Era uma vez um garoto americano muito pobre chamado Elvis Aron Presley. Quando ele nasceu, a 8 de janeiro de 1935, seus pais, Vernon e Gladys não tinham nem com que sonhar. Como a imensa maioria da comunidade não especializada do Sul, eles se limitavam a sobreviver no limite do possível. E o possível era muito duro. A depressão tinha devastado o Estado do Mississipi e transformado Tupelo, antigo centro próspero de algodão, numa cidade estagnada e decadente. Numa tentativa de empregar a massa de ex trabalhadores da cultura algodoeira, o governo Roosevelt financiara a instalação de algumas indústrias de tecidos rústicos, lonas, uniformes e calças jeans. Gladys Smith Presley, jovem e bem disposta, conseguira uma vaga como costureira em uma dessas fábricas. Vernon Elvis Presley, criado toda a vida no campo, no trato e na colheita do algodão, não sabia fazer outra coisa: continuou colhendo e arando as terras alheias, cada mais estéreis e devastadas. Às vezes conseguia um emprego temporário, no auge da safra, como ajudante de caminhão. No inverno, distribuía leite e tentava aprender carpintaria. Nunca sonhavam, existiam. Como conforto e alegria tinham a igreja da Assembléia de Deus.
Eram crentes, austeros e assíduos na Assembléia, para conseguir a salvação eterna e fugir das chamas do inferno era necessário apenas cantar. E, se a salvação era incerta, o calor dos Spirituals pelo menos ajudava aquela comunidade destroçada a se manter unida. Só um povo era mais miserável que os brancos do bairro leste de Tupelo, os negros de Tupelo. Os pretos de todo o sul. Aos negros era negada até mesmo a dignidade. Por isso sua música era mais feroz, mais inflamada, seus Spirituals arrebatavam e traziam consigo o transe e a possessão. Os pretos de Tupelo viviam no outro lado dos trilhos que cortavam o bairro dos brancos pobres. Não era um convivência intensa, mas era pacífica. Afinal, tudo unia famílias como os Presleys, a eles: a miséria, a falta de perspectiva, o amor pela música, a identidade pelo canto.
Elvis Aron Presley nasceu miserável em um mundo repleto de música. Seu irmão, que iria se chamar Jesse Garon, nasceu morto e foi enterrada numa lata, nos fundos do quintal, da casinha de um quarto, feita de madeira, tijolos de argila e teto de zinco. Gladys concentrou toda sua energia em Elvis. "Para Gladys ele era a coisa mais importante de sua vida", diz uma vizinha. "Ela adorava esse garoto. Deixava de comprar roupas, até sapatos, para que ele tivesse carne ou galinha pelo menos uma vez por semana. E ela nunca o deixava sozinho, estava sempre por perto, mesmo quando ele brincava com outros garotos. E ela não ia a parte alguma sem ele, nem mesmo ao armazém. Cada vez que ele se perdia de vista, nas brincadeiras com os outros garotos moleques, ela saía gritando seu nome, chorando e desesperada até encontrá-lo". Na medida do possível para uma família que se alimentava basicamente de feijão e milho e comprava uma peça de roupa e um par de sapatos a cada seis meses, Elvis cresceu mimado e cercado de atenções. Para contrabalançar, Vernon e Gladys lhe legaram o lado mais austero e duro de sua formação protestante.
From Tupelo to Memphis
Ensinaram-lhe a jamais se dirigir a palavra, de forma não respeitosa, a uma pessoa mais velha; deveria chamar a todos de "senhora" e "senhor", trabalhar sempre, sorrir muito raramente. Roubar, nunca. "Uma vez Elvis achou uma garrafa de Coca Cola no meu muro e a levou para casa" lembra a mesma vizinha. "Quando Gladys soube, deu-lhe uma surra antes mesmo que ele pudesse se explicar. Mesmo quando eu intervim e disse que a garrafa não era de ninguém, ela continuou a repreender Elvis por não ter perguntado antes". O menino Elvis aceitava tudo. Era um menino muito bom. Mais tarde ele lembraria agradecido. "Meus pais me deram a melhor formação do mundo, me mostraram o que era certo e o que era errado. Na época eu não entendia quando mamãe me batia por ter sumido de sua vista, eu achava que ela não me amava". Com cinco anos o bom menino se iniciou no mundo da cidade e da música. À cidade, sua mãe o levava para assistir às aulas da Escola pública (ela levaria Elvis à aula até a idade de 15 anos). A música veio naturalmente, nos serviços da Assembléia de Deus, nos piqueniques com os vizinhos, no rádio ouvido solenemente ao cair da tarde, cadeiras no quintal, os avós no centro, Elvis num tamborete aos pés de Gladys. Para Gladys e Vernon, a música era um alívio. Para Elvis, um sonho: muito jovem para medir a extensão de sua pobreza, ele tinha o direito de sonhar. Ficava extasiado com os microfones, com as roupas brilhantes de cetim e franjas dos cantores country, nas feiras e mafuás. Ficava entretido e ausente, ouvindo os negros tocarem banjo e harmônica na beira do rio, nos dias de pescaria. Os Spirituals o deixavam fora de si.
