Jerry Lewis foi um adorável palhaço. Ontem tivemos a triste notícia de sua morte, aos 91 anos de idade. Viveu bastante e viveu bem. Além de sua obra cinematográfica maravilhosa, Jerry também se dedicou às causas humanitárias, comandando durante anos um programa de TV, o Teleton, onde angariava verbas para ajudar pessoas com necessidades especiais. Foi justamente em um desses programas ao vivo que ele reencontrou pela última vez seu parceiro Dean Martin. O encontro foi arranjado por Frank Sinatra, amigo de ambos, que tinha esse velho sonho de reunir novamente a dupla de tantos filmes inesquecíveis do passado.
Além de grande comediante, Jerry Lewis foi também um grande ator. Ontem o diretor Martin Scorsese reforçou justamente esse aspecto. Humoristas em geral nem sempre são reconhecidos por serem grandes atores, tanto que a Academia muito raramente premia esses profissionais por suas atuações. Assim como aconteceu com outro gênio da comédia, Charles Chaplin, Jerry nunca levantou o Oscar por seu trabalho em algum de seus filmes, nunca foi premiado por seu genial trabalho no cinema. O máximo que conseguiu em termos de premiações foi ser indicado ao Globo de Ouro por sua atuação em "Boeing, Boeing" de 1966, onde ele interpretava um sujeito mais normal, nada parecido com o seu mais famoso personagem, a do adulto com personalidade de criança que utilizou em tantos filmes ao longo de sua carreira.
Também foi um diretor cheio de criatividade e originalidade. No começo da carreira, principalmente quando ainda formava dupla com Dean Martin, Jerry Lewis teve que atuar sob direção de cineastas como Norman Taurog e Frank Tashlin (com quem realizou seus melhores filmes nos anos 1950 e 1960). Depois quando percebeu que tinha status suficiente para comandar suas produções, o próprio Jerry assumiu o controle. Começou a dirigir seus filmes, a escrever os roteiros, fazendo aquilo que sempre quis, dando asas para sua imaginação fértil. No total dirigiu 23 de seus filmes, começando com "O Mensageiro Trapalhão" e indo até "As Loucuras de Jerry Lewis", já na década de 1980. Um de seus filmes mais interessantes foi "The Day the Clown Cried" sobre um palhaço de circo que era usado para enganar as crianças enquanto elas eram levadas para os campos de concentração do horror nazista. Pelo tema forte demais para a época, Jerry resolveu arquivar a produção para só ser lançada, quem sabe algum dia, após sua morte.
Por fim e não menos importante, Jerry Lewis sempre será lembrado por ter levado o sorriso a milhões de espectadores mundo afora com suas comédias. No Brasil ele virou uma espécie de rei da Sessão da Tarde pois seus filmes eram constantemente reprisados, principalmente nas décadas de 70 e 80. Com isso formou-se toda uma nova geração de admiradores de seu trabalho. Filmes como "Artistas e Modelos", "Ou vai ou Racha", "Bancando a Ama-Seca", "O Rei do Laço", "O Terror das Mulheres", "Errado pra Cachorror" e "O Professor Aloprado", entre tantos outros, sempre serão lembrados por todos que viveram essa época. Ontem a reação ao seu falecimento nas redes sociais foi enorme. Muitos lembrando como ele havia sido o ídolo da infância de tanta gente. Um admirador escreveu: "Com a morte de Jerry se vai parte também da minha infância". Nada poderia definir melhor a sua obra do que essa singela frase. Descanse em paz Jerry Lewis e muito obrigado por seus filmes!
Pablo Aluísio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário