sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Os Filmes de Faroeste de John Wayne - Parte 8

O último filme de John Wayne em 1932 foi "Ouro Mal-assombrado" (Haunted Gold), faroeste dirigido por Mack V. Wright.  O mais curioso dessa produção é que o roteiro tinha também elementos de filmes de horror! Foi um dos primeiros filmes de Hollywood que procuravam mesmo reunir dois gêneros cinematográficos em um só! Já que o terror e o faroeste eram bem populares porque não tentar fazer uma produção que tivesse o melhor dos dois lados? E assim foi feito. Aqui John Wayne interpreta John Mason, Ao lado de Janet Carter (Sheila Terry) ele recebe uma carta convidando para ir até uma cidade fantasma onde supostamente existiria uma mina abandonada, com um tesouro escondido em seu interior. Claro que isso também desperta a ganância de bandidos que correm para colocar as mãos na fortuna. O mais curioso desse roteiro é que havia também um personagem fantasma que acabava ajudando Wayne e sua companheira em sua aventura mina adentro. Foi a primeira e única vez que Wayne flertou com o terror em toda a sua longa filmografia. Ficou muito interessante, é inegável dizer.

Em 1933 John Wayne foi novamente contratado pelo estúdio Warner Bros para estrelar o filme "Na Trilha do Telégrafo" (The Telegraph Trail). Era mais um faroeste, só que no estilo mais tradicional. Nada de muito diferente das outras fitas de matinê da época. No enredo John Wayne interpretava um empregado da companhia de telégrafos que era enviado para o velho oeste para descobrir o que estaria por trás de uma série de atos criminosos que colocavam abaixo os postes e os fios do telégrafo. Acabava descobrindo que um rancheiro inescrupuloso estava manipulando nativos indígenas para destruir as instalações, dizendo que aquilo seria usado pelo homem branco para ajudar na destruição das tribos. Uma fita bem escrita, contando novamente com a presença do cavalo amestrado Duke, que fazia a alegria da garotada nos cinemas.

Poucos sabem, mas John Wayne também participou de uma versão americana de "Os Três Mosqueteiros". Só que ao invés de espadachins e membros da guarda real da dinastia francesa dos Bourbons, o que se via na tela eram soldados americanos em aventuras no Oriente Médio. O filme se passava numa exótica Arábia, com heroísmo por parte dos militares da famosa Legião Estrangeira. John Wayne interpretava um personagem chamado Tom Wayne (bem sugestivo não é mesmo?), que se via às voltas com um vilão conhecido como El Shaitan, um facínora que espalhava terror nas pequenas comunidades ao longo das areias do deserto. O curioso é que a produção do estúdio Mascot Pictures (que faliu há anos) era simples e econômica. Assim os arredores de Los Angeles serviram de locação, até porque segundo o diretor Colbert Clark o deserto da Califórnia poderia ser tão quente e inóspito como o próprio Saara (e ele tinha razão nesse ponto!)

Por essa época John Wayne estava disposto a atuar em todo e qualquer filme que tivesse algum atrativo para o público mais jovem. Depois de aventuras nas areias do deserto ele virou um heroico piloto de aviação em "Atração dos Ares". Esse tipo de filme tinha um apelo comercial forte na época, até porque "Asas", que era bem semelhante, foi o principal vencedor da primeira premiação do Oscar! No enredo dois aviadores irmãos disputavam não apenas o prêmio de melhor piloto do mundo como também o coração de uma paraquedista chamada Jill Collins. Essa aliás foi uma das primeiras personagens femininas com ares de independência. Interpretada pela atriz Sally Eilers a Jill tinha personalidade forte e não se curvava aos meros caprichos dos homens. 

Em 1933 John Wayne atuou no faroeste "Na Terra de Ninguém" (Somewhere in Sonora. EUA, 1933). Filme dirigido por Mack V. Wright na Warner Bros. Mais uma vez o bom e velho John Wayne adotou um figurino à la Tom Mix, com aquele enorme chapéu branco de cowboy. Ele interpretou um personagem chamado John Bishop. Preso de forma injusta ele acaba sendo ajudado por um homem do campo chamado Bob. Em troca e como forma de gratidão resolve ajudar o rancheiro a procurar seu filho, há muitos anos desaparecido. Uma péssima ideia já que o rapaz estaria envolvido com problemas legais, inclusive estando na mira de uma quadrilha sanguinária de bandoleiros.

