sábado, 5 de novembro de 2022

Fuga da Morte

Um envelhecido ator Bruce Willis interpreta um velho policial aposentado que vai morar em uma casa no meio de uma reserva florestal. Ele quer paz e sossego para se recuperar da morte de sua esposa de longos anos. Só que os problemas parecem persegui lo aonde ele vai. Nas redondezas uma policial corrupta mata um traficante em uma jogada de corrupção. Ela tenta esconder o corpo do criminoso, mas é vista por uma mulher que ao acaso, fazia uma trilha ali. A saída passa a ser matar essa testemunha de qualquer jeito. E para isso, ela conta com outros policiais corruptos da pequena delegacia da região. Cabendo assim ao tira interpretado por Bruce Wills salvar esta testemunha ao mesmo tempo que buscará a punição desses tiras corruptos. Essa é a premissa básica desse novo filme do antigo astro de filmes de ação. 

Mais um filme B sem orçamento e sem elenco coadjuvante conhecido. Foi feito às pressas para aproveitar o nome de Bruce Willis no cartaz. O ator, infelizmente, entrou nesse padrão de colocar seu nome para aluguel em fitas e produções cada vez mais baratas. Eu até criticava bastante ele por essa decisão na carreira. Isso até descobrir que ele sofre de uma doença grave. E que por isso, tenha aceitado qualquer tipo de trabalho que surja pela frente. Fica óbvio que ele está querendo fazer caixa para os anos que virão. Notei durante o filme que ele não está bem. Seu olhar muitas vezes fica perdido na cena. Ele não consegue falar diálogos curtos, mesmo os mais simples. É tudo fruto dessa doença que está sofrendo. O filme é fraquinho que dá pena. Mas, diante das circunstâncias do ator, temos que entender o que está se passando na realidade.

Fuga da Morte (Out of Death, Estados Unidos, 2021) Direção: Mike Burns / Roteiro: Bill Lawrence / Elenco: Bruce Willis, Jaime King, Lala Kent / Sinopse: Velho policial aposentado tenta salvar a vida de uma testemunha que viu uma transação de corrupção envolvendo uma policial e um traficante de drogas em uma reserva Florestal nos Estados Unidos.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Os Filmes de Faroeste de John Wayne - Parte 11

"Terror no Texas" (Texas Terror) foi dirigido por Robert N. Bradbury, um cineasta que por essa época era o que mais trabalhava ao lado de John Wayne. Acontece que o ator estava sob contrato com a produtora cinematográfica Paul Malvern Productions, especializada em filmes de bang-bang produzidos para as matinês de sábado. Nesse "faroeste rápido" John Wayne voltava a interpretar um xerife chamado John Higgins. Ele se sentia culpado após a morte de uma amiga. E por isso resolvia entregar sua estrela de homem da lei. Só que precisava voltar à ativa após a irmã dessa mesma amiga ser ameaçada por bandoleiros.

Outro bom filme desse ano (estamos falando de 1935) é o western intitulado "Uma Trilha no Deserto" (The Desert Trail). John Wayne nessa produção interpretou um herói dos rodeios, um sujeito chamado John Scott. Ele deixa os festivais de montaria para ajudar um amigo, agora acusado injustamente de ter matado um homem. O roteiro (assinado por Lindsley Parsons) era na média das produções de matinê. Mais um filme feito a toque de caixa pela mesma Paul Malvern Productions, só que dessa vez com um novo diretor comandando tudo, Lewis D. Collins (aqui sendo creditado como Cullen Lewis, um pseudônimo).

Seu primeiro filme no ano de 1936 foi "A Difícil Vingança" (The Dawn Rider). Usando um figurino que lembrava muito Tom Mix, com aquele típico e enorme chapéu branco, Wayne voltava ao velho oeste. De fato, ele foi provavelmente um dos atores que mais trabalharam nesse gênero cinematográfico ao longo da história pois nessa época fazia filmes em ritmo industrial, um atrás do outro. Mal saía de um set de filmagens e já se apresentava no dia seguinte para mais um faroeste de matinê.

Pois bem, nesse filme um velho tema voltava à tela. O Duke, ainda bem jovem, interpretava um personagem chamado John Mason. Bom rapaz, rápido no gatilho, honesto e trabalhador, sentia a injustiça de ver se pai ser morto por malfeitores na rua da pequena cidade onde morava. Assim decidia realizar a justiça pelas próprias mãos. O tema da vingança envolvendo familiares era muito comum na época e perdurou por anos em filmes de western, sendo copiado à exaustão até mesmo por filmes italianos (o conhecido, amado e odiado, western spaghetti).