Por isso quando a professora do grupo escolar perguntou à classe se alguém sabia rezar, o loiro e sério Elvis Aron levantou a mão e disse que sabia cantar. E cantou, seguro e sentido, uma velha balada, "Old Sheep". Para ele, cantar e rezar era a mesma coisa: mágica saborosa que deixava e tornava os dias diferentes. A professora, chorosa e comovida, levou o pequeno Elvis para um concurso de talentos na feira de amostras. E ele ganhou o segundo lugar e cinco dólares. Guardou o dinheiro e, no seu décimo aniversário, somou-o às economias de Vernon para comprar um violão de 13 dólares. E começou a aprender a mágica. Com um jeito que seu tio e professor, Vester Presley, considerou "surpreendente", ele aprendeu os acordes básicos. E se pôs a tocar e cantar, a resumir no seu violão o mundo de sons que ouvia à sua volta. Os hinos da Igreja, Elvis sabia de cor. As baladas e quadrilhas que ele ouvia no rádio e nas feiras com seus ídolos country - brilhantes, faiscantes - Jimmie Rodgers, Bob Willis, Ted Daffan. E os blues rurais, tão ásperos e sentidos, de Big Bill Broonzy, Otis Spahn, Bukka White, John Lee Hooker, Howlin Wolf, que os pretos do outro lado dos trilhos preservaram em sua integridade. Para Elvis Aron, não havia distinção alguma: tudo era música, tudo era mágica.
Quando Elvis fez 13 anos, seus pais decidiram abandonar Tupelo, procurando uma vida melhor em Memphis, capital do Tennessee, centro vital do sul. "Nós estávamos sem um tostão", ele diria mais tarde. "Tudo o que a gente tinha coube nuns poucos caixotes que papai amarrou no teto do seu Plymouth 1939. E saímos para Memphis assim, sem saber de nada, sem conhecer ninguém, só na esperança de que as coisas iriam melhorar". Não melhoraram muito. Após um período duro morando numa cabeça de porco, todo o progresso que Vernon Presley conseguiu foi alojar sua família num conjunto habitacional do governo. Lá, pelo menos, havia dois quartos, um banheiro e uma cozinha própria. Gladys começou a trabalhar como ajudante de enfermagem, Vernon se empregou como encaixotador numa fábrica de tintas e Elvis foi para a Humes School. "Era uma escola pobre, uma escola para pobres", diz um colega de Elvis "Ninguém estudava muito, também não havia muito o que estudar". Talvez a pobreza tenha começado a incomodar Elvis. Para escapar do tédio sufocante da vida entre o conjunto habitacional e a escola, ele jogava futebol (em geral com um time de pretos da escola negra), ouvia rádio, tocava, cantava, tocava e ia levando a vida. E guardava dinheiro para comprar roupas.
A juventude de Elvis: brilhantina e Rock'n'Roll
"Elvis era muito diferente da gente", diz Red West, um colega da escola. Ele usava um cabelo muito mais comprido que nós e costeletas, o que na época era coisa de negros e caipiras. Ele se amarrava em roupas berrantes, brilhantes, cetim preto e rosa, por exemplo. Nenhum de nós usava esse tipo de roupa. Era coisa de negro". De fato, Elvis encontrava suas camisas berrantes e calças frisadas numa loja para negros, dentro do mesmo gueto. Um caipira? Ele era um caipira: roupas de cetim, franjas e estrelas eram seu jeito de se expressar individualmente num mundo tedioso e cinza. As costeletas? "Eu tinha uma cara muito de garoto, queria parecer mais velho, com jeito de motorista de caminhão, assim um tipo durão, sabe?" Costeletas e roupas chocantes, casacos cor de rosa, jeito de negro, andar de caipira, em plena Memphis dos anos 50, Elvis estava forjando, sem saber, uma identidade própria, única, tão misturada nas suas origens quanto sua própria vida e música que gostava de cantar na escola, nos passeios com os amigos, nas festas de fim de semana. Os amigos gostavam daquela música que tinha tantos estilos, alguns como o blues rural, totalmente desconhecidos para eles (o mundo negro e o mundo branco eram entidades completamente separadas nas cidades do sul americano).
Gostavam de ver como o tímido Elvis se transfigurava atrás de um microfone. "Ele era incrível" relembra uma colega. Ganhava todos os pedidos de bis nas festinhas e nas audições. "Cantava de um jeito que fazia a gente chorar, vibrar. As garotas adoravam. Ele era muito boa pinta e dançava de um jeito diferente, todo seu". Quando Elvis fez 15 anos ele achou que era hora de procurar um emprego e colaborar para o minguado orçamento da família. Fez algumas tentativas como lanterninha de cinema e depois como empacotador numa fábrica de latas. Mas Gladys sempre achava que o serviço era pesado demais para seu pequeno Elvis. Mas, três anos depois, em 1953, as necessidades crescentes da família - que havia sido despejado do conjunto habitacional por ter passado o teto máximo de renda permitido - venceram os instintos protetores da mamãe Presley: Elvis se empregou numa firma de material elétrico como motorista de caminhão. Elvis ganhava 41 dólares por semana. A metade ele entregava aos seus pais. A outra metade ele gastava em roupas de cetim, jukeboxes, gasolina para o carro e salões de barbearia. "Esse cabelo dele quase me fez negar-lhe o emprego" disse, anos mais tarde, o chefe da Crown Eletric Company "Ele era muito grande, e com costeletas. Mas ele era tão educado, tão polido, que eu acabei deixando ele ficar. Ele cuidava muito do cabelo, ia sempre que podia aos salões mais sofisticados, para frisar, lavar e aparar os cabelos. E ele tingia também, usava o cabelo bem preto, na verdade ele era loiro".
