terça-feira, 3 de julho de 2012
Rambo III
É ou não é um amontoados de absurdos? O que será que deu na cabeça do Stallone em escrever tantas cenas impossíveis? Para piorar o filme levou uma rasteira da história. Nele acompanhamos a aliança entre Rambo e os rebeldes afegãos, mostrados como heróis da liberdade contra o invasor soviético. O problema é que esses mesmos rebeldes iriam dar origem ao regime brutal dos Talibãs anos depois quando os russos finalmente deixaram o Afeganistão de lado, ou seja, Rambo aqui se alia com um grupo que anos depois seria uma das bases de sustentação de grupos terroristas como a Al-Qaeda (o próprio Bin Laden tinha no Afeganistão uma de suas bases mais sólidas). Acredito que por isso Rambo III seja um dos filmes ideologicamente mais incorretos da história do cinema americano. Talvez por essa razão Stallone nem o cite mais atualmente provavelmente por se sentir constrangido pelo roteiro que escreveu. Enfim, "Rambo III" é aquele tipo de produção que entornou o caldo, transformando o personagem em uma mera caricatura, tudo sob uma verniz ideológica muito infeliz.
Rambo III (Idem, Estados Unidos, 1988) Direção: Peter MacDonald / Roteiro: Sylvester Stallone, Sheldon Lettich baseados no personagem criado por David Morrell / Elenco: Sylvester Stallone, Richard Crenna, Marc De Jonge / Sinopse: John Rambo (Sylvester Stallone) é enviado ao Afeganistão numa missão não oficial para libertar o seu antigo mentor, o Coronel Trautman (Richard Crenna) que agora se encontra prisioneiro das tropas de ocupação soviética naquele país.
Pablo Aluísio.
Chico Xavier, O Filme
Cinebiografia do médium brasileiro Chico Xavier. Alegando poder psicografar cartas de pessoas falecidas, Chico Xavier construiu uma rede de caridade e apoio a pessoas humildes. Bom filme, bem digno. Como cinema em si achei o roteiro até bem escrito. A escolha de ir contando a história do Chico ao mesmo tempo em que trechos do programa "Pinga Fogo" da extinta TV Tupi são exibidos foi uma boa opção. Não cansa o espectador e traz uma agilidade e versatilidade no decorrer do filme. Os atores estão muito bem, em especial Nelson Xavier que faz uma caracterização muito boa. Como o Chico Xavier é um nome muito conhecido do público em geral era até mesmo complicado interpretá-lo a contento, mas o Nelson consegue isso. Nesse aspecto não há o que reclamar. Ator talentoso já tinha feito algo semelhante com outro ícone da cultura brasileira, Lampião.
A única crítica que tenho a fazer do filme é o posicionamento que o diretor toma em relação ao personagem principal. Não há o menor sinal de questionamento sobre a espiritualidade de Chico ou sua capacidade de realmente incorporar almas de pessoas mortas e psicografar suas mensagens. A existência dos espíritos em sua vida é encarada no filme como fato, onde não existem dúvidas. Seria melhor que o filme fosse menos parcial, que deixasse uma margem de dúvida para que o espectador formasse suas próprias conclusões. Essa mesma coisa aconteceu com o outro filme médium, Bezerra de Menezes. Do jeito que ficou parece um filme de adeptos do espiritismo para adeptos do espiritismo. Seria melhor que fosse diferente, até porque a obra de Chico Xavier e sua dedicação a obras de caridade e ajuda aos mais necessitados vale por si só, independente da crença e da fé de cada um. De qualquer forma, apesar disso, é um bom momento do cinema nacional.
Chico Xavier, O Filme (Chico Xavier, Brasil, 2010) Direção: Daniel Filho / Roteiro: Marcos Bernstein / Elenco: Nelson Xavier, Ângelo Antônio, Matheus Costa / Sinopse: Cinebiografia do médium brasileiro Chico Xavier. Alegando poder psicografar cartas de pessoas falecidas, Chico Xavier construiu uma rede de caridade e apoio a pessoas humildes.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 2 de julho de 2012
Perfume - A História de um Assassino
Baseado no Best-Seller homônimo do escritor alemão Patrick Süskind, com o título original - Das Parfum, die Geschichte eines Mörders - o longa - "O Perfume, A História de Um Assassino" - nos apresenta a impressionante história de Jean-Baptiste Grenouille (Ben Whishaw), um rapaz que nasceu em Paris no século XVIII, literalmente na rua e na podridão de um fétido mercado de peixes. Depois de perder sua mãe, Grenouille é criado num orfanato onde descobre que é destituído de cheiro próprio. Aos poucos o tresloucado vai descobrindo que possui um poder singular e raro: um poderoso e inigualável olfato. Depois de sofrer em vários lugares na condição de um trabalhador semi-escravo, Grenouille passa a trabalhar com o perfumista Giuseppe Baldini (Dustin Hoffman) que o ensina todos os truques da produção de perfumes, mas principalmente o segredo de eternizar as suas fragâncias. As idéias bizarras e criminosas começam a povoar a mente do rapaz. Depois de desvencilhar-se de Baldini, Grenouille passa a materializar o sonho de guardar o cheiro de cada ninfeta, em plena beleza física. Mas para isso precisa eliminá-las sucessivamente, retirando de seus corpos as substâncias necessárias para fazer as suas tão sonhadas fragâncias.
