terça-feira, 22 de junho de 2010

Elvis Presley - Biografia - 1961

Elvis Presley - Biografia - 1961
Fevereiro de 1961 - Elvis lança o Single "Surrender / Lonely Man" - Surrender(Pomus/Schuman) - Outra versão de uma canção italiana vencedora do Festival Napolitano de Piedigrotta no ano de 1909. "Torna a Sorriento", seu título original, foi gravada pelo cantor Mario Lanza em 1951 pela RCA. Presley era grande Fã de Lanza o que justifica a gravação desta música. Assim como aconteceu com "It's Now or Never" esta canção se tornou líder das paradas quando foi lançada em Fevereiro de 1961. Elvis aqui esbanja seu poderio vocal numa interpretação que deixaria o velho Lanza orgulhoso. Para o Lado B do single o Coronel escolheu a bela música Lonely Man do filme Wild In The Country (coração rebelde, no Brasil). O Single se tornou um grande sucesso de Elvis, chegando simultaneamente aos primeiros lugares das paradas americanas e inglesas.

Fevereiro de 1961 - Novo compacto duplo é lançado nos EUA: "Elvis by Request - Flaming Star". Apesar do nome só trazia duas canções de estrela de fogo: "Flaming Star" e "Summer Kisses, Winter Tears", sendo o lado B ocupado por dois medalhões da carreira de Elvis: "It's Now or Never" e "Are You Lonesome Tonight?". Por quê a RCA não lançou a trilha completa nesse compacto? Provavelmente os executivos da gravadora não colocavam muita fé nessas canções e temiam uma má posição nas charts. Se essa foi a intenção o tiro saiu pela culatra, pois o EP não atingiu o Top 10, ficando apenas na 14º posição. Teria sido melhor mesmo lançar a trilha sonora completa do filme, o que traria mais organização dentro da bagunçada discografia de Elvis por essa época.

Fevereiro de 1961 - Elvis faz duas apresentações beneficientes no Ellis Auditorium de Memphis no dia 23 desse mês. O cantor recebe um prêmio da RCA pelos 76 milhões de discos vendidos até aquela ocasião. Depois de um almoço no luxuoso Hotel Claridge Elvis concede uma entrevista coletiva à imprensa.

Março de 1961 - Elvis é homenageado pela Assembléia Legislativa em Nashville. Ele faz um pequeno discurso de agradecimento.

Março de 1961 - Elvis viaja para o Havaí para o começo das filmagens de seu novo filme, Blue Hawaii (Feitiço Havaiano). Na ocasião o Rei do Rock faz seu último show ao vivo até 1969. No Havaí o cantor se apresenta para levantar fundos para o USS Arizona, navio afundado durante o ataque à Pearl Harbor na Segunda Guerra Mundial. Depois desse show Elvis se retira dos palcos por ordens do Coronel Parker. A partir de agora para ver Elvis cantar apenas comprando um ingresso de cinema.

Maio de 1961 - Elvis lança novo single para promover o filme "Wild In The Country". Com as canções I Feel So Bad e Wild In The Country. I Feel So Bad do autor Chuck Willis trazia Elvis Presley em ritmo de Blues. Aqui ele conta com a importante contribuição de seu saxofonista titular Boots Randolph. "Blues" é um ritmo inventado pelos escravos negros americanos nas grandes plantações de algodão do sul dos EEUU. Elvis era um garoto do Mississippi o que explica sua intimidade com este ritmo que ele ouvia no rádio desde criança. Esse single trouxe mais um disco de ouro para o Rei do Rock, se tornando Top 5 na Billboard e segundo lugar na Inglaterra nas listas dos singles mais vendidos. Porém o single britânico apresentava uma curiosidade: a ordem das músicas foi invertida.

Destaques da trilha de Wild In The Country: In My Way - (F. Wise / B. Weisman) - Essa canção é do filme "Wild In The Country" (coração rebelde, no Brasil). O filme foi uma tentativa de Elvis em melhorar seus papéis no cinema. Como o roteiro do filme foi por demais intimista, as músicas acabaram indo pelo mesmo caminho. Aqui Elvis duela solitariamente com um violão, sem acompanhamento nenhum. A voz de Elvis está especialmente bela nessa canção, que é muito curta, com pouco mais de 1 minuto e 20 segundos. A canção é triste e serena. Ponto positivo para a voz de Elvis, que aqui se destaca. Forget Me Never (F. Wise / B. Weisman) - Outra música do filme "Wild In The Country" que conta apenas com Elvis e violão. Essas músicas desse filme pouco acrescentam à carreira de Elvis. Apesar de extremamente profissional, Elvis não queria que esse filme tivesse canções, pois sua intenção era apenas desenvolver seu lado de ator dramático. Quando soube que teria que gravar uma trilha para o filme Elvis ficou visivelmente desapontado. Por isso houve uma certa má vontade de sua parte, mas nada que chegue a prejudicar a música em si. Como afirmei antes, o lado profissional de Elvis nessas ocasiões falava mais alto. Mesmo contrariado ele tentaria dar o melhor de si. O que não ajudou mesmo foi o próprio material à sua disposição, que era apenas razoável. No final é apenas um momento mediano e esquecível do disco.

