sexta-feira, 5 de maio de 2006
Sol Vermelho
A presença dos criminosos americanos logo se torna perigosa, pois o diplomata japonês carrega um precioso presente do imperador do Japão para o presidente dos EUA, uma espada samurai banhada em ouro. O precioso artefato logo chama a atenção de Gauche (Delon) que nem pensa duas vezes antes de se apoderar do objeto. Após matar um dos samurais. ele pega a espada de ouro para si. Afinal, ele é um ladrão! E como se isso não fosse o bastante resolve também trair seu comparsa Link (Bronson), jogando uma banana de dinamite em sua direção, tudo para ficar com todo o dinheiro e o ouro apenas para si e seus capangas. Agora, para reaver a espada e vingar a morte do samurai, uma estranha e improvável parceria é feita entre Link e o samurai Kuroda Jubie (Toshirô Mifune). Juntos eles partem em busca de Gauche e seu bando pelo oeste afora.
"Sol Vermelho" é uma produção entre França, Espanha e Itália, que novamente em clima de western spaguetti, resolveu transpor para as telas a curiosa fusão entre filmes de faroeste e de artes marciais. A premissa sem dúvida é das mais interessantes pois não é sempre que se vê em pleno velho oeste um samurai devidamente trajado, usando sua tradicional espada e seu código de honra no meio de um bando de pistoleiros e cowboys americanos.
O cineasta inglês Terence Young rodou os três primeiros filmes da franquia de James Bond e talvez por essa razão, tenha aqui em "Sol Vermelho", priorizado as cenas de ação e combate. Um roteiro que colocasse em cena um pistoleiro americano e um samurai japonês poderia render bem mais se a direção aproveitasse a inusitada situação para explorar as diferenças culturais entre eles, mas essa não pareceu ser em nenhum momento a intenção do diretor, que realmente focou sua atenção nas cenas de tiroteios e lutas corporais. No final, o que temos aqui, é um filme eficiente, bem movimentado mas também muito convencional, bem ao estilo do cinema mais comercial da época. De uma forma ou outra não há como não recomendar a produção principalmente pela presença do ótimo elenco, que repito, poderia ter sido melhor aproveitado, mas que mesmo assim não decepciona completamente.
Sol Vermelho (Red Sun, Soleil Rouge, França, Itália, Espanha, 1971) Direção: Terence Young / Roteiro: Laird Koenig, Denne Bart Petitclerc / Elenco: Charles Bronson, Toshirô Mifune, Alain Delon, Ursula Andress, Guido Lollobrigida / Sinopse: Após um assalto a um trem, um dupla formada por um pistoleiro americano (Bronson) e um samurai japonês (Mifune) sai em busca do criminoso (Delon) responsável pelo roubo.
Pablo Aluísio.
Santa Fé
Esse é a premissa inicial desse western "Santa Fé", mais um bom momento da filmografia do ator Randolph Scott. Aqui ele surge não apenas como ator, mas também como produtor da fita que foi realizada pela Columbia Pictures. O enredo explora a expansão rumo ao velho oeste, com a construção das estradas de ferro. Essa inovação tecnológica foi a grande responsável pelo avanço da nação americana uma vez que constituiu uma grande revolução nos meios de transporte dos Estados Unidos, a um custo relativamente baixo, com ótimos resultados comerciais aliada a muita eficiência.
Quem assistiu a série da AMC "Hell on Wheels" vai notar inúmeras semelhanças entre essa película e o enredo do seriado. Basta perceber que o tema é concentrado na construção da estrada de ferro rumo ao oeste selvagem. O gerente de obras é um ex-confederado. Até mesmo o responsável pela segurança do acampamento dos trabalhadores é um sueco! Ao meu ver são semelhanças demais para ignorar. E tanto lá como aqui temos um caso amoroso envolvendo o ex-confederado e uma bonita mulher, responsável pela administração das obras. Enfim, temos roteiros quase iguais. Fica por demais óbvio que, ou o roteiro desse western clássico ou então o texto original escrito pelo autor inglês James Vance Marshall, serviram de inspiração para a nova série. De uma maneira ou outra, fica aqui mais uma dica, "Santa Fé", um faroeste com o sabor das antigas matinês. Mais um bom western estrelado por Randolph Scott.
