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terça-feira, 2 de maio de 2017

The Beatles - Eight Days a Week

Título no Brasil: The Beatles - Eight Days a Week
Título Original: The Beatles - Eight Days a Week
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Apple Corps
Direção: Ron Howard
Roteiro: Mark Monroe, P.G. Morgan
Elenco: Paul McCartney, Ringo Starr, John Lennon, George Harrison, George Martin, Larry Kane
  
Sinopse:
"The Beatles: Eight Days a Week - The Touring Years" é um documentário que resgata as primeiras turnês dos Beatles nos Estados Unidos. Após um começo de carreira modesto, tocando em pequenos clubes e bares da Inglaterra e Alemanha, os Beatles se tornam uma sensação do mundo da música com álbuns e singles de sucesso. Após atingir o primeiro lugar nas paradas americanas com a música "I Want to Hold Your Hand" eles decidem viajar para a América, para sua primeira turnê de sucesso. Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Documentário.

Comentários:
Não há nada de muito surpreendente nesse novo documentário sobre os Beatles. A história da Beatlemania já foi contada inúmeras vezes no cinema e na TV. As imagens de histeria, seus primeiros concertos nas cidades americanas, a apresentação no Ed Sullivan Show. Tudo já foi visto e revisto. A única novidade mais interessante vem de novos depoimentos de Paul McCartney e Ringo Starr. Como esse documentário foi produzido pela Apple Corps (a empresa que pertence aos próprios Beatles), temos as músicas e tudo o mais relacionado ao grupo, sem restrições de direitos autorais. Paul se mostra o mais presente, esclarecendo algumas questões e parecendo se divertir bastante em relembrar de tudo o que aconteceu. Imagens do passado de John e George completam o quadro informativo. O diretor Ron Howard preferiu focar nos concertos, indo do começo da Beatlemania até a gravação do disco "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" quando os Beatles decidiram parar de fazer turnês. Os álbuns são mostrados de forma bem didática, inclusive com informações bem interessantes como o tempo em que ficaram no primeiro lugar das paradas. Depois de "Sgt. Pepper´s" o diretor faz pequenas referências sobre o resto da discografia e o que aconteceu com a banda. Nada sobre as brigas e atritos entre eles é explorado. Tudo é jogado para debaixo do tapete. É um documentário feito por fãs e para fãs. Curiosamente a cena final explora o "último concerto dos Beatles", na verdade um show improvisado nos telhados da Apple. Como escrevi, para o fã mais antigo dos Beatles não há grandes novidades. Já para as novas gerações o filme poderá funcionar como um resgate histórico sobre o passado dos Beatles e seu impacto na cultura pop mundial. Não deixa assim de ter o seu valor.

Pablo Aluísio.

domingo, 27 de dezembro de 2015

Ringo Starr - Sentimental Journey

Ringo Starr - Sentimental Journey - Certa vez uma jornalista perguntou a John Lennon se ele achava que Ringo era o melhor baterista do mundo! John pensou um pouco e disparou: "Ele não é nem o melhor baterista dos Beatles!". Todos riram. Penso que o único que não riu de verdade foi o próprio Ringo. Por anos e anos ele sempre foi subestimado. Era sempre visto como o baterista mais sortudo do mundo por fazer parte do grupo mais famoso da história do rock e nada mais. Isso porém não conseguiu abalar sua bem humorada personalidade. Hoje em dia o Ringo pode até parecer meio ranzinza e mal humorado (como quando pediu aos fãs dos Beatles que parassem de lhe enviar cartas pois a Beatlemania já havia acabado há mais de cinquenta anos), mas a verdade é que quando jovem ele realmente tinha um bom humor à toda prova, o que sempre lhe valeu a alcunha de ser o alívio cômico dentro do grupo (enquanto os outros tentavam se matar dentro do estúdio ele mantinha a calma, procurando manter um clima ao menos respirável dentro da banda). Quando isso não foi mais possível e os Beatles explodiram ele, como os demais, também partiu para uma carreira solo. "Sentimental Journey", lançado em março de 1970, foi sua primeira tentativa de seguir por esse caminho.

Um disco solo de Ringo Starr tinha que superar dois grandes problemas: O primeiro é que ele nunca foi um compositor consolidado enquanto fez parte dos Beatles. De fato Ringo nunca conseguiu se sobressair no meio de todos aqueles gênios. Ele sabia disso e para falar a verdade nunca tentou. Ao contrário de George Harrison, que com muito esforço conseguiu colocar a cabeça por um breve momento em um ponto pouco acima da genialidade de Lennon e McCartney, Ringo nunca se destacou. O segundo problema para Ringo era mais complicado: ele também nunca foi um bom cantor. Então como segurar as pontas em um disco todo cantado por alguém que nunca foi considerado um bom cantor? Ele certamente não iria passar todo o seu disco solo tocando bateria. Para piorar ele também não era arranjador e nem produtor. Para superar tantos problemas Ringo apelou para seus amigos. Assim Paul McCartney, Quincy Jones, Les Reed, George Martin e até Maurice Gibb (do Bee Gees) ajudaram o Ringão nesse projeto. As canções foram escolhidas pelo próprio Ringo e para não errar ele escolheu apenas a nata, como Cole Porter, Johnny Mercer e Les Brown. O resultado é bom, interessante, mas também nada brilhante. No fundo tudo não passa de um esforço honesto por parte de Ringo em sobreviver musicalmente.

Ringo Starr - Sentimental Journey (1970)
1. Sentimental Journey
2. Night and Day
3. Whispering Grass (Don't Tell the Trees)
4. Bye Bye Blackbird
5. I'm a Fool to Care
6. Stardust
7. Blue, Turning Grey Over You
8. Love Is a Many Splendoured Thing
9. Dream
10. You Always Hurt the One You Love
11. Have I Told You Lately That I Love You?
12. Let the Rest of the World Go By

Pablo Aluísio.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

The Beatles - Magical Mystery Tour

Título no Brasil: Magical Mystery Tour
Título Original: Magical Mystery Tour
Ano de Produção: 1967
País: Inglaterra
Estúdio: Apple Studios.
Direção: Bernard Knowles
Roteiro: Paul McCartney, George Harrison, John Lennon
Elenco: John Lennon, Paul McCartney, Ringo Starr, George Harrison

Sinopse: 
Um grupo de pessoas dos mais variados tipos compra uma passagem para participar de uma viagem mágica e misteriosa em um ônibus. No caminho encontram todos os tipos de situações fora do comum, como uma competição de velocidade, um teatro de atrações bizarras, uma corrida de anões e um show de cantores canastrões ao lado de garotas de strip-tease, tudo embalado com o som dos Beatles e sua música psicodélica.

Comentários:
Especial produzido pelos Beatles para a TV britânica em 1967. Antes de mais nada é importante avisar a quem for assistir que não adianta procurar muito sentido no roteiro. A linguagem é de psicodelismo, com várias sequências sem lógica. De certa forma pode-se até lembrar das comédias do grupo Monty Python mas isso seria simplificar demais. Na verdade a ideia partiu de Paul McCartney que se inspirou em um programa que era muito popular entre moradores pobres de Liverpool. Eles alugavam um ônibus e iam ida e volta até a cidade vizinha de Blackpool. Com que finalidade? Nenhuma. Tudo não passava de um pretexto para que todos enchessem a cara durante a viagem que por si só também não tinha muito sentido. Partindo disso Paul pensou em algo mágico, fantástico, uma viagem realmente psicodélica. Funcionou? Apenas em termos. Há gags engraçadas como a de Lennon vestido de garçom servindo toneladas de comida numa pá para uma mulher gorda mas mesmo essas cenas não são hilariantes, são apenas divertidas e curiosas. No geral tudo soa muito disperso, sem rumo, mostrando que no final das contas a única coisa que presta realmente é a música dos Beatles, essa de fato especial e mágica. Destaco "I Am The Walrus" um dos sons mais alucinados escritos por John Lennon e "The Fool on The Hill", bela balada composta por Paul. Ringo interpreta um sujeito que viaja com sua tia gorda e tem problemas com ela enquanto essa flerta com um senhor idoso que pensa ser uma ave de rapina (Não disse que nada faz sentido?). O único que não parece participar ou ter qualquer entusiasmo com tudo ao redor é George Harrison que apresenta uma canção solo e nada mais. Em resumo "Magical Mystery Tour" é isso, um pequeno tropeço maluco na gloriosa carreira dos Beatles.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

The Beatles - Help!

Título no Brasil: Help!
Título Original: Help!
Ano de Produção: 1965
País: Inglaterra
Estúdio: Walter Shenson Films, Subafilms
Direção: Richard Lester
Roteiro: Marc Behm, Charles Wood
Elenco: John Lennon, Paul McCartney, George Harrison, Ringo Starr, John Bluthal 

Sinopse: 
Uma seita religiosa precisa recuperar um anel cerimonial que está nos dedos de Ringo Starr dos Beatles. Para colocar as mãos na valiosa jóia os membros sacerdotais não medirão esforços, indo atrás de Ringo e dos demais Beatles.