Junho de 1961 - A RCA Victor lança um novo disco de Elvis, Something For Everybody. - Ótimo momento da discografia de Elvis Presley nos anos 60. Este disco quando foi lançado em maio de 1961 alcançou rapidamente o primeiro lugar da parada musical da Revista Billboard ocupando esta posição durante três semanas consecutivas. "Something For Everybody" foi gravado em apenas uma sessão de gravação em Nashville! Elvis entrou nos estúdios às 10 da noite do dia 12 de março e gravou até às cinco da manhã do dia seguinte. Em pouco mais de 7 horas o cantor já havia terminado sua parte deixando todas as músicas prontas para a RCA. Neste caso a pressa não foi inimiga da perfeição, pois este fato demonstra o alto poder de trabalho de Elvis e também o qualifica como o mais rápido "hit maker" da história. O que aconteceu realmente era que Elvis e banda já estavam devidamente ensaiados ao entrar em estúdio, então foi apenas uma questão de se chegar ao take adequado. No mesmo mês que este disco foi lançado o single "I Feel So Bad / Wild in the Country" chegava ao quinto lugar na parada americana e ao primeiro na parada britânica. O lado B deste single promovia o lançamento de mais um filme de Elvis "Wild in the Country" (coração rebelde, 1961). Este filme marca a tentativa de Elvis em estrelar filmes de maior qualidade com roteiros melhores e papéis dramáticos, porém seu objetivo não foi alcançado pois seus maiores sucessos cinematográficos iriam ser as comédias musicais românticas como "Blue Hawaii" (feitiço havaiano, 1961). De qualquer forma a música "I Sleeped, I Stumbled, I Feel" foi incluída no disco para promover o lançamento do filme.

Destaques do disco: There's Always Me (Don Robertson} - Maravilhosa canção romântica escrita pelo ótimo compositor Don Robertson. Robertson inclusive compareceu ao estúdio de gravação e trocou algumas idéias com Elvis. É sem sombra de dúvida uma das mais belas músicas interpretadas pelo Rei do Rock, que nos presenteia com um momento mágico. Além de contar com a voz de Elvis em um de seus melhores momentos, esta traz ainda a participação muito especial da vocalista Millie Kirkham. Simplesmente ouça e se emocione. I'm Comin Home (Charlie Rich) - A Melhor canção de todo o disco. Conta com ótimos solos musicais de Scotty Moore na guitarra e Floyd Cramer no Piano. A canção se tornou um grande sucesso na época chegando ao primeiro lugar nas paradas. Ele representa a típica canção pop do início dos anos sessenta. Sem dúvida uma música para entrar na história do Rock mundial. Sentimental Me (Cassin/Moreheread) - Sucesso em 1949. Elvis foi de certa forma fiel à original dando apenas uns toques para que ela se encaixasse em seu estilo musical. No final tudo saiu bem como podemos conferir. Nesta época começaram a surgir as primeiras críticas ao excesso de músicas românticas nos discos de Elvis. Ele porém não se importou com elas e continuou a gravar belas canções de amor como esta. Starting Today (Don Robertson) - O Compositor Don Robertson dá o tom do lado romântico deste disco. Aqui outra de suas pérolas musicais interpretada de forma impecável pelo Rei do Rock e seu grupo. Elvis e Don Robertson se tornaram amigos, inclusive o cantor o convidou a ir a Graceland para juntos discutirem e falarem sobre música. Gently (Wizeth/Lisbona) - Canção Romântica bem ao estilo acústico que difere bastante das outras músicas do disco. Sem dúvida é um belo momento da carreira de Elvis. Fez parte também da última coletânea da discografia de Elvis o LP "Welcome to my World". Elvis a gravou três vezes e escolheu uma das versões como a definitiva. As outras duas seriam lançadas em discos piratas nos anos 80.