Pablo Aluísio.

Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 5

Randolph Scott voltou a trabalhar com o diretor Henry Hathaway no western "Maldade" (The Thundering Herd, Estados Unidos, 1933). O roteiro era novamente escrito por Zane Grey, que era tão popular entre os fãs de filmes de faroeste que seu nome conseguia até mesmo um grande destaque nos posters dos filmes que chegavam nos cinemas. O enredo não poderia ser mais referente às mitologias do velho oeste norte-americano.

Scott interpretava um caçador de búfalos chamado Tom Doan. Ele, ao lado de seus homens, caçava búfalos para lucrar com a venda de suas peles, que na época valiam pequenas fortunas. O trabalho, porém, era uma verdadeira luta de sobrevivência em terras hostis. Além dos ladrões de peles, sempre dispostos a matar os caçadores, havia ainda a presença perigosa de guerreiros das tribos locais. No elenco o filme ainda trazia a bela Judith Allen e Buster Crabbe, veterano em filmes de faroeste da época.

Para o próximo filme Randolph Scott resolveu aceitar um convite para algo completamente inédito em sua carreira, um filme de suspense e terror! "Anjo e Demônio" (Supernatural, Estados Unidos, 1933), com direção de Victor Halperin, tinha um roteiro estranho e em certos aspectos até bem sinistro, misturando fantasia e magia negra em um só pacote. A produção foi estrelada pela linda atriz Carole Lombard. Ela era naquele momento uma das grandes estrelas de Hollywood, uma beldade que estava sempre nas capas de revistas das principais publicações de cinema dos anos 30. Scott diria mais tarde que a oportunidade de contracenar com Lombard havia sido a principal razão para ele aceitar participar desse filme, já que o enredo nada tinha a ver com cavalos, cowboys, índios e duelos no velho oeste, algo que ele ia percebendo era definitivamente o seu negócio no mundo do cinema.

O faroeste seguinte de Randolph Scott foi "Na Pista do Criminoso" (Sunset Pass, 1933). Ao lado dele no elenco estavam Tom Keene e Kathleen Burke. A direção era do excelente Henry Hathaway, cineasta que assinou grandes clássicos da história do cinema americano como "Bravura Indômita" (que daria o primeiro Oscar na carreira de John Wayne), "Sublime Devoção" e "A Conquista do Oeste", para muitos o filme de faroeste mais pretensioso da história pois queria esgotar o assunto da ida dos pioneiros para as vastas terras do velho oeste. Pois bem, como se pode ver o filme tinha o diretor certo. Acontece que por essa época, ainda na primeira metade dos anos 30, tanto Henry Hathaway como o próprio Randolph Scott eram ainda bem jovens, muito longe dos grandes clássicos em que iriam trabalhar no futuro.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 3 de novembro de 2022

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 29

Aos 29 anos de idade Marilyn Monroe já havia feito em torno de 13 abortos! Foi exatamente isso que ela confidenciou para seu psiquiatra em meados dos anos 1950. Era um número absurdo, mesmo para uma mulher da época, com uma vida sexual ativa. Esse tipo de procedimento feito sem responsabilidade iria custar caro para Marilyn no futuro, uma vez que quando ela finalmente se casou e quis ter filhos, não conseguiu. E ela não teve filhos, segundo alguns médicos, justamente por ter feito inúmeros abortos. Nem é necessário dizer que ela ficou arrasada com tudo o que aconteceu.

O fator psicológico aliás pesou muito mais para Marilyn do que apenas o físico. Desde que se popularizou na Califórnia, a análise passou a ser feita por inúmeros astros e estrelas de Hollywood. Segundo Marlon Brando escreveu em seu livro, a grande maioria dos atores e atrizes da época eram completamente neuróticos. Marilyn Monroe foi uma que logo recorreu ao tratamento psicológico. Algo que o diretor Billy Wilder dizia ser um erro, pois em sua opinião o grande carisma de Marilyn nas telas vinha justamente desse seu lado meio biruta! "Essas atrizes entram em um consultório para fazer análise e saem de lá como uma coisa arrumada demais, plástica, sem graça nenhuma! O charme de Marilyn era ter dois pés esquerdos!" - ironizou o cineasta.

Um apoio que Marilyn recebeu por essa época foi do professor de atuação Lee Strasberg, Percebendo que Marilyn andava muito vulnerável do ponto de vista psicológico, ele abriu as portas de sua própria casa para a atriz. Marilyn passou a frequentar a vida pessoal e familiar de Strasberg, algo sem precedentes na vida do mestre. Anos depois, ele deu uma entrevista dizendo que embaixo de todo o mito, da imagem de mulher famosa e maravilhosa que o cinema vendia ao público, havia uma pessoa muito carente de atenção e carinho. Marilyn estava cansada de ser usada como objeto sexual pelos homens com quem se envolvia. Ela queria ser amada e respeitada como uma mulher, não ser apenas explorada por todos.

