quinta-feira, 18 de março de 2010

Elvis Presley - Turnês anos 70

O dia está quase amanhecendo quando o avião Lisa Marie aterrisa no aeroporto de Las Vegas e é rodeada por limusines escuras e um caminhão para a bagagem dos acompanhantes. Todos deixam o avião antes de Elvis, que é sempre o último a subir a bordo e o último a desembarcar. A suíte imperial do Las Vegas Hilton, no 30º andar do hotel, já foi preparada anteriormente por seus valetes reais. Elvis leva muita bagagem, nada menos do que 52 malas. No quarto, a cama foi trocada por uma tamanha "king size" e aos seus pés foi instalada uma TV com videocassete. A seguir, é a vez da biblioteca de Elvis: 250 volumes sobre temas diversos, ocultismo, discos voadores, religião. Seus preferidos: "A vida impessoal" e "Autobiografia de um Yogue". No criado mudo ficam a Bíblia e o "Physician's Desk Reference", um dicionário médico ilustrado, com verbetes sobre todos os comprimidos existentes no mercado. Para completar várias revistas de música e artes marciais, com destaque para as de caratê e kung fu.

A seguir instala-se um sistema de som para que Elvis possa escutar sua coleção de discos. Seu gosto musical não mudou nada em vinte anos - ele ainda gosta dos quartetos vocais de gospel, como o Golden Gate e o Harmonizing Four, e os cantores Billy Eckstine, Roy Hamilton, Roy Orbison e Brook Benton. O rádio é sintonizado na estação local de música country. O último detalhe é o troféu que Elvis ganhou na câmara de comércio dos Estados Unidos, ao ser escolhido um dos dez jovens de maior destaque da América. Este prêmio encheu-o de orgulho e, ao recebê-lo, Elvis agradeceu assim: -"Eu, eu... gostaria que vocês soubessem que eu me tornei o herói das histórias em quadrinhos. Eu via os filmes e fui o herói desses filmes. Todo sonho que sonhei tornou-se realidade uma centena de vezes". Elvis odeia estar em Las Vegas mais uma vez. Ao longo dos anos a infinidade de excursões simplesmente esgotou física e emocionalmente o cantor. As pessoas cochicham que ele está seriamente doente, e é verdade - sua doença chama-se tédio. Elvis já fez isso tantas vezes em tantos lugares diferentes para tantas platéias ao longo dos anos que agora tudo o deixa entediado.

Para escapar do tédio das suítes dos hotéis entre os shows, Elvis às vezes dava tiros! Ele pegava uma pistola ou um rifle, apontava para o objeto de sua fúria e disparava. Por esse motivo, os valetes reais checavam constantemente todas as suas armas, para ter certeza de que a primeira câmara estava vazia. Se não fosse por essa preocupação, certamente algumas pessoas teriam sido mortas, por acidente, por Elvis Presley. Todavia, seu alvo preferido era qualquer aparelho de TV que não estivesse funcionando direito ou que estivesse passando algum programa de que ele não gostasse. Para que ninguém tomasse conhecimento desses fatos, todos os televisores que Elvis explodia a tiros eram comprados e levados para Graceland. Segundo o biógrafo Albert Goldman, era possível saber qual tinha sido o astral de Elvis durante uma excursão, simplesmente contando-se o número de televisores destruídos que eram desembarcados de seu avião particular quando de volta ao lar. Mas, agora ele estava de volta a "cidade do pecado" mais uma vez. Tinha que cumprir seus contratos. Logo Elvis se dirige ao Hotel; cercado de seguranças ele entra em seu carro real. Ao seu lado, no banco de trás do luxuoso carro, a namorada Linda.

Quando Elvis entrar na suíte, tudo deverá estar às escuras e o ar condicionado funcionando à toda, embora a manhã esteja linda e agradável. Da mesma forma que o Conde Drácula quando volta ao seu caixão, Elvis também não gosta de nenhuma luz - apenas a escuridão e a frieza de uma tumba. Sua maleta é colocada ao lado direito da cama, para acesso fácil. Nesta pequena maleta, na primeira gavetinha, ficam suas pílulas e seus remédios. Em outras gavetas ficam suas jóias e sua carteira, sua licença de motorista, seus cartões de crédito, geralmente dez mil dólares em dinheiro e uma insígnia policial azul e dourada que Elvis ganhou quando foi nomeado agente especial do FBI de narcóticos e drogas perigosas, pelo presidente Richard Nixon. Ironicamente, essa credencial, uma das mais importantes dos Estados Unidos, fica bem abaixo de todas aquelas drogas receitadas ilegalmente pelo médico de Elvis, o Dr Nick (nos anos 80 um fã de Elvis deu um tiro no peito do médico, o acusando de ter matado o cantor). Depois de se livrar do robe e das duas 45, Elvis senta-se na cama e Hamburguer James descalça suas botas, retirando a pequena Derringer de dois tiros.

A seguir, Elvis engole uma mão cheia de pílulas para dormir, bebe um pouco de água da garrafa e, assim que se põe confortável, seu valete lhe traz alguns cheeseburgueres para comer. Depois, é hora de dormir. Elvis deita-se, Linda senta-se num canto da cama e começa a ler com voz suave um trecho do livro "O Profeta" de Kahlil Gibran. Mas ele ainda deseja ir ao banheiro. Linda Thompson o ajuda a se levantar. De novo na cama, ela abre a bíblia e lê a passagem favorita de Elvis, Coríntios I, 13: "Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não houver amor serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine". Elvis parece uma criança ouvindo sua história de ninar preferida. Ele conhece de cor todos esses versículos e fica murmurando-os em uníssono com Linda, principalmente a última parte: "Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino... quando me tornei homem, desisti das coisas de menino" Logo, Elvis perde a consciência e dorme.

Elvis - Documento Histórico.

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