Junho de 1961 - Wild In The Country (Coração Rebelde, no Brasil) é lançado nos EUA. Um ano após deixar o exército Elvis Presley deu seguimento ao seu plano de se tornar um ator respeitado em Hollywood. Depois de fazer concessões aos estúdios com G.I.Blues Elvis se sentia forte o suficiente para exigir certo controle artístico sobre sua carreira no cinema. O chefão da Fox, Darryl F. Zanuck, já havia dado carta branca a Elvis para ele escolher o roteiro que quisesse para seu próximo filme no estúdio. Então Elvis foi à caça de uma boa estória para ser filmada. Depois de ler pilhas de scripts e roteiros Elvis escolheu "Wild in The Country", uma adaptação de uma peça teatral que havia sido escrita para ser estrelada pelo ator Montgomery Clift. Infelizmente antes das filmagens programadas Clift sofreu um sério acidente de carro ao sair da casa de Elizabeth Taylor e teve o rosto completamente desfigurado pelo painel de seu carro. Com isso o projeto do filme foi arquivado. Ao cair nas mãos de Elvis no verão de 1960 o rei do rock se entusiasmou pelo roteiro e pela chance de finalmente fazer um filme com conteúdo mais dramático. Para Elvis esse filme deveria ser filmado de forma fiel à adaptação da peça teatral. Com a aprovação de Darryl F. Zanuck o projeto começou a tomar forma com a contratação do conceituado diretor Phillp Dune e a escalação das atrizes Hope Lange, Tuesday Weld e Cristina Crawford.

Olho Clínico: Tudo ia bem com Coração Rebelde" até o dia em que o coronel Parker resolveu ler o teor da estória do novo filme de Presley. Parker ficou chocado com o que leu! Em primeiro lugar a estória era completamente dramática com final trágico - Elvis faria um personagem que se envolvia com uma mulher mais velha, não haveria músicas e o pior: Elvis se suicidaria no final! Uma coisa inaceitável na visão de Tom Parker, sempre preocupado com a imagem de seu principal (e único) cliente! Atuando pelas costas de Elvis o coronel começou a tomar as rédeas do projeto: o final foi mudado por um grupo de roteiristas contratados pelo empresário, o romance entre Elvis e uma mulher mais velha foi suavizado e foi encaixada diversas músicas dentro do filme (no roteiro original o personagem principal nem sabia cantar!). Elvis ficou completamente desapontado pois o filme agora se aproximava cada vez mais de sua comédias bobocas! Tudo em que havia apostado agora estava indo por água abaixo! Tentou vencer a queda de braço com Parker e Zanuck mas não conseguiu, principalmente depois que o diretor Phillip Dune resolveu ceder às pressões comerciais envolvidas na realização da película. Assim Elvis se viu totalmente sozinho na defesa do roteiro original que havia lido. Finalmente o presidente da Fox se reuniu com Elvis e demonstrou que as mudanças seriam mais benéficas ao sucesso do filme. Elvis resolveu então tentar salvar o que restava do script mas não obteve êxito em um set completamente controlado pela mão forte do todo poderoso magnata Darryl F. Zanuck. Finalmente acabou cedendo as pressões, com um forte sentimento de frustração e decepção com a maneira de fazer filmes em Hollywood. E assim "Coração Rebelde" se tornou um filme sem identidade própria, um mistão indigesto que tentava colocar sob o mesmo teto conceitos teatrais complexos com romances inventados na última hora para suavizar a forte densidade melodramática da trama. E também se tornou o adeus de Elvis às suas pretensões de exercer uma atividade de ator independente de sua carreira musical, principalmente depois do sucesso arrasa quarteirão do filme "Feitiço Havaiano", que chegou nas telas nesse mesmo ano. E a fusão desse dois fatores: o sucesso de "Feitiço Havaiano", comédia musical leve cheia de canções, e o relativo fracasso de "Coração Rebelde", filme com pretensões mais sérias, iria determinar como seria a futura carreira de Elvis no cinema, onde ele não iria mais sair do esquema imposto pelos grandes estúdios, das comédias musicais românticas. Era o fim do sonho de Elvis em se tornar um novo Marlon Brando ou James Dean. Será que se tivesse tido a oportunidade ideal, Elvis teria se tornado um grande ator? Nunca saberemos ao certo, infelizmente.

Julho de 1961 - Elvis viaja para a Flórida para as filmagens de Follow That Dream (Em cada sonho um amor). No dia 30 desse mês é eleito o "Rei da Festa Latina", as filmagens são interrompidas para que Elvis possa comparecer ao evento.

Agosto de 1961 - Elvis lança o single His Latest Flame / Little Sister. (Marie's The Name) His Latest Flame (Pomus/Schuman) - Priscilla Presley relata em seu livro "Elvis & Eu" (Elvis and Me, Ed. Rocco, 1985) que pensou seriamente que Elvis estava envolvido com uma garota chamada "Marie" quando esta canção foi lançada. Isto reflete bem o pensamento juvenil da garota de 14 anos que se apaixonou por Presley em 1958 e que iria se casar com ele em 1967. Priscilla, que era filha de um oficial da Força Aérea, conheceu Elvis quando ele servia o exército Americano na Alemanha. Foi uma paixão avassaladora entre ambos, tanto que Elvis nunca iria se recuperar de seu divórcio em 1973 quando Priscilla o abandonou. Little Sister (Pomus/Schuman) - Música lançada como lado B do single "His Latest Flame" em agosto de 1961. A letra é bem fraquinha, porém o ritmo é ótimo principalmente pela aula de guitarra de Scotty Moore. Elvis no filme de 1970 "That's The Way It Is" (Elvis é assim, 1970) apresenta esta música em um ensaio com sua banda, nada levado à sério mas que serve para animar o ambiente durante as gravações.

Outubro de 1961 - Elvis começa novo filme em locação nas montanhas Idyllwild, perto de Los Angeles. O filme se chama Kid Galahad (Talhado para Campeão). Elvis resolve comprar uma residência em Los Angeles pois está cansado de ficar hospedado em hotéis. No final acaba comprando duas mansões, uma em Bel Air e outra em Belagio Road.

Outubro / Novembro de 1961 - Estréia Blue Hawaii.
Estréia nos EUA e Europa o maior sucesso da carreira de Elvis: Blue Hawaii (Feitiço Havaino, no Brasil). Este filme e sua trilha sonora se tornariam um enorme sucesso de vendas quando foram lançadas para as férias de fim de ano. O LP com a trilha completa atingiu rapidamente o primeiro lugar ficando nesta posição durante 5 Meses!!! (recorde absoluto). O single extraído da trilha com "Can't Help Falling in Love / Rock A-Hula Baby" também acompanhou o grande sucesso deste filme. "Blue Hawaii" (feitiço havaiano, 1961) seria o grande responsável pelos rumos que a carreira de Elvis iria tomar a partir daí. Praticamente todos os seus filmes posteriores iriam seguir a fórmula desta película, com o roteiro versando sobre garotas bonitas, praias turísticas e o interesse romântico do personagem principal. A direção do filme ficou novamente a cargo de Norman Taurog e a estrela seria novamente a atriz Joan Blackman que já havia contracenado com Elvis em "Loving You" (a mulher que eu amo, 1957). O roteiro era baseado no romance "O rapaz Havaiano da praia" e a estória versava sobre um jovem de família rica, recém saído do exército, que tentava vencer na vida sozinho. O disco, é claro, segue a mesma temática do filme e Elvis pelo menos no caso desta trilha nos brinda com algumas belas canções que ficaram imortalizadas na sua voz e que iriam se incorporar definitivamente em seu repertório de Shows durante os shows dos anos 70. "Blue Hawaii" (feitiço havaiano, 1961) é isso aí: um filme bonito de se ver, mostrando os pontos mais turísticos das ilhas havaianas, com Elvis pegando umas ondas com seu "jacaré", namoros, diversão e música. Talvez por ser sido tão "relax e na paz" tenha tido tanto sucesso.

Destaques do disco: Blue Hawaii (Robin/Rainger) - Música título do filme. A versão original desta canção foi lançada em 1937 por Bing Crosby para a trilha do filme "Waikiki Wedding". Em 1957 o cantor Billy Vaughn a relançou com grande sucesso. Finalmente Elvis gravou sua versão em 22 de março de 1961. Sem sombra de dúvida é uma bela canção que faz jus ao talento do Rei do Rock. A crítica Pauline Kael escreveu sobre "Blue Hawaii": "Elvis parece que deixou sua moto e seu casaco de couro negro à la Brando de lado e o trocou por uma prancha de surf! Só uma coisa parece não ter mudado: seu topete para fazer filmes bobinhos". Almost Always True (Wise/Weisman) - Música deliciosa e empolgante da trilha. O grande destaque fica com a maravilhosa participação do Saxofonista Boots Randolph. O elenco de "Blue Hawaii" (feitiço havaiano, 1961) contava ainda com Nancy Winters, Angela Lansbury, Roland Winteres e Joan Blackman. O filme foi produzido por Hall Wallis para a Paramount Pictures. No More (Yradler/Robertson/Blair) - Adaptação do grande sucesso mundial "La Paloma" do compositor cubano Sebastian Yradler. A adaptação foi feita por Don Robertson, que novamente compareceu em estúdio para ajudar nas gravações. É um dos mais belos momentos de toda a carreira de Elvis Presley. Aqui fica claro que quando o Rei contava com material de ótima qualidade ele demonstrava toda a plenitude de seu talento. A inclusão desta canção italiana se justifica porque o personagem de Elvis serviu o exército na Itália. Assim ele a canta para seus amigos na praia para mostrar o som que rolava nas forças armadas. Hawaiian Weeding Song (King/Hoffman/Manning) - Canção que Elvis cantou para Priscilla na sua lua de mel segundo o próprio relato dela no livro "Elvis e Eu" (Elvis and Me, Editora Rocco, 1985). Pode-se encontrar duas versões ao vivo desta canção gravadas pelo cantor nos anos setenta. Uma está presente no já citado disco "Alternate Aloha" e a outra que faz parte do trabalho musical póstumo "Elvis in Concert". Termina assim a trilha, como no filme, com a "canção havaiana de casamento"

Novembro de 1961 - Elvis lança o Single "Can't Help Falling in Love / Rock a Hula Baby". Can't Help Falling In Love (Peretti/Creatore/Weiss) - Canção baseada em "Plaisir d'Ámor" do compositor francês de origem alemã Jean Paul Martini. A versão de Presley foi muito feliz pois foi muito bem adaptada. O maior sucesso do filme. Quando foi lançada em Single em Novembro de 1961 alcançou um enorme sucesso de vendas. Nos anos setenta ela seria utilizada como desfecho de todos os seus shows. Nos anos 90 o grupo UB40 faria uma nova versão de grande sucesso. Rock a Hula Baby (Wise/Weisman/Fuller) - Lado B do Single "Can't Help Falling in Love". Vinha classificado no compacto como "twist special". A verdade é que esta não é uma canção do ritmo imortalizado por Chubby Checker e sim apenas mais uma canção pop da trilha. Curiosidade: as filmagens, ao contrário do que pode parecer, foram um tédio para Elvis. Ele afirmou depois que tinha que ficar trancado no Hotel e só descia para as tomadas de cena. Elvis não poderia sair à praia para se divertir como um pessoa comum, pois certamente iria acontecer um tumulto, assim ele só sairia do hotel para realmente trabalhar. O Single inglês novamente inverteu a ordem das canções colocando "Rock A Hula Baby" no lado A.

Dezembro de 1961 - Depois de 4 anos e meio Elvis acaba seu namoro com Anita Wood. Priscilla Ann Beaulieu se torna a nova namorada oficial de Elvis, apesar da distância. Os dois ficam horas ao telefone e Elvis deseja que ela venha passar as festas de fim de ano ao seu lado. Infelizmente as coisas não dão certo e Priscilla fica na Alemanha.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Biografia - 1960

Elvis Presley - Biografia - 1960
Março de 1960 - Elvis volta aos Estados Unidos.
Elvis dá baixa do Exército e volta para os Estados Unidos, onde se apresenta no posto militar do Fort Dixon no dia 5 de março de 1960, para formalizar o fim de sua carreira no exército. A volta de Elvis causa um verdadeiro rebuliço na mídia dos Estados Unidos. Os principais rádios e TVs do país narram passo a passo todo o trajeto do avião de Elvis em seu retorno, inclusive em uma rápida parada na Escócia para reabastecimento. Essa seria a única vez que Elvis pisaria em solo britânico. Uma multidão saúda Elvis na volta para casa, o aeroporto é tomado por fãs e Elvis tem que sair por uma porta lateral. Depois pega um trem de volta à Memphis. Durante toda a viagem o vagão de Elvis é saudado por fãs, em qualquer parada que fizesse, mesmo que fosse de madrugada ou em uma estação isolada. Na chegada em Memphis mais de 10 mil fãs o esperam na estação local, forçando Elvis a descer antes e ir de carro para sua casa. Ao reabrir as portas de Graceland Elvis sente imediatamente a falta de sua querida mãe, morta um ano antes. Para aliviar a solidão, Elvis começa a telefonar constantemente para a namorada adolescente que deixou na Alemanha, Priscilla Ann Beaulieu. O namoro inocente entre os dois havia se transformado em uma paixão avassaladora nos últimos dias de Elvis na Alemanha e em pouco tempo Elvis iria trazê-la para morar com ele em Graceland. Havia uma enorme ansiedade por sua volta pois o ritmo musical do qual era Rei estava jogado no esgoto (mais ou menos o que ocorre com o Rock'n'Roll atualmente). Uma série incrível de fatos desagradáveis havia atingido os principais nomes do verdadeiro Rock: Um acidente automobilístico havia acabado com as carreiras de Eddie Crochran e Gene Vincent, Little Richard havia decidido abandonar a música para se dedicar à religião, Chuck Berry havia sido preso por tráfico de escravas brancas, Ritchie Valens e Buddy Holly sofreram um acidente fatal e finalmente o inventor da expressão Rock'n'Roll, o DJ Alan Freed, estava preso e falido, em suma o Rock estava no fundo do poço. Por isso a volta de Elvis significa muito para os jovens da época pois os ídolos que estavam na mídia nada mais eram que idiotas como Fabian e Frankie Avalon além de outros "minielvis".

O Namoro entre Elvis e Priscilla: Gradualmente o ritmo das visitas de Priscilla à cada de Elvis mudou para duas ou três vezes por semana e, eventualmente, quatro vezes por semana. Lamar ia buscá-la em Wiesbaden, logo no começo da noite, e dirigia uma hora até chegarem em Bad Nauheim. Depois, no fim da noite, outra longa viagem de volta. Assim que a freqüência dessas visitas aumentou, seu objetivo mudou. Agora, em vez de festinhas em volta do piano, o famoso herói sexual, e sua "teen angel" passavam a noite no quarto sozinhos, conversando sobre carros, cinema e maquiagem. Mas o que pensavam os Beaulieus, ao ver sua filhinha ir passar a noite com um notório símbolo sexual? Bem, quando Priscilla contou a Elvis que as mentiras que era forçada a inventar para explicar porque chegava em casa tão tarde da noite, não estavam mais colando, e que isso poderia por um fim às visitas, Elvis decidiu ir direto ao coração do problema. Ele e Vernon telefonaram aos Beaulieus e marcaram uma visita. O que disseram aos pais de Priscilla não se sabe exatamente, mas é bastante provável que tenham explicado que, um dia, quando Elvis deixasse o exército e restabelecesse sua carreira artística, ele iria querer se casar e cuidar da família. Embora nenhuma promessa de casamento tenha sido feita nesse primeiro encontro, essa idéia estava implícita na mente de todos. A Sr Beaulieu chegou a dizer a filha que sua relação com Elvis representava a "oportunidade de sua vida". Por volta de setembro de 1959, Elvis viu os primeiros sinais de que sua carreira estava revivendo. Hal Wallis veio de Hollywood para supervisionar o trabalho de uma Segunda unidade de produção, que iria filmar algumas cenas de fundo para o primeiro filme de Elvis depois do exército. Logicamente, o filme iria explorar dramaticamente suas aventuras na Alemanha, como recruta do Tio Sam. Elvis não gostou nada da idéia, mas guardou seu descontentamento só para si. Ele queria papéis que não apenas explorassem versões fantasiosas de sua vida, mas nunca disse nada ao produtor Wallis. Elvis passaria toda a sua longa carreira em Hollywood lamentando-se do fato de não ganhar bons papéis. O que ele nunca aprendeu é que atores não ganham bons papéis – eles exigem. Os últimos meses na Alemanha passaram rapidamente. Três semanas antes de dar baixa, Elvis mandou sua família de volta para Memphis. No dia final ele embarcou em um DC 7 no aeroporto de Frankfurt, de volta aos Estados Unidos.

Março de 1960 - Elvis é elogiado por todo o país e por todos os segmentos da sociedade ianque. Todas as estações de rádio lhe prestam homenagens, transmitindo programas especiais apenas com músicas do Rei do Rock. Líderes políticos exaltam o ato de Elvis servir o exército americano na Europa e até mesmo religiosos radicais afirmam que Elvis é um exemplo para todos os jovens americanos! A gravadora de Elvis anuncia que tem mais de um milhão de pedidos antecipados das futuras gravações de Elvis, isso tudo mesmo antes dele entrar em estúdio. A Paramount Pictures também anuncia que o cachê de Elvis será o maior já pago a um ator em Hollywood. O roteiro é totalmente inspirado na vida real de Elvis na Alemanha, mostrando um soldado americano louco por garotas. Elvis estava no topo do mundo mais uma vez.