Cabelo preto, costeletas, uma cara fechada, uma guitarra jogada no assento ao lado do motorista. Elvis, o durão, o rapagão americano. Na hora do almoço, comia um sanduíche, sentava na sombra e tocava. Uma tarde de sábado, resolveu fazer algo diferente. Lembrando o aniversário próximo de sua querida mamãe, ele parou o caminhão numa esquina da rua principal, pegou sua guitarra e entrou no acanhado prédio de dois andares que abrigava a Sun Records, uma modesta companhia de discos. Fundada por Sam Phillips, ex DJ de rádios country. A Sun tinha duas especialidades: Uma era descobrir, gravar e vender artistas locais, artistas de country & Western e, principalmente, músicos negros de todos os tipos, de cantores de blues ("os negros são os únicos que preservam a originalidade e a força em sua música", Sam costumava dizer); a outra era manter um serviço de gravações domésticas, dando a namorados e pais corujas a oportunidade de preservar em acetato suas declarações de amor ou as gracinhas de seus pimpolhos. Esse setor também tinha uma outra finalidade, além de suprir o sempre deficitário orçamento da Sun: servia como um meio para esquadrinhar o mercado e descobrir o sonho impossível de Sam Phillips: "O dia em que eu achar um branco que cante com a força de um negro, eu vou estar feito". Sam estava mais do que certo: Só encarnado no corpo de um branco, o ritmo negro seria aceito para uma América que só agora considerava a possibilidade de uma integração.
Elvis Presley e a Sun Records
Marion Keisker, recepcionista da Sun em 55, lembra com detalhes: "foi no começo da tarde de um sábado muito atarefado que ele chegou, e eu achei uma figura muito estranha, com aquele cabelo grande. Ele me disse que queria gravar umas canções para sua mãe e eu perguntei que tipo de música ele cantava. Ele então se virou até mim e disse: "Eu canto todo tipo de música". Fiquei intrigada e perguntei que tipo de interpretação tinha, se era hillbilly (caipira), porque ele tinha um jeito de caipira. Então eu perguntei: "Você vai imitar que cantor? Com quem você se parece?" Ele me olhou muito sério e disse: "Eu não me pareço com ninguém". Quando Marion começou a rodar a fita, ela viu que Elvis estava certo. Ele não se parecia com ninguém. Cantou um sucesso de um grupo negro, The Ink Spots, "My Happiness" e uma balada melosa, favorita de sua mãe: "That's when your Heartaches begin". E seu estilo era um cruzamento perfeito entre o timbre áspero e monocórdio dos negros e o gingado, o scat dos cantores brancos rurais. Elvis saiu com o disco para Gladys e Marion foi correndo mostrar a fita para Sam Phillips. Ele não ficou muito impressionado. Só quando Elvis voltou, no começo de 1954, e pediu para fazer outro disco, Sam descobriu o que tinha nas mãos. Assistiu as gravações e anotou: "Elvis Presley. Bom baladista. Chamar na primeira oportunidade".
A primeira oportunidade demorou um pouco a chegar, mas veio. Em junho desse mesmo ano, Sam comprou em Nashville uma canção, que exigia um estilo diferente de cantar. E lembrou do "garoto das costeletas". Foi como se Deus o tivesse chamado, lembra Sam. "Ele mesmo atendeu o telefone e disse que tudo estava certo, que já estava indo para a Sun". E veio mesmo, correndo, fez a pé os seis quarteirões e chegou bufando, todo vermelho e suado. Eu lhe perguntei: "O que você sabe cantar?" e ele disse: "Eu canto de tudo, senhor". E começou a cantar spirituals, baladas folclóricas, blues e R&Bs. "Pareceu-me um bocado inseguro e eu lhe sugeri que procurasse um grupo de apoio. Ele então me disse que não conhecia ninguém e que contava comigo para arranjar uma banda". Sam marcou uma nova gravação para dali a duas semanas e ligou para alguns músicos amigos seus: o baixista Bill Black, o guitarrista Scotty Moore e o baterista D.J. Fontana. Todos eram experientes músicos de bailes, festinhas e feiras do Tennessee. Os músicos vieram mas as coisas não começaram muito bem, eles não gostaram muito de Elvis. "Ele parecia um garoto metido, um amador. E, depois, aquelas costeletas... ninguém usava aquilo na época. E camisa rosa e negra também, definitivamente aquilo era coisa de negro", relembra Scotty. Alguém sugeriu que a banda fosse aumentada, para soar bem country, com violino e pedal steel. Timidamente Elvis balbuciou: "Assim está bom, o que me importa é o ritmo, assim está tudo bem, sim senhor".
