sábado, 8 de agosto de 2020

Doce Virginia

Um casamento ruim pode gerar inúmeros problemas. Veja o caso desse filme. Uma esposa insatisfeita, que já não aguenta mais a indiferença e a violência de seu marido, decide que chegou a hora de contratar um assassino profissional para executá-lo. Um sujeito chamado Elwood (Christopher Abbott) aceita 50 mil dólares pelo "serviço". E ele realmente não perde tempo. Mata não apenas o marido dela, como também dois outros homens que estava ao seu lado em um restaurante. Serviço feito, é hora de receber o pagamento. Só que a ex-esposa descobre que o falecido marido não lhe deixou nada, a não ser dívidas e mais dívidas. E agora, como ela vai pagar o assassino?

O criminoso fica esperando seu dinheiro e decide se hospedar em uma pequeno hotel da região, um daqueles estabelecimentos de beira de estrada, bem comuns nos Estados Unidos. O lugar se chama "Doce Virginia". Esse é gerenciado por Sam Rossi (Jon Bernthal). No passado ele foi campeão de rodeios, mas depois de levar muitas quedas e ter um rouro caindo por cima dele, sua carreira acabou. Agora ele vive dentro do possível, gerenciando aquele hotel, colocando caras violentos para fora, de vez em quando salvando alguma prostituta em apuros que dá o azar de pegar um cliente violento e abusivo. No começo sua aproximação com o novo hóspede Elwood é bem amigável, mas isso seguramente vai durar pouco. Afinal ele é um criminoso, um assassino profissional e não vai tardar para que tudo acabe em uma explosão de violência. Bom filme, gostei. Inicialmente todos os personagens são bem desenvolvidos, para só depois haver uma conexão entre todos eles. Boa direção, elenco afinado, em um thriller que não decepciona.

Doce Virginia (Sweet Virginia, Canadá, 2017) Direção: Jamie M. Dagg / Roteiro: Paul China, Benjamin China / Elenco: Jon Bernthal, Christopher Abbott, Imogen Poots / Sinopse: Sam Rossi (Jon Bernthal), gerente de um hotel de beira de estrada chamado "Doce Vírginia" não sabe, mas seu novo hóspede é na realidade um assassino profissional que está na cidade para receber o dinheiro de um crime que cometeu. E essa aproximação, inicialmente amigável, pode se tornar bem violenta e explosiva.

Pablo Aluísio.

Henry & June

Título no Brasil: Henry & June
Título Original: Henry & June
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos, França
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Philip Kaufman
Roteiro: Philip Kaufman
Elenco: Fred Ward, Uma Thurman, Kevin Spacey, Maria de Medeiros, Richard E. Grant, Juan Luis Buñuel

Sinopse:
Baseado no livro escrito por Anaïs Nin, o filme "Henry & June" conta a história do romance e erotismo vivido pela autora com o escritor Henry Miller e sua esposa June. Em plena década de 1930 eles decidiram ampliar seus horizontes eróticos e sexuais. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor direção de fotografia (Philippe Rousselot). 

Comentários:
Esse filme conta uma história real de um triângulo amoroso que aconteceu em Paris, durante o ano de 1931. Os envolvidos eram escritores e poetisas, que decidiram romper com o moralismo e o pensamento conservador que existia na época. Nada de relacionamentos tradicionais, com casais chatos que procuravam seguir uma determinada cartilha de comportamento. Como intelectuais que eram, eles perceberam que tudo aquilo não passava de meras convenções sociais e como tais deveriam ser rompidas, sem culpas e nem pecados. O cineasta Philip Kaufman sempre foi conhecido por assinar obras cinematográficas mais autorais e também mais intelectualizadas. Aqui ele quis levar para a tela um evento envolvendo artistas que sempre admirou em sua vida. O resultado ficou muito bom, bem produzido, com um elenco acima da média. Na época se falou muito do fato do filme, que tinha tanto potencial nesse sentido, ter ficado de fora das principais categorias do Oscar. Parece que isso de deu pelo teor erótico de seu roteiro, considerado acentuado demais pela Academia. Um falso moralismo de seus membros. Uma pena. Assim se escreveu mais um capítulo na longa lista de injustiças do Oscar. Como cinema "Henry & June" é um primor.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

