terça-feira, 23 de outubro de 2012
O Segredo de Berlim
Hellboy
Na trama de Hellboy somos levados ao front da II Guerra Mundial. É lá no meio de escombros que os aliados descobrem essa estranha criatura, um misto de garoto com demônio. Acontece que no meio do conflito as forças nazistas não se furtaram a usar de magia negra para tentar vencer a guerra e nesse processo acabaram trazendo seres sobrenaturais ao nosso mundo. Hellboy é um desses monstros que ganham vida em nossa dimensão. Ele é levado pelos militares e acaba sendo treinado por uma agência especial do governo dos EUA para combater outros seres tais como ele que por ventura surjam nas grandes cidades do país. Apesar de sua origem Hellboy é tipicamente um jovem americano, que gosta de música, cinema e cultura pop em geral. Tem sentimentos e passa por crises emocionais. Sua adaptação para o cinema como se vê deu muito certo. O filme é charmoso, tem ótimo timing de humor e um roteiro bem escrito, redondinho, onde tudo se encaixa. Para completar os efeitos digitais são de bom gosto e bem aplicados dentro da estória. Não me admira em nada que tenha ganho uma continuação, bem inferior é verdade, mas que mesmo assim não maculou o personagem. Em suma, fica a dica para os fãs de quadrinhos em geral e para os cinéfilos que gostam de uma boa aventura sci-fi. Hellboy, uma grata surpresa.
Hellboy (Hellboy, Estados Unidos, 2004) Direção: Guillermo del Toro / Roteiro: Guillermo del Toro / Elenco: Ron Perlman, Doug Jones, Selma Blair, John Hurt, Rupert Evans / Sinopse: Criatura descoberta no final da guerra é levada pelas forças aliadas para os EUA para combater as forças sobrenaturais do mal.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
247°F
Esse filme é literalmente um suadouro! Para entender a frase vamos para a sinopse: Dois casais de jovens resolvem passar o fim de semana numa cabana no meio de uma floresta. O local é muito bonito, arborizado e tudo leva a crer que terão ótimos momentos de diversão e namoro. A cabaninha tem como zelador um sujeito barbudo, com jeitão de hippie, chegado numa erva pesada mas que aparenta ser gente boa. Se você já viu algum filme de terror em sua vida já sabe que a fórmula mais manjada que existe no gênero é justamente essa: Jovens + cabana na floresta = Mortes em série. Realmente o enredo tinha tudo para ir por esse caminho, tanto que ficamos o tempo todo esperando que apareça um maluco no meio do mato com um machado para mandar aquela moçada para o buraco mas... Esqueça isso, não vai acontecer. Curiosamente o filme é baseado em fatos reais então não é bem disso que se trata. Jason não vai aparecer com um machado e nem Leatherface vai dar o ar de sua graça com uma serra elétrica. Não é sobre isso que se trata a produção.
Na verdade 247°F é um filme sobre acidentes domésticos. Isso mesmo. Claro que o evento que ocorre dentro da cabana é o extremo do extremo mas no fundo é justamente sobre pequenas bobeiras que podemos cometer em nossas casas que podem ocasionar eventos terríveis. No caso do filme três jovens ficam presos dentro de uma sauna sem que ninguém os possa tirar de lá. O nome original evoca justamente a temperatura a que são submetidos por longas horas. É um roteiro do tipo "filme de uma só situação". Em seus quase 90 minutos vamos acompanhar basicamente a agonia da moçada presa dentro de uma sauna dos infernos. E haja suadouro! Eles vão tentando cair fora do lugar antes que virem literalmente churrasquinho de carne humana. Do lado de fora as únicas pessoas que poderiam lhes ajudar estão fumando maconha, totalmente alheios ao que ocorre dentro da cabana. Com uma produção muito modesta (o filme foi realizado com 500 mil dólares, uma mixaria para os padrões americanos), esse terror diferente pode até despertar algum interesse. Depois de assistir fica apenas uma certeza: você nunca mais vai entrar em uma sauna como antigamente!