Um mês se passou nos estúdios da Sun, com Elvis, Scotty, Bill e D.J. tocando e Sam gravando. Tocavam basicamente melodias country, música de rodeio, baladas, às vezes um hino, um blues. Aos poucos o gelo inicial foi sendo quebrado. E os três conversando chegaram a um acordo: com o tipo de interesses que tinham, era possível criar um som diferente, um ritmo especial e único. Uma noite no intervalo entre vários takes de baladas country, Elvis largou a Coca Cola e começou a brincar, cantando um R&B de Arthur Grudup: "That's All Right (mama)". Pulava pelo estúdio, dançando uma mistura de quadrilha com Be Bop com ginástica. Scotty, Bill e D.J. aderiram, acelerando o compasso, sinconpando a melodia. Da sala de controle, Sam gritou: "Que diabos é isso? Continuem, pelo amor de Deus, vamos gravar". Do outro lado do avulso "That's All Right" Sam Phillips colocou uma canção à altura, uma valsinha country, o "Blue Moon of Kentucky", tão acelerada, tão ritmada, que era impossível chamá-la de valsa ou country. Em breve isso teria um nome: era o Rockabilly, mistura de Rock, o ritmo básico dos negros, com o Hillibilly, a inflexão melódica e instrumental dos caipiras. Com o lançamento do avulso "That's All Right" começa o sonho americano de Elvis Aron Presley, o garotinho pobre e bem comportado de Tupelo.
O Nascimento do Rock'n'Roll como o conhecemos
Agosto de 1954, o rock'n'roll, mais um ritmo de dança, uma dance craze, do que um propriamente uma linguagem musical, tinha acabado de tomar conta da América, da juventude americana, mais rica, mais desiludida e mais ociosa que o país jamais conheceu. Elvis Presley ainda não sabia, mas ele tinha todos os elementos para se colocar na frente, no alto dessa loucura americana e dar-lhe um caráter próprio, definitivo. Era jovem, pobre e ambicioso. Tinha uma voz potente, elástica e maleável como poucos cantores. Era uma figura bonita, machona, sexy, com gosto exótico, misto de caipira e criolo. E, o principal, possuía uma capacidade, quase orgânica, fisiológica, para aprender, compreender e moldar todos os principais elementos rítmicos e melódicos da música americana, fosse Hillbilly, Blues rural, country & Western, balada pop, That's what rock'n'roll is all about.
No entanto, muito compreensivelmente, a série de cinco avulsos que a Sun Records produziu com Elvis foi destinada em sua maior parte ao público country. Destino natural para um artista sediado em Memphis, capital mundial do country. De um lado, Elvis gravava sempre uma canção com sabor country & western e do outro sempre vinha um rythm blues. Em todos, Elvis subvertia o esperado: cantava o blues como um caipira, cantava o country como um negro, ou fundia as duas coisas num sincopado novo. Todos os cinco avulsos foram imediatos e fulminantes sucessos locais, na área que vai de Memphis a Nashville. Primeiro tocavam só em rádios de negros. Mas depois que, Elvis garantiu que estudara na Humes High School, uma escola só para brancos, s explosão foi incontrolável. Logo após o primeiro avulso, Elvis se demitiu da firma de utensílios elétricos e começou a carreira na estrada. Seu empresário era o próprio guitarrista Scotty Moore, e no começo não foi muito fácil vender o show de Elvis no circuito country. A lei de integração racial nas escolas tinha acabado de entrar em vigor, e era uma chaga aberta no espírito segregacionista do Sul. Como explicar e tornar aceitável um cantor branco com voz de negro, roupa de negro, música de negro? Como evitar que ele trouxesse o negro para dentro da asséptica família branca americana? A muito custo e jogando com todas as influências de Sam Phillips, Elvis conseguiu um pequeno número na grande feira de música country de Nashville, a Grand Ole Opry. E foi aí que a família americana viu que o pior estava por vir.