Santa Fé (Santa Fe, Estados Unidos, 1951) Direção: Irving Pichel / Roteiro: Kenneth Gamet baseado no livro de James Vance Marshall / Elenco: Randolph Scott, Janis Carter, Jerome Courtland / Sinopse: Um ex-soldado confederado chamado Britt Canfield (Randolph Scott) vai trabalhar na ferrovia de Santa Fé ao mesmo tempo em que seus irmãos planejam um grande assalto na empresa. A situação colocará ambos em lados opostos da lei.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 4 de maio de 2006
A Morte Anda a Cavalo
O enredo gira em torno de uma vingança. Quando garoto o pistoleiro errante Bill Meceita (John Phillip Law) viu toda a sua família ser morta por bandoleiros liderados pelo psicótico Burt Cavanaugh (Anthony Dawson). Nesse meio tempo, um outro às do gatilho, Ryan (Lee Van Cleef), finalmente deixa a prisão após cumprir 15 anos de pena em um buraco sujo e poeirento do velho oeste. Seu caminho cruzará com Bill, uma vez que ambos tem contas a acertar com Cavanaugh e seu bando de facínoras sanguinários. A partir do momento em que se unem para dar fim aos bandidos, tudo passa a se resumir em encontrar o local e a hora certa para o acerto de contas final com todos eles.
Em termos de roteiro e argumento o filme "A Morte Anda a Cavalo" realmente não traz nada de novo. É a velha saga de justiça pelas próprias mãos, lavando a honra e o sangue da família morta pelos malfeitores. É um tema de vingança. O que de fato salva o filme é a boa participação de Lee Van Cleef que adota uma posição dúbia em relação ao seu jovem parceiro, ora o traindo, ora sentindo-se próximo a ele. No final haverá uma pequena reviravolta sobre essa amizade que dará uma pequena sobrevida ao filme, mas isso de certa forma não tem tanta importância. O que vale aqui é realmente a pura diversão, com cenas ao estilo spaguetti que certamente deixaria Tarantino louco de inveja após assistir.
A Morte Anda a Cavalo (Da uomo a uomo, Itália, Espanha, 1967) Direção: Giulio Petroni / Roteiro: Luciano Vincenzoni / Elenco: Lee Van Cleef, John Phillip Law, Mario Brega / Sinopse: Jovem pistoleiro (Law) se une a veterano (Cleef) para liquidar um bando de bandidos que matou sua família no passado. Unidos, terão que matar homem a homem, da forma mais rápida possível.
Pablo Aluísio.
Justified
Título Original: Justified
Ano de Produção:
País: Estados Unidos
Estúdio: 2010 - 2015
Direção: Adam Arkin, Jon Avnet, entre outros
Roteiro: Elmore Leonard, Graham Yost, entre outros
Elenco: Timothy Olyphant, Nick Searcy, Joelle Carter, Jacob Pitts, Erica Tazel, Walton Goggins
Sinopse:
Série de TV, que durou seis temporadas, contando a história do agente especial Raylan Givens (Timothy Olyphant). Atuando em sua terra natal, bem no interior dos Estados Unidos, ele precisa lidar com os mais diferentes tipos de criminosos, alguns deles bem conhecidos de seu próprio passado.
Comentários:
Bom, se você procura por uma série passada nos dias atuais, com aquele antigo clima dos velhos filmes de faroeste, uma dica interessante é essa série do FX (canal a cabo do grupo Fox). O clima country impera porque o protagonista, um agente da lei, age em uma cidadezinha do Kentucky e redondezas. Por lá existem todos os tipos de criminosos, desde os mais inofensivos que vendem bebida ilegal, até os mais perigosos, terroristas que usam bananas de dinamites para alcançar seus objetivos. Durante a série o ator Timothy Olyphant mostrou ter muito carisma. Isso porque nem todos os episódios eram de primeira linha, com excelentes roteiros. Alguns, para falar a verdade, eram bem fracos, mas ele conseguia com seu personagem segurar as pontas e o interesse do espectador. Essa série tem história sequencial, então não vá assistir os episódios sem seguir sua linha cronológica. Eles até podem funcionar um pouco assim, mas o ideal é mesmo ir acompanhando um a um, em sequência, para não perder o fio da meada. As três primeiras temporadas são muito boas, depois decai um pouquinho, mas nem isso prejudica o conjunto da obra. Se você curte western pode ser seguramente uma boa opção.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 3 de maio de 2006
Blefando a Morte
"Blefando a Morte" tem uma das melhores interpretações da carreira de Anthony Quinn. O ator se sai maravilhosamente bem ao dar vida a um sujeito sem qualquer sofisticação que vira xerife meio que por acaso num lugar esquecido por Deus. O curioso aqui vem da complicada relação do novo xerife com a população local. As pessoas da cidade sabem que precisam dele por causa de sua habilidade com armas, mas ao mesmo tempo não o aceitam completamente por causa de sua rudeza.