Comentários:
O segundo filme dos Beatles não tem o mesmo brilho de "A Hard Day´s Night" que era tão imaginativo quanto divertido. Para falar a verdade esse "Help!" como filme em si deixa muito a desejar. Não há propriamente um enredo a se contar, existe esse roteiro que muitas vezes parece ter sido escrito para algum desenho animado dos anos 60 e nada mais. O que salva esse musical é certamente as canções dos Beatles apresentadas ao longo da estorinha boba e muitas vezes sem graça nenhuma. A cada 15 ou 20 minutos os Beatles surgem fazendo o que sabiam melhor, cantando e tocando para acordar o público, cansado de tantas bobagens. O enredo em si investe no besteirol, com um humor tão tipicamente britânico. Em muitos momentos me recordei dos filmes do Monty Python mas a comparação não é muito justa pois "Help!" fica muito distante do talento da trupe de comediantes ingleses. O próprio Paul McCartney reconheceu anos depois que o filme realmente não era lá essas coisas, tanto que disse que os próprios Beatles, vendo que tudo não passaria de um abacaxi, começaram a dar sugestões descabidas no roteiro (como irem até as Bahamas, por exemplo). Por fim cabe a observação de que como atores os Beatles realmente eram ótimos músicos, pois em momento algum conseguem passar o mínimo de talento para a atuação. Nem Ringo (que queria se tornar ator profissional) consegue convencer. O trabalho dos quatro pode ser definido como completamente amadorístico. Em suma, melhor ver mesmo um resumo dos momentos em que os Beatles tocam nesse filme, já que vê-los atuar aqui é realmente de amargar. Noventa minutos que passam muito devagar de tão fraco que o filme é.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Deixa Estar

Título no Brasil: Deixa Estar
Título Original: Let It Be
Ano de Produção: 1970
País: Inglaterra
Estúdio: Apple Corps
Direção: Michael Lindsay-Hogg
Roteiro: Michael Lindsay-Hogg, The Beatles
Elenco: John Lennon, Paul McCartney, George Harrison, Ringo Starr

Sinopse: 
Documentário musical que mostra o grupo britânico The Beatles durante as gravações do álbum "Let It Be". A ideia era registrar o processo de criação do mais famoso grupo de rock da história dentro dos estúdios em Londres. No final o grupo se apresenta ao vivo pela última vez em sua carreira.

Comentários:
Paul McCartney teve a ideia central desse documentário. Tudo soava muito simples. Intitulado "Get Back" o plano inicial de Paul era filmar os Beatles gravando um álbum dentro dos estúdios e depois a volta triunfal do grupo aos grandes shows ao vivo pelo mundo. O problema é que os Beatles estavam implodindo quando começaram as filmagens. Paul, George e John não conseguiam mais se entender. Brigas, discussões, desconforto, tudo acabou sendo captado de forma involuntária pelos responsáveis do filme. Depois de um começo tenso John e George decidiram que não estavam mais dispostos a realizar a tal turnê mundial que Paul queria. Isso criou um grande atrito pois seria justamente esse o clímax do documentário. Sem saída John sugeriu que todos fossem para o telhado da Apple em Londres e lá fizessem uma apresentação final com quatro ou cinco músicas para fechar o filme. Foi o que fizeram. A polícia londrina apareceu para encerrar o concerto e "Let it Be" (o novo nome dado ao documentário) afundou de uma vez. O que era para ser o registro da volta triunfal dos Beatles se transformou em um triste retrato do grupo se separando. Não deixa de ser histórico e importante para o mundo do rock mas o clima de melancolia incomoda. Mesmo assim seja você beatlemaníaco ou não o fato é que "Deixa Estar" é de fato um item indispensável em qualquer coleção. Simplesmente essencial para os amantes do rock em geral. 

Pablo Aluísio.

sábado, 17 de março de 2012

Mande Lembranças Para Broad Street

Como o Paul McCartney está fazendo uma série de shows pelo Brasil é válido lembrar essa sua incursão no cinema durante os anos 80. O filme é mero pretexto para Paul desfilar novos e antigos sucessos durante a metragem de Broad Street. O roteiro em si é uma mera desculpa para a sequência de cenas (com linguagem de videoclip) em que McCartney mostra novos arranjos para velhos sucessos dos Beatles. "Yesterday", "The Long and Winding Road", "Eleanor Rigby", estão todas lá. Essas sequências são todas de muito bom gosto e certamente agradarão ao fã do quarteto britânico, já o cinéfilo comum que não gosta do conjunto ficará um pouco decepcionado pois o filme se resume a apenas isso. É um "clipão" musical do Paul. O curioso é que ao contrário de seu colega de banda, John Lennon, Paul McCartney nunca se furtou em usar farto material dos Beatles, seja em shows, seja em filmes como esse. Isso bem demonstra a diferença de personalidade entre eles. Lennon gostava de soltar farpas contra os Beatles, já Paul os louva sempre que possível. Ele tem orgulho das músicas do grupo e não esconde isso.

Por falar em Beatles aqui temos em cena bancando o ator, o baterista Ringo Starr. Depois do fim do grupo ele tentou emplacar uma carreira de ator em filmes como Caveman. Depois de algumas produções horríveis ele finalmente se conscientizou que não havia espaço para ele nessa carreira, o que não o impediu de voltar aqui em "Broad Street" para dar uma força ao amigo. Eu simpatizo com o Ringo mas certas coisas devem ser ditas. Não há uma única cena do filme em que Ringo consiga mostrar o menor talento dramático, é engraçado e divertido ver como ele é mal ator. Um refinado canastrão em essência. Já sua mulher, a lindona Barbara Bach, está lá também para dar uma força ao marido e desfilar seu repertório de caras e bocas. Era bonita mas talentosa, não. De qualquer forma tudo isso é de menor importância pois o que vale mesmo é assistir Paul mandando bem em seus clássicos e na muito bonita "No More Lonely Nights" que fez muito sucesso na época! O curioso é que mesmo tendo a trilha sonora uma boa repercussão "Broad Street" não conseguiu se destacar nas bilheterias, se tornando um grande fracasso (um dos poucos na carreira vitoriosa de Paul McCartney). Ninguém é perfeito. De qualquer forma vale a revisão, assista e se divirta.

Mande Lembranças Para Broad Street (Give My Regards To Broad Street, Estados Unidos, 1984) Direção: Peter Webb / Roteiro: Paul McCartney, Peter Webb / Elenco: Paul McCartney, Ringo Starr, Barbara Bach, Linda McCartney / Sinopse: Músico (Paul McCartney) tem as matrizes de seu último disco roubadas. Ao lado de amigos tenta recuperar os valiosos registros fonográficos.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 5 de março de 2012

The Beatles - Help!

Eu já peguei muita briga com fãs dos Beatles. Esses são tipos esquisitos que acreditam piamente que o grupo inglês inventou a música e nada existiu antes e nem depois deles. Eu posso falar porque ouço Beatles há mais de 30 anos então bagagem não me falta - nem de audição e nem de literatura pois já li muito sobre os cabeludos (hoje seriam apenas franjinhas, however). Escolhi Help para comentar hoje porque ele é o último álbum da fase chamada Yeah, Yeah, Yeah (ou Ié, Ié, Ié, como queiram). Aliás essa minha classificação já foi inclusive motivo de muita briga com outros fãs. Muitos acham que o disco não pode ser colocado na primeira fase porque é "revolucionário"! Mas revolucionário em quê? Aliás porque os fãs dos Beatles acham que tudo o que eles fizeram é necessariamente um marco? Caiam na real, os Beatles fizeram muita besteira também, canções tosquinhas, letras bobinhas e discos comerciais em essência, feitos para vender muito - como esse aqui, trilha sonora do filme Help! (que aliás é péssimo vamos convir).

Help não é revolucionário em nada, é um disco comercial até a medula (na Holanda sua capa vinha com uma enorme propaganda da Shell). Sim, é um produto para vender - e vendeu. Mesmo assim não deixa de ser um produto bem feito e coeso. As letras são tipicamente ié, ié, ié - "ela ama você, você me ama, todos se amam" conforme foi dito ironicamente pelo próprio John Lennon anos depois. Algumas faixas são tapa buracos mas há também grandes preciosidades no LP, entre eles aquela que talvez seja a melhor música da história do grupo, a bela "Yesterday" que é tão bem composta e executada que resistiu até mesmo à sua hiper-ultra-comercialização com mais de (dizem) mil regravações! Até cantor brega tem sua versão "iesterdei" para tocar em churrasco de casamento. Como sou chato e mala velha destaco como obras primas aqui apenas a já citada "Yesterday", "You're Going to Lose That Girl" (o trabalho de vocalização entre eles é brilhante e os arranjos pra lá de charmosos) e "Dizzy Miss Lizzy" (sim, embora nem seja uma música dos Beatles associo sua presença a um grito de socorro de Lennon pelo fim dessa fase engomadinha). Já "Help" e "Ticket to Ride", bem mais conhecidas, não me empolgam. Alguém ainda aguenta ouvir explicações de que "Help" é um pedido de socorro de Lennon afogado pela fama? Ou seria socorro pelo abuso de drogas pois ele mesmo admitiu que os Beatles por essa época tomavam drogas até no café da manhã! Estava deprimido porque ficou rico e famoso?! Faz-me rir senhor Ono! Lennon era um chorão mesmo vou te contar! Já "Ticker to Ride" me soa repetitiva e sem direção. É uma canção pop para tocar nas rádios e nada mais. Pop comercial descartável. Finalizando quero dizer que "Help" não é revolucionário, não é a sétima maravilha do mundo e nem mudou a vida como a conhecemos. Também não foi o marco zero da história da música como alguns beatlemaníacos querem fazer crer. Faz parte da fase Ié, Ié, Ié. É um álbum pop comercial (com baixo teor roqueiro pra falar a verdade) que vale por algumas pequenas (e grandes) obras primas e só. No final é bem melhor do que o filme que sendo bem sincero nem precisava existir de tão ruim que é.

The Beatles - Help! (1965)
1. Help!
2. The Night Before
3. You've Got to Hide Your Love Away
4. I Need You
5. Another Girl
6. You're Going to Lose That Girl
7. Ticket To Ride
8. Act Naturally
9. It's Only Love
10. You Like Me Too Much
11. Tell Me What You See
12. I've Just Seen A Face
13. Yesterday
14. Dizzy Miss Lizzy

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

The Beatles - Long Talll Sally

Sempre achei esse um dos mais curiosos lançamentos dos Beatles. Se trata de um EP (sigla em inglês que no Brasil significava o equivalente ao nosso compacto duplo, pequeno vinil com apenas quatro ou cinco faixas). É interessante porque os Beatles resolveram gravar três covers e uma faixa que embora composta por Lennon e McCartney havia sido dada para ser gravada pelo grupo Billy J. Kramer and The Dakotas.