Elvis e seus músicos subiram no palco lá no final do show, após uma série de estrelas country. Cabeça baixa, ele respondeu às perguntas do fosforescente apresentador com seu habitual "sim senhor", "não senhor". Quase um garoto normal. E então, meio tremendo de medo, começou a cantar "That's All Right". Medo, paixão, adrenalina, começou a dançar, a girar, a sacudir os quadris. As garotas gritaram, os garotos roeram as unhas, os mais velhos odiaram. Elvis foi banido do Opry. Mas a loucura tinha começado. "Na verdade eu estava tremendo feito vara verde" diria ele muito depois, "Não podia parar de mexer a perna, tinha de disfarçar. Aí saí dançando como costumava fazer em casa e no estúdio. Entre 54 e 56, Elvis e seu trio iam semear a loucura no comportado circuito country do sul. Metidos num furgão, rolando pelas estradas, tocando em rodeios, pátios de Igreja, escolas, festivais. Os avulsos da Sun iam vendendo regularmente e Elvis chegara a aparecer pela primeira vez na Billboard. Mas era ali, nas estradas do sul, que a loucura brotava. Eram os garotos, as meninas, os filhos de fazendeiros, vaqueiros da monolítica classe média sulista que lotavam qualquer local, com chuva ou sol, para ver Elvis requebrar, soluçar, girar os quadris, exibir sua versão caipira e instintiva do Rock'n'Roll. "Era uma loucura" lembra Scotty "Esses garotos surgiam ninguém sabe de onde, bastava fazer propaganda de boca, dizendo que Elvis ia tocar em tal lugar. As meninas, então, era inacreditável; choravam e chegavam a molhar as cadeiras"
Elvis, a RCA Victor e o Coronel Tom Parker
Muito em breve a histeria ia tomar conta da América. Elvis, o bom menino, estava sem saber, trazendo o sopro da vida, do prazer e da arruaça para uma sociedade como a de Vernon e Gladys, baseado no puritanismo, no trabalho e na sisudez. Ele não percebia isso: nunca percebeu. Sabia apenas que ganhava dinheiro, o que era muito bom. Que já podia comprar quantas camisas roxas e douradas quisesse, que podia encomendar um cadillac rosa (o carro mais famoso de todos os tempos!) e dar uma casa de dois andares para seus pais. Subir na vida, num velho ditado americano. Subir, mesmo às custas do rock'n'roll. Num desses fulminantes shows na estrada, Elvis foi assistido por um espectador mais do que atento: o "coronel" Tom Parker. O coronel é outro mito americano, é o sujeito vivido, esperto, sagaz, vagamente desonesto, o artista de fazer dinheiro. Ex vendedor de cachorro quente, ex empregado de mafuás e parques de diversões, ele era, em 1955, um dos principais agenciadores de artistas country do Tennessee. Ele viu Elvis como muito mais do que uma promessa, e muito mais do que um artista country. "Fique talentoso e sexy como você é, meu filho, que eu farei contratos incríveis e nós seremos ricos como rajás" foi o que ele lhe disse. Não se sabe o que Elvis respondeu, mas deve ter dito: "Sim senhor". Ou, como uma antiga namorada recorda: "Elvis vivia me perguntando se eu achava que ele iria ser famoso algum dia. Não famoso só em Memphis, mas no país todo, no mundo e nos cinemas. Ele ficava ansioso, impaciente e dizia: "Preciso descobrir como, preciso dar um jeito". Tom Parker daria o jeito para ele.
Sua primeira providência como empresário de Elvis, foi tirá-lo da Sun e vender seu contrato e seus cinco singles à RCA Victor, então controladora de 70% do mercado fonográfico americano. Preço: 35 mil dólares, mais 5 mil de luvas para Elvis. Nunca um artista valera tanto. Elvis comprou um cadillac folheado a ouro. Depois, providenciou para que Elvis tivesse sua própria editora musical; e começou a comprar diversas editoras menores. Resultado: Elvis passou a ser beneficiário quase absoluto das rendas obtidas com as canções que cantava. Um truque do coronel que, a pretexto de que Elvis contribuíra para os arranjos e produção de seus próprios discos, aumentava sua fatia de royalty. E passou assim a ter um imenso e variado repertório à sua disposição. Depois o coronel organizou e registrou todas as formas possíveis e imaginárias de se obter lucro com o nome de Elvis: fotos, folhetos, camisetas, bonecos, lenços, lancheiras, penteados, vitrolas etc. E recolocou Elvis na estrada: ainda vagamente no circuito country, mas fugindo do esquema das feiras, fazendo-o tocar em teatros e cinemas. E não apenas no sul, mas sim em qualquer lugar onde houvesse jovens com apetite para a voz e a dança de Elvis. Hoje se poderia dizer que o coronel fez de Elvis um ídolo de massa. Na época, tudo o que lhe ocorreu foi que havia muito mais dinheiro para ganhar além de Memphis, Tupelo e Nashville.
O que aconteceu depois que Elvis vendeu sua alma ao coronel e sua música à RCA, faz parte da história do rock. É o trecho mais dourado do sonho. Entre 1956 e 1958, Elvis varreu a América como um furacão. Não se pode chamar, a rigor, rock'n'roll o tipo de música que ele cantava e mostrava em seus álbuns. Evidentemente há rocks, e alguns clássicos: "Jailhouse Rock", "Blue Suede Shoes", "Shake, Rattle and Roll", "Tutti Frutti". Mas há muito mais baladas, músicas country, blues lentos. O que existe de essencialmente rock em tudo é Elvis, o próprio Elvis, a voz sincopada de Elvis, seu estilo compacto de interpretar qualquer tipo de música. E seu cabelo, as costeletas e a negritude insuportável de suas roupas - ternos urbanos com o brilho das sedas dos vaqueiros - e a sensualidade barata e obscena de seus requebros. Por tudo isso, a juventude americana à cata de uma identidade fez de Elvis o protótipo de rebelde, a bandeira. Por tudo isso, a boa família americana, a boa imprensa americana odiava Elvis. E quando ele compareceu ao Ed Sullivan Show, resumo televisivo da maioria silenciosa, as câmeras tiveram ordem de só o focalizar a parte superior de seu corpo. Mesmo assim, protestos furiosos choveram: "É lamentável que Mr Sullivan se torne propagandista desse feiticeiro vudu que veio solapar nossos bons costumes", escreveu um editoralista. "Dar publicidade ao tipo de música que esse jovem encarna é abrir mão de nossa moralidade, é querer ver nossas filhas violadas nos carros, ao som infernal do rock'n'roll", disse um dos mais importantes radialistas de Nova Iorque.
