O mais interessante nesses 80 anos de John Lennon veio de seu filho Sean. Ele entrevistou Elton John e Paul McCartney em um programa de rádio de Nova Iorque. Com Elton John a conversa foi das mais amigáveis. Elton relembrou que foi bastante próximo de John ali por volta de 1973, 1974, durante o chamado "fim de semana proibido". Foi Elton John inclusive que promoveu a reaproximação de John e Yoko, o que levou Sean a agradecer a ele por ter existido - afinal sem essa reconciliação o próprio Sean não teria nascido.
Com Paul McCartney a conversa também foi bem reveladora. Sean perguntou a Paul se ele ainda se lembrava da primeira vez que havia visto John. Paul disse que sua memória mais antiga era a de ver John em uma fila para comprar batatinhas fritas numa lanchonete de Liverpool. Ele ainda não conhecia John pessoalmente e Lennon chamou sua atenção porque ele usava cabelos longos, com costeletas, tal como Elvis. Isso era incomum em jovens de Liverpool na época.
Paul McCartney também contou a Sean que conheceu sua avò, Julia Lennon. Ela foi atropelada por um policial embriagado, fora de serviço. Ela ainda era jovem e essa morte abalou profundamente John. Paul disse a Sean que Julia era uma mulher fora dos padrões da época, que se divertia com os jovens amigos de John, que entendia sua piadas, que era uma pessoa divertida e parecia feliz. Esses dois programas de rádio, com as entrevistas, acabaram sendo o que de melhor tivemos até agora nesses 80 anos de John Lennon.
John Lennon - Gimme Some Truth
Pobre John Lennon. Foi morto com apenas 40 anos de idade, em um crime estúpido promovido por um ser humano desprezível. Morreu por nada, como se costuma dizer no ditado popular. De lá para cá já se passaram outros 40 anos. Lennon segue sendo um artista referencial dentro da cultura popular. E para não deixar passar em branco os 80 anos de nascimento do cantor e compositor, sua viúva Yoko Ono lançou no mercado essa nova coletânea de sua carreira solo.
Há duas formas de ver um novo álbum como esse. Se você é um fã dos Beatles de longa data, se já passou inclusive pelas outras várias coletâneas que já foram lançadas sobre Lennon em todos esses anos, então devo dizer que não há nada para você aqui. No máximo temos um trabalho melhor na qualidade musical das faixas, o que era de se esperar em termos da tecnologia do mundo atual. E isso, é bom frisar, nem sempre é tão bem-vindo assim pelos fãs mais antigos. Afinal eles querem ouvir as músicas de John Lennon com a sonoridade do passado, se possível em vinil mesmo, pois assim chegaram ao mercado. As tais falhas de qualidade sonora dos discos originais fazem parte do pacote. É um charme vintage que nem todos estão dispostos a abrir mão.
Agora, se você é um fã novato do mundo dos Beatles, se você não conhece nenhuma outra música da carreira solo de John Lennon a não ser "Imagine" (que qualquer pessoa no mundo já conhece) então pode ser uma boa opção. É um cartão de visitas ao material que John Lennon produziu quando deixou os Beatles. Pode ser um primeiro contato. Só não deixe de ir em busca de seus discos oficiais depois, para conhecer a fundo o tipo de música que Lennon produziu em sua carreira solo. Passa longe da genialidade dos álbuns dos Beatles, mas inegavelmente há bons momentos nesses discos dos anos 70. Afinal gênio é gênio, seja ao lado de outros gênios, seja produzindo sozinho.
Frases marcantes de John Lennon
De todos os membros dos Beatles, John Lennon sempre foi o que mais se destacou pelo aquilo que dizia. Geralmente John dizia frases polêmicas ou de provocação. Por essa razão ele ainda hoje é considerado um babaca por alguns. Realmente de várias frases que disse ao longo da vida, algumas foram bem desnecessárias, ou algumas vezes mal colocadas. A imprensa da época geralmente pegava também bastante no pé de Lennon por suas opiniões. Algumas vezes ele foi eleito "O Palhaço do Ano" pela imprensa americana justamente por essa razão. Abaixo seguem frases que ficaram bem conhecidas dele.