Depois de mais um western o ator decidiu mudar um pouco os ares. A procura por algo diferente veio com o filme "Viver na Morte" (The Life of Jimmy Dolan, EUA, 1933). De forma sintética poderíamos dizer que se tratava de um drama esportivo, com espaço também para um pouco de suspense. John Wayne interpretava um boxeador (não era a primeira vez que tinha um papel como esse). Seu personagem era bom de punhos e se chamava Jimmy Dolan. Durante uma festa ele acaba matando um homem de forma acidental. Para não ser preso decide fugir para o interior. Ao chegar numa pequena cidade termina adotando o nome de Jack Dougherty. Nos arredores da cidadezinha arranja trabalho numa fazenda de ajuda a pessoas inválidas, doentes, deficientes físicos, etc. O lugar administrado pela bela Peggy e pela honesta Sra. Moore, acaba mudando a forma como Jimmy via o mundo. Seu olhar cínico acaba cedendo ao descobrir que havia pessoas boas, tentando fazer o melhor possível para ajudar outras pessoas, carentes e precisando de ajuda especial. Uma mudança e tanto de vida. Esse é seguramente um dos melhores momentos de John Wayne no cinema na década de 1930, infelizmente sendo pouco lembrado nos dias de hoje.

Nos anos 30 os atores faziam um filme atrás do outro. Mal dava tempo para mudar os figurinos, como se brincava na época nos bastidores. Mal John Wayne havia feito o drama com toques sociais "Viver na Morte" ele voltava à ativa para atuar em "Serpente de Luxo" (Baby Face, EUA, 1933). A verdadeira estrela do filme era a loira platinada Barbara Stanwyck, ainda em começo de carreira. John Wayne por seu lado deixava os trajes surrados de cowboy de lado para aparecer de traje à rigor, superfino e na moda. Nem parecia o velho rancheiro de tantos filmes. O roteiro explorava a vida de uma mulher que em determinado momento de sua vida decidia se vingar de todos os homens que a tinham prejudicado no passado, dando a volta por cima. É o que certa vez o diretor Alfred E. Green chamou de "Suspense champagne", uma trama envolvendo crimes na alta sociedade.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

James Dean - Hollywood Boulevard - Parte 19

O Amor de Pier Angeli - Infelizmente para James Dean seus primeiros dias em Hollywood foram também os últimos. Seu estrelato foi muito breve, interrompido por um acidente fatal que o vitimou com apenas 24 anos de idade. Em suas últimas semanas de vida os amigos mais próximos começaram a perceber que Dean vinha falando muito de Pier Angeli. A atriz italiana havia sido sua grande paixão. Eles tiveram um intenso caso amoroso que não terminou bem. O jeito rebelde e autêntico de Dean desagradou a mãe de Angeli, uma verdadeira mama napolitana que não gostava nada de ver sua filha andando de mãos dadas com aquele sujeito de gestos rudes, pouca preocupação em agradar e ser educado. Não tardou e a mãe de Pier conseguiu destruir o namoro. Ao invés de Dean ela jogou a filha para cima do cantor almofadinha Vic Damone, com quem ela se casaria em meados de 1954 para tristeza de James Dean. "Como ela pôde se interessar por esse cara?!" - perguntou atônito o ator. De fato, Damone era o extremo oposto de Dean. Enquanto James era rebelde, andava de moto e usava o mesmo velho e surrado casaco, o cantor era o protótipo do engomadinho sem graça, sempre com terno impecável, sorrisinho falso no rosto e uma gentileza que nunca soava como verdadeira.