247°F (Estados Unidos, 2011) Direção: Levan Bakhia, Beqa Jguburia / Roteiro: Lloyd S. Wagner, Levan Bakhia / Elenco: Scout Taylor-Compton, Travis Van Winkle, Michael Copon / Sinopse: Grupo de jovens em férias numa cabana isolada fica preso na sauna do local. Sem ter onde pedir socorro eles lutarão para continuarem vivos sob um calor infernal.
Pablo Aluísio.
Profissão de Risco
Jung colaborou com o filme, encontrou-se pessoalmente com Depp e lhe deu dicas para interpretar bem seu papel. O filme é bem realizado do ponto de vista técnico, com excelente reconstituição de época mas toma um rumo perigoso em determinado momento. Não há como negar que o roteiro de certa forma simpatiza com a pessoa de Jung. Muitas vezes o argumento o coloca apenas como um comerciante bem sucedido, um homem de negócios que joga com a oferta e a procura por seu produto e por isso fica milionário em tempo recorde. O próprio Depp faz de tudo para transformar seu personagem em uma figura simpática, boa praça, que está envolvido com o narcotráfico meio sem querer, como se fosse possível o envolvimento em algo assim de forma meramente casual. Esse é seguramente o maior problema de "Profissão de Risco", pois a sua indisfarçável simpatia com um criminoso desse porte incomoda muito. Os realizadores passam assim uma mensagem um tanto quanto perigosa aos mais jovens, colocando o tráfico de drogas como uma forma até viável de subir na vida, na escala social. Enfim, "Profissão de Rico" é um bom filme apesar disso mas o roteiro deveria ter sido mais cauteloso e principalmente realista, mostrando o lado mais sórdido desse estilo de vida, até porque no mundo caótico em que vivemos a última coisa que se deseja é mais uma obra cinematográfica que faça, mesmo que indiretamente, algo próximo a uma apologia de traficantes.
Profissão de Risco (Blow, Estados Unidos, 2001) Direção: Ted Demme / Roteiro: Bruce Porter, David McKenna / Elenco: Johnny Depp, Penélope Cruz, Ray Liotta, Franka Potente, Rachel Griffiths, Paul Reubens, Jordi Mollà./ Sinopse: O filme enfoca a história real do mega traficante George Jung (Johnny Depp), mostrando sua ascensão e queda no mundo do crime.
Pablo Aluísio.
O Vencedor
A atuação do Mark Wahlberg não me chamou muito atenção, mas pelo menos aqui ele não compromete, o que já é um ponto muito positivo. Em um filme com esse tipo de atuação com Bale ele realmente não poderia se destacar, seria algo impensado. Por fim gostei do argumento e do roteiro, que tenta fugir o máximo possível do estigma de filmes sobre lutadores de boxes. Claro que muitas coisas que já vimos em vários outros roteiros ainda estão lá (como o fracasso e a redenção numa luta gloriosa, por exemplo) mas isso não tira o brilho do filme já que o diretor foi inteligente o bastante para focar principalmente nos problemas familiares dos personagens. Enfim, é um filme muito bom e em tempos de dez indicados ao Oscar merece seu lugar no páreo, embora suas chances de levar o prêmio máximo fossem realmente pequenas.
Pablo Aluísio.