Estamos falando de "I Call Your Name", uma canção que passa longe de ser uma das melhores do grupo, mas que mantém o interesse, principalmente por causa da boa performance. Anos depois algumas biografias afirmaram que os Beatles resolveram gravar a música após John Lennon se sentir "enciumado" com a boa gravação de Kramer. Ele achava que poderia fazer melhor e sugeriu ao conjunto que registrasse sua própria gravação nos estúdios da Abbey Road. O resultado pode ser ouvido aqui.

Já as três outras gravações covers são maravilhosas. "Long Tall Sally" é o grande sucesso da carreira de Little Richard (Richard Penniman). Essa vinha acompanhando os Beatles desde os tempos em que eles eram apenas um grupo de adolescentes sonhando em gravar um disquinho algum dia. Paul McCartney era um fã do estilo de Richard e conseguia, mesmo quando tinha apenas 15 anos, tirar ótimas versões da música. Um momento bem nostálgico para os Beatles, um rock dos velhos e bons tempos. Também é bom lembrar que esse rock também havia sido gravado por Elvis Presley, fazendo parte de seu segundo álbum pela RCA Victor, em 1956. Como os Beatles eram grandes fãs de Elvis, era algo natural eles também decidirem gravar sua versão.

"Slow Down" de Larry Williams era geralmente usada para finalizar os concertos ao vivo. Segundo as próprias palavras de Paul era um "rock numa nota alta" que os Beatles usavam para se despedir de seu público de maneira bem empolgante, para cima. Geralmente era usada quando os Beatles estavam meio fartos de tocar suas próprias composições. O EP se encerra com "Matchbox" de Carl Perkins. Como se sabe os garotos de Liverpool tiveram seu primeiro contato com o rock americano através de singles que vinham dos Estados Unidos através do porto da cidade. Singles da Sun Records eram especialmente apreciados e Carl Perkins sendo um artista do selo logo se tornou também ídolo dos Beatles. Assim o que temos aqui é uma pequena amostra de onde veio a musicalidade do Fab Four. Uma justa homenagem deles aos pioneiros do rock americano. Melhor do que isso impossível.

The Beatles - Long Tall Sally (1964)
1. Long Tall Sally (Johnson, Richard Penniman, Robert Blackwell)
2. I Call Your Name (Lennon - McCartney)
3. Slow Down (Larry Williams)
4. Matchbox (Carl Perkins)

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Ringo Starr

Há poucos dias Ringo Starr, o baterista dos Beatles, completou 76 anos de idade... quem diria! Ringo segue sendo um dos Beatles mais queridos pelos fãs, não apenas por causa de seu eterno complexo de vira-lata (ele sempre foi considerado um sortudo e o menos talentoso membro dos Beatles) como também por seu carisma. A imprensa internacional (em especial a inglesa) sempre dá destaque aos aniversários dos ex-beatles. Principalmente dos que ainda estão vivos. Ringo, apesar de ser um alcoólatra por anos e anos, conseguiu sobreviver e está aí para contar sua história. É um sobrevivente, vamos admitir

Entre as reportagens interessantes publicadas sobre Ringo Starr algumas me chamaram a atenção. Uma delas sobre uma nova biografia que está prestes a ser lançada na Inglaterra trazendo fatos inéditos de sua trajetória. A mais curiosa revela as razões do fim do primeiro casamento de Starr. Ele foi casado por dez anos com Maureen Cox. Juntos tiveram três filhos (Zek, Lee e Jason). Ela cuidava do cabelo de Ringo e o conhecia desde os tempos em que ele era baterista do grupo Rory Storm and the Hurricanes (o nome das bandas inglesas de Liverpool eram hilárias!).

Pois bem, certo dia a esposa de George Harrison pegou o marido Beatle na cama com Maureen, a esposa de Ringo! Sim, George traiu Ringo, dormindo com sua mulher! Imagine o escândalo! Nada nunca foi confirmado oficialmente, mas o fato é que Ringo a deixou logo após os boatos surgirem entre os amigos mais próximos do quarteto. Dizem que Brian Epstein, o empresário dos Beatles, abafou tudo para que a imprensa inglesa não explorasse as picantes histórias de alcova envolvendo os bastidores do grupo de Liverpool. Eu sabia que George havia sido traído pela esposa com Eric Clapton, mas não que ele havia traído o próprio colega de banda levando sua esposa para debaixo dos lençóis!

Outro fato divertido envolvendo o aniversário de Ringo veio de uma entrevista completamente nonsense que deu a uma publicação americana recentemente. Perguntado sobre o boato "Paul is Dead" (aquele mesmo que afirmava que Paul McCartney havia morrido em 1966, sendo substituído por um sósia chamado Billy Shears), Ringo confirmou tudo!!! Claro que foi um ato de puro besteirol, mas como os teóricos de conspiração adoram uma coisa desse tipo tudo acabou virando um tremendo carnaval, principalmente na internet. Pois é, mesmo perto dos 80 anos, Ringo ainda consegue inovar e mais do que tudo, divertir os fãs dos Beatles...

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

The Beatles - Os Reis do Ié, Ié, Ié

Se Elvis Presley podia estrelar um filme atrás do outro porque os Beatles não? Nos anos 60 apenas grandes nomes da música conseguiam estrelar seus próprios filmes. O filão foi aberto com os musicais de Elvis e quando os Beatles estouraram nas paradas de sucesso logo ganharam também sua série de filmes. O primeiro filme do quarteto foi justamente esse A Hard Day´s Night, que basicamente era uma sucessão de clips das músicas do conjunto. O filme não tem basicamente um roteiro, apenas cenas isoladas, algumas engraçadas, outras nem tanto, que tentam mostrar como seria a vida dos Beatles em um só dia.

Anos depois John Lennon diria que nunca foi a intenção dos Beatles se tornarem atores ou algo do tipo. O filme serviu apenas como meio promocional de suas canções, que estavam no auge da popularidade, liderando a chamada "invasão britânica". A trilha sonora vendeu horrores e foi totalmente composta pela dupla Lennon / McCartney. O filme serviu também para que o grupo fosse ainda mais promovido nos EUA, onde fariam uma turnê de excepcional sucesso ainda naquele ano.

Os Beatles ainda fariam Help (um filme sem pé nem cabeça, totalmente nonsense), Magical Mystery Tour (telefilme psicodélico), Yellow Submarine (consagrada animação) e finalmente se despediriam do cinema com Let It Be (documentário mostrando os ensaios e gravações do disco de mesmo nome). Ao contrário de Elvis, que se fartou de Hollywood, os Beatles tiveram uma despedida de gala da capital do cinema, vencendo o Oscar de melhor documentário por seu último filme. Nada mal para quem considerava Hollywood apenas um meio de divulgar suas músicas.

Os Reis do Ié, Ié, Ié (A Hard Day´s Night, Inglaterra, 1964) Direção: Richard Lester / Com John Lennon, Paul McCartney, George Harrison, Ringo Starr / Sinopse: A Hard Day's Night ou Os Reis do Iê, Iê, Iê como é conhecido no Brasil, é o nome do filme realizado pelo grupo de rock inglês The Beatles em 1964. Foi o primeiro filme realizado pelos Beatles e junto ao filme foi lançado um álbum com o mesmo nome. O cinema na época era grande divulgador de estrelas do rock. Inspirados em Elvis Presley, os Beatles viram no cinema mais uma maneira de promover sua música.

Pablo Aluísio.

The Beatles ‎- The Very Best Of The Beatles 1962-'64

Ficou muito bonita essa edição em vinil dos Beatles. O LP (sim, meus caros, o bom e velho Long Playing) traz uma seleção de alguns dos maiores sucessos dos Beatles bem no auge da Beatlemania, entre os anos de 1962 a 1964. O disco foi lançado em novembro do ano passado e segundo consta apenas 500 cópias foram prensadas para o mercado norte-americano. Pessoalmente tenho minhas dúvidas. Será que foram apenas essas poucas cópias? Se for verdade é realmente algo a se lamentar.

No mais vale uma informação adicional. O disco vem em vinil branco, muito bonito e de bom gosto. Essas edições novas de vinis sempre trazem esses mimos, como prensagem de cópias em cores alternativas, fugindo do preto padrão. Assim deixo o registro desse lançamento para os colecionadores brasileiros. É uma boa adição para qualquer coleção de discos dos Beatles. Em relação ao posicionamento do disco na discografia oficial dos Beatles eu diria que é um bootleg bem intencionado (será que isso seria possível?) trazendo mais uma leva de gravações do grupo na BBC, rádio de Londres. Aliás ao lado do projeto "Get Back" essas sessões dos Beatles na BBC foram as que mais disponibilizaram material para bootlegs em geral. Então é isso, ouça, divirta-se e bata palmas ao final da audição, afinal são os Beatles!

The Beatles ‎- The Very Best Of The Beatles 1962-'64 (2017)
Lado A:
1 - Love Me Do
2 - P.S. I Love You
3 - I Saw Her Standing There
4 - Misery
5 - Too Much Monkey Business
6 - I'm Talking About You
7 - Please Please Me
8 - Hippy Hippy Shake
9 - Twist And Shout

Lado B:
1 - A Hard Day's Night
2 - Things We Said Today
3 - You Can't Do That
4 - If I Fell
5 - Long Tall Sally
6 - From Me To You
7 - She Loves You
8 - I Want To Hold Your Hand
9 - Can't Buy Me Love.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

The Beatles - Live at the BBC

Eu gosto de afirmar que esse é o melhor material já lançado dos Beatles após sua separação. Esqueça o Anthology que nada mais era do que uma jogada de marketing, aqui sim temos os Beatles, no começo da carreira, joviais e com muita vontade de tocar e agradar aos ouvintes da prestigiosa emissora britânica BBC. Todas as faixas foram gravadas ao vivo em programas que os Beatles se apresentavam na emissora. Isso durou de 1963 até 1965 quando os Beatles se tornaram tão imensos que até mesmo a famosa rádio começou a parecer acanhada diante da grandiosidade que a banda havia alcançado.