À Espera dos Bárbaros

Gostei desse filme. É uma bem elaborada crítica contra o sistema colonial. O cenário é um forte localizado bem no meio do deserto, na fronteira mais externa do império. Bom, antes de mais nada cabe uma informação. O filme erra ao não informar a época, nem a nacionalidade do exército invasor. De qualquer forma, temos a figura do colonizador. É um símbolo. E tudo corre relativamente bem. O comandante do forte é um homem sensato, já velho, calejado pela experiência. Identificado apenas como "o magistrado" ele trata bem todos os povos daquela região. Interpretado pelo ator veterano Mark Rylance, ele é o verdadeiro protagonista do filme.

Tudo muda com a chegada de um novo coronel chamado Joll (Johnny Depp). O sujeito é arrogante, perverso e com ar de superioridade. A pura boçalidade de um colonizador que acredita que todos os nativos são seres inferiores a ele. O militar acredita numa suposta superioridade racial e cultural sobre todos e as coloca em cima da mesa. Também é obcecado, acreditando que está para se formar uma grande rebelião contra o forte. Tudo pura ilusão de sua cabeça. Ele então começa sistematicamente uma série de torturas e barbaridades cometidas contra os locais. Mata pessoas idosas, cega mulheres jovens, agride e humilha os homens, tudo em suas sessões de tortura sem fim. Pura insanidade. Um jovem oficial, igualmente psicopata, interpretado pelo ator Robert Pattinson, faz todo o serviço sujo. Enquanto tortura, ri de forma sádica.

Assim o filme desfila a tragédia de se tornar membro de um grupamento militar nas mãos de um completo imbecil. Depp, que pelo visto em seus últimos filmes, está se especializando em interpretar vilões, está muito bem em seu papel. Porém quem merece aplausos de fato é o veterano Mark Rylance como o sensato magistrado. Em uma época em que isso era solenemente ignorado por forças de ocupação, ele defende os direitos humanos das populações locais. A fina ironia do roteiro é que os invasores chamam os nativos de "bárbaros", porém a verdadeira barbaridade é cometida pelos colonizadores, mostrando a verdade face dessa moeda histórica que até os dias de hoje ainda incomoda.

À Espera dos Bárbaros (Waiting for the Barbarians, Estados Unidos, Itália, 2019) Direção: Ciro Guerra / Roteiro: J.M. Coetzee / Elenco: Mark Rylance, Johnny Depp, Robert Pattinson / Sinopse: Um oficial de um país colonizador começa a cometer barbaridades e torturas contra as populações locais de uma região distante e inóspita do império, causando revolta e indignação por onde passa.

Pablo Aluísio.

Piratas do Caribe: O Baú da Morte

Título no Brasil: Piratas do Caribe - O Baú da Morte
Título Original: Pirates of the Caribbean - Dead Man's Chest
Ano de Produção: 2006
País: Estados Unidos
Estúdio: Walt Disney
Direção: Gore Verbinski
Roteiro: Ted Elliott, Terry Rossio
Elenco: Johnny Depp, Orlando Bloom, Keira Knightley, Bill Nighy, Jonathan Pryce, Jack Davenport

Sinopse:
Jack Sparrow (Johnny Depp) precisa recuperar o coração de Davy Jones para evitar escravizar sua alma. E isso não vai ser fácil já que outros estão na mesma busca, cada um com seu próprio interesse pessoal. Filme vencedor do Oscar na categoria de melhores efeitos especiais (John Knoll, Hal T. Hickel e equipe). Também indicado nas categorias de melhor mixagem de som e melhor edição de som.

Comentários:
Aqui vai uma pequena confissão que tenho em relação a esses filmes. Eu vi todos, alguns inclusive no cinema, mas na maioria das vezes, puxando apenas pela memória, nao consigo mais diferenciar uns dos outros. Isso em meu ponto de vista significa duas coisas. Primeiro que os filmes são muito parecidos entre si, sem maiores inovações. Segundo, que nunca chegaram a me marcar de nenhuma maneira. São filmes altamente comerciais, o Depp ficou muitas vezes milionário, é uma franquia cinematográfica bilionária... porém, não faria muita diferença se não existissem. Pelo menos no meu caso particular. Se vale por alguma coisa, em termos de cinema, poderia dizer que pelo menos resgataram um velho filão que andava morto e enterrado, a dos filmes de piratas, das aventuras dos sete mares, mesmo que bastante modificados, usando e abusando de efeitos especiais de última geração. De qualquer forma a Disney, produtora do filme, pouco se importou com todos esses detalhes. Essa produção de 200 milhões de dólares faturou mais de 1 bilhão de dólares nas bilheterias. Esse sim é um grande baú, só que de dinheiro!