Março de 1960 - Elvis lança o single "Stuck on You / Fame and Fortune"
O primeiro single de Elvis é lançado e chega ao topo das paradas em apenas 6 horas! E leva ouro dois dias depois! Elvis lidera todas as paradas, de todos os países, mais uma vez. Stuck on You (Schroder/McFarland) - Canção título do primeiro single lançado por Elvis após seu retorno aos Estados Unidos em 1960. Elvis a apresentou no especial de TV "welcome Home Elvis" apresentado por Frank Sinatra, mais conhecido como "the voice". Na ocasião Presley fez um dueto com Mr.Sinatra no medley "Witchcraft / Love Me Tender". Interessante salientar que nos anos 50 Sinatra afirmara "O Rock'n'Roll é um ritmo cantado e escutado por cretinos". Bem, Sinatra nunca foi conhecido por sua eloqüência mesmo, mas pelo talento dele a gente perdoa. Fame and Fortune (Wise/Weisman) - Música que foi apresentado na TV norte americana no especial apresentado por Frank Sinatra chamado "Welcome Home Elvis" em homenagem ao retorno de Presley aos Estados Unidos depois dele servir o exército na Alemanha Ocidental. Nesta ocasião Elvis exibiu seu famoso Topete de 15 centímetros com muita brilhantina numa imagem que ficou consagrada como símbolo dos anos 50 e 60. "Fame and Fortune" foi lançada como lado B do single "Stuck on You" em 1960.

Abril de 1960 - Elvis lança o disco "Elvis Is Back!" - Esse disco é a resposta do cantor a todos que estavam desesperados por sua volta. Elvis estava de volta! No dia 20 de março o cantor entrava nos estúdios B da RCA em Nashville para a sua primeira sessão de gravação após o serviço militar. Em 3 de Abril Elvis retornava para completar a gravação das canções deste disco. Além das músicas que estão presentes no disco foram gravadas ainda "It's Now or Never", "Stuck on You", "Fame and Fortune", "A Mess Of Blues", "I Gotta Know" e "Are You Lonesome Tonight?", todas essas lançadas em singles de enorme sucesso e que foram reunidas posteriormente no LP "Elvis Golden Records Vol.3". O Disco "Elvis is Back!" (LSP 2231) foi lançado em poucos dias, vendendo como nunca, provando que os fãs não haviam esquecido o Rei do Rock, mesmo depois dele ter ficado 2 anos longe dos Estados Unidos prestando serviço militar na distante Alemanha Ocidental. O disco ganha disco de ouro em apenas uma semana, deixando Elvis aliviado. Em uma ocasião, quando estava na Alemanha, Elvis chegou a perguntar para Priscilla se os fãs americanos ainda se lembravam dele!

Destaques do disco: Make Me Know It(Otis Blackwell) - Elvis esbanja versatilidade nesta canção deliciosa de se ouvir. Fica registrada aqui a importância do grupo vocal gospel "The Jordanaires" no som do cantor. É a primeira gravação do Rei após sua volta ao cenário musical mundial depois de seu período como soldado na Alemanha, onde ele viria a conhecer sua futura esposa Priscilla. Esta canção foi gravada no dia 20 de março de 1960 em Nashville. Elvis e seu produtor Steve Sholes acrescentaram alguns instrumentos para melhorar a canção. Fever (J.Davenport/E.Cooley) - Esta música foi um grande sucesso com Peggy Lee e Little Willie John antes de Elvis resolver gravá-la. O autor Otis Blackwell aqui usa um pseudônimo, J.Davenport. A versão de Presley foi completada no dia 3 de abril de 1960 em Nashville logo após o especial que o cantor gravou com Frank Sinatra para a TV Americana, "welcome Elvis". Na ocasião Elvis fez um dueto com "ol' blues eyes" nas canções "Love me Tender" e "Withcraft", esta última o grande sucesso de Sinatra e não uma música de mesmo nome que Elvis gravaria três anos depois. O especial foi um grande êxito onde Elvis teve a oportunidade de apresentar seus novos sucessos que estavam liderando a parada de singles. Madonna também fez uma belíssima versão desta canção levando "Fever" de volta às paradas muitos anos depois. Such A Night (Lincoln Chase) - Grande sucesso dos Drifters quando foi lançada. A versão com Elvis foi gravada no dia 4 de Abril de 1960. Não foi extraído nenhum single do disco "Elvis Is Back!" na ocasião de seu lançamento, curiosamente porém em 1964 foi lançado um compacto com "Such A Night" no Lado A, junto com "Never Ending". O Single temporão alcançou um relativo sucesso alcançando o décimo terceiro lugar em agosto daquele ano. Anos depois iria dar nome a um CD de "takes alternativos".

