sábado, 7 de setembro de 2013

Amor Pleno

O americano Neil (Ben Affleck) conhece a bela francesa Marina (Olga Kurylenko) em Paris. Ela é mãe solteira e tem uma pequena filha de seis anos. Seu primeiro marido a deixou assim que a menina nasceu. O romance logo se torna intenso a ponto de Neil levar sua amante para sua cidade natal no meio oeste americano. A adaptação nos EUA porém se torna complicada para ela e a filha. Para complicar ainda mais a situação seu visto logo expira e ela precisa voltar para a França. Em sua ausência Neil acaba conhecendo e se apaixonando por outra mulher, Jane (Rachel McAdams), uma jovem divorciada que está se recuperando emocionalmente do fim de seu casamento e da morte de sua filha. Como se isso não fosse ruim o bastante ela ainda tem que lidar com os problemas em seu racho que está indo para a falência rapidamente. Ao mesmo tempo, na pequena comunidade onde vivem, um padre católico (Javier Bardem) passa por uma grande crise existencial e de fé. Sentindo-se solitário e tendo que dar ajuda espiritual para todos na comunidade ele começa até mesmo a questionar sua própria crença em Deus.

"Amor Pleno" é o novo filme do cineasta Terrence Malick. Eu sempre costumo dizer que o cinema de Malick não é para todos os tipos de público. Ele segue um estilo muito pessoal, intimista, sensível e sensitivo. Não há espaço para objetividade em sua filmografia. O diretor sempre optou por um estilo muito subjetivo de fazer cinema o que nem sempre agrada a todo mundo. Aqui temos um perfeito exemplo. São poucos os diálogos, na maioria das cenas o que impera é realmente uma narração em off dos principais personagens que vão contando suas reflexões, impressões sobre o mundo e até mesmo poemas. A estória se desenvolve na tela mas com raros diálogos e conversas entre os atores em cena. Tudo é muito mais sugerido do que mostrado. Além disso Malick não conta seu enredo de uma forma muito linear. O romance vai surgindo na tela aos poucos, em doses suaves, geralmente mostrando momentos de tensão ou reflexão interior dos principais personagens. Um trabalho com essa proposta tem que contar com uma certa cumplicidade do espectador, que certamente sofrerá um impacto de surpresa nas primeiras cenas. Alguns certamente acharão tudo muito chato e deixarão o filme pelo meio do caminho mas quem persistir vai acabar gostando tanto do ponto de vista do diretor como do romance atribulado que ele conta em forma peculiar. Embora tenha sido recebido com certas reservas pela crítica é aquele tipo de produção que vale realmente a pena ser conhecida. Certamente é diferente, fora dos padrões convencionais mas isso não diminui em nada seus méritos cinematográficos.  

Amor Pleno (To the Wonder, Estados Unidos, 2012) Direção: Terrence Malick / Roteiro: Terrence Malick / Elenco: Ben Affleck, Olga Kurylenko, Javier Bardem, Rachel McAdams / Sinopse: "Amor Pleno" é um drama existencial romântico que conta a estória de um triângulo amoroso envolvendo um americano, uma francesa e uma rancheira com problemas emocionais. Pontuando toda a estória temos ainda um padre católico tentando vencer uma crise existencial e de fé numa pequena cidade do meio oeste americano.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Comando Delta 2 - Conexão Colômbia

Pouca gente sabe mas Chuck Norris foi professor de muitos astros de Hollywood nas décadas de 60 e 70. Ensinando artes marciais ele deu aula para gente como Elvis Presley e até o ator mais popular de filmes de ação da época, Steve McQueen. Esse em um arroubo de modéstia certa vez deu um conselho para Norris que ele nunca esqueceu: "Se você não souber fazer nada na vida vire um ator de cinema". Bom, conselho dado, conselho seguido. Foi justamente esse caminho que o baixinho Norris procurou seguir ao longo dos anos. No começo ele foi apenas um coadjuvante esforçado mas na década de 80 sua estrela brilhou e ele estrelou uma série de filmes para a produtora Cannon Group (que não mais existe).  Menahem Golan que assina o roteiro desse filme era um dos donos da Cannon. E o filme em si era mais uma continuação para um dos êxitos comerciais de Norris na produtora, aquele que acabaria sendo o último filme de Lee Marvin, "Comando Delta".