Assim, como já havia acontecido várias vezes antes em sua vida, Marilyn transformou a família de Lee Strasberg em sua própria família. Como eles eram judeus, Marilyn chegou até mesmo a pensar em se converter para o judaísmo. Tudo feito de impulso, como era peculiar em sua personalidade. Ela ficou fascinada pelos rituais do povo judeu e após ir a uma celebração ao lado de Lee Strasberg na sinagoga de Los Angeles, passou a dizer para todo mundo que iria se tornar judia! Quem ouviu Marilyn e a conhecia de longa data nem deu muitos ouvidos. No passado ela já havia dito que iria se tornar católica, protestante e até budista! Depois do impulso inicial, ela sempre ficava pelo meio do caminho, não indo adiante em nada no que dizia respeito a religiões. Como dizia Billy Wilder, ela tinha mesmo dois pés esquerdos!

Pablo Aluísio.

Crônicas de Marlon Brando - Parte 28

E assim, contra todas as expectativas, Marlon Brando aceitou fazer um teste de câmera para o papel de Vito Corleone no filme "O Poderoso Chefão". O ator só fez uma exigência: o teste deveria ser feito em sua própria casa em Los Angeles. Quando a equipe da Paramount chegou em sua mansão para instalar os equipamentos, Brando surgiu do alto da escada, vestindo um kimono japonês, comprado quando ele estava no Oriente filmando "Casa de Chá do Luar de Agosto". Parecia tranquilo e bem humorado, mesmo sabendo que aquele era um momento crucial em sua carreira.

Para ajudar na caracterização Brando resolveu colocar pequenas almofadas em sua boca, para da a impressão de que seu personagem tinha grandes bochechas, como um bondoso pai pois era justamente esse tipo de caracterização que o ator estava construindo. Para Brando o chefe do clã Corleone não poderia se parecer com um gângster comum, como aqueles que o cinema havia retratado nos anos 1940. Para Brando o importante era humanizar o velho Corleone, o mostrando na tela como um bom pai de família que precisou entrar para o mundo do crime justamente para proteger os seus entes queridos.

O teste foi um sucesso. Ninguém mais poderia atuar daquela forma. Mesmo estando em baixa, comercialmente falando, em Hollywood o talento inigualável continuava lá. Brando ainda era um monstro na arte da atuação, um verdadeiro gênio. Houve uma certa apreensão por parte do estúdio em relação à máfia italiana real. O centro dos negócios das grandes famílias mafiosas em Nova Iorque era situado no bairro de Little Italy. Alguns diziam que a máfia poderia causar problemas durante as filmagens. O medo era real na Paramount. Brando não se intimidou. Durante as filmagens resolveu ir lá, in loco, para testar o clima de tensão que poderia estar se formando entre a comunidade italiana. Para sua surpresa Brando foi recebido como um herói por parte dos membros reais da cosa nostra. Todos entenderam perfeitamente que Brando estava interpretando o chefão da máfia de forma muito respeitosa e coerente com a própria história de muitos dos primeiros imigrantes italianos que chegaram em Nova Iorque no começo do século.

Brando até mesmo ficou bastante admirado pois ao sentar-se em um pequeno restaurante em Little Italy, logo foi recebido com honras pelos donos da cantina, tão tipicamente siciliana. Mais do que isso, todos já sabiam de antemão os pratos favoritos do ator, seus hábitos à mesa, etc. Certamente Brando havia sido cuidadosamente estudado pela máfia italiana. Quando chegou a hora de pagar a conta o dono do restaurante foi claro: "Senhor Brando, seu dinheiro não tem valor aqui no bairro - ninguém teria coragem de cobrar de uma figura tão ilustre!". Marlon ficou envaidecido e procurou dar ainda mais o melhor de si no filme que no final das contas mudaria sua carreira para sempre. Embora tivesse uma filmografia incomparável até aquele momento, nada conseguiria superar a repercussão desse novo filme, que em breve seria considerado um dos maiores de todos os tempos.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Elvis Presley - Loving You - Parte 4

Um dos aspectos que a discografia de Elvis Presley de uma maneira em geral deixou a desejar foi a ausência de músicas compostas pelos maiores compositores da história da música dos Estados Unidos. Elvis, como grande astro, poderia ter gravado discos e discos apenas com a fina flor da canção americana. Apenas com os mais consagrados autores de todos os tempos. Porém, infelizmente, só esporadicamente esse encontro entre o talentoso cantor e esses gênios da criação musical aconteceu.