Elvis se torna astro em Hollywood
O que pensava Elvis, o bom garoto de Tupelo? "Nada vejo de mal em minha dança. Apenas faço o que sinto. Quando velhos amigos me aconselham a moralizar meu jeito, escuto e continuo como sempre. Não consigo cantar parado. Sem a minha perna esquerda eu estaria morto. Mamãe é que custou a se acostumar com isso, com os fãs atrás de mim. Uma vez até quis impedir que elas me rasgassem a roupa, achando que podiam me machucar. Eu sempre dizia a ela: calma, tenha paciência que isso é um bom sinal". Após os álbuns distribuídos costa a costa, os filmes. A partir de "Love me Tender", estreado em novembro de 1956, Elvis passou a ser um astro cinematográfico dos mais constantes e produtivos, e sua fama tornou-se mundial. Multimídia? Apenas dinheiro, diria o coronel. Cerca de um milhão por ano, tirando os direitos autorais e royalties. Todas as garotas queriam que seus namorados se parecessem com Elvis e os rapazes queriam ficar parecidos com ele. De uma hora para outro os antigos cabelos "escovinha", tipo militar, que imperavam na sociedade americana, foram substituídos por topetes cheios de brilhantina, como o de Elvis. Ele mudara não apenas a música de seu tempo mas também os costumes e o "American Way of Life". Elvis Presley estava no topo do mundo.
O que faltava a Elvis e ao coronel? Só um lance de mestre: conquistar seus opositores, ou seja, a família americana. Ou, como se diria depois, o sistema. A chance de ouro veio no início de 1957. Elvis foi convocado para o serviço militar. O coronel não deixou que transparecesse um sinal de favorecimento e recusou até mesmo uma oferta para que seu alistamento fosse no corpo de serviços especiais, onde tudo o que Elvis teria que fazer era cantar para as tropas. "Elvis é um cidadão americano pronto a cumprir com seus deveres", disse aos repórteres, enquanto vendia fotos no dia mesmo de embarque de Elvis para a Alemanha, sem costeletas e uniformizado como qualquer recruta, em março de 1958. Atrás de si, Elvis deixava 41 discos de ouro, quatro filmes arrasados pela crítica, mas recordes de bilheteria, uma legião de fãs, uma fortuna sigilosamente guardada e uma mansão, Graceland, totalmente fechada, nos arredores de Memphis. Durante 18 meses Elvis Aron Presley serviu o exército como um bom rapaz americano, saudável e forte. Dirigiu um jipe de combate em uma base da OTAN na Alemanha Ocidental, recebeu elogios públicos de seus superiores como "Um soldado exemplar e disciplinado". Em 58 ainda, perdeu a mãe, figura solar de sua vida, vitimada por um ataque cardíaco. Todos sabiam como o rebelde Elvis era um bom filho. A consternação foi geral.
E quando ele retornou em 1960 foi como se nunca tivesse saído. Na sua ausência a RCA editara um enorme volume de singles, muitos ainda da Sun Records. Os fãs estavam encantados em ter um herói nacional de volta (em 1960 ainda era um símbolo positivo servir o exército). E os adultos também tinham descoberto um novo Elvis: O garoto pobre que fica milionário com o próprio esforço e não hesita em abandonar tudo quando sua pátria o chama. O governador do Tennessee saudou-o publicamente com um discurso em que disse: "Mostraste que és acima de tudo um cidadão da América, um voluntário do Tennessee". O jornal conservador Christian Science Monitor estampou um editorial em primeira página: "Elvis é a prova viva da eficácia do American Way of Life. Ele reafirma nossa fé nos valores básicos de nossa sociedade". E assim o odiado Elvis Presley se tornou o queridinho da América, quem diria. Seu mais recente filme King Creole recebeu boas críticas. Enquanto isso, na ausência de seu Rei, o Rock entrava na pior crise de sua existência. O Rock estava no fundo do poço.