Isso fica bem claro quando os moradores resolvem fazer um grande baile. Obviamente para ocasião tão festiva precisam convidar o xerife para participar, mas sua presença ali no meio da elite da comunidade acaba causando um grande mal-estar mostrando claramente que ele de fato não é aceito socialmente na cidade que jurou proteger. A cena final, com um duelo no meio da rua principal, vai mostrar para todos o verdadeiro valor do novo xerife. "Blefando a Morte" se torna assim mais um bom western dos anos 1950 que merece agora ser redescoberto. Roteiro com raro aprofundamento dos personagens para aquela época. Vale a recomendação.
Blefando a Morte (Man from Del Rio, Estados Unidos, 1956) Direção: Harry Horner / Roteiro: Richard Carr / Elenco: Anthony Quinn, Katy Jurado, Peter Whitney / Sinopse: Após matar um famoso criminoso, um simples cowboy (Quinn) acaba sendo escolhido como o novo xerife da cidade. Agora ele terá que provar seu valor para os moradores que ainda não o aceitam socialmente por causa de seus modos rudes e falta de educação adequada.
Pablo Aluísio.
Johnny Guitar
Para outros "Johnny Guitar" se tornou marcante por causa da direção brilhante e diferenciada do "maestro da sétima arte" Nicholas Ray. Nesse sentido ele imprime uma situação curiosa no filme, pois abraça certamente todos os clichês do gênero ao mesmo tempo os eleva a um patamar de pura arte, como bem definiu François Truffaut, mostrando que de uma forma ou outra, o filme é na verdade um louvor ao western como linguagem cinematográfica. De fato o filme apresenta vários inovações tecnológicas, entre elas o uso do chamado Trucolor, um sistema de cores do estúdio Republic, que hoje em dia já não existe mais. Assim se você estiver em busca de um western realmente histórico, cultuado por críticos de sua época, fica a dica de "Johnny Guitar", uma produção que se propõe a ser diferente, embora no fundo consagre todos os grandes dogmas do estilo western.
Johnny Guitar (Johnny Guitar, Estados Unidos,1954) Direção: Nicholas Ray / Roteiro: Philip Yordan, Roy Chanslor / Elenco: Joan Crawford, Sterling Hayden, Mercedes McCambridge / Sinopse: Uma dona de saloon no velho oeste é acusada injustamente de roubo e assassinato ao mesmo tempo em que tenta lidar com seus sentimentos e vida amorosa. Filme indicado pelo Cahiers du Cinéma na categoria de melhor filme do ano de 1954.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 2 de maio de 2006
Sela de Prata
As coisas pouco mudaram e o local ainda é dominado pelo clã dos Barrett que não hesitam em chantagear e ameaçar os comerciantes locais. Como seu braço armado a família conta com o famigerado facínora Garrincha (Aldo Sambrell) que através de crimes diversos como roubos e sequestros mantém a ferro e fogo sua presença na região. E por uma dessas ironias do destino o próprio "Sela de Prata" se vê de repente como guardião e protetor do pequeno Thomas Barrett, Jr (Sven Valsecchi). Logo ele que odeia a família Barrett... para complicar ainda mais as coisas bem no meio dos tiros e perseguições acaba se afeiçoando ao garotinho.
O filme "Sela de Prata" foi um dos maiores sucessos da carreira de Giuliano Gemma. No Brasil o filme foi um campeão de bilheteria mostrando toda a popularidade do ator nos anos 70 em nosso país. O Spaghetti Western já mostrava sinais de desgaste, os anos 80 estavam chegando e o gênero já não tinha mais o mesmo sabor de novidade e originalidade. Mesmo assim não há como negar que "Sela de Prata" mostra porque o estilo foi tão popular aqui e em outros países.
O roteiro é simples, de fácil entendimento, e a ação não tarda a acontecer - tiros, perseguições e violência são sempre constantes na fita. Para se ter uma ideia há também um capricho melhor na caracterização dos personagens além de certos aspectos técnicos que acabam chamando a atenção. Um deles é a trilha sonora, muito presente em todos os momentos, em todas as cenas. A música título do filme inclusive lembra uma sonoridade que fez muito sucesso nos anos 70, a do country romântico. De uma forma ou outra é impossível negar que a imagem de Giuliano Gemma levando sua sala de prata nas costas virou de fato um símbolo, um ícone de toda uma era... a era do Western Spaghetti. Quem assistiu no cinema na época certamente não esqueceu.