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Amor e Inocência

Título no Brasil: Amor e Inocência
Título Original: Becoming Jane
Ano de Produção: 2007
País: Inglaterra
Estúdio: HanWay Films,
Direção: Julian Jarrold
Roteiro: Kevin Hood
Elenco: Anne Hathaway, James McAvoy, Julie Walters, James Cromwell, Maggie Smith, Anna Maxwell Martin

Sinopse:
O filme conta a história da juventuda da escritora de romances Jane Austen (Anne Hathaway). Filha de um pregador de modestas posses, ela passa a ser pressionada a se casar com um jovem herdeiro de grande fortuna. Só que seu coração pertence a um advogado de Londres chamado Tom Lefroy (James McAvoy). Roteiro baseado nas cartas pessoais de Austen.

Comentários:
Sempre apreciei muito a obra da escritora Jane Austen. No cinema seus livros deram origem a pelo menos cinco grandes filmes e inúmeras adaptações ao longo de todos esses anos. Esse belo filme aqui parte de um outro ponto de vista. Ao invés de adaptar os famosos livros românticos da escritora, agora a sua própria vida serve de material. Ao longo de sua vida ela também escreveu inúmeras cartas que anos depois de sua morte foram compiladas por historiadores e estudiosos de literatura na Inglaterra. E foi justamente essas cartas que deram origem ao roteiro do filme. Por essa razão não há como contestar os fatos históricos narrados nessa película. Tudo corresponde a uma verdade histórica ou pelo menos à interpretação dos fatos partindo da própria mente de Jane Austen. Assim ela viu os acontecimentos de sua vida. Essas eram as suas impressões pessoais das pessoas que viveram ao seu lado. E esse foi sentimento de amor em relação ao homem que poderia ter se tornado seu marido. E o mais curioso de tudo é que ao final do filme, que é excelente, repito, chegamos na conclusão de que sua vida real foi igualzinha aos seus próprios livros de romance. A mais pura expressão da arte imitando a vida ou da vida imitando a arte. Com Jane Austen não havia muita separação entre essas duas realidades.

Pablo Aluísio.

O Pai da Noiva

Título no Brasil: O Pai da Noiva
Título Original: Father of the Bride
Ano de Produção: 1991
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Charles Shyer
Roteiro: Frances Goodrich, Albert Hackett
Elenco: Steve Martin, Diane Keaton, Martin Short, Kimberly Williams-Paisley, Kieran Culkin, George Newbern

Sinopse:
George Banks (Steve Martin) é aquele tipo de pai ao velho estilo. Ele sempre teve um ótimo relacionamento com a filha, mas agora ela vai se casar, o que acaba trazendo ao paizão uma série incrível de problemas e aborrecimentos com a festa e seus preparativos. Filme indicado ao MTV Movie Awards.

Comentários:
Esse filme na realidade é um remake de um antigo filme estrelado pelo ator Spencer Tracy chamado "O Papai da Noiva", lançado em 1950. Como também é uma daqueles histórias atemporais, tudo foi uma questão apenas de adaptar melhor para nossos dias. O diretor Charles Shyer sem dúvida fez um bom trabalho nessa nova versão, principalmente porque optou bastante em focar no trabalho do elenco. Steve Martin, como o pai da noiva, está excelente, embora sua caracterização fique um pouco diferente da de Spencer Tracy. Enquanto esse era durão e com voz de trovão, Martin é do tipo mais dócil, aquele tipo de pai amigo da filha, que nunca vai elevar a voz contra ela. O ator  Martin Short faz um tipo muito engraçado, um desses profissionais de casamento, muito afetado e cheio de trejeitos. O choque com o personagem de Martin rende as melhores piadas e os momentos mais engraçados do filme. De resto é um filme bem "Family Friendly" que era a marca registrada das produções açucaradas da Touchstone Pictures nos anos 90.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Lincoln