O filme é uma viagem lisérgica pelo mundo dos diferentes olores que invadem o olfato de Grenouille, dando sentido a sua vida. Dos cinco sentidos humanos, para ele só existe o olfato, que representa a janela de sua própria alma que se abre para o mundo. São os impulsos idiossincrásicos de um louco misantropo em direção aos corpos cheirosos, virgens e lívidos das meninas ruivas. Seus olhos injetados traduzem para seu olfato diferentes aromas em forma de desejo. É a definição mais fiel dos sentimentos mais profanos - e também mais sagrados. Toda a sensualidade feminina é percebida pelo olfato magnífico do frio assassino. Sua aparência é suja, grotesca e fétida. Para ele a vida só tem um sentido: encapsular o cheiro de cada ninfa em vidros de perfumes, guardando-os para sempre. "O Perfume"... faz uma espécie de investigação escatológica e bizarra - e porque não poética - dos limites da loucura, das amarguras e dos desejos inconfessáveis do ser humano. O filme é deliciosamente perverso, perfumado, sujo e sensual. Além disso, a magistral direção do alemão Tom Tykwer, deixa clara que lá no fundo o ar blasé e lacônico do assassino é muito mais assustador que seus próprios crimes. A feérica e voluptuosa cena final nos faz lembrar um quadro vivo e surrealista do mestre Salvador Dali. Um ótimo filme que tem como ponto alto, a fotografia, a direção de arte e os figurinos. Nota 9
Perfume - A história de um Assassino (Das Parfum - Die Geschichte eines Mörders / Perfume: The Story of a Murderer, Alemanha / França / Espanha, 2006) Direção: Tom Tykwer / Roteiro: Andrew Birkin, Bernd Eichinger, Tom Tykwer baseados no livro "Das Parfum" de Patrick Süskind / Elenco: Ben Whishaw, Dustin Hoffman, Alan Rickman / Sinopse: Jean-Baptiste Grenouille (Ben Whishaw) possui o olfato bem mais apurado do que as demais pessoas. Por essa razão acaba encontrando uma profissão bem de acordo com seu talento natural - a de criador de perfumes finos e raros. Sua obsessão por aromas porém o levará a um caminho perigoso e mortal.
Telmo Vilela Jr.
O Ritual
Acabei de chegar do cinema onde fui assistir esse "O Ritual". Minhas expectativas eram bem otimistas e devo confessar que elas foram plenamente satisfeitas. Aqui está um caso raro de filme que trata sobre o tema exorcismo de forma adulta, sem exageros ou palhaçadas (como o recente "O Último Exorcismo"). O roteiro escrito a partir do livro de Matt Baglio é sutil, muito inteligente e trata a batalha entre fé e ceticismo de uma forma muito bem elaborada. Fiquei o filme inteiro concentrado e interessado, o que não é muito habitual em filmes recentes de terror. O que torna tudo especial aqui é justamente o fato dos dois envolvidos no ritual de exorcismo (o padre Lucas - interpretado com raro brilhantismo por Anthony Hopkins - e seu aprendiz Michael Kovak) terem tidos ambos crises de fé. Se fossem religiosos plenamente convencidos de sua fé o filme perderia grande parte de seu interesse.
Muito se disse que o filme não tem cenas fortes de exorcismo. Isso é verdade apenas em parte. Achei a cena final muito bem escrita (e interpretada) e sinceramente me causou muito mais impacto do que aqueles montes de efeitos especiais gratuitos que estamos acostumados a ver. Tudo é tratado em um plano bem mais imaginativo (e eficiente). Isso porque grande parte do duelo é travado em um nível muito mais intelectual e teológico (embora cenas de alto impacto físico também estejam presentes). A direção de Mikael Håfström é discreta, mas firme. Seu trabalho me animou tanto que pretendo ver em breve seu filme anterior (Conspiração Xangai). Enfim, "O Ritual" é sem dúvida um filme muito bom, acima da média.
