Na década de 80 a Madonna atingiu seu auge de sucesso. Naqueles anos a música mundial era dividida em dois feudos básicos na categoria pop: um era do Michael Jackson, o outro de Madonna. Os fãs obviamente queriam que seus ídolos superassem o concorrente / rival. Dessa forma cada novo lançamento nas lojas era um verdadeiro evento da mídia. Assim foi com esse True Blue, um álbum da Madonna lançado bem no auge de seu sucesso absoluto nas paradas. Por essa época ela desenvolveu uma paixão avassaladora pelo mito de Marilyn Monroe e começou a incorporar aspectos da imagem da deusa do cinema em sua carreira. Pintou seus cabelos na cor da famosa atriz e até reproduziu a pintinha de Monroe no rosto. Teria Madonna ficado louca? Para completar ela ainda insistia em levar adiante seu relacionamento com o troglodita e espancador de Paparazzis Sean Penn, um sujeito nada simpático que naqueles anos ainda era apenas um ator marrento e com ares de brigador de rua (anos depois ele viraria um excelente diretor mostrando que nada melhor do que a idade para melhorar certas pessoas).
Pois bem, a obsessão de Madonna com Marilyn Monroe não se resumiu à imagem. Ela procurou trazer o espírito vintage do passado para sua música também. O maior exemplo é esse álbum "True Blue" que traz em certas músicas aquele sabor deliciosamente inocente das músicas das décadas de 50 e 60. Claro que revisto hoje em dia o som soa datado. Há exagero nos arranjos de sintetizadores (marca registrada da sonoridade da década de 80). Mesmo assim em termos de melodia temos que admitir que canções como "True Blue" (a bonita canção título) e "Jimmy, Jimmy" parecem provenientes dos anos dourados. Nesses anos é bom entender também que a carreira de Madonna era movida a polêmica e controvérsia, tudo para emplacar mais espaço na mídia. Assim esse álbum, mesmo sendo leve como é, também teve sua cota de brigas.
Como sempre Madonna escolhia seu saco de pancadas preferido: a Igreja Católica. A polêmica foi sobre o aborto. A música "Papa Don´t Preach" era um libero sobre a gravidez na adolescência (uma praga do mundo moderno) e a possibilidade dessas jovens terem direito a abortar. Claro que uma mensagem assim criou um rebuliço geral. Será que Madonna chegou mesmo a defender tal causa ou tudo não passou de mero marketing? Complicado saber o que pensava a loira platinada. O que sabemos porém é que a estratégia deu muito certo e o disco vendeu horrores, alcançando o primeiro lugar em praticamente todos os países ocidentais. Singles acompanharam o sucesso, tornando Madonna um fenômeno de vendas novamente. E o mundo mudou alguma coisa? Não, a Igreja Católica continua firmemente contra o aborto e o Sean Penn continuou distribuindo sopapos, inclusive na própria Madonna, mas essa é uma outra história!
Pablo Aluísio.
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