Elvis Presley e os anos 60
Ao mesmo tempo em que Elvis servia o exército na Alemanha, o rock'n'roll morria lentamente na América, frutificando e multiplicando vários cantores que passaram a ser conhecidos como "sub-Elvis": Ricky Nelson, Bobby Darin, Neil Sedaka, Fabian e Frankie Avalon. Essa música não podia mais ser chamada de rock'n'roll. Em sua primeira entrevista ao voltar do exército, Elvis disse: "Se o rock'n'roll morrer acho que morro também. Vou ficar desempregado". Depois pensou um pouco e riu: "Talvez não. Talvez consiga viver bem só com os meus filmes". Ledo engano. Nos anos que se seguiram Elvis apostou alto em uma carreira de ator. Tanto que inclusive deixou de fazer shows ao vivo. Quem queria ver Elvis só pagando um ingresso de cinema. Afastado do público, enfurnado em um set de filmagem a carreira de Elvis entrou em parafuso. As trilhas vendiam bem, e sem esforço Elvis conseguiu emplacar vários sucessos como "G.I.Blues" e "Blue Hawaii", mas era muito pouco para quem era o Rei do Rock. No começo dos anos 60 Elvis assinou um contrato de sete anos com a MGM, foi um erro que se refletiria mais tarde. Os estúdios começaram a comercializar o talento de Elvis de todos os jeitos, com três filmes por ano, acompanhando trilhas sonoras bem abaixo de seu potencial. Assim, preso ao esquema de Hollywood, o inevitável aconteceu.
Em 1964 os Beatles desembarcaram triunfantes nos Estados Unidos, pela primeira vez na história um conjunto musical conseguia o feito de emplacar os cinco primeiros lugares na parada. Os Beatles tomaram conta da América e abriram as portas para a chamada "invasão britânica", uma enorme quantidade de conjuntos ingleses que tomariam de assalto as paradas americanas. De 1964 a 1968 não deu outra, grupos como Rolling Stones ditaram o Top 10 da Billboard. Enquanto isso Elvis ficava de mãos atadas, preso ao famigerado contrato de sete anos com a MGM. Elvis foi ficando cada vez mais rico a cada filme, mas foi ao mesmo tempo morrendo artisticamente. Algo deveria ser feito e o próprio Elvis exigiu uma mudança radical ao seu empresário Tom Parker. Elvis sentia falta da estrada e dos shows, sem outra alternativa o coronel resolveu entrar em negociação com a rede NBC para a produção de um especial de fim de ano. Este seria conhecido mais tarde como o NBC TV Special "Comeback Special", o especial da volta de Elvis.
O show seria transmitido no final do ano, em dezembro. O coronel Parker sugeriu um roteiro simplesmente desastroso para o especial: "Elvis entraria de papai noel, cantaria meia dúzia de músicas natalinas e iria embora pela chaminé". Elvis e o produtor Steve Binder simplesmente odiaram essa idéia. Juntos, trocaram pensamentos e conceitos e chegaram a um modelo básico. Elvis seria acompanhado de sua primeira banda, Scotty Moore e D.J. Fontana (Bill Black havia morrido em 1965). Seria um show acústico (o primeiro da história), com Elvis vestindo uma roupa de couro negro, tocando uma guitarra Gibson, tudo de forma natural e autêntica. Ele interpretaria seus velhos sucessos e duas canções escritas especialmente para o programa: "If I Can Dream" e "Memories". Estava em ótima forma física e empolgado pela chance de voltar a apresentar um material de qualidade. Tudo que precisava era uma chance de mostrar novamente seu incontestável talento. Os ensaios foram exaustivos, Elvis tomou a frente, elaborando arranjos e produção, esse foi um momento crucial de sua vida, se falhasse, provavelmente seria o fim de sua carreira. E ele sabia disso.
Elvis NBC TV Special
Em 1968, aos 33 anos de idade, Elvis Presley volta à TV, num especial histórico para NBC em comemoração ao natal. O cantor estava no auge de sua beleza física e o show foi um marco em sua vida. Com cenas em estúdio e ao vivo, Elvis estava natural, espontâneo, Elvis como ele só. Priscilla Presley em seu livro "Elvis e eu" relembra o impacto do show: "O especial de Elvis foi um sucesso espetacular e alcançou o maior índice de audiência do ano. A música final, "If I Can Dream", foi sua primeira gravação que ultrapassou a barreira de um milhão de cópias vendidas em muitos anos. Sentamos em torno da TV assistindo ao programa, esperando nervosamente pela reação. Elvis se manteve silencioso e tenso durante toda a exibição do programa, mas assim que os telefones começaram a tocar, compreendemos que ele conquistara um novo triunfo. Não perdera a classe, ainda era o rei do rock'n'roll". Com esse programa Elvis se convenceu que era hora de deixar Hollywood para trás e retomar os rumos de sua carreira musical. Não haveria mais trilhas sonoras insípidas, o momento era de entrar em estúdio novamente para gravar canções de qualidade, para mudar novamente os rumos musicais de seu tempo.