A direção foi entregue para o irmão mais novo de Chuck Norris, Aaron Norris, que tentou realizar o melhor filme possível com o baixo orçamento disponibilizado pela combalida Cannon, naquele período já cheio de dívidas e problemas fiscais com o governo americano. Como não havia muito dinheiro o roteiro se tornou bem básico, partindo logo para a pancadaria em série, sem perda de tempo com firulas ou dramas desnecessários. O enredo dessa vez se passa na distante Colômbia, país conhecido por ser um dos maiores produtores de cocaína do mundo. É curioso perceber como que já naquela época havia a preocupação de enfrentar o problema na origem, desmantelando as quadrilhas produtoras da droga que depois era obviamente traficada para ser vendido no mercado americano (por sua vez o maior mercado consumidor de drogas do mundo). Norris e o Comando Delta vai até a Colômbia para resgatar um agente do DEA (Agência de combate antidrogas dos EUA). Chegando lá o filme se acomoda no que era de praxe para uma fita de ação dos anos 80 - Norris chuta alguns traseiros, mata vários traficantes, explode o que encontra pela frente e obviamente volta vitorioso para a América. Ou seja, um dia normal na vida de um herói de ação dos 80´s.

Comando Delta 2 - Conexão Colômbia (Delta Force 2: The Colombian Connection, Estados Unidos, 1989) Direção: Aaron Norris / Roteiro: James Bruner, Menahem Golan / Elenco: Chuck Norris, John P. Ryan, Billy Drago / Sinopse: O Comando Delta, tropa de elite das forças armadas americanas é enviado para a Colômbia com a missão de resgatar um agente do DEA, o poderoso departamento de combate aos tráfico de drogas dos EUA.

Pablo Aluísio.

American Horror Story

Não é algo muito comum hoje em dia termos séries de terror na TV. Por isso quando essa nova proposta surgiu na telinha no ano de 2011 foi uma grata surpresa. Criado pela dupla Brad Falchuk (produtor de Glee) e Ryan Murphy (diretor do mesmo seriado, Glee) a série logo foi considerada realmente inovadora. É até complicado entender como esses dois nomes envolvidos em uma série musical tão açucarada e adolescente como "Glee" conseguiram criar algo tão diferente como esse programa de terror e suspense. "American Horror Story" veio mesmo para mudar um pouco a opção de programação nas redes de TV a cabo dos EUA. Assistindo à primeira temporada o fã de filmes de terror logo descobrirá uma sucessão de citações a grandes películas do gênero. Todo o enredo se desenvolve em torno de uma casa antiga, situada nos arredores da cidade. Lá morou na década de 30 um casal bem situado na sociedade. O problema é que o marido, médico, realizava abortos e experiências nada convencionais no porão da casa. Depois de mortos voltam para assombrar os novos moradores. Mas esses espíritos não estão sós. Há toda uma leva de almas penadas rondando o lugar. E justamente quando conta a estoria dessas pessoas falecidas que a série se torna tão interessante.