Sela de Prata (Sella d'argento, Itália, 1978) Direção: Lucio Fulci / Roteiro: Adriano Bolzoni / Elenco: Giuliano Gemma, Sven Valsecchi, Ettore Manni / Sinopse: Roy Blood (Giuliano Gemma), o conhecido pistoleiro "Sela de Prata", precisa se manter vivo em uma cidadezinha hostil e infestada de bandidos e facínoras no velho oeste ao mesmo tempo em que protege um garotinho daqueles que desejam matá-lo.
Pablo Aluísio.
A Trilha da Amargura
"A Trilha da Amargura" é um faroeste com toques de aventura. O deserto, seco e completamente inóspito, acaba virando um dos principais personagens da trama. Os homens sedentos, desesperados e à mercê da natureza implacável precisam se virar como podem para sobreviver. Com locações no famoso Vale da Morte na Califórnia, a produção se destaca por sua escolha por um tom mais realista das vastas planícies desoladas do velho oeste americano. A própria farda azul dos soldados acaba ganhando um tom de cinza de tanta poeira e desolação.
Quando conseguem encontrar algum manancial no meio do nada logo percebem que a água não é potável. Some-se a isso a presença de serpentes venenosas e a própria exaustão da peregrinação rumo a um destino que parece nada agradável. O elenco do filme é liderado por Robert Stack, ator que hoje em dia já não é muito conhecido mas que nas décadas de 50 e 60 marcou época principalmente por interpretar o policial Eliot Ness no famoso seriado de TV "Os Intocáveis". Ficou tão marcado por esse papel que depois sentiu dificuldade em estrelar outros filmes. Felizmente conseguiu realizar produções interessantes como bem prova esse bom western "A Trilha da Amargura".
A Trilha da Amargura (War Paint, Estados Unidos,1953) Direção: Lesley Selander / Roteiro: Fred Freiberger, William Tunberg / Elenco: Robert Stack, Joan Taylor, Charles McGraw / Sinopse: Pelotão da cavalaria americana acaba sendo enganado pelo filho do chefe tribal ao qual o grupo procura para entregar um tratado de paz entre brancos e índios.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 1 de maio de 2006
Mato em Nome da Lei
Cotton abre o jogo com Maddox e diz a ele que os vaqueiros da lista, trabalham para o rico fazendeiro Vincente Bronson (Lee J. Cobb). Cotton explica que foi Bronson quem o nomeou xerife, e além disso grande parte das pessoas que vivem ali, também trabalham para o fazendeiro, mesmo que indiretamente. Ou seja: os habitantes daquele povoado, ou gostam realmente de Bronson, ou têm medo dele. Uma coisa é certa: ele é o dono da cidade. Sendo assim Ryan deixa claro à Maddox que não vai ajudá-lo em nada. Furioso, Maddox diz à Ryan que todos os vaqueiros serão presos. Por bem ou por mal. No dia seguinte, Ryan parte em direção à fazenda de Bronson para dar-lhe o recado de Maddox. Para surpresa, Bronson não age como um cafajeste desumano; pelo contrário: o fazendeiro mostra-se um homem equilibrado e arrependido pelo que seus homens fizeram na pequena cidade. Na verdade, Bronson não quer entregar seus homens e nem a si mesmo a Maddox, e faz uma proposta: indenizar à família do senhor que morreu na baderna, além de indenizar também o xerife Maddox para que ele esqueça as ordens de prisão. Mas Ryan adverte que Maddox não aceitará a proposta.
À noite, descansando no hotel, Maddox recebe a visita da bela Laura Shelby (Sheree North) uma linda mulher que no passado foi sua amante. Ela pede ao implacável agente que poupe a vida de seu atual marido que também está na lista: Hurd Price (J.D. Cannon). Maddox não dá ouvidos à ex-amante e diz que vai prender seu marido também. Na fazenda, Vincent Bronson reúne seus vaqueiros e diz o que está acontecendo. Os homens se revoltam e pensam num meio de contornar o problema e tirar Maddox da jogada. A reunião esquenta e o braço direito e capataz de Bronson, Harvey Stenbaugh (Albert Salmi), revolta-se com a situação, diz que não vai negociar, e vai até a cidade para matar Maddox. Os dois vão para a rua e ficam frente a frente. Maddox, numa frieza impressionante, saca sua arma e, rápido como um raio, mata Stenbaugh.