O Ritual (The Rite, Estados Unidos, 2011) Direção: Mikael Håfström / Roteiro: Michael Petroni baseado no livro de Matt Baglio / Elenco: Anthony Hopkins, Alice Braga, Ciarán Hinds, Rutger Hauer, Chris Marquette, Toby Jones, Franco Nero, Torrey DeVitto / Sinopse: Um seminarista chamado Michael Kovak (Colin O’Donoghue) tem sérias dúvidas sobre sua própria fé até encontrar-se com o Padre Lucas (Anthony Hopkins), um dos sacerdotes autorizados pelo Vaticano para a prática do exorcismo.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 28 de junho de 2012
Gandhi
Pode todo um império poderoso se curvar apenas ao peso de um ideal? A história de Gandhi prova que sim. De um lado temos o imenso, poderoso e dominador Império Britânico. Na época se dizia que o sol nunca se punha sob os domínios da Grã Bretanha, tamanha a sua extensão nos quatro cantos do mundo. Do outro lado havia esse indiano muito simples, de roupas despojadas, óculos desajeitados, uma pessoa que procurava viver como o mais humilde dos homens. Nesse choque de ideologias os fundamentos do pequeno homem acabaram vencendo os alicerces do majestoso Império de Vossa Majestade. Tudo baseado apenas em suas idéias de liberdade e autonomia. O mais grandioso na figura de Gandhi é que ele não liderou uma revolução armada mas sim um movimento de não violência, fundado apenas na ideologia da não violência, da convivência pacífica e no poder da argumentação lógica e sensata. Não é para menos que hoje em dia o mundo o conhece como Mahatma (grande alma). Ele conseguiu romper as amarras do colonialismo inglês para com seu país apenas pela força de sua mensagem. Uma revolução diferente, não feita de armas de fogo mas sim de pensamento e sensatez.
Em 1982 o corajoso produtor e diretor Richard Attenborough resolveu levar a história de Gandhi para os cinemas. Uma decisão ousada uma vez que a história do líder indiano é muito intimista, teórica. Não haveria cenas de batalhas para encher as telas como nos antigos épicos, nada disso, o roteiro teria que se concentrar apenas na mensagem e na ideologia de Mahatma. Não há momentos extremamente dramáticos e nem grandes guerras ou algo parecido. Diante disso muitos achavam que essa era realmente uma história que não poderia ser levada às telas com êxito. Ledo engano. Gandhi não deixou de ser um filme fenomenal por essas razões, pelo contrário. Em ótima caracterização o ator Ben Kingsley literalmente encarnou o personagem em um dos melhores castings da história do cinema. A transposição da biografia de Gandhi foi tão bem sucedida no final das contas que conseguiu vencer todos os grandes prêmios em seu ano, inclusive vencendo o Oscar nas categorias de melhor filme, melhor diretor, melhor ator (Ben Kingsley), melhor roteiro original, melhor direção de arte, melhor fotografia, melhor figurino e melhor edição. Um grande filme para um grande homem. God Save The Queen.
Gandhi (Gandhi, Estados Unidos, Inglaterra, 1982) Direção: Richard Attenborough / Roteiro: John Briley, Alyque Padamsee / Elenco: Ben Kingsley, Candice Bergen, Edward Fox, John Gielgud, Trevor Howard, John Mills, Martin Sheen / Sinopse: Cinebiografia do líder indiano Mahatma Gandhi.
Pablo Aluísio.
Atraídos Pelo Crime
Eddie Dugan (Richard Gere), Tango (Don Cheadle) e Sal (Ethan Hawke) são três policiais que trabalham no violento bairro do Brooklyn em Nova Iorque. Após o cometimento de um crime os três terão que solucionar um complicado caso envolvendo uma rede de criminosos do local. Há tempos eu vinha procurando um bom policial para ver e finalmente encontrei. O filme é uma pedrada: violento, realista, otimamente bem escrito e dirigido e com excelentes atuações de todo o elenco. Mostra o lado mais cruel e sórdido da vida de três policiais no lado mais barra pesada de Nova Iorque, o bairro do Brooklin. Nesse lugar convivem traficantes, gigolos, estelionatários, prostitutas, viciados e toda a fauna que compõe a escória da sociedade americana ou como ironicamente está no título original do filme, o "fino do Brooklin".