Claro que Dean sentiu muito ver a mulher que amava sendo levada ao altar por outro homem, mas depois de um tempo ele foi conseguindo superar o sentimento de perda até que casualmente a reencontrou nos corredores dos estúdios da Warner. Rever Pier foi como ter uma bomba jogada em cima dele, como ele confessaria depois a um de seus amigos mais próximos. Em questão de segundos toda aquela paixão voltou de forma intensa. Colocar os olhos em Angeli novamente o fez desabar. Dean voltou a curtir uma fossa tremenda e assim que encontrou seu colega Nick Adams resolveu desabafar dizendo: "Encontrei Pier ontem... foi como se tivessem jogado uma bomba atômica na minha cabeça... ela não é desse mundo, estava linda demais... quando nossos olhares se encontraram novamente eu não consegui me controlar, fiquei nervoso e tremendo. Eu ainda a amo profundamente". Dean não conseguia se conformar porque ele tinha certeza de que ela seria sua verdadeira paixão, a mulher de seus sonhos. Ao que tudo indica Pier também o amava muito. De fato, ela nunca conseguiu superar a perda. Após a morte de Dean o seu casamento entrou em crise e ela separou de Damone pouco tempo depois. Após mais um casamento infeliz (dessa vez com Armando Trovaioli) ela resolveu se matar tomando uma dose excessiva de barbitúricos que acabou causando sua morte em questão de minutos. Um triste fim para um amor tão bonito e sincero!

Sem conseguir superar seu amor por Pier Angeli e sem ter como concretizar esse sentimento, Dean começou a procurar por alguma válvula de escape para superar sua angústia. Quem o conhecia sabia muito bem que corridas velozes era uma das formas de Dean superar seus fantasmas. Ele comprou um novo Porsche 550, prateado, ideal para competições esportivas. O carro era rebaixado e alcançava grande velocidade, quase rente ao asfalto. Dean mandou personalizar o seu novo brinquedo. Mandou colocar o número 130 nas laterais e o apelido "Little Bastard" (Pequeno bastardo) na carroceria. Embora estivesse arrasado em seu íntimo, Dean procurava ocupar sua mente para superar o trauma da perda do grande amor de sua vida. Seria justamente nesse carro que ele sofreria o acidente que o mataria. As características do rápido automóvel se mostrariam letais para Dean. Ao correr com o Porsche numa rodovia comum o carro se tornava quase invisível a longa distância. O outro motorista que vinha em uma via perpendicular simplesmente não o viu vindo em sua direção. A batida assim se tornou inevitável. O "Little Bastard" se tornaria de fato seu túmulo de quatro rodas.

Correr feito um louco pelas estradas, porém não bastava. Dean também voltou para sua velha rotina de boêmia. Quando não estava filmando, comprometido com horários rígidos, o ator habitualmente virava a noite em festas, encontros ou apenas andando pelas ruas de Nova Iorque para terminar sua madrugada no píer, vendo o sol nascer. Ele não gostava de beber, por isso passava toda a noite acendendo um cigarro atrás do outro, enquanto pedia mais uma xícara de café. O que James Dean gostava mesmo era de respirar o lado mais boêmio de sua cidade preferida, Nova Iorque. Pelos bares da cidade, durante muitas madrugadas, ele conhecia novas pessoas, novatos que tentavam um lugar ao sol no concorrido mercado de atuação e trocava figurinhas com outros atores sobre peças, oportunidades de contratos e impressões sobre diretores e produtores. Dean valorizava em especial atrizes de teatro pois tinha muito em comum com elas. Queria trocar experiências e ao contrário do que muitos diziam ele não se revelava um sujeito fechado e tímido nessas ocasiões, muito pelo contrário, conversava bastante, dava risadas e falava pelos cotovelos. Assim também acabou criando sua própria turma, formada por jovens aspirantes ao sucesso teatral como ele.

Outra coisa que chamava muito a atenção de Dean era conhecer e adentrar em outros tipos de comportamentos fora dos padrões, algo que ele jamais havia visto quando morava em uma pequenina cidadezinha de Indiana. Quando soube que haveria uma badalada festa em uma boate local apenas para lésbicas e gays, Dean logo se animou para ir até lá. Claro que James Dean havia tido várias experiências homossexuais ao longo de sua vida, mas até aquele momento nunca havia participado de uma festa apenas para gays. Naquela época isso era considerado algo clandestino, escondido, um tipo de evento que era divulgado em voz baixa. Todos tinham receios de serem presos por atos contra a moralidade pública ou algo parecido. Dean, porém, não estava muito preocupado com isso. Em pouco tempo ele estava circulando dentro da festa, trocando beijinhos e promovendo flertes com os rapazes que frequentavam o salão de dança. Foi uma das últimas festas de sua vida e a Warner teria muito trabalho em esconder sua presença nesse local após sua morte. Valia tudo para manter o mito intacto e sua imagem imaculada, longe de todas as fofocas.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Elvis Presley - Teddy Bear / Loving You

Depois de vários meses sem um single nas lojas a RCA Victor finalmente lançou no mercado americano o novo compacto de Elvis Presley. O lado A surgia com uma música com nome no mínimo esquisito, "Teddy Bear". Na letra Elvis cantava: "Deixe-me ser seu ursinho de pelúcia" (o tal ursinho Teddy). Nem precisa esclarecer que algo assim tão carinhoso com as fãs fez com que o compacto disparasse em vendas. No Lado B o compacto trazia justamente a música que seria título de seu novo filme na Paramount Pictures. Era a balada "Loving You" que tentava repetir o mesmo sucesso de "Love Me Tender".