Duas coisas logo chamam a atenção nesse material. O primeiro é o fato da BBC dar um programa especial para os Beatles. A emissora, considerada a principal da Inglaterra, sempre primou por uma programação bastante culta e sofisticada, preferindo a execução de música clássica, deixando canções do gênero pop e rock fora de sua grade de programação diária. Isso até os Beatles se tornarem tão populares a ponto da rádio mudar seus próprios conceitos para se adaptar aos novos tempos. Assim nasceram programas como Saturday Club, Pop Go The Beatles, Teenager's Turn, Here We Go, From Us to You entre outros, mostrando que até nesse aspecto os Beatles também foram pioneiros.

A segunda característica marcante de “Live at The BBC” é o próprio repertório dos Beatles nesses programas. Eles não se limitaram a tocar as canções de seus discos, pelo contrário, os Beatles de forma maravilhosa destilaram ao longo de todos aqueles anos tudo o que tinham ouvido e venerado em seus anos iniciais. Uma verdadeira aula do que havia de mais significativo em termos de Rock ´n´ Roll na época. Assim o ouvinte era presenteado com os Beatles tocando canções de Elvis Presley, Fats Domino, Carl Perkins, Buddy Holly, Chuck Berry, Little Richard e todos os cantores e grupos que na época faziam parte da galeria de ídolos do conjunto.

Algumas versões são simplesmente de arrepiar como por exemplo "I'm Gonna Sit Right Down and Cry (Over You)" do primeiro álbum de Elvis pela RCA. Outras se destacam pela singeleza e harmonia que os Beatles deram a certas músicas como "Lonesome Tears in My Eyes" e "The Honeymoon Song", duas faixas que não foram obviamente escritas por Paul McCartney mas que eram a cara dele em tudo. No mundo dos bootlegs não oficiais o fã dos Beatles vai encontrar a íntegra de todas as músicas gravadas por eles na BBC mas isso é desnecessário. Esse CD duplo maravilhoso já traz o que de melhor havia da banda em seus anos na rádio inglesa. É um item charmoso, fino e que simplesmente não pode faltar em um coleção Beatle. Nota 10 com louvor!  

The Beatles - Live at the BBC (1994)
CD 1: Beatle Greetings / From Us to You / Riding on a Bus / I Got a Woman / Too Much Monkey Business / Keep Your Hands Off My Baby / I'll Be on My Way / Young Blood / A Shot of Rhythm and Blues / Sure to Fall (In Love with You / Some Other Guy / Thank You Girl / Sha La La La La! / Baby It's You / That's All Right, Mama / Carol / Soldier of Love (Lay Down Your Arms) / A Little Rhyme / Clarabella / I'm Gonna Sit Right Down and Cry (Over You) / Crying, Waiting, Hoping / Dear Wack! / You've Really Got a Hold on Me / To Know Her Is to Love Her / A Taste of Honey / Long Tall Sally / I Saw Her Standing There / The Honeymoon Song / Johnny B. Goode / Memphis, Tennessee / Lucille / Can't Buy Me Love / From Fluff to You / Till There Was You

CD 2: Crinsk Dee Night / A Hard Day's Night / Have a Banana! / I Wanna Be Your Man / Just a Rumour / Roll Over Beethoven / All My Loving / Things We Said Today / She's a Woman / Sweet Little Sixteen / 1822! / Lonesome Tears in My Eyes / Nothin' Shakin / The Hippy Hippy Shake / Glad All Over / I Just Don't Understand / So How Come (No One Loves Me) / I Feel Fine / I'm a Loser / Everybody's Trying to Be My Baby / Rock and Roll Music / Ticket to Ride / Dizzy Miss Lizzy / Kansas City/Hey-Hey-Hey-Hey! / Set Fire to That Lot! / Matchbox / I Forgot to Remember to Forget / Love These Goon Shows! / I Got to Find My Baby / Ooh! My Soul / Ooh! My Arms / Don't Ever Change / Slow Down / Honey Don't / Love Me Do

Pablo Aluísio

The Beatles - Love Songs

Coleção das melhores músicas românticas dos Beatles. Eu conheço esse álbum de muitos anos. Ele na realidade foi lançado ainda na época do vinil e nunca foi considerado um disco da discografia oficial do grupo, que se encerrou, como todos sabemos, em 1970 com "Let It Be". Curiosamente na época dos discos de vinil eu nunca tive interesse em comprá-lo, isso porque como já tinha todos os discos oficiais do grupo sua aquisição realmente não era necessário, afinal de contas é apenas uma coletânea, com ótima capa e encartes, mas era apenas isso mesmo, um coletânea e como sempre fui muito reticente com esse tipo de lançamento simplesmente deixei de lado.

Os anos passaram, o vinil morreu industrialmente, e voltei a esbarrar no disco, agora em CD numa loja de produtos populares. Como estava em promoção resolvi adquirir finalmente. É a tal coisa, muitas vezes o lado fã fala mais alto do que a do estudioso da história musical. No final das contas não me arrependi. Em termos históricos o disco é bem bagunçado, misturando faixas de épocas diversas sem muito critério. A seleção musical porém é de arrasar. Ao ouvir esse álbum me lembrei de uma das últimas entrevistas de John Lennon. Em 1980 ele declarou: "Olhando para trás e ouvindo os discos dos Beatles fiquei com a impressão que Paul sempre fazia belas músicas de amor enquanto eu só surgia nos discos cantando rocks estridentes".

É bem por aí meu caro Lennon! Paul McCartney foi realmente o grande compositor das canções românticas dos Beatles - basta ouvir esse disco para bem entender isso. Interessante notar que quando o grupo acabou, Lennon acabou adotando uma postura bem mais apaixonada em suas criações, compondo ele próprio belas baladas de amor - todos dedicadas a Yoko Ono, claro. Ao que me consta John Lennon, ainda tomado por uma postura juvenil de "Eu sou roqueiro", sempre procurava inserir rocks nos discos dos Beatles para contrabalancear o romantismo de Paul. De uma maneira ou outra, "Love Songs" prova que nesse campo eles foram realmente excepcionais.

The Beatles - Love Songs (1977)
Yesterday
I'll Follow the Sun
I Need You
Girl
In My Life
Words of Love
Here, There and Everywhere
Something
And I Love Her
If I Fell
I'll Be Back
Tell Me What You See
Yes It Is
Michelle
It's Only Love
You're Going to Lose That Girl
Every Little Thing
For No One
She's Leaving Home
The Long and Winding Road
This Boy
Norwegian Wood (This Bird Has Flown)
You've Got to Hide Your Love Away
I Will
P. S. I Love You

Pablo Aluísio.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

The Beatles – Rock ´n´ Roll Music

Quando essa coletânea surgiu nas lojas os Beatles nem mais existiam. Havia todo um clima de nostalgia no ar e a EMI resolveu aproveitar o momento para relançar um álbum duplo com aquelas que seriam as melhores gravações de Rock da carreira dos Beatles. Era obviamente um lançamento oportunista que foi do total desagrado dos ex-Beatles (que infelizmente já não podiam fazer mais nada pois não mais existiam como grupo). A EMI se defendeu das criticas afirmando que o lançamento era uma homenagem ao aniversário de 20 anos da parceria entre John Lennon e Paul McCartney (um erro já que Paul e John se conheceram em 1957 e esse álbum foi lançado em 1976).

No fundo a razão era puramente comercial já que a gravadora sentiu muito o fim dos Beatles pois seus álbuns eram os mais vendidos de toda a companhia. Sem material novo resolveram embalar canções antigas em uma nova capa! Lennon não quis maiores explicações e tão irritado ficou que mandou uma carta nada gentil ao presidente da EMI reclamando do lançamento pois ninguém do grupo havia sido previamente consultado. Ele chegou inclusive a ironizar falando que “o álbum mais parecia um lançamento dos Monkeys e não dos Beatles!”.

Aliás, para falar a verdade, nem o produtor George Martin foi consultado, tanto que também reclamou bastante da sonoridade do disco. A EMI havia simplesmente transformado as gravações Mono em um falso estéreo, sem qualquer capricho técnico nesse processo. George Martin que vinha já há algum tempo trabalhando caprichosamente nesse processo ficou realmente chateado com a EMI e a Capitol que lançaram o álbum com o processo ainda em andamento, sem finalização. Anos depois ele definiu o álbum como “medíocre”.

Mesmo assim “Rock ´n´Roll Music” vendeu bastante, tanto a ponto de competir com o próprio Paul McCartney nas paradas – ele havia acabado de lançar seu disco ao vivo “Wings Over América” e de repente se viu competindo com ele mesmo nas posições da Billboard. Pessoalmente gosto bastante da direção de arte da capa – tanto interna como externa. Embora na época Ringo Starr tenha reclamado disso (ele definiu o resultado como “barato – e os Beatles nunca foram baratos!” concluiu) temos que reconhecer que as imagens, relembrando a primeira fase do grupo, são bem charmosas e nostálgicas. Em relação à qualidade sonora do vinil original devo concordar com George Martin – tudo soa muito esquisito e sem nível técnico. Mesmo assim são os Beatles – o que dispensa maiores recomendações. PS: na edição em CD os problemas de mixagem foram sanados por isso caso queira ouvir o som que tanto desagradou George Martin procure pelos vinis originais de 1976.

The Beatles – Rock ´n´ Roll Music (1976)
Twist and Shout
I Saw Her Standing There
You Can't Do That
I Wanna Be Your Man
I Call Your Name
Boys
Long Tall Sally
Rock and Roll Music
Slow Down
Kansas City / Hey, Hey, Hey, Hey
Money (That's What I Want)
Bad Boy
Matchbox
Roll Over Beethoven
Dizzy Miss Lizzy
Any Time at All
Drive My Car
Everybody's Trying to Be My Baby
The Night Before
I'm Down
Revolution
Back in the U.S.S.R.
Helter Skelter
Taxman
Got to Get You into My Life
Hey Bulldog
Birthday
Get Back

Pablo Aluísio.