sábado, 20 de outubro de 2012
O Segredo de Brokeback Mountain
A dupla central de atores está excepcionalmente bem. Jake Gyllenhaal, por exemplo, tem a melhor atuação de sua carreira. Já Heath Ledger está novamente excepcional. Seu personagem tenta ser mais honesto com si mesmo do que seu companheiro mas novamente sucumbe ao conservadorismo extremo do lugar onde vive. O diretor Ang Lee comanda o filme sem pressa, sem atropelamentos. As situações surgem em seu devido tempo, tudo para mostrar o relacionamento ora conturbado, ora feliz, dos jovens amantes. Seu sensível trabalho lhe valeu o Oscar de melhor diretor daquele ano, o que foi mais do que merecido. Ledger e Gyllenhaal também concorreram ao Oscar mas não levaram. A sempre sisuda Academia certamente pensou que ainda não seria o momento para premiar atores de personagens tão controversos como aqueles. No final das contas o filme se tornou sucesso de público e crítica. Também não podemos ignorar o fato de que filmes como esses também ajudam aos grupos GLS em sua luta contra o preconceito. É uma obra que abre caminhos e fortalece o respeito que todos devem ter pelo próximo, independente de sua opção sexual. Assim a grande mensagem do filme é a seguinte: viva a sua vida da melhor forma possível, de acordo com o seu modo de pensar. Nunca deixe de viver apenas porque tem receio do que as outras pessoas vão pensar de você. Seja feliz e ignore todo o resto.
O Segredo de Brokeback Mountain (Brokeback Mountain, Estados Unidos, Canadá, 2005) Direção: Ang Lee / Roteiro: Diana Ossana, Larry McMurtry / Elenco: Heath Ledger, Jake Gyllenhaal, Michelle Williams, Anne Hathaway, Anna Faris / Sinopse: O filme acompanha o longo e turbulento relacionamento entre dois homens em uma das regiões mais conservadoras dos Estados Unidos. Vivendo vidas de fachada ambos acabam se tornando infelizes e incompletos em suas vidas afetivas.
Pablo Aluísio.
Candy
O roteiro é marcante porque mostra as armadilhas que podem surgir na vida de pessoas que tentaram apenas levar uma vida fora dos padrões estabelecidos, levando uma existência mais boêmia, poética e livre das amarras sociais. Nada de errado há nisso. O problema é que saem de uma arapuca para caírem em outra. O usuário de drogas geralmente pensa que está livre, agindo por conta própria. A verdade dos fatos porém é que ele ao consumir drogas acaba se tornando mais prisioneiro do que era antes. Uma falsa sensação de liberdade que leva a pessoa para a mais terrível das prisões, a do vício e da dependência química. O filme joga muito bem com essa realidade que infelizmente atinge milhões de pessoas ao redor do mundo. O roteiro porém procura evitar discursos de moralidade ou falsas lições de moral. Ao invés disso se limite a mostrar o esfacelamento gradual do casal. Quando assisti Candy pela primeira vez o ator Heath Ledger ainda estava vivo e sua atuação, pela primeira vez, me chamou realmente a atenção. Não deixa de ser tristemente irônico saber que o ator morreria justamente por uso de drogas. Uma ironia do destino que torna Candy ainda mais interessante. Não deixe de assistir e descubra como Ledger foi muito além do Coringa.
Candy (Candy, Estados Unidos, 2006) Direção: Neil Armfield / Roteiro: Neil Armfield / Elenco: Abbie Cornish, Heath Ledger, Geoffrey Rush, Tom Budge, Roberto Meza Mont, Tony Martin, Noni Hazlehurst, Holly Austin, Craig Moraghan./ Sinopse: Jovem casal vive feliz e em clima de harmonia em seu sólido e estável relacionamento. Tudo porém começa a ruir após ambos consumirem drogas de forma descontrolada.
Pablo Aluísio.
Lobisomem: A Besta Entre Nós
Há uma tentativa do texto em desenvolver um pouco mais os personagens, embora nada seja muito aprofundado nesse ponto. O garoto, que será peça chave no desfecho do filme, surge em cena mais bem contextualizado do que os demais caçadores. Como sempre há o mistério em se saber quem é exatamente essa nova besta assassina que parece ser bem diferente dos demais lobisomens pois não reage apenas por instinto tendo a capacidade de pensar e raciocinar durante os ataques, escolhendo inclusive a quem irá matar. É uma nova espécie de monstro. A produção usa e abusa do jogo de sombras e luzes, principalmente nas cenas rodadas dentro da floresta. No elenco há muitos desconhecidos com exceção de Stephen Rea, aqui em bom personagem, um médico com métodos pouco convencionais. No saldo final temos aqui um filme que se não chega a ser uma maravilha, tampouco é uma decepção completa, pois em momento algum chega a aborrecer o espectador. Assim Lobisomem: A Besta Entre Nós acaba funcionando como um bom passatempo caso o espectador não seja exigente demais.