Na capa Elvis surgia com uma roupa estilizada de cantor country and western. A estranha estampa fazia parte do figurino de seu novo filme que em breve chegaria nos cinemas, "Loving You". E era justamente a canção título do filme que estava no Lado B do disquinho. Se Teddy Bear era puro pop inocente, "Loving You" era uma baladona que carregava nas tintas. Para dar mais consistência Elvis ainda adotou muito do estilo dos grandes cantores do passado, em especial Bing Crosby, de que era admirador. Esse single seria o primeiro do projeto Loving You a chegar aos fãs. Essa estratégia seria exaustivamente repetida pela gravadora de Elvis nos anos que viriam. Primeiro o lançamento de um single com as duas canções da trilha sonora com mais potencial de chegar nas primeiras posições da parada. Depois o lançamento do álbum com toda a trilha sonora e finalmente após algumas semanas a chegada do filme nas telas de cinema por todo o país. Durante anos esse esquema deu muito certo e trouxe muitos lucros tanto para a gravadora de Elvis quanto para os estúdios de Hollywood.

E por falar em estúdio de cinema, "Loving You" foi o primeiro a ser lançado pela Paramount Pictures, com produção do conhecido Hal Wallis. O interessante sobre a Paramount é que sua direção mantinha um padrão de qualidade que não poderia ser rompido. Assim os filmes de Elvis nesse estúdio geralmente eram bem melhores produzidos. Além disso por uma política interna da empresa as trilhas sonoras teriam que ser lançadas como álbuns completos de 10 a 12 canções. Elvis que havia lançado a trilha sonora de seu filme anterior pela Fox em compacto duplo acabou vendo então a Paramount exigir junto à RCA o material suficiente para lançar o álbum da trilha o mais breve possível. Para os executivos da Paramount a coisa era simples: O disco promovia o filme e vice-versa e ambos tinham que ter qualidade de acordo com as diretrizes do estúdio. Com apenas sete canções gravadas diretamente para o filme a RCA resolveu reaproveitar o recém compacto duplo "Just For You", colocando praticamente todas as suas canções no lado B do LP.

No tocante ao resultado comercial o single "Teddy Bear / Loving You" logo se tornou um grande sucesso de vendas. "Teddy Bear" tinha um alvo certo: as fãs adolescentes do cantor. Durante sua vida Elvis recebeu milhares de ursinhos de pelúcia. Uma revista americana divulgou sem base nenhuma que Elvis colecionava esse tipo de brinquedo. Não era verdade, mas as fãs acreditaram e enviaram ursinhos para a casa de Presley aos milhares. Para não parecer mal-educado Elvis recebeu os felpudos, mas jamais cogitou algum dia colecionar esse tipo de coisa. Para capitalizar em cima dessa história a música foi composta especialmente para ele. O curioso é que pessoalmente Elvis não estava certo sobre a canção. A letra era bobinha e iria fomentar ainda mais o boato dos ursinhos. Como era muito profissional acabou gravando a canção. O single logo chegou ao topo da Billboard se tornando assim mais um primeiro lugar consecutivo de sua carreira. Por essa época Elvis desfrutava de uma supremacia rara dentro da música americana. Qualquer coisa que lançasse era sucesso imediato e os compactos vendiam milhões de cópias antes mesmo de virarem sucessos nas rádios.

Só que havia uma novidade. Elvis mostrou com Teddy Bear que conseguia vender não apenas discos, mas produtos também. Milhões de ursinhos foram vendidos e esse acontecimento despertou a curiosidade de Tom Parker que entendeu que Elvis poderia virar uma marca de sucesso em qualquer segmento comercial. A partir daí contactou empresas e colocou o nome do cantor para licenciamentos de produtos em série. Em razão disso Elvis apareceu nas mais curiosas mercadorias, chicletes, jogos de tabuleiro, brinquedos, radiolas, etc. Era mais uma boa fonte de renda para Elvis e o Coronel e esse não se fez de rogado, explorando até a exaustão o nome de Elvis Presley.