The Beatles - Hey Jude

Os Beatles já estavam praticamente destruídos como grupo musical quando a Capitol Records (dona dos direitos do grupo nos Estados Unidos) lançou esse álbum no mercado americano. Na verdade não é um disco oficial da discografia britânica. Os Beatles nunca pensaram em lançar algo assim mas os executivos da gravadora americana achavam um verdadeiro absurdo que um clássico como “Hey Jude” não estivesse em nenhum álbum oficial da banda. Assim acabaram criando um disco para a canção, uma das mais populares e conhecidas da história dos Beatles. Para completar o disco resolveram ainda unirem outros singles de sucesso que também seguiam até aquele momento inéditas em LP.

O resultado dessa tacada de marketing é realmente um álbum bem bolado, que une alguns dos maiores sucessos da banda pela primeira vez. Como dito “Hey Jude” (ou “Beatles Again” como é conhecido em alguns países) é na realidade um coletânea de canções que foram lançados em compactos simples. Obviamente que Hey Jude é o carro chefe. Embora assinada por Lennon e McCartney essa é na realidade uma canção composta exclusivamente por Paul McCartney. Fez tanto sucesso na época que até hoje é reconhecida por qualquer pessoa, de qualquer segmento social. Paul a compôs pensando em Julian Lennon durante a separação de seus pais, John e Cynthia. Inicialmente se chamou “Hey Jules” (de Julian) mas depois para ficar menos óbvia Paul mudou o título para a que a tornou célebre. Outra música 100% McCartney é a animada e alegre “Lady Madonna”, uma curtição de Paul com o som de New Orleans. Fats Domino era certamente uma inspiração para ele desde os tempos em que era um simples colegial em Liverpool.

Já do lado de John Lennon várias canções estão presentes. A mais autoral, como não poderia deixar de ser, era a baladinha com toques folk “The Ballad of John and Yoko”. Lennon ficou bastante chateado com a gravação dessa faixa. Para ele os Beatles a negligenciaram completamente, tanto nas gravações como em seu lançamento sem destaque algum. Para piorar o mal estar apenas Paul participou das gravações ao lado de John o que não era surpresa uma vez que George Harrison simplesmente odiava Yoko Ono e não gravaria algo assim louvando a musa de Lennon. Outra canção que embora clássica era considerada mal gravada por Lennon era “Revolution” (lado B do single Hey Jude, o primeiro do grupo no selo Apple).

Lennon sempre reclamava do pouco caso que os demais Beatles fizeram da música. Para ele sempre havia um clima de “preguiça e má vontade” com suas composições dentro dos estúdios. Não é de se admirar que o grupo estivesse tão tenso com tantas mágoas e rivalidades nas gravações das canções. Outra faixa excepcional da safra de John Lennon era “Don't Let Me Down” que seria muito executada após sua morte pela óbvia associação da letra com seu terrível assassinato. Com tantos clássicos juntos em um só álbum não há o que reclamar. Só a lamentar a mistura de canções da primeira e segunda fase dos Beatles em um mesmo disco. Não tem sentido colocar canções da trilha de “A Hard Day´s Night” em um álbum como esse, tão característico dos últimos momentos do grupo. Mesmo assim fica a recomendação. Os Beatles foram tão produtivos, tão talentosos, que até LPs que eram meras coletâneas de compactos perdidos eram simplesmente geniais.

The Beatles – Hey Jude (1970)
Can't Buy Me Love
I Should Have Known Better
Paperback Writer
Rain
Lady Madonna
Revolution
Hey Jude
Old Brown Shoe
Don't Let Me Down
The Ballad of John and Yoko

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

The Beatles - Abbey Road

Abbey Road (1969) - Fartos do projeto Get Back (que depois seria renomeado para Let It Be) os Beatles resolveram voltar aos estúdios para produzir um novo disco. Paul McCartney reuniu a todos nos estúdios Abbey Road, em Londres, para uma cartada final. Um dos grandes problemas do grupo era a falta de interesse por parte de alguns de seus membros no futuro do próprio conjunto. Lennon estava extremamente envolvido em seus projetos solo ao lado de Yoko Ono e não via mais os Beatles como um projeto interessante. O som que desenvolvia na época tinha mais a ver com a arte de Yoko do que com o som do grupo, tanto isso era verdade que a primeira música gravada nessa nova reunião deles foi justamente The Ballad of John & Yoko, que sairia com Old Brown Shoe logo depois em single. Outra canção das sessões, I Want You (She´s So Heavy), mostrava ainda mais o distanciamento de John de seus companheiros. A música, extremamente experimental, lembrava muito mais a terapia do Grito Primal de Ono do que qualquer outra coisa já gravada pelo quarteto britânico. Até mesmo Come Together revelava a individualidade de Lennon em detrimento do trabalho em conjunto dos demais.

Paul, por sua vez, fez o possível para manter o grupo unido. Apareceu com obras extremamente relevantes, embora bem menos experimentalista que seu amigo Lennon. Recuperou velhas ideias compostas no projeto Get Back, como Maxwell´s Silver Hammer e as colocou em prática, muito embora o excesso de produção em canções como essa tenham irritado John que acusou Paul de super produzir suas próprias composições em detrimento das canções dele, Lennon. Outro ponto de destaque do disco foi a presença extremamente marcante de George Harrison. Something, sua canção no disco, foi rapidamente imortalizada, se tornando uma das mais populares da carreira dos Beatles. Here Comes The Sun, abrindo o lado B do antigo vinil, foi outro ponto positivo, mostrando a todos que o talento de George não era mais apenas potencial mas real e concreto. Até Ringo Starr se arriscou ao apresentar sua simpática Octopus Garden e não fez feio. Este foi o último trabalho dos Beatles e se tornou o canto de cisne destes quatro cabeludos que um dia, em uma era distante mudaram o mundo. Vamos analisar agora canção a canção esse marco na história da música mundial:

1. Come Together (John Lennon / Paul McCartney) - Esqueça a dobradinha Lennon/McCartney. Esta é uma música 100% John Lennon. John sempre disse que o que lhe interessava era o Rock'n'Roll puro e simples, sem grandes produções. Aqui está um exemplo do que ele era capaz. Ele aproveitou o refrão da canção Let´s Get Together, que havia sido composta para a campanha eleitoral de Timothy Leary (o papa do LSD) ao governo da Califórnia e compôs um letra extremamente obscura e exótica. Embora só admitisse essa influência, Lennon acabou sendo processado por plágio anos depois por seu antigo ídolo de juventude, Chuck Berry, que alegava que o ritmo havia sido copiado de seu sucesso You Can´t Catch Me. John acabou sendo condenado na justiça e anos depois, em 1975, a gravaria no disco solo Rock´n`Roll. Come Together conta com os instrumentos tradicionais, que no estúdio ficaram com seus respectivos titulares, ou seja John na guitarra, Ringo na bateria e George na Slide-Guitar. Além disso o sempre versátil Paul também colaborou na percussão e George nos teclados. Anos depois o astro Michael Jackson lançaria sua própria versão no disco History, Present, past and Future.

2. Something (Harrison) - Este disco traz a prova incontestável do grande talento de Harrison como compositor. Foi esta música a primeira de George a ocupar o Lado principal de um single dos Beatles. Anteriormente todos os singles dos Fab Four contavam com composições de Lennon & McCartney como lado A dos compactos. Sem Dúvida George sentia-se colocado de lado pelo enorme talento de John e Paul. Embora seu reconhecimento tenha sido tardio dentro do grupo, Harrison mostrou a que veio, destilando grande talento como letrista e compositor, tanto que anos depois sua música seria imortalizada pelo dois maiores cantores do século XX, Elvis Presley (que a apresentou ao vivo no especial Aloha From Hawaii) e Frank Sinatra. Embora fosse destaque absoluto no disco Abbey Road, Something já vinha rondando os estúdios desde a época do Album Branco. George inclusive chegou a cogitar em usá-la no projeto Get Back mas não satisfeito com o resultado resolveu aprimorá-la um pouco mais. Finalmente quando se reuniram nas sessões de Abbey Road George sentiu-se confiante o bastante para finalizá-la e gravá-la com os demais colegas de banda. Aqui George está no vocal principal e toca piano e guitarra com Paul e John batendo palmas (velha fórmula dos Beatles para ocupar os espaços em branco de suas músicas).

3. Maxwell's Silver Hammer (John Lennon / Paul McCartney) - Uma das canções mais bem arranjadas dos Beatles. Se "Come Together" é uma música 100% Lennon esta é 100% McCartney, tanto que John Lennon nem sequer participou desta gravação. Paul não deixou por menos e tocou guitarra, baixo, fez os backings vocais e o vocal principal e ainda encontrou tempo para adicionar uma harmônica. Ufa! Ele faria o mesmo em seu primeiro projeto solo, McCartney, onde tocaria todos os instrumentos, atuando praticamente sozinho em todas as músicas. Embora a presença de Paul seja absoluta, George deu sua colaboração ao tocar sintetizador (a quatro mãos com George Martin) e guitarra base da música (trabalho que seria do ausente Lennon). Ringo por sua vez tocou sua bateria básica e bigorna.

4. Oh! Darling (John Lennon / Paul McCartney) - Outra de Paul. John Lennon por esta época estava profundamente envolvido com Yoko Ono e de certa forma deixou grande parte da responsabilidade do grupo nas mãos de Paul McCartney. Este fez de tudo para manter a união e o bom astral entre os Beatles (porém não foi bem sucedido). Aqui está outra canção romântica no estilo Macca de compor (que mais tarde seria satirizado por Lennon na Música "How do you Sleep?). Aqui Paul toca baixo e piano, George guitarra e Ringo batera. E onde está John? está com Yoko e também não participa desta música.

5. Octopus's Garden (Starkey) - Ringo aparece como compositor e prova que não é só "o cara mais sortudo do planeta". George Harrison contribuiu muito na composição porém sua coautoria não foi creditada. John dá o ar de sua graça e toca guitarra base. Paul toca baixo e piano e George guitarra solo além de fazer junto com McCartney os sons "marítimos" da canção.