Richard Gere está muito bem na pele do policial que só pensa em se aposentar e dar o fora do distrito onde trabalha. Sua vida pessoal é caótica, sem laços familiares, hostilizado por outros policias, tentando ensinar algo aos novatos e para piorar apaixonado por uma prostituta barata. Ethan Hawke interpreta o segundo policial, um sujeito cheio de filhos que precisa desesperadamente de dinheiro. O último elo do distrito é um policial infiltrado entre grupos de bandidos do bairro, que não sabe mais distinguir entre o certo e o errado. O mais interessante desse roteiro é que as três estórias que inicialmente parecem independentes irão se conectar em um final extremamente sangrento. Esse tipo de estrutura narrativa me lembrou bastante os filmes de Robert Altman. Vale a pena assistir. Recomendo bastante.
Atraídos Pelo Crime (Brooklyn's Finest, Estados Unidos, 2009) Direção: Antoine Fuqua / Roteiro: Michael C. Martin / Elenco: Richard Gere, Ethan Hawke, Don Cheadle, Wesley Snipes, Jesse Williams, Lili Taylor, Ellen Barkin. / Sinopse: Eddie Dugan (Richard Gere), Tango (Don Cheadle) e Sal (Ethan Hawke) são três policiais que trabalham no violento bairro do Brooklyn em Nova Iorque. Após o cometimento de um crime os três terão que solucionar um complicado caso.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 26 de junho de 2012
Napoleão - A Última Batalha do Imperador
A ruína de um homem que conquistou quase toda a Europa já é por si só um tema interessante. As questões humanas envolvidas já daria um bom filme mas o que mais me chamou a atenção aqui foi a sutil versão "alternativa" do que realmente teria acontecido com seu corpo após sua morte. Não vou estragar mas confesso que não conhecia essa tese histórica que é mostrada no filme. Claro que todo grande nome da história sempre gera inúmeras teorias da conspiração sobre seu destino após sua morte oficial (Isso também aconteceu com Hitler). Com Napoleão não seria diferente. Pode até ser que nada do que é mostrado no filme aconteceu, mas que é simplesmente muito curioso isso é sem dúvidas. Recomendo o filme para quem gosta de história e dos grandes nomes que passaram por ela.
Napoleão - A Ùltima Bataha do Imperador (Monsieur N, França, 2003) Direção: Antoine de Caunes / Roteiro: Pierre Kube / Elenco: Philippe Torreton, Richard E. Grant, Jay Rodan, Elsa Zylberstein, Stéphane Freiss / Sinopse: Após ser derrotado no campo de batalha Napoleão Bonaparte (Philippe Torreton) é enviado ao seu exílio em uma ilha remota. Nesse local, mesmo aprisionado pelos britânicos, ele continua cultivando sua pompa real e seu séqüito de seguidores.
Pablo Aluísio.
sábado, 23 de junho de 2012
Larry Crowne - O Amor Está de Volta
Larry Crowne (Tom Hanks) é demitido de seu trabalho de longos anos por não ter curso superior. Sem renda, trabalho e com problemas familiares Larry resolve dar uma guinada em sua vida. Vai para a universidade e lá conhece uma professora (Julia Roberts) com a qual cria um vínculo muito especial. Apesar das boas intenções e da mensagem positiva temos que admitir que "Larry Crowne - O Amor está de Volta" é um filme completamente inofensivo. Ele lida com temas importantes mas tem medo de levar a discussão de forma mais adulta. No meio da crise da economia americana o filme insiste em ter uma abordagem muito boba - para não dizer infanto-juvenil. O roteiro é fofinho, o casalzinho é guti guti e a direção é bobinha, bobinha. Eu já sabia que o Tom Hanks (muito envelhecido e gordo, por sinal) sempre prezou pela sua persona boa praça no cinema mas também não precisava exagerar na sacarina. Senão vejamos: o sujeito se divorciou, se deu mal no divórcio ficando endividado, foi despedido, perdeu a casa para o banco, teve que vender o carro e praticamente tudo de valor da sua vida... e ainda consegue passear pelo filme inteiro despejando simpatia, gentilezas e sorrisos? Well, de que planeta esse Larry Crowne é afinal?
A Julia Roberts quase repete o personagem de Cameron Diaz em "Professora sem Classe". Ela parece odiar a profissão (ultimamente todo professor retratado no cinema parece odiar ser professor) e ainda por cima tem um marido voyeur, viciado em pornografia que não consegue sair da frente do computador (interpretado pelo bom ator Bryan Cranston de Breaking Bad). Aliás o elenco de apoio é bom (vide a boa participação de George Takei) mas não tem muito o que fazer diante de um material tão fraquinho como esse. Basicamente é isso, o filme não passa de um passatempo inofensivo, para não dizer simplório ao extremo. Se você não gosta de comédias românticas saiba que essa é uma das mais bobinhas que já foram lançadas.