E os ursinhos? Bom, depois de "Teddy Bear" eles continuaram a chegar em maior número pelos correios a tal ponto que Elvis já não sabia o que fazer com tantos ursinhos espalhados pela casa. Até o banheiro ficou lotado desses bichinhos. Elvis não queria jogar eles fora pois respeitava muito a boa vontade de seus fãs que o presenteava. Jogar no lixo seria um desrespeito para com suas jovens fãs. Foi então que após pensar um pouco ele chegou numa solução do problema. Elvis decidiu doar as centenas de ursinhos para instituições de caridade que atendia crianças pobres ou doentes. Assim ele resolveria o seu problema de espaço, não desrespeitaria seus fãs e ainda faria a alegria de muitas crianças carentes de Memphis. Um bom desfecho que deixou todos felizes, Elvis, as fãs e claro... o próprio Teddy Bear!

Curiosidade histórica: Você sabe por que o ursinho de pelúcia americano é conhecido pelo nome carinhoso de Teddy Bear? Esse nome vem do fato do presidente americano Theodore Roosevelt ter sido um dos criadores do brinquedo. Aventureiro, metido a ir em viagens exóticas (até na Amazônia esteve) o presidente Roosevelt procurou por anos por um brinquedo que despertasse nas crianças o sentimento de amor à natureza. Esse brinquedo acabou sendo o ursinho de pelúcia que era fofinho e muito ecologicamente correto pois despertava o amor dos pequeninos pelos animais. A imprensa americana então em um misto de ironia e sátira acabou se referindo ao ursinho como Teddy Bear - o Urso Teddy - em referência ao presidente Teddy Roosevelt. O curioso é que Roosevelt também era um caçador inveterado, o que não caía muito bem com sua postura de paixão pelo Reino Animal. Mas enfim, o fato é que o apelido pegou e até hoje o brinquedo que conhecemos como ursinho de pelúcia aqui no Brasil é conhecido lá nos Estados Unidos como Teddy Bear, o ursinho do presidente Teddy Roosevelt.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 11 de outubro de 2022

10 Curiosidades - Três Homens em Conflito

10 Curiosidades sobre "Três Homens em Conflito"
1. O diretor Sergio Leone incentivou o elenco a improvisar em cena. Um dos maiores exemplos acontece na cena em que o personagem do ator Eli Wallach entra em uma loja de armas. Ali não havia nada escrito no roteiro e ele precisou improvisar praticamente toda a cena, principalmente quando manuseia os revólveres. Essa improvisão porém nem sempre deu certo. Na cena do trem o ator passou por apuros após seu cavalo se assustar com o som de um tiro dado por um dos figurantes. Com as mãos amarradas Eli Wallach passou por um aperto e tanto para controlar o animal. Curiosamente como Wallach não falava italiano e nem Leone inglês ambos decidiram se comunicar falando francês entre si.

2. O cemitério confederado chamado de Sad Hill Cemetery pelo roteiro foi totalmente construído pela equipe do filme. Não houve autorização para que Leone filmasse em um cemitério real. Assim eles resolveram recriar todo o lugar, usando como modelo uma foto antiga de um cemitério real das tropas rebeldes durante a guerra civil.

3. Embora não fosse o mesmo personagem dos dois filmes anteriores de Sergio Leone, Clint Eastwood resolveu usar praticamente o mesmo figurino que havia usado nas outras produções. O pistoleiro sem nome assim usou o mesmo ponche que havia usado em "Por um Punhado de Dólares" e "Por uns Dólares a mais". No filme o personagem de Eli Wallach o chama de "blondie", mas esse é apenas um nome genérico que significa "loiro" ou "loirinho", não sendo o verdadeiro nome do pistoleiro.

4. O filme foi um dos mais caros da carreira de Sergio Leone, realizado ao custo de mais de um milhão de dólares (uma verdadeira fortuna para a época). Na versão americana houve quatro cortes para que o filme não ficasse tão longo, o que iria prejudicar sua carreira comercial. Apenas alguns anos depois o público americano finalmente pôde assistir a versão completa que foi lançada em alguns cinemas e no mercado de vídeo.

5. Sergio Leone resolveu que não haveria nenhum diálogo nos dez primeiros minutos de filme, algo que assustou os produtores. Leone queria captar o clima do velho oeste. O estúdio só aceitou a decisão do diretor quando o ator Clint Eastwood o apoiou. Ninguém queria ter problemas com o astro e maior chamariz de bilheteria do filme.

6. Leone queria realismo total. Para isso acabou tendo problemas com o ator Lee Van Cleef. Numa das cenas ele deveria bater em uma mulher, lhe aplicando vários murros e chutes. A cena incomodou Cleef que tentou convencer o diretor a mudar de ideia. Leone porém não aceitou as sugestões de Lee Van Cleef e ordenou que tudo fosse feito como estava no roteiro. Para Lee Van Cleef a cena acabou sendo uma das mais complicadas de realizar, conforme ele diria depois em uma entrevista.

7. Apenas Clint Eastwood, Lee Van Cleef e Eli Wallach falavam inglês de forma fluente. Todos os demais atores ou só falavam italiano ou espanhol. Para resolver esse problema o diretor Sergio Leone determinou que eles falassem suas línguas naturais durante as filmagens. Apenas depois todos seriam dublados em inglês para o lançamento internacional do filme.

8. O famoso tema do filme foi composto pelo genial maestro e compositor Ennio Morricone. Anos depois ele explicaria que sua intenção na melodia foi imitar o som de um chacal no meio do deserto. Quando foi contratado por Sergio Leone ele resolveu tentar várias ideias por duas semanas antes de mostrar a música para o diretor. Só depois de gravar tudo com sua orquestra é que finalmente mostrou a Leone o resultado final. Esse tema acabou se tornando um dos mais conhecidos do gênero western em todos os tempos, chegando a ser lançado como trilha sonora não apenas no mercado europeu, mas no americano também, se tornando campeão de vendas, algo raro nesse segmento na época.

9. Orson Welles aconselhou Sergio Leone a desistir de mostrar imagens da guerra civil americana, isso porque Welles achava que filmes sobre a guerra civil estavam fora de moda e não fariam mais sucesso de bilheteria. Leone, felizmente, não seguiu seus conselhos. O filme, como se sabe, foi um grande sucesso de bilheteria.

10. Charles Bronson foi convidado duas vezes para fazer parte do elenco. Na primeira vez Sergio Leone o chamou para viver o personagem Tuco e depois para interpretar o pistoleiro vilão que acabou sendo feito por Lee Van Cleef. Embora Bronson estivesse muito interessado em trabalhar no filme não houve tempo. Ele estava trabalhando em "Os Doze Condenados" e o filme acabou atrasando seu cronograma original, levando muito tempo para ficar pronto. Assim ele teve que desistir. Já Clint Eastwood aceitou participar em troca de um cachê de 250 mil dólares, mais uma Ferrari dada pelo estúdio italiano.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 27

Certa vez o ator Tony Curtis foi entrevistado pelo canal E! afirmando que iria publicar um livro de memórias intitulado “Making of Some Like It Hot” em que contaria os bastidores das filmagens do clássico de Billy Wilder “Some Like It Hot” (Quanto Mais Quente Melhor, no Brasil). Entre as revelações Curtis prometia contar toda a verdade sobre o suposto romance que teve com a estrela do filme, a atriz Marilyn Monroe e mais: Tony garantia que Marilyn engravidou dele durante o caso amoroso ocorrido nos sets de filmagens, tudo acontecendo debaixo do nariz do marido dela na época, o escritor Arthur Miller. Será verdade? Principalmente depois de tudo o que sabemos sobre a complicada e problemática filmagem de um dos mais famosos filmes de Monroe.

Todos que participaram da produção de "Quanto Mais Quente Melhor" concordam que as filmagens foram tudo, menos um mar de rosas. Na realidade o caos imperou no set. Marilyn Monroe estava simplesmente impossível durante as gravações levando todos, do diretor aos membros da equipe de apoio, à loucura. Atrasos, ataques de estrelismo, esquecimento de falas, brigas e muitas faltas marcaram a atuação de Monroe nesse filme. Certa vez Marilyn chegou ao local de filmagens tão fora de si que todos pensaram que ela iria ter um ataque ou algo parecido. As filmagens foram canceladas e mais um dia foi perdido.