6. I Want You (She's so Heavy) (John Lennon / Paul McCartney) - John ressurge no disco com esta verdadeira tijolada naqueles que o criticavam por seu relacionamento com Yoko. Aqui uma música feita especialmente para a japonesa que virou a cabeça do mais rebelde dos Beatles. Com a palavra Mr.Lennon: "um crítico escreveu dizendo que 'She's so Heavy' era a prova que eu tinha perdido meu talento para fazer letras, que era uma música chata e simples. Quando a gente está se afogando a gente não diz 'Por favor me salve'(...) você simplesmente Grita". Este era o grito de John Lennon ao mundo em 1969.

7. Here Comes the Sun
(Harrison) - Depois do "grito primal" de Lennon as coisas se acalmam um pouco com esta linda música de George Harrison. Esta é a prova definitiva do enorme talento de George como compositor. A Música é excepcionalmente bem executada e demonstra um ótimo resultado final. Aqui George toca violão, sintetizador e canta (com sua voz dobrada em alguns trechos); Paul comparece tocando baixo e Ringo bateria. John apenas dá uma força tocando palmas junto com Paul e George.

8. Because (John Lennon / Paul McCartney) - Uma das obras primas de John Lennon. Aqui ele dá um tempo nos "sons experimentais" e demonstra todo seu maravilhoso talento para compor. Novamente com a palavra John Lennon: "Estava deitado no sofá em casa, ouvindo Yoko tocar a 'Sonata ao luar' de Beethoven. Aí eu pedi: Você pode tocar os acordes de trás pra frente? Ela tocou e eu fiz Because a partir daí. A letra é clara, nenhuma merda, nenhuma referência obscura". Puxa como é fácil para os gênios hein? Aqui John, George e Paul fazem o vocal. Lennon toca guitarra e harpsichord (um instrumento exótico); George toca guitarra e sintetizador e Paul toca baixo.

9. You Never Give Me Your Money (John Lennon / Paul McCartney) - Música de Paul McCartney que traz em sua letra uma clara mensagem para Alain Klein que estava passando a mão nos bolsos dos Beatles quando ele se tornou o responsável pela Apple. Paul toca piano e baixo; John na guitarra; George Harrison no piano, pandeiro e em duas guitarras e finalmente Ringo toca bateria. George Martin ainda arranjou espaço para acrescentar um piano.

10. Sun King (John Lennon / Paul McCartney) - Mais uma de John Lennon. Aqui ele participa efetivamente da gravação tocando maracas, guitarra e providenciando junto com George Martin a inclusão do melotron. Paul comparece no baixo e na harmônica, Ringo na bateria e bongôs e George na guitarra. John quis chegar a um resultado diferente na vocalização da música e por isso as vozes foram dobradas dando a impressão de um pequeno coral de seis pessoas (na realidade foram usados três: Paul, John e George)

11. Mean Mr Mustard (John Lennon / Paul McCartney) - Outra contribuição importante de John. Esta música foi composta por Lennon quando os Beatles estavam na índia e por isso quase foi incluída no disco "The Beatles" (mais conhecido como Album Branco). Aqui além dos instrumentos normais tocados por cada um, Paul aparece nos sinos John maracas e George pandeiro.

12. She Came in Through the Bathroom Window (John Lennon / Paul McCartney) - A música foi composta por McCartney quando os Beatles estavam formando sua gravadora Apple. John Lennon disse em uma entrevista sobre esta canção: "Foi escrita por Paul quando estávamos em Nova Iorque formando a Apple e ele conheceu Linda. Talvez fosse ela que entrou pela janela do banheiro. só pode ter sido ela. não sei. Alguém entrou pela janela do banheiro".

13. Golden Slumbers (John Lennon / Paul McCartney) - A intenção de Paul na arte final deste disco era unir diversas canções diferentes numa "maratona musical". Assim esta música está intimamente ligadas com todas as outras sendo até difícil saber onde termina uma e começa outra. Aqui Paul toca baixo, piano e faz o vocal principal. Foi acrescentada ainda uma orquestra como fundo musical.

14. Carry that Weight (John Lennon / Paul McCartney) - Mais uma de Macca. A melhor parte da música é os solos musicais de George, Paul e John. Aqui os Beatles começam a dar adeus aos seus fãs. Esqueça as bobagens de marketing como o projeto "Anthology", o fim dos Beatles está aqui. Longa vida ao verdadeiro Rock'n'Roll.

15. The End (john Lennon / Paul McCartney) - Pedacinho de música onde os Beatles cantam a bonita mensagem: "E no fim o amor que você recebe é igual ao amor que você faz". perfeito e definitivo.

16. Her Majesty (John Lennon / Paul McCartney) - Muita gente boa confunde pensando que esta canção é na realidade "The End", isto foi causado porque no antigo vinil esta música não foi creditada na capa. Aqui Paul McCartney toca violão e canta sozinho sem os demais Beatles. Por quê? Porque para John Lennon: "Paul McCartney sempre foi um egomaníaco".

Pablo Aluísio

The Beatles - Let It Be

Fruto do projeto fracassado chamado Get Back o disco Let It Be foi o último disco oficial a ser lançado pelos Beatles (embora não fosse o último a ser gravado como muita gente pensa) e foi produzido por Phil Spector. A ideia inicial de Paul McCartney era filmar um grande documentário mostrando os Beatles dentro dos estúdios, criando e gravando a trilha sonora do filme para depois todos saírem em uma grande turnê em vários países. Deu com os burros n´água. Antes de mais nada as gravações dentro dos estúdios se tornaram um verdadeiro inferno, com os integrantes se ofendendo entre si a todo o tempo. Além do constante confronto entre Paul, George e John este ainda inventou de trazer a japonesa Yoko Ono para dentro de Abbey Road, causando mais aborrecimentos ainda ao resto do grupo e aos produtores do filme.

Para completar de afundar os planos de Get Back a ideia de sair novamente em turnê foi logo descartada pelos demais membros do grupo que não tinham mais a menor intenção de ter de arcar com toda a histeria da estrada, como nos tempos da Beatlemania. George Harrison odiou a idéia assim como John Lennon que não tinha mais nenhum interesse no grupo. Assim Get Back acabou afundando e sendo arquivado. Tudo o que restou foi um vasto material de cenas dos Beatles dentro do estúdio, ensaiando em uma Jam Session sem fim (e sem direção).  Quando o grupo finalmente rachou em 1969 a Apple resolveu ressuscitar o projeto. Trocaram o nome de tudo para Let It Be, contrataram uma boa equipe de cineastas para salvar o documentário e Lennon jogou nas mãos de Phil Spector os pedaços da sessões para que ele desse um jeito naquela bagunça sem fim.  Spector então arregaçou as mangas para encontrar em metros e metros de gravações, material suficiente para compor um disco que fosse comercialmente viável.

O resultado é irregular. Embora haja clássicos absolutos como Get Back, Let It Be, Across The Universe (pessimamente gravada na opinião de Lennon) e Long and Winding Road, a opção de Spector em dar um clima de descontração ao conjunto do disco - com bobagens ditas pelo próprio grupo entre as faixas, pedaços dispersos de músicas e piadinhas - não trouxe um produto à altura de um álbum dos Beatles. Do jeito que ficou mais parece um bootleg do que um disco oficial da gravadora do grupo. Certamente todo fã do conjunto britânico deve ter o álbum em sua discoteca mesmo que passe o resto da vida se lamentando que músicas tão belas não tenham sido lançadas em um disco ideal. Enfim é a vida...

The Beatles - Let It Be (1970)

Lado A:
1. Two of Us
2. Dig a Pony
3. Across the Universe
4. I Me Mine
5. Dig It
6. Let It Be
7. Maggie Mae

Lado B:
1. I've Got a Feeling
2. One After 909
3. Long and Winding Road
4. For You Blue
5. Get Back

Pablo Aluísio.

domingo, 6 de novembro de 2011

The Beatles - The White Album

Todos os especialistas na história dos Beatles concordam que o álbum branco foi o começo do fim para a banda. A maioria das músicas foram compostas quando os Beatles estavam na índia. Essa fase foi particularmente complicada para o conjunto porque enquanto estavam meditando no oriente o empresário e amigo Brian Epstein morria de uma overdose de remédios na Inglaterra. Como ele cuidava de todos os detalhes da carreira do grupo sua morte significou o começo da implosão do quarteto. A verdade é que nenhum deles entendiam de negócios e mal compreendiam os diversos empreendimentos que juntos formavam a parte comercial da banda. Lennon declarou que não tinha a menor ideia do que significavam todas aquelas empresas que faziam partes de outras empresas que por sua vez faziam parte de grupos e que juntos formavam os Beatles do ponto de vista comercial.

Junte-se a isso a eterna tensão envolvendo Paul e John e John e George. Por essa época Lennon começou a levar sua namorada Yoko Ono para dentro do estúdio. Ela não era simpática e nem de fácil convívio. Nenhum Beatle tinha levado uma garota antes para dentro do estúdio, o local que eles consideravam sagrado até aquele momento. Isso era algo bem desconcertante e constrangedor. A presença de Yoko era incômoda para os demais Beatles e em particular George, que a antipatizava abertamente. O problema é que John  Lennon era um sujeito brigão e pagou pra ver. Mesmo sabendo que Yoko não era bem-vinda durante as gravações começou a radicalizar, chegando ao ponto de levar uma cama para dentro de Abbey Road. Claro que era um absurdo. George confrontou John sobre o ocorrido e a discussão terminou em socos e pontapés, com ofensas sendo gritadas a plenos pulmões! Paul procurou ser bem mais diplomático mas sabia que isso iria aos poucos destruir o pouco bom relacionamento que ainda existia entre eles. Na verdade os Beatles tinham se transformado numa enorme panela de pressão prestes a explodir!

Como estavam muito tensos uns com os outros as faixas foram sendo gravadas de forma muito isolada. John cuidava de seu material, Paul do dele e George também. Pouco trocavam idéias e não compartilhavam mais como antes. Cada um se empenhava em suas próprias criações e desprezava a dos demais. Nesse estado de coisas o disco acabou saindo com uma individualidade muito incômoda para um disco que deveria ser fruto de um trabalho coletivo. Cada faixa trazia as características mais pessoais de cada membro. As faixas de John Lennon eram autorais, viscerais, de letras incisivas. As de Paul eram bem produzidas, românticas e com belas melodias. Já George surgia tentando ocupar algum espaço da melhor forma possível. No meio de tanto egoísmo o disco ficou desigual, bagunçado e sem identidade.

