quarta-feira, 26 de junho de 2013

A.I. Inteligencia Artificial

O projeto nasceu inicialmente como uma parceria entre dois grandes diretores, Steven Spielberg e Stanley Kubrick. Ambos queriam trabalhar juntos, se admiravam e por essa razão desenvolveram a adaptação do famoso conto chamado “Superbrinquedos Duram o Verão Inteiro” de Brian Aldiss. Foi um processo longo e demorado, por dez anos Spielberg e Kubrick trocaram notas, idéias e opiniões até que infelizmente, poucos meses antes do começo das filmagens, Kubrick morreu. Para Spielberg foi um choque pois tudo estava certo para que Stanley dirigisse o filme, com produção executiva do próprio Steven. De inicio o diretor resolveu cancelar tudo mas depois de uma conversa muito franca com a viúva de Kubrick decidiu voltar atrás. Era muita coisa para se jogar fora da noite para o dia. Além disso o projeto estava concluído e era de fato a última visão do mestre Kubrick no cinema. Em honra de sua memória Spielberg resolveu arregaçar as mangas e partir para as filmagens, afinal seria não apenas a concretização de um projeto de dez anos mas também uma homenagem ao seu mentor.

O enredo conta a estória de dois andróides em busca de suas próprias humanidades. O cenário é um futuro caótico, sem esperanças, em um planeta atolado em lixo e caos. Tecnicamente “A.I. Inteligência Artificial” é simplesmente perfeito. Ótimos efeitos especiais, figurinos criativos, cenários inspirados. Seu roteiro também é bem inteligente, tratando de temas intrigantes. O problema é que antes das filmagens começarem Spielberg mexeu mais uma vez no texto e resolveu criar uma extensão na estória adaptada por Kubrick. Por isso o espectador acabou ficando com a impressão de que o filme na realidade tinha dois finais – aquele escrito por Kubrick e um mais adiante escrito por Spielberg. Ninguém duvida que Steven Spielberg é um dos grandes gênios da história do cinema mas aqui ele realmente se equivocou. Deveria ter filmado tal como Stanley Kubrick deixou o roteiro antes de partir. Spielberg errou ao tentar explicar demais ao público, algo que Kubrick não queria, pois seu final deixava tudo em aberto, para a imaginação do espectador. Já Spielberg foi além do necessário tirando nesse processo parte do impacto de A.I. Mesmo assim, com esses problemas, o filme ainda vale a pena. É uma ficção acima da média embora nunca tenha de fato se tornado uma unanimidade.

A.I. Inteligência Artificial (Artificial Intelligence: AI, Estados Unidos, 2001) Direção: Steven Spielberg / Roteiro: Steven Spielberg, Ian Watson e Stanley Kubrick (não creditado), baseados no conto "Supertoys Last All Summer Long" de Brian Aldiss / Elenco: Haley Joel Osment, Jude Law, William Hurt, Frances O'Connor, Sam Robards / Sinopse: Dois andróides tentam entender sua existência em um mundo futurista dominado pelo caos e desordem.

Pablo Aluísio.

4 comentários:

  1. Pablo:

    (Esse texto contém Spoilers)

    Realmente aquele final com as máquinas remanescendo ao fim dos humanos, se tornando hiper sofisticadas e sílfides e dando uma última felicidade ao menino infeliz e solitário é puro Spielberg; meloso e babaca, porém, nestes nossos tempos do politicamente correto o publico não tem estofo pra suportar um final realista a la Kubrick: seria muito pessimista e pouco comercial, como sempre foi, e sempre seria, o Kubrick. Ele só fez sucesso com Uma Odisséia no Espaço, Laranja Mecânica, etc. porque eram obras de arte do cinema apresentadas em uma época mais receptiva a temas realistas e reflexivos. Hoje só os temas escapistas e adocicados, pra não dizer mongolóides, interessam.

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  2. Sabe Serge, se o Kubrick tivesse dirigido esse filme teríamos algo completamente diferente, afinal ele jamais fez concessões comerciais ao longo da carreira. Era muito honesto com sua arte, já o Spielberg é um tipo diferente de cineasta que dirige quase sempre pensando no público. Além disso tem seu famoso pieguismo que sempre ofusca seus melhores filmes. Ele pensou sob o ponto de vista comercial em A.I. - como você bem salientou - e nesse processo perdeu a chance de criar uma verdadeira obra prima.
    Pablo Aluísio.

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  3. AI Inteligência Artificial
    Pablo Aluísio.

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