O diretor Billy Wilder, sempre irônico e com um humor mordaz recordou: "Quase enlouqueci com esse filme. Marilyn me deixava horas e horas esperando por ela nos estúdios. Todos a postos, equipe e atores, tudo pronto mas nada dela aparecer. Algumas vezes Marilyn aparecia com até seis horas de atraso e quando aparecia parecia uma morta viva - mal conseguia falar e não sabia nenhuma de suas falas! Sabe, eu tenho uma tia que decora todas as falas, chega nos estúdios na hora certa, é extremamente pontual e profissional. Na bilheteria ela deve valer uns cinco centavos! Entende o que digo? Tivemos que engolir muitos sapos para ter Marilyn Monroe nesse filme!" Só um grande diretor do nível de Wilder para controlar e administrar tantos problemas. Ele completou: "Só consegui dormir normalmente novamente depois que o filme acabou. Sinceramente, nunca mais quero passar por isso de novo, prefiro que meu próximo filme renda cinco centavos na bilheteria!".

Com os demais atores a situação foi ainda mais caótica. Como não aparecia regularmente para trabalhar Marilyn logo ganhou a antipatia de seu partner em cena, Tony Curtis, que após o filme declarou publicamente: "Beijar Marilyn Monroe é como beijar Hitler!" Em outra ocasião durante uma grande discussão com o ator, Marilyn jogou uma taça de vinho em seu rosto, causando um grande tumulto durante as filmagens. Com todo esse histórico fica realmente complicado acreditar que Marilyn teria tido um romance amoroso com Curtis, resultando ainda mais em gravidez. Infelizmente todos os demais envolvidos (como o diretor Billy Wilder e o ator Jack Lemmon) estão falecidos. A última palavra ficará realmente com Tony Curtis.

Marilyn Monroe foi sem a menor sombra de dúvidas um dos maiores mitos da história do cinema. Tinha uma vida pessoal marcada por inúmeros problemas (infância abandonada e infeliz, casamentos desfeitos, romances escandalosos, vício em medicamentos, problemas mentais, entre outros) e por isso é muito complicado nos dias de hoje determinar o que realmente aconteceu e o que são apenas estórias inventadas para faturar em cima de seu mito. Tony Curtis foi um grande nome do cinema também, tendo uma carreira vitoriosa nos anos 50 e 60. Porém com os anos 70 sua carreira no cinema estagnou e ele ficou com sérios problemas financeiros. Estaria apenas tentando ganhar algum dinheiro extra com sua bombástica revelação? Só o tempo dirá...

Pablo Aluísio.

A História de Rock Hudson - Parte 12

Foram amigos por toda a vida. Rock Hudson a adorava e Elizabeth Taylor retribuiu a bela amizade. O maior momento da carreira de ambos aconteceria no mesmo filme, "Assim Caminha a Humanidade". No enredo Rock era um durão fazendeiro do Texas que acabava se interessando pela dondoca garota do sul. Ao se casar com ela a leva para sua distante e isolada casa - onde viveriam juntos por longos anos, vivenciando as mudanças no comportamento e modo de ser do povo texano.

A amizade começou no set. Rock Hudson geralmente se dava muito bem com as atrizes com quem contracenava. Geralmente criava uma bela amizade com elas. Em relação a Liz a primeira coisa que lhe chamou a atenção foi sua beleza. Rock costumava dizer a ela que nunca tinha visto nenhuma mulher tão bela com olhos tão marcantes. Elizabeth Taylor fazia pouco caso, dizendo a Rock que se achava parecida com Minnie, a namorada do ratinho Mickey Mouse da Disney.

O curioso é que por essa época Elizabeth ainda não sabia que Rock era gay e muitas vezes interpretava seus elogios como cantadas nada sutis. Enquanto foi vivo Rock jamais abriu o jogo a ela, embora em pouco tempo Liz tenha sabido por fofocas que Rock já havia se relacionado com homens em seu estúdio de coração, a Universal. Como estavam agora trabalhando na Warner, Liz procurou ser a mais discreta possível.