O fato é que Lennon estava cansado dos álbuns super produzidos de Paul como Sgt Pepper´s e procurava por algo mais direto, cru, sem enfeites demais. Até a capa do disco refletia isso, branca, com o nome do grupo em relevo. O disco aliás nem nome tinha, se chamando simplesmente The Beatles – o apelido “The White Album” veio depois, dado pelos fãs por motivos óbvios. Anos depois Lennon diria que o clima nas gravações era a pior possível e por isso o som saiu diferente de todos os outros discos dos Beatles. Some-se a isso a crise interna que explodiu quando John resolveu incluir uma faixa de “sons experimentais”, com gritos, ruídos e barulhos sem nexo, chamada “Revolution 9”. Paul tentou até o último momento tirar aquilo da seleção musical mas não conseguiu. McCartney tinha razão, aquilo não era Beatles pois tinha muito mais a ver com o trabalho de Yoko Ono e Lennon (de fato eles lançariam depois um álbum inteiro assim, com ambos nus na capa chamado “Two Virgins”).

Com tantas canções no meio o disco saiu duplo (o único da discografia dos Beatles), e demorou para ser entendido e compreendido. Foi logo criticado por sua falta de coesão, sua bagunça, sem uma linha clara de organização. De qualquer modo fez enorme sucesso mostrando que os Beatles conseguiam acertar até mesmo sob condições tão adversas como aquelas. Quem resumiu muito bem tudo depois foi o próprio Paul McCartney que anos mais tarde diria: “É o álbum branco dos Beatles, do que estão reclamando?! É um clássico, e isso é tudo!”. Palavras definitivas.

O White Album (Álbum Branco) foi um disco bem singular dentro da discografia dos Beatles. Nesse trabalho cada um dos Beatles, de forma bem individual, compôs o que quis e gravou o que bem entendeu. Poucas músicas foram de autoria coletiva. De forma em geral John trouxe suas canções, Paul idem e George, que sempre compôs praticamente sozinho, também trouxe seu lote de músicas. Houve uma liberdade individual nesse disco como nunca antes havia acontecido em um álbum dos Beatles. A simplicidade parecia dar o tom, algo que veio expresso até mesmo em sua capa, onde não havia nada, apenas o nome do conjunto em relevo.

A maioria dessas composições foram criadas na Índia, onde os Beatles tinham ido naquela sua fase de seguir gurus. Segundo John as músicas em geral soaram diferentes porque foram compostas em violão. Geralmente há uma diferença entre canções compostas em violão e em piano. Para John essa foi uma característica marcante em termos de sonoridade. Assim o White Album acabou parecendo como pequenos e isolados discos solos de cada um dos membros da banda. Em uma faixa o ouvinte tinha John Lennon e uma banda de apoio, que por acaso eram os Beatles, na seguinte Paul e seus colegas de grupo e por aí vai. Criações bem individuais em um disco de grupo.

Um exemplo marcante disso veio em "Julia". Essa linda balada foi composta por John Lennon em homenagem a sua mãe que faleceu em 1958, após ser atropelada por um policial embriagado. A morte de Julia Lennon marcou demais a vida de John. Ele não gostava de seu pai, um marinheiro que mal conheceu em sua infância e juventude, mas tinha grande afinidade com a mãe. Ele herdou em grande parte o espírito livre dela. A gravação oficial de Julia acabou saindo tão simples como a versão que John compôs na Índia. Praticamente apenas voz e violão, com o vocal duplicado de John fazendo contraponto a ele mesmo. Os versos são lúdicos, envolvendo lembranças emocionais de John em sua infância, quando ia ao lado de Julia em pequenos passeios na praia. Tudo muito bonito e sentimental. Um dos grandes momentos do disco.

O curioso é que John podia ir do sentimentalismo à galhofa em questão de segundos. Assim ao lado da bela e cândida Julia, ele também trouxe para os estúdios a divertida "Everybody's Got Something to Hide Except Me and My Monkey". Esse era um rock mais visceral, com claras influências de Chuck Berry. John estava sempre dizendo que no final o que lhe interessava mesmo em termos de música era o bom e velho rock ´n´ roll dos anos 50, de sua fase de juventude. Essa criação demonstra bem isso. John voltando aos tempos da brilhantina e casacos de couro de forma bem humorada e divertida. Além disso John vivia tentando lembrar a Paul que os Beatles eram em essência um grupo de rock ´n´ roll, como explicou depois em uma entrevista dos anos 60. "Eu sou uma velha banda de rock, os Beatles eram puro rock! Eu não poderia deixar isso morrer nunca enquanto estivesse na banda" - resumiu Lennon, com sua conhecida franqueza.

John Lennon queria colocar Yoko Ono nos Beatles! Era um absurdo, mas Lennon gostava desse tipo de ideia nonsense. E ele parecia disposto a prova seu ponto de vista, mesmo com as negativas de Paul McCartney sobre a entrada de Yoko na banda. Para provar que Yoko Ono tinha talento musical, John a levou para a gravação de "The Continuing Story of Bungalow Bill". Essa estranha composição havia sido criada na Índia, quando os Beatles estavam meditando com o guru Maharishi Mahesh Yogi em Rishikesh. A letra era uma sátira contra turistas ocidentais que iam até a Índia caçar animais selvagens (como tigres) e depois iam aos templos religiosos em busca de um encontro espiritual elevado! Lennon criticava essa postura hipócrita daquele que matava de dia e à noite ia atrás de elevação espiritual.

Yoko Ono foi colocada para cantar e... com todo respeito a quem gosta da "Yoko música" (seja lá o que isso queira dizer) o fato é que como cantora ela era uma excelente artista plástica. Yoko deu então seus gritos estridentes e praticamente destruiu a gravação. George Harrison tentou convencer John a apagar a participação de sua "patroa", mas sua sugestão foi recebida com insultos. John se sentiu ultrajado com a opinião de George! Foi se criando um clima ruim entre eles dentro dos estúdios Abbey Road, a tal ponto que quase chegaram às vias de fato! Faltou pouco para não se agredirem. Paul McCartney também não gostou nem da música em si e nem da participação de Yoko, mesmo assim ainda colaborou nos arranjos, tocando baixo e fazendo vocais de apoio (para melhorar o coro e disfarçar um pouco a falta de talento de Yoko nos microfones).

Outra gravação que trouxe problemas entre John Lennon e os Beatles foi "Revolution 9". Não era uma música, mas uma coleção de sons experimentais sem nexo. Era algo que fazia a cabeça de John e Yoko, mas que no fundo não tinha nada a ver com o som dos Beatles. Esse tipo de ideia seria levada à exaustão no LP solo de John chamado "Two Virgins". Tudo fazia parte da terapia do grito primal que John vinha seguindo há tempos. Durante muito tempo, até quase na véspera do lançamento do álbum, Paul tentou de todas as formas convencer John a tirar "Revolution 9" do álbum. Ele recusou até o fim a sugestão de Paul, dizendo com firmeza: "A música fica!". Quando o disco finalmente chegou nas lojas a crítica não soube lidar muito bem com aquele tipo de (falta) de musicalidade. Parecia algo maluco que John havia colocado no disco por pura birra e arrogância. Algo do tipo "Eu posso fazer isso e o farei!".

Felizmente nem tudo era feito de sons estranhos e falta de notas musicais. John ainda era capaz de compor belas melodias. "I'm So Tired" era um exemplo da delicada mistura de gêneros musicais que John fazia muito bem. A música tinha um estilo blues, aliado a uma interpretação bem inspirada de John, cantando como se realmente estivesse cansado de tudo. Como havia efetivamente música ali, Paul resolveu também se empenhar, escrevendo algumas linhas da melodia. George Martin também foi essencial, criando um belo arranjo para servir de fundo à performance de Lennon. Durante algum tempo John pensou em lançar a faixa como single na Inglaterra, para promover o álbum. A canção seria lançada antes, justamente para divulgar o LP que viria. Depois, com as brigas e atritos com Paul e George, tudo foi deixado de lado. Mesmo assim, por sua beleza melódica, essa bela balada acabou se destacando dentro do álbum branco. Ela foi encaixada no Lado B do disco 1, bem depois da também bela balada "Martha My Dear" de Paul McCartney.

Quando o Álbum Branco pintou nas lojas muitas pessoas quiseram saber quem era Martha da canção "Martha My Dear". Especulações de todos os tipos foram feitas. Para alguns era uma antiga namorada de Paul que ele não via há muitos anos. Estavam todos enganados. A coisa era bem mais simples. Martha era a cadela de Paul. Era a velha companheira de Paul de muito tempo, um pet adorado não apenas por ele, mas por todos os demais Beatles. Há inclusive muitas fotos de Paul ao lado de Martha e da namorada Jane Asher. Igualmente há registros interessantes de John Lennon levando a cachorrinha para dar um passeio nos arredores da casa de Paul em Londres.

Sobre ela Paul contou um caso curioso. Certa vez John a viu junto com Paul. Para Lennon só havia uma ocasião em que Paul parecia mesmo relaxado e feliz, era quando estava brincando com Martha. Era um momento de completo relaxamento e diversão. "Nunca vi você assim antes!" - teria dito um surpreso John quando encontrou Martha pela primeira vez na casa de Paul. Para a música McCartney trouxe uma melodia bem agradável, numa canção composto no piano. "As notas foram surgindo naturalmente. Martha estava aos meus pés e a letra surgiu de uma vez, sem problemas. A presença dela sempre me deixava em um ótimo astral." Em termos de melodia e ritmo, além da pueril letra, a música contribuiu bastante para o disco de uma forma em geral, no conjunto. É sem dúvida um bom momento do disco.

Outra música que fugia do comum era o country "Rocky Raccoon". Os Beatles, como músicos ingleses, não tiveram em sua formação a country music, um gênero tipicamente do sul dos Estados Unidos. Mesmo assim eles tiveram contato com o gênero musical através dos discos que atravessaram o Atlântico, indo parar no porto de Liverpool. Por essa razão um crítico inglês escreveu na época de lançamento do disco que a faixa soava superficial, até mesmo fake. Paul deu de ombros. Para ele isso era um mero detalhe. "Não éramos cowboys, ok! Isso não impedia de tocarmos country. Talvez a falta de uma raiz musical tenha deixado a música com um estilo de música de filme de western, mas não me importo". Essa no final das contas seria uma das poucas gravações do estilo country da discografia dos Beatles. Realmente não era a praia deles.

Já George Harrison trouxe uma estranha composição para o disco chamada  "Long, Long, Long". Com uma melodia que subia e descia em cascata, tinha uma harmonia fora dos padrões. John Lennon não gostou. E ele disse isso abertamente a George, criando mais um foco de tensão para o grupo dentro do estúdio. Sobre a música de George, John foi mordaz: "Não vai para lugar nenhum! É um tédio!". Paul também não deixou por menos dizendo que a música era chata, mas resolveu que não iria comprar briga com George. Deixou pra lá. A música só não ficou de fora do disco porque havia muito espaço disponível (era um álbum duplo) e também porque depois de "Revolution 9", Lennon já não tinha moral de vetar nenhuma gravação dentro do estúdio. Nada seria mais bizarro do que aquela coleção de sons esquisitos e bizarros, que não faziam nenhum sentido.

The Beatles - The White Album (1968)
Back in the USSR
Dear Prudence
Glass Onion
Ob-La-Di, Ob-La-Da
Wild Honey Pie
The Continuing Story of Bungalow Bill
While My Guitar Gently Wee[s
Happiness is a Warm Gun
Martha My Dear
I'm So Tired
Blackbird
Piggies
Rocky Raccoon
Don't Pass Me By
Why Don't We Do It In the road?
I Will
Julia
Birthday
Yer Blues
Mother Nature's Son
Everybody's Got Something to Hide Except Me and My Monkey
Sexy Sadie
Helter Skelter
Long, Long, Long
Revolution 1
Honey Pie
Savoy Truffle
Cry Baby Cry
Revolution 9
Good Night

Pablo Aluísio.

The Beatles – Yellow Submarine

Os Beatles  tinham de realizar mais um filme por obrigação contratual. Depois de “A Hard Day´s Night” e “Help” era pouco provável que naquela altura de suas carreiras eles voltassem para fazer mais uma produção daquelas. O próprio John Lennon já havia dito publicamente que os Beatles não eram atores e nem tinham o menor interesse nisso (bem ao contrário de Elvis Presley que tentou emplacar uma carreira no cinema americano por anos). Assim embora estivessem obrigados por contrato a fazer mais um filme não tinham a menor intenção de atuar novamente.

Para resolver o impasse surgiu uma ideia original e salvadora: se não havia obrigação de ser um filme convencional por que não realizar uma animação, um desenho animado? Assim os Beatles cumpriam seu contrato e não precisavam dar duro dentro do novo projeto. Assim que a ideia surgiu, John, Paul, George e Ringo a abraçaram instantaneamente. Um desenho animado com os Beatles para o cinema parecia ser uma grande sacada! Um estúdio de animação foi contratado e os trabalhos começaram. Em relação a trilha sonora ficou decidido que seriam aproveitadas canções já gravadas pelos Beatles, incluindo a música título, “Yellow Submarine” do álbum Revolver. A EMI porém não ficou muito contente com a solução. Uma trilha sonora seria obviamente lançada mas sem material novo suas chances de vender bem caíam consideravelmente.

Para contornar mais uma vez o impasse os Beatles concordaram em gravar algumas canções inéditas – não a ponto de completar um disco inteiro mas como forma de atrair os fãs dos Beatles nas lojas, comprando o álbum. Paul então compôs uma música infantil muito bonitinha e carismática chamada “All Together Now”, que imitava o estilo de aprender cantando das canções dos canais educativos ingleses. John, imerso em uma rotina pesada de uso de drogas, se virou como foi possível e trouxe "Hey Bulldog" para a gravação. Tudo foi meio mal gravado, com muita zoação dentro do estúdio mas George Martin decidiu lançar assim mesmo. Para completar Harrison trouxe a estranha "It´s All Too Much" que longa demais logo se tornava maçante.

O Lado B do vinil original seria completado com as canções incidentais compostas por George Martin. Paul e John ainda ajudaram na faixa instrumental "Yellow Submarine in Pepperland" e por essa razão foram creditados. Quando o filme foi lançado a crítica de forma em geral elogiou bastante. Já a trilha recebeu sua dose de resenhas desfavoráveis. O grupo chegou ao ponto de ser chamado de “preguiçoso” por não ter se esforçado mais na gravação de material inédito para o disco. Embora a parte de George Martin tenha sido elogiada os Beatles foram criticados por não terem composto mais canções para a animação. No final os Beatles ficaram tão satisfeitos com o desenho que resolveram gravar uma pequena participação para ser usada na cena final do filme. Hoje "Yellow Submarine" é considerado uma pequena obra prima do cinema, isso apesar de todos os problemas enfrentados em sua produção. Um final feliz para um projeto que nasceu da conveniência mas que se superou por suas próprias qualidades cinematográficas.

The Beatles - Yellow Submarine (1968)
Yellow Submarine
Only a Northern Song
All Together Now
Hey Bulldog
It's All Too Much
All You Need Is Love
Pepperland
Sea of Time
Sea of Holes
Sea of Monsters
March of the Meanies
Pepperland Laid Waste
Yellow Submarine in Pepperland

Pablo Aluísio.

sábado, 5 de novembro de 2011

The Beatles - Magical Mystery Tour

Esse cara nunca vai se dar mal?” – foi com essa frase que Lennon resumiu a situação dos Beatles na época em que o conjunto estava entrando em mais um projeto idealizado por Paul McCartney chamado “Magical Mystery Tour”. John estava obviamente se referindo ao colega de banda que parecia nunca se dar mal mesmo com as idéias mais estranhas para os discos dos Beatles. Depois de Sgt Pepper´s (outra idéia de Paul), ele surgiu com esse conceito que unia novamente fantasia e música. A ideia era colocar várias pessoas dentro de um ônibus com pintura psicodélica para ir filmando as reações delas conforme a viagem acontecia. Não haveria roteiro e nem script, apenas o acaso. Era algo fora dos padrões e isso era justamente o que Paul queria. O projeto seria depois exibido na TV inglesa em um programa especial. Os Beatles surgiriam como se fossem mágicos, bruxos, comandando essa turnê misteriosa e mágica. Lennon achou tudo exagerado e excessivo, uma tremenda bobagem, mas preferiu manter seu descontentamento só para si. Ele também tinha curiosidade em saber até onde Paul iria antes de se dar mal.

Conforme Lennon explicou anos depois em entrevistas essa foi sua pior fase nos Beatles. Não conseguia mais contribuir como antes e se sentia sufocado com a concorrência de Paul que parecia ter uma força de produção sem paralelos. Enquanto Paul surgia em estúdio com dez, doze novas canções, John passava sufoco para surgir com duas ou três, todas inacabadas. A verdade dos fatos revelava um Lennon perdido, desinteressado pelos rumos que os Beatles tomavam e o pior, abusando muito de drogas pesadas o que comprometia seu trabalho nas composições e nas gravações de estúdio. Quando chegou para trabalhar no álbum de Magical Mystery Tour, por exemplo, ele não tinha nada além de esboços que foi aprimorando dentro do estúdio. Um exemplo é “I Am The Walrus”, que ele escreveu às pressas. A letra não tinha sentido nenhum e fazia a linha mais psicodélica que imperava na década de 60. Era uma sucessão de imagens sem sentido, como o “Eggman” e o “Leão Marinho”. Para disfarçar a falta de novas ideias John simplesmente colocou tudo sob uma penumbra de versos obscuros. Já Paul era bem diferente. Ele havia composto a boa canção título e uma bela balada que se tornaria um de seus clássicos absolutos, “The Fool On The Hill”.

A trilha sonora saiu em um compacto duplo na Inglaterra mas os americanos da Capitol, sempre mais espertos e inteligentes em termos de marketing, resolveram lançar um álbum completo com canções de outros singles para completar cronologicamente o LP. Assim no lado B do antigo vinil a Capitol colocou alguns clássicos que só tinham sido lançados em compactos como “Hello, Goodbye", “Strawberry Fields Forever" e "Penny Lane". Sábia decisão uma vez que a morte do vinil também significou a morte desses compactos simples e o álbum idealizado como foi acabou se revelando uma idéia tão boa que depois foi lançado na própria Inglaterra, se tornando assim o disco oficial desse trabalho. Já o filme não teve a mesma sorte. Exibido na TV britânica em 1967 não conseguiu agradar a ninguém. A crítica caiu em cima e massacrou o resultado final. Adjetivos como “imbecil”, “estúpido” e “ridículo” foram usados para qualificar “Magical Mystery Tour”. Lennon assistiu tudo de camarote. O fracasso provava que Paul McCartney não era infalível. Agora talvez os demais Beatles o ouvissem com mais atenção. John queria que o grupo voltasse a uma sonoridade mais básica, dos velhos tempos, sem todas essas superproduções concebidas por Paul. Ele queria que os Beatles voltassem a ser uma banda de rock, simples assim. De fato isso seria o tom dos próximos álbuns dos Beatles. A era dos chamados discos “mágicos” tinha se encerrado definitivamente na história do grupo. 

The Beatles - Magical Mystery Tour (1967)
Magical Mystery Tour
The Fool on the Hill
Flying
Blue Jay Way
Your Mother Should Know
I Am the Walrus
Hello, Goodbye
Strawberry Fields Forever
Penny Lane
Baby, You're a Rich Man
All You Need Is Love

Pablo Aluísio.