Basicamente a casa acaba ganhando uma espécie de personalidade própria, como se fosse um ser sobrenatural que acaba engolindo todos os que por lá passam. Até mesmo um casal de gays bem intencionado logo se torna uma nova vítima dos acontecimentos. Outra boa sacada do roteiro é a inclusão de um jovem suicida que antes de tirar sua própria vida realiza um massacre na própria escola (óbvia referência à tragédia de Columbine). Assistindo aos episódios as referências se tornam bem claras. "Amityville" é uma delas, "Dália Negra" (cujo terrível crime é explorado em um dos episódios, é outro). Fora isso sobra também para "O Bebê de Rosemary", "Poltergeist", e até filmes mais recentes como por exemplo "Evocando Espíritos", cujo enredo foi bem reciclado por aqui. Produção muito boa, com direção de arte de excelente nível e uma abertura de arrepiar com todas aquelas fotos de crianças mortas tiradas no século XIX, algo que era comum na época. Elas tiravam as fotos em poses como se estivessem vivas, embora já falecidas. Como são fotos reais, o clima soturno logo se impõe na apresentação do programa. Até porque toda boa série tem que ter uma abertura marcante. Já a segunda temporada foi acusada de ser violenta demais o que não prejudicou a série que já tem confirmada a terceira leva de episódios a ser lançada em breve. Quer tomar alguns sustos na sua TV? Então sintonize em "American Horror Story" o mais rapidamente possível!

American Horror Story (Idem, Estados Unidos, 2011 - 2013) Direção: Alfonso Gomez-Rejon, Bradley Buecker, Michael Lehmann / Roteiro: Brad Falchuk, Ryan Murphy / Elenco: Evan Peters, Jessica Lange, Lily Rabe, Zachary Quinto, Frances Conroy, Dylan McDermott, Joseph Fiennes / Sinopse: Série que traz para a TV o universo da mitologia dos filmes de terror do cinema.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Top Secret! - Super Confidencial

Já que estamos falando de comédias dos anos 80 que fizeram sucesso nas locadoras de vídeo (lembram delas?) que tal relembrar esse verdadeiro clássico besteirol? Aqui no Brasil o filme se chamou "Top Secret! Super Confidencial" (em uma verdadeira redundância entre o título original e o nacional, onde como sempre nossos tradutores acabaram enfiando os pés pelas mãos!). O filme foi assinado pelo trio maluco ZAZ (Jim Abrahams, David Zucker e Jerry Zucker). Esses caras criaram um novo tipo de comédia no cinema, baseada principalmente no que se via em revistas populares de humor como MAD. A intenção era satirizar o máximo possível a chamada cultura pop, onde não se deixaria pedra sobre pedra em relação a obras cinematográficas ditas sérias. Aqui o trio mirou sua metralhadora de piadas nos clássicos filmes de guerra e espionagem das décadas anteriores. Também tirou uma onda com os filmes musicais estrelados por Elvis Presley nos anos 60. Aliás quero abrir um parêntese aqui. Val Kilmer como um cantor, espião e galã está melhor como uma piada de Elvis Presley do que muito imitador profissional por aí. Aliás Kilmer, novinho e praticamente estreando no cinema, esbanja charme e ironia em seu personagem.

Na verdade "Top Secret! Super Confidencial" não foi a primeira comédia nessa linha. Antes o mesmo trio ZAZ já tinha arrebentado a porta com a divertida e hilariante sátira aos filmes da franquia "Aeroporto" intitulado "Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu!". O interessante é que esse besteirol acabou enterrando a própria série de filmes "Aeroporto" pois depois dele ninguém mais conseguia levar à sério os filmes originais. Já "Top Secret!" encontrou seu nicho ideal no novo mercado de vídeo VHS que se espalhava rapidamente na década de 80. Era obviamente outro filme muito gaiato e cheio de zombarias que se tornava ideal para os jovens assistirem em casa com sua turma. Da primeira à última série havia uma profusão incrível de gags pra lá de divertidas, algumas extremamente bem boladas, outras que pegavam o espectador pelo tamanho da bobagem colocada no filme. Sobrou até para o clássico romântico "A Lagoa Azul". Infelizmente não existe fórmula de fazer filmes que não se desgaste e o besteirol, embora ainda vivo, já não consegue ter a mesma graça que tinha em seu surgimento. A proliferação de comédias nesse estilo acabou desgastando o humor que antes era considerado original e revolucionário. De uma forma ou outra não poderia deixar de colocar a dica aqui no blog dessa divertida bobagem nostálgica dos anos 80.