Larry Crowne - O Amor Está de Volta (Larry Crowne, Estados Unidos, 2011) Direção: Tom Hanks / Roteiro: Tom Hanks, Nia Vardalos / Elenco: Tom Hanks, Julia Roberts, Nia Vardalos, Bryan Cranston, Wilmer Valderrama, Taraji P. Henson, Rami Malek, Pam Grier / Sinopse: Larry Crowne (Tom Hanks) é demitido de seu trabalho de longos anos por não ter curso superior. Sem renda, trabalho e com problemas familiares Larry resolve dar uma guinada em sua vida. Vai para a universidade e lá conhece uma professora (Julia Roberts) com a qual cria um vínculo muito especial.
Pablo Aluísio.
Moonwalker
"Moonwalker" não é bem um filme. Na realidade é uma coleção de clips que tem como objetivo promover o astro Michael Jackson. É algo parecido com o que acontece com quase todos os filmes de popstars da música. Geralmente são feitos como meros veículos de divulgação para as músicas dos discos. E poucos artistas entenderam tão bem o poder disso do que Michael Jackson. Na verdade podemos dizer até que seu grande sucesso se deu muito por causa dos videoclips que produziu. "Thriller" o maior êxito de toda a carreira de Michael é um exemplo perfeito disso. Dirigido pelo cineasta John Landis, o clip acabou abrindo uma nova era na história da música pop mundial. A patir dele nenhum artista lançaria mais suas músicas sem que fossem acompanhadas de bem produzidos videoclips. O nicho de mercado acabou até mesmo incentivando o surgimento da MTV, um canal feito único e exclusivamente para passar videoclips 24 horas por dia. Pode-se dizer que Jackson foi o primeiro superstar da era MTV que passando seus clips durante todo o dia promoviam indiretamente sua música.
Não contente em dominar a TV, Michael nos anos 80 resolveu participar do mais longo videoclip da história - isso mesmo, o filme "Moonwalker". Era a tentativa do cantor em levar seus clips da TV para a tela grande do cinema. Como eu disse no começo do texto não é bem um filme mas sim um mosaico de momentos do cantor na era do videoclip. Assim todos os seus momentos famosos (Thriller, Billie Jean, Beat It) passeiam pela tela. A única novidade é um curto segmento em que Michael, vestido de gangster da década de 30, enfrenta bandidos caricaturais para salvar um grupo de crianças. Nessa sequência ele canta a famosa canção "Smooth Criminal" de seu álbum "Bad". Fora isso ele se transforma em um robô gigante ao estilo Transformers. Enfim, esqueça de tentar dar um sentido para a coisa toda. "Moonwalker" é um produto feito para fãs do cantor e nada mais. Um meio promocional do mundo do cinema em serviço ao mundo da música.
Moonwalker (Moonwalker, Estados Unidos, 1988) Direção: Jerry Kramer, Colin Chilvers / Roteiro: David Newman baseado na estória concebida por Michael Jackson (Smooth Criminal) / Elenco: Michael Jackson, Joe Pesci, Sean Lennon / Sinopse: Clips de Michael Jackson intercalados por um número musical inédito (Smooth Criminal) onde Michael Jackson enfrenta criminosos aliciadores de crianças.
Pablo Aluísio.
Padre
Em "Padre" quem dá o ar da graça é o grande ator Christopher Plummer (embora tenha ainda uma presença digna, seu papel nada oferece para que possamos aproveitar algo em cena); já Paul Bettany repete seu papel de "Legião", ou seja, um sujeito raso, unidimensional, sem nada a acrescentar, apenas bancando o durão que chuta os traseiros dos vilões (Em "Legião" eram anjos, aqui são vampiros lesmas nada carismáticos ou sofisticados). Não conheço a Graphic Novel e nem nunca li mas esse Padre aqui desse filme não tem carisma nenhum, o que torna tudo mais complicado para o espectador. Ao contrário de um "Hellboy" que era cheio de alma, bom humor e carisma, Padre não tem nada disso. É frio, distante, não tem nenhum tipo de empatia e provavelmente os vampiros que o combatem tenham mais alma que ele, pois assim como o personagem o filme também não parece ter qualquer tipo de profundidade em sua realização. Apenas um vácuo no final das contas.
Padre (Priest, Estados Unidos, 2010) Direção: Scott Charles Stewart / Roteiro: Cory Goodman / Elenco: Cam Gigandet, Christopher Plummer, Paul Bettany, Karl Urban / Sinopse: Vampiros e humanos lutam pelos séculos afora. Após ter sua sobrinha sequestrada por vampiros um Padre resolveu sair em sua busca enfrentando grandes combates pelo caminho.
Pablo Aluísio.