E aí, John Lennon, o que foi que você disse mesmo? "Os Beatles são mais populares do que Jesus Cristo" "Deus é um conceito no qual medimos nossa dor" "A vida é aquilo que acontece enquanto você está está fazendo outros planos" "Eu tenho o maior medo desse negócio de ser normal""Antes de Elvis não existia Nada""Elvis morreu no dia em que foi para o exército""Os Rolling Stones sempre copiaram nossas ideias" "A ignorância é uma espécie de bênção. Se você não sabe, não existe dor""Viver é fácil com os olhos fechados""Realize seu sonho. Você mesmo vai ter de fazer isso...eu não posso acordar você; Você é quem pode se acordar.""Eu não acredito em Deus, eu não acredito em Elvis, eu não acredito nos Beatles. Eu só acredito em mim e em Yoko""O Sonho acabou!""A única coisa boa que Paul McCartney fez em sua vida foi Yesterday""Talvez não haja muita diferença entre você e o presidente dos Estados Unidos se ambos ficarem nus""As drogas foram libertadoras. No meu caso deu origem ao disco Sgt Peppers""A monarquia inglesa é uma besteira""Concertos de rock que são feitos para salvar lugares pobres do mundo são pura roubalheira""George Harrison omitiu meu nome em sua autobiografia! Como se minha importância na carreira dele fosse zero!""Paul tem um rostinho bonito e sempre vai dizer que tudo o que disseram dele é uma mentira""Bob Dylan sempre foi muito paranóico. Nunca consegui ouvir um disco inteiro dele""Os primeiros discos dos Beatles são meio toscos. Na época tudo bem, não tínhamos experiência para fazer algo melhor do que aquilo""Os jornalistas sempre puxaram o saco dos Beatles porque nas turnês sempre havia muitas putas e drogas para todos eles""Eu quero morar em Nova Iorque porque todo mundo quer ir para o centro, para onde as coisas acontecem""A coisa boa de ser um artista é que a vida é sempre um desafio. O chapéu de palha sempre voa, nunca fica na sua cabeça""Na Inglaterra os artistas são tratados como animais. Nos Estados Unidos eles viram grandes astros em Hollywood""Ringo seria um astro, com ou sem os Beatles. Ele iria encontrar um caminho para isso""Brian Epstein era um cara maravilhoso. Quando ele morreu os Beatles ficaram perdidos. Paul quis assumir o posto de líder do grupo, mas que líder era esse que não sabia para onde ir?""Esses discos lançados pelo Paul são pura muzak! É música para elevador""Quem precisa de um ex-Beatle? Ninguém..."
John Lennon - 40 Anos Depois - No último dia 8 de dezembro o mundo relembrou os 40 anos da morte de John Lennon. Naquele dia ele saiu do prédio Dakota no centro de Nova Iorque para gravar novas canções para o disco que planejava lançar após a chegada do Double Fantasy nas lojas de discos dos Estados Unidos e Europa. Ele queria ter bastante material para apresentar em uma turnê que estava programando fazer nos próximos meses. Ao sair na rua encontrou um fã chamado Mark Chapman que pediu um autógrafo. Gentilmente John assinou o álbum e foi embora para o estúdio. Chapman ficou esperando ele voltar.
Quando retornou John viu novamente o fã. Como já havia assinado o disco não ligou muito. Apenas o ignorou, desceu do carro e foi em direção ao portão de entrada do prédio onde morava. Era o fim de mais um dia de trabalho duro, ele queria descansar em seu apartamento. Ao dar as costas foi alvejado por vários tiros dado pelo insano Chapman. Baleado, John ainda se arrastou para um pequeno local onde o porteiro do Dakota trabalhava. Esse o socorreu, chamou os policiais, mas pela quantidade de sangue a situação de Lennon parecia bem grave.
Chapman não fugiu. Os policiais o prenderam sem qualquer reação. Parecia que ele esperava por isso mesmo. Queria sua parte na fama dos Beatles. Foi algemado imediatamente. John foi colocado no banco de trás de uma viatura policial e levado às pressas ao hospital. O policial que o socorreu, tentando descobrir se ele ainda tinha consciência, perguntou se ele sabia quem era. John respondeu: "Eu sou John Lennon". Foram suas últimas palavras. Ele foi dado como morto ao chegar (DOA) no hospital. Não havia nada o que fazer. Os tiros foram fatais. Aqueles seriam seus últimos momentos de vida. Hoje, 40 anos após seu assassinato, só podemos lamentar um crime tão bárbaro e insano.
Paul McCartney anuncia o lançamento de McCartney III - Como já era esperado, Paul McCartney anunciou o lançamento de seu novo álbum, que se chamará McCartney III. Como aconteceu com McCartney e McCartney II, nesse novo disco Paul toca todos os instrumentos e produz todo o material sozinho. A ideia de fazer McCartney III nasceu da situação em que Paul se viu após o começo da pandemia. Como ele mesmo explicou em entrevista, ele teve que ficar isolado em casa pois está no grupo de risco da doença.Em sua casa em Londres Paul tem um estúdio próprio, de última geração. Então como ele teria que ficar isolado mesmo, por que não gravar novas músicas, onde ele iria fazer praticamente tudo sozinho? Era uma maneira de matar o tédio, usando seu tempo para algo produtivo. O resultado ficou bem melhor do que ele próprio pensaria. Paul resgatou velhas canções que estavam arquivadas, compôs novas músicas e levou em frente seu projeto, sem a ajuda de nenhum outro músico e produtor.
Segue abaixo o primeiro comercial do disco. Ainda não foi tocada nenhuma das novas músicas, mas é esperado que isso seja feita nas próximas semanas. A MPL, a empresa de Paul e selo de seus discos, vai distribuir em breve um single com duas músicas para as rádios de Londres. Agora é esperar para conferir o resultado. Na foto ao lado Paul McCartney aparece ao lado do contrabaixo que pertenceu a Bill Black, da primeira banda de Elvis Presley.
Pablo Aluísio.
The Beatles - Edição II
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