Top Secret! Super Confidencial (Top Secret!, Estados Unidos, 1984) Direção: Jim Abrahams, David Zucker, Jerry Zucker / Roteiro: Jim Abrahams, David Zucker, Jerry Zucker / Elenco: Val Kilmer, Lucy Gutteridge, Peter Cushing / Sinopse: Divertida comédia que satiriza filmes clássicos e populares de Hollywood como os épicos de guerra e espionagem e musicais estrelados por Elvis Presley na década de 1960.

Pablo Aluísio.

A Primeira Transa de Jonathan

Na década de 1980 um tipo de comédia adolescente ficou bem popular. Eram justamente aquelas que apelavam mais para o lado picante de seus roteiros. Era o tempo de coisas como "Pork´s", "Picardias Estudantis", "Negócio Arriscado" e "O Último Americano Virgem" entre outros, filmes bem cretinos mas que faziam a festa da rapaziada na época. Dentre tantas produções esse "A Primeira Transa de Jonathan" me chamou logo a atenção naqueles anos. Não por ser uma obra cinematrográfica digna de nota, nada disso, mas sim por ser ambientada em 1956, ano em que, todos sabemos, a música americana passou por um período muito fértil e rico em termos de Rock ´n´Roll. O filme não explora isso muito, é verdade, preferindo ir pelo lado mais gaiato das aventuras de Jonathan em perder sua virgindade (velha obsessão para quem está naquela idade) mas em compensação tinha uma boa trilha sonora e é claro a presença da bela Kelly Preston que no máximo da ousadia aparecia de topless em cena. Ela se casaria anos depois com John Travolta.

O filme foi inúmeras vezes reprisado e obviamente a cada nova reprise ia ficando cada vez pior, fruto é claro do próprio desenvolvimento do espectador, afinal o que parecia ser bem interessante aos 14 anos já não era aos 20 e por aí em diante. De uma forma ou outra os anos passados também acabaram trazendo um insuspeito sabor nostálgico a essa fitinha para adolescentes dos anos 80. Você começa a se lembrar dos amigos, das paqueras, do colégio, da época em que você era apenas um adolescente enfim. Era o tempo do videocassete, das fitas VHS e dos cabelos armados. Isso aliás é bem curioso pois apesar da estoria do filme passar na década de 50 o seu estilo de produção, a edição e os cenários, tudo nos remete aos anos 80. Saudosismo puro? Pode ser. Assim se você estiver em busca de uma verdadeira sessão nostalgia que tal rever "A Primeira Transa de Jonathan"? Um filme de uma época em que até os filmes ruins pareciam bons.

A Primeira Transa de Jonathan (Mischief, Estados Unidos, 1985) Direção: Mel Damski / Roteiro: Noel Black / Elenco: Doug McKeon, Catherine Mary Stewart, Kelly Preston / Sinopse: Jovem estudante vivendo na década de 50 sonha com o dia em que finalmente vai perder sua virgindade.

Pablo Aluísio.

Lendas da Paixão

Depois das complicadas filmagens de “Entrevista com o Vampiro” (onde se fala na boca pequena que Brad Pitt e Tom Cruise não se deram nada bem) o agora astro Pitt embarcou em uma produção feita justamente para faturar em cima de sua notoriedade como celebridade e símbolo sexual. É algo que se repete em tempos em tempos em Hollywood. A cada geração surge um ator com look impecável que logo cai nas graças do público feminino. Inicialmente os estúdios correm para aproveitar e faturar muito em cima de seu visual, criando filmes bonitos de se ver, com ótima produção e temas supostamente edificantes (de preferência com muito romance). Depois esse novo astro começa a se cansar de ser visto apenas como um rostinho bonito feito sob medida para interpretar personagens galãs e tenta partir para outra. Com Brad Pitt a cartilha foi seguida à risca. No começo ele era apenas um jovem bonito, com longos cabelos loiros que enfeitiçava as mulheres. Depois tentou ganhar status de ator sério em produções mais ousadas como “Clube da Luta” ou “Os 12 Macacos”.

Esse “Lendas da Paixão” faz parte da fase em que Brad Pitt era apenas um rostinho bonito em evidência nas páginas das revistas femininas. De fato foi o primeiro filme em que se apoiou completamente em seu nome como apelo junto às platéias do sexo oposto. O roteiro não é grande coisa mas temos uma produção bonita, com tomadas ao estilo cartão postal e um elenco de apoio de peso (com direito à presença do grande ator Anthony Hopkins) para dar um suporte e status de filme importante. Particularmente nunca fui fã de “Lendas da Paixão”. Acho que realmente se trata de um filme um tanto quanto vazio em suas qualidades cinematográficas. Obviamente que não faço parte do público a que essa produção se destina mas de um modo em geral acho um produto que não marca, e que por isso envelheceu um pouco precocemente. Foi importante para Brad Pitt em um momento da carreira dele em que tinha que provar que poderia segurar um filme desse porte sozinho, como grande chamariz de bilheteria, mas fora isso não penso que tenha sido algo que contribuiu para seu desenvolvimento como ator – algo que faria brilhantemente nos anos seguintes, aceitando participar de filmes interessantes e relevantes. Já para quem está atrás do lado galã do ator penso que “Lendas da Paixão” é de fato o produto ideal. Se é isso que você busca só posso mesmo desejar uma boa sessão.

Lendas da Paixão (Legends of the Fall, Estados Unidos, 1994) Direção: Edward Zwick / Roteiro: Susan Shilliday, William D. Wittliff / Elenco: Brad Pitt, Anthony Hopkins, Aidan Quinn / Sinopse: “Lendas da Paixão” narra a saga de uma família tipicamente americana durante os conturbados eventos históricos que se abateram sobre a nação durante o começo do século XX.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Uma Noite com o Rei do Rock

Nos anos 1970 um jovem sonha em se tornar uma grande estrela do rock mas sua vida é muito dura para tentar concretizar esse tipo de sonho. Sua mãe passa por uma crise depressiva e ele não tem grana para montar uma grande banda. Quando Elvis Presley chega para cantar em sua cidade ele resolve colocar em prática um plano maluco: raptar o artista para que ele possa cantar para sua mãe pessoalmente! O plano acaba dando certo e Elvis, longe dos shows e do fechado círculo em que vive, começa a tomar gosto novamente pelas coisas simples da vida, voltando nesse processo a ter mais uma vez prazer em cantar e tocar sua velha música. "Uma Noite com o Rei do Rock" é uma típica produção da Touchstone Pictures (o braço de filmes convencionais do grupo Disney na década de 80). Esse estúdio se notabilizou por suas comédias leves, limpas, feitas para a família americana. Aqui o alvo é o cantor Elvis Presley em sua fase Las Vegas. Com roupas brancas (jumpsuits) o cantor se notabilizava - segundo o roteiro do filme - por ter virado um artista quadradão, ultrapassado, que sempre se apresentava para um público envelhecido que o via ainda como um ídolo de sua juventude perdida. Um artista meramente nostálgico e sem relevância para os jovens da época (encarnados pelo garoto que o rapta).

Nesse ponto de vista o filme adota até mesmo uma atitude cruel com o Elvis dos anos 70. Em muitos momentos o jovem fala para o próprio Elvis que ele estava acabado, que só cantava para velhas e coisas do tipo. Em certo momento do filme o garoto critica Elvis dizendo que ele era revolucionário quando jovem mas que agora a rapaziada não mais o ouvia como acontecia no passado. Ele havia virado um ídolo de velhas e solteironas. Ao mesmo tempo o personagem começa a se convencer disso adotando poses e imagens que o fizeram famoso na década de 50. Fica óbvio para quem assiste que o argumento do filme se apoia em algumas bobagens e até mesmo preconceitos. Para os fãs de Elvis, que acompanharam sua carreira, isso certamente vai parecer uma besteira pura e simples. Mesmo assim se não formos analisar tudo de forma tão detalhista (o que é de certa forma o certo já que se trata de uma comédia descartável) até que podemos nos divertir um pouco. Infelizmente os números musicais são desastrosos (o ator que interpreta Elvis passa longe de conseguir repetir a dança do cantor) e as músicas são todas interpretadas por covers de Elvis Presley em algumas versões bem caricatas. No saldo final o que temos aqui é uma comediazinha adolescente que usa Elvis apenas como chamariz de público, muito embora (como sempre aliás) fique longe de ser considerado algo realmente relevante.

Uma Noite Com o Rei Do Rock (Heartbreak Hotel, Estados Unidos, 1988) Direção: Chris Columbus / Roteiro: Chris Columbus / Elenco: David Keith, Tuesday Weld, Charlie Schlatter / Sinopse: Jovem resolve raptar o famoso cantor Elvis Presley e o leva para casa para que ele possa cantar pessoalmente para sua mãe que passa por uma crise depressiva.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Um Príncipe em Nova York

Depois do grande sucesso comercial de "Um Tira da Pesada 2" o ator Eddie Murphy ganhou carta branca do estúdio Paramount. Afinal de contas ele era o astro número 1 do cinema americano na época. Murphy então resolveu apostar nesse "Um Príncipe em Nova York", baseado em seu próprio roteiro, pois lhe daria oportunidade de interpretar vários personagens ao mesmo tempo. Era um velho sonho que ele tinha desde os tempos do SNL. Afinal de contas com o avanço dos efeitos de edição e a primorosa técnica de maquiagem o comediante poderia interpretar qualquer um! Também inovou ao colocar um elenco praticamente todo negro, com nomes que estavam em franca ascensão na época como, por exemplo, Arsenio Hall, que tinha um programa de grande popularidade na TV americana. Além disso chamou um de seus grandes ídolos de infância, o ator James Earl Jones, cuja voz de trovão havia sido usada por George Lucas em "Star Wars" para dublar o vilão Darth Vader. 

Com produção refinada, luxuosa e direção do sempre eficiente e competente John Landis, "Um Príncipe em Nova York" conta em seu roteiro a estorinha do Príncipe Akeem (Eddie Murphy), herdeiro do trono de um distante país africano chamado Zamunda. Ele está em conflito com seu pai, o Rei Jaffe Joffer (James Earl Jones), que deseja que ele se case com uma moça de tradicional família. Sem querer se submeter a um casamento arranjado ele decide ir até a América onde tem a esperança de encontrar, quem sabe, o amor de sua vida. Para isso ele finge ser um pobre estudante africano com a intenção de evitar que sua fortuna e seu status real atraia alguma interesseira. No filme Murphy, como dito, interpreta vários personagens, com maquiagem pesada. Em todos eles (a saber: Clarence, Randy Watson e Saul) se sai muito bem. O problema é que o roteiro não ajuda, o filme é muito meloso para fazer rir realmente. Para Eddie a produção acabou servindo de laboratorio para algo que ele iria usar em filmes futuros, interpretando vários personagens ao mesmo tempo, com resultados bem melhores é bom frisar.

Um Príncipe em Nova York (Coming to America, Estados Unidos, 1988) Direção: John Landis / Roteiro: Eddie Murphy, David Sheffield / Elenco: Eddie Murphy, Arsenio Hall, James Earl Jones / Sinopse: Príncipe africano vai até Nova Iorque para tentar encontrar o amor de sua vida, para isso se faz passar por um jovem estudante pobre.

Pablo Aluísio.