Um desses raros encontros podemos encontrar aqui no álbum "Loving You". Se trata de "True Love", composta pelo grande Cole Porter, considerado por muitos historiadores de arte como um dos maiores gênios da música mundial. Porter foi aclamado desde cedo em sua carreira. Ao longo de sua vida compôs verdadeiras preciosidades em forma de notas musicais. Elvis poderia ter gravado muitas canções de Cole Porter ao longo da vida, mas isso infelizmente não aconteceu. Seus direitos autorais eram considerados caros demais pelo Coronel Parker. Além disso havia essa mentalidade de que Porter estava fora do espectro do que se esperava encontrar em um disco de Elvis Presley. Era algo mais alinhado com os álbuns de Frank Sinatra, para alguns. Um erro de percepção em minha opinião.

Outra boa aquisição ao álbum em termos de qualidade musical foi essa criação de Ivory Joe Hunter chamada "I Need You So". Aqui havia um toque de gosto pessoal do próprio Elvis. Quem conhece o material gravado de forma amadora na Alemanha, quando Elvis estava por lá servindo o exército, sabe bem que as músicas de Ivory Joe Hunter estavam sempre sendo tocadas por Elvis ao piano em sua casa. Ele gostava muito desse compositor, isso na sua esfera pessoal mesmo, de seu próprio gosto musical. Curiosamente, por anos e anos, Elvis não voltaria a gravar nada dele, só voltando a trazer para seus discos canções de Hunter já nos anos 70, quando já havia se transformado em um artista completamente diferente do começo de sua carreira.

Da dupla de compositores Johnny Russell e Scott Wiseman, o disco traz a boa "Have I Told You Lately That I Love You?". É uma boa canção country and western. Por essa época Elvis ainda surgia com esse tipo de música em seus discos. Depois de um tempo ele iria direcionar seu repertório para um material mais pop, principalmente na era dos filmes em Hollywood. De vez em quando algo country seria gravado, mas em menor escala. As trilhas sonoras exigiam um outro tipo de seleção musical. Em relação ao country Elvis só voltaria a gravar muito material dessa linha nos anos 70, quando aí sim virou um artista tipicamente saído da geração de artistas de Nashville.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 1 de novembro de 2022

Os Filmes de Faroeste de John Wayne - Parte 10

A carreira de John Wayne seguiu em frente. Alguns filmes rendiam excelentes bilheterias, outros nem tanto. De uma maneira ou outra o ator foi compreendendo que seu público era formado basicamente por jovens que adoravam filmes de western. Por isso Wayne firmou seus pés nesse popular gênero cinematográfico, pronto para assumir o trono que um dia havia sido de Tom Mix e outros cowboys famosos da sétima arte. Era algo natural para ele. Poucos, porém, sabiam que John Wayne não apenas iria superar todos os anteriores em popularidade, como também se tornaria o maior astro de Hollywood nos filmes de faroeste. E seguindo nessa mesma linha John Wayne estrelou "A Ferro e Fogo" (Randy Rides Alone, Estados Unidos, 1934). No poster original desse filme ele aparecia majestoso empinando seu grande cavalo branco. Dirigido por Harry L. Fraser e contando em seu elenco com um amigo de Wayne de longa data, o divertido George 'Gabby' Hayes, o filme trazia Wayne interpretando o personagem Randy Bowers, um cowboy honesto acusado injustamente de um crime que nunca havia cometido. Durante o filme ele tentava provar sua inocência se infiltrando no bando onde estava o verdadeiro criminoso.

"Sombra de Sangue" (The Star Packer, Estados Unidos, 1934) chegou aos cinemas poucos meses depois que seu último filme havia estreado nas telas de cinema. Os estúdios produziam esses faroestes em ritmo industrial e as fitas eram tão lucrativas que em pouco tempo se tornaram o alicerce de praticamente todo grande estúdio de Hollywood. Esse filme em particular foi um dos poucos que John Wayne trabalhou numa companhia pequena chamada Monogram Pictures. Usando os cenários emprestados da Columbia Pictures o filme foi feito a toque de caixa, faturando novamente muito bem nas bilheterias. Era de certa forma lucro certo tanto para os produtores como para o próprio John Wayne. E praticamente a mesma equipe se reuniu para trabalhar novamente juntos em "Para Lá da Estrada" (The Trail Beyond, Estados Unidos, 1934). A direção foi mais uma vez entregue a Robert N. Bradbury. Esse foi o cineasta que mais trabalhou ao lado de John Wayne nessa fase de sua carreira. Muitas pessoas lembram imediatamente de John Ford quando se fala em John Wayne e seus filmes de western, porém a verdade histórica é que ele de fato trabalhou com muitos outros cineastas ao longo da vida. Apenas esses não tiveram o mesmo reconhecimento que John Ford teve e nem seus filmes (na maioria fitas B de matinê) ganharam a notoriedade dos grandes épicos do velho oeste que foram dirigidos por Ford alguns anos depois.