Depois de saber da morte de seu amigo e braço direito, Bronson se desespera, reúne seus homens e juntos seguem para a pequena Sabbath para o enfrentamento final contra o implacável agente da lei. Apesar do título infeliz recebido no Brasil, "Mato em Nome da Lei" (Lawman - 1971) é um excelente faroeste, dirigido pelo inglês Michael Winner, que três anos depois dirigiria o explosivo "Desejo de Matar" com Charles Bronson. "Mato em Nome da Lei", destaca-se não só pelo excelente roteiro mas também pela excelente jogada de utilizar elementos de outros clássicos do western como "Matar ou Morrer". Outra qualidade do filme é a construção da história em torno da enorme categoria e carisma do grande Burt Lancaster, encarnado no papel de um impagável, obsessivo e incorruptível xerife Maddox.
Mato em Nome da Lei (Lawman, Estados Unidos,1971) Direção: Michael Winner / Roteiro: Gerald Wilson / Elenco: Burt Lancaster, Robert Ryan, Lee J. Cobb, Robert Duvall / Sinopse: Jered Maddox (Burt Lancaster) é um xerife que vai até outra cidade para prender um grupo de criminosos, algo que não será nada fácil para ele.
Telmo Vilela Jr.
Com Sartana Cada Bala é Uma Cruz
Sartana foi um dos personagens mais populares do chamado western spaghetti. Só para se ter uma ideia, foram realizados mais de vinte filmes com esse pistoleiro. O curioso é que como era comum no cinema italiano nem sempre Sartana aparecia em cena com as mesmas características pessoais ou de personalidade. Na verdade era mais um nome comercial do que qualquer outra coisa. A mesma coisa acontecia com Django e depois com Ringo. Não se tratava necessariamente do mesmo pistoleiro, mas sim de uma marca comercial para atrair bilheteria. Nesse faroeste "Com Sartana Cada Bala é Uma Cruz" ele é um caçador de recompensas que vaga pelo deserto em busca de procurados pela lei. Num gesto de pura sorte acaba encontrando todo um grupo de homens procurados trabalhando como escolta de uma carruagem carregada de ouro das minas da região. Antes que consiga colocar as mãos nos bandidos, todos eles são sumariamente mortos após um ataque.
Para não perder a viagem e o trabalho de caçador de recompensas, Sartana então decide ir em busca do carregamento, para se vingar dos que mataram os homens que procurava e também para colocar as mãos na fortuna do rico metal. Afinal de contas ele não poderia sair no prejuízo. No seu caminho acaba surgindo outro pistoleiro lendário, Sabbath (Charles Southwood), um sujeito bem afetado. Andando todo de roupa branca, de forma elegante, com sombrinha feminina e lendo poemas ele mais parece um enrustido no meio de um oeste brutal e cheio de homens rudes. Mas por baixo de toda a delicadeza se esconde um ás do gatilho.
Quem interpretou Sartana nessa produção foi o ator George Hilton, nome americanizado de um ator, ora vejam só, nascido no Uruguai. Seu nome real era Jorge Hill Acosta y Lara. O divertido em Jorge é que ele deixa transparecer durante todo o filme um jeito irônico, como se estivesse prestes a cair na risada, pois como todos sabemos dentro do faroeste Spaghetti o exagero estava sempre presente nos tiroteios, nas lutas e nos excessivos closes dos olhos dos atores. Infelizmente para quem gostou de ver o ator na pele de Sartana esse foi seu único filme em que interpretou o famoso pistoleiro. O roteiro não é grande coisa, diria até bastante derivativo de outras fitas semelhantes, mas não vejo isso como um defeito. Os filmes desse estilo seguiam padrões que eram esperados pelo público. Era uma fórmula certeira que sempre agradava. Sartana assim cumpre todos os requisitos, sem falhas. No geral é realmente um bom Spaghetti, divertido, exagerado, com muitos tiros e balas voando para todos os lados, o que acaba confirmando exatamente aquilo que o título nacional promete, uma vez que Sartana realmente não desperdiçava munições. Quando ele atirava era realmente morte certa!
Com Sartana Cada Bala é Uma Cruz (C'è Sartana... vendi la pistola e comprati la bara, Itália, 1970) Direção: Giuliano Carnimeo / Roteiro: Tito Carpi / Elenco: George Hilton, Charles Southwood, Erika Blanc / Sinopse: Sartana (George Hilton) é um caçador de recompensas do velho oeste que planeja tomar posse de uma fortuna em ouro pertencente a um rico mas corrupto comerciante. Antes disso porém terá que enfrentar outro pistoleiro famoso, o estranho Sabbath (Charles Southwood).
Pablo Aluísio.