Assim o relacionamento entre eles jamais avançou para uma fase mais adulta, ficando bem juvenil, como dois jovens vivendo a melhor época de suas vidas. Rock gostava de piadas e da companhia de Liz e ambos festejaram bastante durante as filmagens de "Giant". Numa noite, com o frio à toda, Rock lembrou que ela e Liz tiveram a ideia de misturar chocolate derretido e Martini com gelo, dando origem a um novo drink, que acabaria se tornando bem popular nos Estados Unidos durante os anos 1950.

Pablo Aluísio.

domingo, 9 de outubro de 2022

O Alfaiate

Aqui vai mais uma boa dica sobre o bom cinema inglês. Trata-se desse filme, chamado "O Alfaiate". Vejam, que história interessante. Um alfaiate inglês vai morar em Chicago nos anos 1930. Ele aprendeu o seu ofício nos melhores estabelecimentos comerciais de Londres. Um ofício que une técnica e arte ao mesmo tempo. Com o passar dos anos, ele foi se desiludindo, pois a moda do jeans chegou na Inglaterra. E em seu modo de pensar, não haveria como ser elegante vestindo aquele tipo de roupa. Estão ele parte para morar nos Estados Unidos. Agora pense um pouco. O que vem na sua mente quando eu falo em Chicago na década de 1930? Obviamente você vai lembrar dos grandes gângsters daquela época. Bandidos sim, mas bandidos muito elegantes e bem-vestidos. E essas pessoas passam a ser as principais clientes desse alfaiate inglês. 

Só que nessa proximidade, surgem problemas. Ele começa a deixar que recados, cartas e mensagens sejam trocados na parte interior de seu pequeno estabelecimento comercial. E aí já viu... ele acaba se envolvendo também com o submundo do crime de Chicago. O filme é muito bom e muito bem roteirizado. Em certos momentos, me lembrou de alguns filmes de Alfred Hitchcock. Com direito até mesmo a um corpo escondido dentro de um baú na sala principal. Lembrou de "Festim Diabólico"?. Pois é, exatamente isso. Bom filme, que mantém uma boa história e um desfecho que vai surpreender muita gente.
  
O Alfaiate (The Outfit, Inglaterra, 2022) Direção: Graham Moore / Roteiro: Graham Moore, Johnathan McClain / Elenco: Mark Rylance, Zoey Deutch, John Gumley-Mason / Sinopse: Um alfaiate inglês trabalhando na Chicago dos anos 1930, infestada por Gangsters, acaba se envolvendo com o submundo do crime.

Pablo Aluísio.

O Duque

Na década de 1960 um histórico quadro retratando o Duque de Wellington foi roubado de um museu em Londres. Inicialmente a Scotland Yard pensou se tratar de um bem elaborado plano de roubo, coisa de profissionais. Algo vindo de ladrões profissionais de alta arte. O caso teve grande repercussão na Inglaterra. Principalmente pelo valor histórico da pintura em si. Só que algumas semanas depois, os policiais e a sociedade inglesa foram surpreendidas quando um velhinho chegou ao museu para devolver a tal obra. Uma história muito inusitada. O sujeito era um senhor idoso, espirituoso, boa praça. Um tipo daqueles que gostam de conversar sobre os velhos tempos. Obviamente, ele foi levado a julgamento, mas acontece que através dos jornais, o seu carisma foi conquistando os ingleses em geral. 

Ele sempre tinha uma resposta espirituosa sobre todas as questões que lhe eram feitas. Essa história real rendeu um filme muito interessante. O cinema inglês é muito caracterizado e conhecido por esse tipo de humor, bem ao estilo dos britânicos. É o humor que nasce da fina ironia de certas situações da vida que não eram para ser engraçadas. O protagonista desse filme não era da nobreza, mas sim da classe trabalhadora. Entretanto também tinha seu próprio estilo de ser. Sua história fora do comum acabou virando esse bom filme inglês. Um fato que surpreendeu os ingleses na época e que irá surpreender quem assistir ao filme nos dias de hoje.

O Duque (The Duke, Inglaterra, 2020) Direção: Roger Michell / Roteiro: Richard Berg / Elenco: Jim Broadbent, Helen Mirren, Heather Craney, Stephen Rashbrook / Sinopse: Um famoso quadro pintado por Goya, retratando o duque de Wellington, figura histórica da Inglaterra, é roubado causando grande comoção dentro da sociedade inglesa. E quando foi revelado o autor do crime, todos foram surpreendidos novamente.

Pablo Aluísio.