John Wayne teve uma longa parceria com o diretor Robert N. Bradbury (que na época assinava os seus filmes como R.N. Bradbury). Juntos trabalharam em diversas produções dos estúdios pertencentes ao produtor Paul Malvern. Muitos desses faroestes de matinê foram feitos pela Lone Star Productions, um selo cinematográfico da época especializado apenas em filmes de western. Naqueles tempos os filmes de cowboys e índios eram os mais populares do cinema, principalmente para o público mais jovem. Qualquer filme nesse estilo acabava se tornando altamente lucrativo. Era o gênero cinematográfico preferido da América. Um desses sucessos de bilheteria foi "Fronteiras Sem Lei" (The Lawless Frontier). Aqui John Wayne interpretava um personagem chamado John Tobin. Ele era um cowboy de bom coração que via sua vida virar de ponta cabeça após a morte de seus pais. O assassino era um bandoleiro mexicano violento conhecido como Pandro Zanti.  Como a lei da fronteira não conseguia se impor a tantos bandidos era chegado a hora de fazer justiça pelas próprias mãos. O filme claro tinha todos os elementos que os fãs de Wayne na época adoravam. Inclusive o sempre interessante tema da vingança pessoal contra uma injustiça cometida por criminosos.

No filme seguinte, o último do ano, John Wayne voltou ao velho oeste no faroeste "Sob o Sol do Arizona" (Neath the Arizona Skie). Era uma espécie de redenção para o astro, agora já uma verdadeira estrela de Hollywood, com seu nome em destaque nos cartazes das produções em que atuava. Para quem havia começado a carreira como um desconhecido dublê, era um grande avanço, sem dúvida. A trama tinha lá seus elementos de histórias de detetive também. John Wayne era o homem da lei que tentava decifrar um mistério. Uma menina, herdeira de uma fortuna em petróleo, havia sido sequestrada. Quem estaria por trás do terrível crime? Curiosamente o próprio ator acabou não gostando muito do filme. Para ele o roteiro era mais adequado para um filme com o personagem Sherlock Holmes. Vaqueiros em seus cavalos não deveriam ser transformados em detetives. Quem poderia discordar dele? John Wayne certamente sabia das coisas em se tratando de filmes de faroeste. Isso era bem óbvio. E com a aposentadoria de Tom Mix ele estava pronto para se tornar o astro mais popular dos filmes de western.

Pablo Aluísio.

Morte sem Glória

Título no Brasil: Morte sem Glória
Título Original: Attack
Ano de Lançamento: 1956
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Robert Aldrich
Roteiro: Norman Brooks
Elenco: Jack Palance, Lee Marvin, Eddie Albert, Robert Strauss,Richard Jaeckel, Peter van Eyck

Sinopse:
Em 1944, uma companhia de infantaria americana monta um posto de observação de artilharia, mas as tensões entre o capitão Cooney e o tenente Costa aumentam. Dessa maneira, os dois combatentes não precisam apenas vencer o inimigo alemão, mas também a si mesmos no campo de Batalha.

Comentários:
Clássico filme de guerra com ótimo elenco. Aqui só temos a nata dos atores casca grossa da era de ouro do cinema americano de guerra. Liderando o elenco, temos Jack Palance, que muito sucesso fez na época. Com gestos violentos e rudes e rosto de granito dinamitado, ele se destaca completamente em seu papel. Está literalmente possesso nessa interpretação. O outro destaque vem com a presença de Lee Marvin. Outro durão irremediável do cinema. Juntos, eles protagonizam esse filme que é realmente muito, muito bom. O equipamento militar usado no filme foi usado na Segunda Guerra Mundial. Afinal essa produção foi finalizada apenas 11 anos depois do fim da guerra. Assim, quem gosta de história militar vai ter um prato cheio para ver os tanques originais. As cenas de combate também são muito bem realizadas. Curiosamente, o diretor era mais espert em filmes de Faroeste. Só que aqui se sai muito bem também. Enfim, deixo a recomendação para quem gosta desse tipo de filme.

Pablo Aluísio.