assim começam os jogos no tabuleiro da espionagem internacional. O filme me decepcionou um pouco justamente pela falta de um roteiro melhor, mais bem trabalhado. Filmes de espiões sempre foram mais complexos, com tramas mais bem criadas e elaboradas. Não é o que acontece aqui. O enredo pode ser definido como básico. Essa coisa de lista com nomes de espiões não é nenhuma novidade, acho até que já foi tema de algum filme de James Bond. Assim sobram apenas as várias cenas de ação, uma atrás da outra. São bem feitas, mas em certo momento cansam. Muito pouco para que o filme se torna algo memorável ou que fuja do lugar comum em que rastejam todos os blockbusters dos últimos anos.

Atômica (Atomic Blonde, Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, 2017) Direção: David Leitch / Roteiro: Kurt Johnstad / Elenco: Charlize Theron, James McAvoy, John Goodman / Sinopse: Filme baseado na graphic novel "The Coldest City", escrita por Antony Johnston. Na trama uma agente do serviço de espionagem do governo inglês é enviada até Berlim para localizar e pegar uma lista com o nome de todos os agentes secretos em atividade na Europa. A CIA e a KGB também querem a lista, o que dá origem a vários assassinatos e crimes. Filme premiado pelo Golden Trailer Awards.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

O Céu de Outubro

Título no Brasil: O Céu de Outubro
Título Original: October Sky
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Joe Johnston
Roteiro: Lewis Colick
Elenco: Jake Gyllenhaal, Chris Cooper, Laura Dern, Chris Owen, William Lee Scott, Scott Thomas

Sinopse:
Filme baseado em fatos reais. O filho de um mineiro das minas de carvão de sua cidade natal, decide estudar foguetes. Ele fica inspirado após o lançamento do primeiro satélite a ir até o espaço, o Sputnik. Para o adolescente Homer Hickam (Jake Gyllenhaal) essa seria a sua saída para um futuro melhor.

Comentários:
Bom filme que trata a ciência de uma forma bem carinhosa. O protagonista é um jovem sonhador que se une aos seus amigos para soltar foguetes. Tudo seria apenas uma diversão entre os rapazes se não fosse também um sonho, o de um dia se tornar cientista, fugindo do destino de seu pai, um trabalhador comum que se mata nas minas de carvão da região. Como se trata de uma adaptação de uma história real, baseada em um livro de memórias, podemos verificar como tudo soa nostálgico, relembrando os primeiros passos de um jovem que no futuro iria se dedicar à ciência, ao programa espacial americano. É uma espécie de sonho de virar astronauta que se tornou realidade (ou quase isso, bem próximo!). O elenco é todo bom, com atores jovens e bem talentosos. Alguns se tornariam bem famosos, como o próprio Jake Gyllenhaal que demonstrou no filme que talento realmente não tem idade. Boa diversão aliada a história mais do que interessante. Recomendo.

Pablo Aluísio.

Grandes Olhos

Fiquei surpreso como esse filme de Tim Burton foi pouco comentado em seu lançamento. A bilheteria foi muito modesta e quase ninguém falou sobre o filme na imprensa. Isso apesar de contar com um elenco muito bom e uma história mais do que interessante. O roteiro é baseado na vida real da pintora Margaret Keane (Amy Adams). Em plenos anos 50, um tempo bem conservador, ela decidiu se separar do marido, indo morar em San Francisco com sua pequena filha. Tempos duros, sem dinheiro e nem emprego. Para sobreviver ela acabou arranjando um pequeno trabalho temporário pintando berços infantis e nos fins de semana ia à luta, ao tentar vender seus quadros pelos parques e ruas da cidade. Até que conhece Walter (Christoph Waltz), também um artista de rua. Só que ao contrário de Margaret, que era bem tímida e sem jeito, Walter era um falastrão, um canastrão, sempre pronto a convencer os outros de que estudou belas artes em Paris e que seus quadros teriam sido todos pintados enquanto morava naquela glamorosa cidade europeia. Seria verdade ou pura balela dele?

Aos poucos Walter vai conquistado Margaret e se dispõe a tentar vender os seus quadros. Margaret sempre pintava crianças com grandes, enormes olhos. Um estilo próprio que logo acabou caindo no gosto dos ricaços da cidade. Em pouco tempo os quadros das crianças começaram a vender muito e se tornaram uma febre, até mesmo entre estrelas de cinema. Tudo seria lindo e maravilhoso se Walter não colocasse os créditos das pinturas para si mesmo, deixando Margaret (a verdadeira pintora das obras) em segundo plano! É inacreditável pensar que as pessoas compraram essas obras de arte pensando se tratar de pinturas de Walter, enquanto tudo era feito pela sua companheira. De certa maneira é um retrato da época, onde as mulheres eram injustamente colocadas de lado, quase sempre ignoradas completamente, por mais talentosas que fossem. Gostei bastante do filme principalmente pelo fato de ser um momento de sobriedade do diretor Tim Burton. Nada daqueles exageros e esquisitices tão conhecidas do cineasta se fazem presente. Tudo é contado numa narrativa até bem tradicional, sóbria e equilibrada. Talvez por essa razão o público cativo de Burton não tenha feito grande alarde. Eles gostam mesmo é do kitsch cheio de listas e bolhas coloridas por todos os lados. De qualquer forma com esse elenco tão bom, "Big Eyes" não poderia mesmo dar errado. Assista sem receios.

Grandes Olhos (Big Eyes, 2014) Direção: Tim Burton / Roteiro: Scott Alexander, Larry Karaszewski / Elenco: Amy Adams, Christoph Waltz, Terence Stamp, Danny Huston, Jason Schwartzman,  / Sinopse: Após o fim de seu casamento a pintora Margaret Keane (Amy Adams) resolve recomeçar sua vida. Ela passa a vender seus quadros nos parques e ruas de San Francisco. Ao conhecer outro artista como ela, o falastrão e extrovertido Walter (Waltz), seus quadros começam a fazer sucesso no mundo das artes. Filme premiado pelo Globo de Ouro na categoria Melhor Atriz (Amy Adams). Também indicado nas categorias de Melhor Ator (Christoph Waltz) e Melhor Música Original ("Big Eyes" de Lana Del Rey). 

Pablo Aluísio.