Lobisomem: A Besta Entre Nós (Werewolf: The Beast Among Us, Estados Unidos, 2012) Direção: Louis Morneau / Roteiro: Michael Tabb, Catherine Cyran / Elenco: Nia Peeples, Steven Bauer, Stephen Rea | Sinopse: Lobisomem ataca distante e isolada vila no leste europeu. Para acabar com a ameça os moradores locais contratam um grupo de caçadores especializados em caçar e matar esse tipo de besta assassina.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
Miss Potter
Como sua biografia já é por si mesmo muito interessante o filme Miss Potter se transforma em uma grata surpresa. Dirigido pelo cineasta especialista em temas infantis, Chris Noonan (de Babe o Porquinho Atrapalhado), o filme tem um lirismo, um clima mágico que realmente encanta e cativa. Sua grande qualidade é discutir a posição da mulher dentro da sociedade britânica ao mesmo tempo em que resgata o imaginário infantil, com aquele ambiente de sonhos e magia que todos conhecemos tão bem. Renée Zellweger brilha novamente, embora o excesso de tratamentos estéticos a que se submeteu incomode em certos momentos. A magia fica comprometida quando vemos uma mulher do século XIX com aplicações de botox. Mesmo assim é algo que o espectador vai ter que ignorar para apreciar totalmente o filme em si. O elenco de apoio conta com as sempre marcantes presenças de Ewan McGregor e Emily Watson. Enfim, Miss Potter é tão charmoso e fino que indico especilamente para o público feminino, que sempre apreciou bem mais filmes elaborados e esteticamente bonitos como esse.
Miss Potter (Miss Potter, Estados Unidos, 2008) Direção: Chris Noonan / Roteiro: Richard Maltby Jr. / Elenco: Renée Zellweger, Bill Paterson, Emily Watson, Ewan McGregor, Barbara Flynn./ Sinopse: O filme conta aspectos da vida da autora infantil de grande sucesso, Beatrix Potter (1866-1943). Considerada avançada demais para sua época ela enfrentou o preconceito e barreiras sociais para vencer na sua carreira de escritora.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
Brando A Biografia Não-Autorizada
Outro problema é fruto da edição nacional pouco caprichosa. Os filmes aparecem com seus títulos originais em inglês - sem o nome nacional o que leva o leitor menos conhecedor da filmografia de Brando ficar perdido sem saber exatamente de que obra o texto está se referindo. Faltou também uma lista com todos os filmes de sua filmografia no final do livro. O único ponto positivo que vejo aqui é o lado mais pessoal e familiar do ator que surge sem rodeios e sem panos quentes. O autor expõe as brigas conjugais de Brando com suas ex-esposas, os problemas judiciais e as confusões em que se envolveu ao longo da vida. Como o livro foi escrito em 1990 obviamente os anos finais do ator ficaram de fora. Assim "Brando A Biografia Não-Autorizada" serve como complemento a outras leituras mais preciosas como "Canções Que Minha Mãe Me Ensinou". Se em sua autobiografia Brando se recusou a falar de seus casamentos e filhos esse aqui acaba completando a lacuna. Não é uma obra maravilhosa e nem bem escrita mas vale como referência de fatos que foram poucos explorados em outras obras. Vale a pena ter em sua coleção, apesar de suas falhas.
Brando: A Biografia Não-Autorizada
Autor: Charles Hhgham
Editora: Civilização Brasileira - Nal Penguin Inc
Pablo Aluísio.