Em 1969, Elvis e banda se reuniram para uma série de sessões de gravações em um acanhado estúdio de gravação de Memphis chamado "American Studios". Elvis voltava às suas origens, o American era localizado em um bairro negro de Memphis e lá Elvis poderia novamente respirar a cultura que deu origem à sua própria musicalidade. Segundo Priscilla: "Depois do sucesso do especial, Elvis dedicou várias semanas a uma sessão de gravação, mais uma vez altamente motivado. Pela primeira vez em 14 anos ele fora persuadido a gravar em Memphis, em uma companhia negra em que muitos artistas importantes, inclusive Aretha Franklin, haviam gravado os seus sucessos mais recentes. Os músicos dos estúdios eram jovens e Elvis estabeleceu um grande contato com eles. Mais importante ainda: Elvis fazia uma música sensacional com eles. Ele ficava cantando no estúdio, até o amanhecer, voltava à noite, transbordando de energia, pronto para recomeçar. Sua voz estava em grande forma e seu entusiasmo era contagiante. Cada faixa ficava cada vez mais sensacional do que a anterior. Escutávamos as canções repetidamente e Elvis estava sempre gritando, exultante: -'Escutem esse som' - ou então decidia: - 'Vamos tocar tudo de novo'"
Com um disco novamente liderando as paradas de sucesso, um sucesso de TV, tudo o que faltava a Elvis era colocar o pé novamente na estrada. Mas como? Já havia se passado 7 anos de sua última apresentação ao vivo. Como ele deveria voltar? Colocar novamente seus ternos folgadões dos anos 50 e cantar seus velhos rocks? Ou então imitar o estilo de Sinatra e cia? Foi então que Elvis resolveu mudar tudo: trocou seu triozinho de caipiras, montou uma nova banda, que mais parecia uma orquestra, mudou seu modo de vestir e suas coreografias e novamente se reinventou. Agora estavam abertas as portas para o Elvis anos 70: roupas reais, com capas, apresentações viscerais em ginásios lotados, adoração em massa, concertos apoteóticos e monumentais. Elvis voltara para retomar seu trono e como todo rei que se preze ele iria agora ser literalmente adorado nos anos seguintes, numa adoração que chegaria às raias da divindade. Os anos que se seguiriam seriam os mais loucos, alucinados, exagerados e alucinantes da carreira de Elvis. Tudo seria elevado à nona potência, tudo, inclusive seus problemas pessoais. Elvis entrava naquela que seria sua última década. O Rei Midas Elvis chegara.
Os anos finais
Nos anos 70, Elvis se tornou um artista que não tinha mais nada a provar. O cantor sobreviveu a duas gerações diferentes da música, que ele próprio havia ajudado a criar, o rock'n'roll. A primeira geração de pioneiros como Jerry Lee Lewis, Chuck Berry, Buddy Holly e a segunda geração dos ingleses como os Beatles haviam passado, mas Elvis se mantinha firme na sua carreira. Tudo agora ficava para trás. Elvis Presley se tornou um artista diferente em seus anos finais. Evoluiu e seus discos retratam bem essa significativa mudança em seu estilo. Livre das pressões iniciais de sua carreira, Elvis deu vazão ao seu lado mais pessoal: gravou de tudo, blues, gospel, country, baladas, sempre levando em conta seu próprio gosto musical. O tempo lhe trouxe mais confiança e controle sobre os rumos de sua carreira. O antigo casamento com o cinema acabou com dois filmes que mostravam Elvis no palco, neste período: "That's The Way It Is" e "Elvis On Tour". Na TV Elvis fez dois especiais marcantes: "Aloha From Hawaii" em 1973, que foi transmitido para todo o mundo, via satélite, batendo recordes de audiência e "Elvis In Concert", seu último registro ao vivo, gravado poucos meses antes de sua morte.
A fama, que parecia não ter limites, também cobrou seu preço. O divórcio com Priscilla Presley, com quem havia se casado em 1967, levou o cantor a uma série de depressões que acabariam sendo a tônica de seus últimos anos. Consagrado como artista, Elvis sentia-se frustrado em sua vida pessoal. Alcançou fama e fortuna inimagináveis, mas não alcançou o principal: a felicidade. Em seus momentos finais, Elvis se tornou um recluso, com sérios problemas de saúde, o que acabou o levando ao uso descontrolado de remédios e pílulas, acabando por se viciar em tais substâncias. Perdeu o controle sobre seu peso, engordando muito em seus últimos anos. Mesmo assim, com todos esses problemas, Elvis continuou sendo adorado por tudo aquilo que representou. Infelizmente, em 16 de agosto de 1977, Elvis Aron Presley foi encontrado morto no banheiro de sua mansão Graceland, por sua última namorada, Ginger Alden. Pretendia se casar com ela e reconstruir sua vida pessoal. Não houve tempo. Tudo terminou naquela manhã em Memphis.
Mas a vida parou só por alguns instantes. Sua missão foi cumprida, nossa liberdade foi conquistada e a luz que nos transmitiu não deixou que tudo parasse. Continuou a brilhar com mais intensidade e a cada dia que passa sentimos que o amamos hoje muito mais do que o amamos ontem, e muito menos do que o amaremos amanhã. Enquanto existir algum ser humano vivo no universo, Elvis Presley viverá! Viva Elvis!
Fonte: Elvis por Ele Mesmo.
Elvis Presley, a vida, a música e os filmes
ResponderExcluirPablo Aluísio.