Título no Brasil: Lincoln
Título Original: Lincoln
Ano de Produção: 2012
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Steven Spielberg
Roteiro: Tony Kushner, John Logan
Elenco: Daniel Day-Lewis, Tommy Lee Jones, Joseph Gordon-Levitt, Sally Field, James Spader, Lee Pace

Sinopse:
Com roteiro baseado no livro histórico “Team of Rivals” de Doris Kearns Goodwin, o filme "Lincoln" conta a história do presidente dos Estados Unidos Abraham Lincoln em um dos momentos mais cruciais da história de sua nação, quando o país viveu uma violenta e prolongada guerra civil. O exército da União em guerra com o exército confederado do Sul.

Comentários:

Muitas pessoas não param para pensar muito sobre isso, mas gostar de filmes de western também é gostar de história. Aqui temos o ponto de vista da política em relação ao grande conflito que se deu durante todos aqueles anos. A história da guerra civil dos Estados Unidos também é a história por trás da maioria dos filmes de faroeste. E o presidente nesse período sangrento foi o cultuado Abraham Lincoln. Homem culto, advogado e humanista, até hoje ele é reverenciado nos Estados Unidos. E para interpretar esse grande nome da história ninguém melhor do que um grande ator como Daniel Day-Lewis, o maior ator de sua geração. Não canso de elogiar esse grande talento. É daqueles atores que desaparecem em seu personagem. É justamente o que acontece aqui. E a direção de Steven Spielberg só vem para engrandecer ainda mais esse belo filme. Destaco também a qualidade do roteiro que precisou adaptar uma série de detalhes e fatos históricos importantes em apenas um filme. O material original era tão extenso que seria mais adequado para uma série com várias temporadas. De qualquer forma o trabalho dos roteiristas foi excepcional. Com isso o filme já pode ser considerado pelos cinéfilos como uma verdadeira obra-prima da sétima arte. Perfeição histórica em celulóide. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, atriz coadjuvante (Sally Field), ator coadjuvante (Tommy Lee Jones), ator (Daniel Day-Lewis) e direção (Steven Spielberg),

Pablo Aluísio.

O Esquadrão da Justiça

Título no Brasil: O Esquadrão da Justiça
Título Original: The Star Chamber
Ano de Produção: 1983
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Peter Hyams
Roteiro: Roderick Taylor, Peter Hyams
Elenco: Michael Douglas, Hal Holbrook, Yaphet Kotto, Sharon Gless, James Sikking, Joe Regalbuto

Sinopse:
O juiz Steven Hardin (Michael Douglas) não acredita mais na lei. Ele fica frustrado por ter que libertar criminosos perigosos, porém deve seguir sempre o que determina a lei. Depois de anos indignado decide formar um grupo para fazer justiça fora dos processos e dos trâmites legais. Ele decide executar por conta própria os piores criminosos que ficaram impunes.

Comentários:
Quando o filme começa o espectador fica chocado ao ver um juiz se tornando justiceiro. E o roteiro parece mesmo chancelar tudo o que acontece na tela, com um juiz mandando matar presos que ele mesmo mandou soltar. Ele quer justiça pelas próprias mãos, sem códigos, sem processos, sem lei nenhuma. Claro, temos aqui uma mensagem puramente fascista. Porém como poderia um progressista como o ator Michael Douglas entrar em um filme com uma mensagem tão perigosa como essa? Calma, o espectador deve ter calma. Lá pela parte final do filme vem a grande mensagem de que sem lei e sem processo não há como fazer justiça. O tal justiçamento dá errado e pessoas inocentes são executadas. Sangue nas mãos, sangue de pessoas que não fizeram nada de errado. O sistema de justiça pelas próprias mãos se mostra falho. Grande filme, grande roteiro, que traz uma mensagem mais atual do que nunca. E pensar que ainda hoje há pessoas que defendem justamente o que esse filme condena. Estão completamente obtusos. Uma mentalidade que não encontra mais espaço em países de primeiro mundo. A civilidade segue por outro caminho, que seguramente não é o da bárbarie e da violência insana.

Pablo Aluísio.