Abril de 1960 - Elvis freta um trem e parte para Hollywood para o começo das filmagens de seu novo filme, G.I. Blues (saudades de um pracinha). No elenco Juliet Prowse. Durante as filmagens Elvis conhece a filha e a esposa do presidente do Brasil JK, o rei e a rainha da Tailândia e participa, ao lado da atriz Shirley McLaine, de uma animada festa de aniversário do cantor Dean Martin nos estúdios da Paramount em Hollywood.

Maio de 1960 - Elvis grava o programa "Welcome Home Elvis" com Frank Sinatra
Frank Sinatra morde a própria língua e paga uma verdadeira fortuna para Elvis se apresentar no seu programa na TV. É uma tentativa desesperada de Sinatra em salvar seu show do cancelamento, por falta de audiência. O Rei do Rock que nunca foi com a cara de Sinatra, também se segura e dá uma força ao "amigo". Elvis se apresenta e arrasa, conquistando a maior audiência do ano. Esse histórico encontro foi finalmente lançado em DVD em 2004, trazendo o famoso especial "Welcome Home Elvis", feito logo após o retorno de Elvis aos EUA, quando o Rei do Rock deu baixa no exército do Tio Sam. O DVD traz o show na íntegra do especial de TV gravado em Miami no dia 12 de maio de 1960. Ele foi exibido pela rede ABC na época e a participação de Elvis se resume a meros seis minutos! O que se percebe facilmente é que Sinatra, que não era bobo nem nada, se aproveita ao máximo possível do evento para se promover e também para promover alguns membros de sua turma como Sammy Davis Jr e Peter Lawford. Então eles utilizam a oportunidade (e a audiência) para dar uma canja ao cantor Sammy Davis Jr (o único grande artista da noite, sem contar Elvis e Sinatra é claro!) e aos apadrinhados Nancy Sinatra e Joey Bishop, dois artistas que só estão lá porque são da panelinha de Sinatra. Convenhamos, os dois não tinham um pingo de talento. E então depois de quase 40 minutos de tortura mental e chatices, finalmente aparece Elvis para apresentar seu single "Stuck on You / Fame and Fortune". Ele simplesmente estraçalha com Sinatra e cia, que fica visivelmente colocado para escanteio. Sua contrariedade é aliás evidente, pois ele chega ao ponto de satirizar a letra de "Love me Tender" e tenta em vão boicotar o seu próprio dueto com Elvis. Às vezes é difícil de agüentar a falta de caráter de Sinatra. Infelizmente o Rei do Rock canta pouco, fala menos ainda e vai embora muito rápido. Acho que depois disso Sinatra nunca mais chamou Elvis para um dueto, pois ele era muito egocêntrico e não gostava nada de ficar na sombra. Mas com Elvis de lado, coitado, ele simplesmente desapareceu! A imagem não é muito boa, mas a culpa não é a do DVD em si, mas sim da tecnologia televisiva da época. Resumindo: vale a pena ter esse DVD? Se você quiser ter um pedaço importante da história da música e do século XX em sua coleção, sim! (mesmo que tenha que levar para casa junto o nepotismo de Sinatra).

Julho de 1960 - Elvis lança o single "It's Now or Never / A Mess Of Blues"
It's Now Or Never (Schroder/Gold) - Versão em língua inglesa para a conhecida canção italiana "O Sole Mio" (que fez parte da trilha da novela "Terra Nostra"). "O Sole Mio" foi gravada por inúmeros artistas ao longo da história, sendo que em 1899 ela ganhou o festival Napolitano Piedigrota, considerado um dos mais importantes da Europa. A Primeira versão em língua inglesa foi gravada por Tony Martin em 1949 com o título de "There's no Tomorrow". Em 1960 Elvis Presley gravou sua versão que se tornou um de seus maiores sucessos alcançando o primeiro lugar em Agosto de 1960. Foi também seu single mais vendido!
A Mess of Blues - Nada menos do que um dos melhores lados B da história. Eficiente incursão de Elvis Presley em um dos mais americanos ritmos que existem: o blues. Esse era o começo de um casamento musical que iria continuar até os últimos dias do Rei do Rock.

Julho de 1960 - Elvis se desloca para San Fernando Valley para filmar as cenas de seu novo filme, Flaming Star (Estrela de Fogo). As filmagens duram 42 dias, Elvis estrela o filme ao lado de Barbara Eden da famosa série "Jeannie é um gênio". O filme é um western socialmente consciente e a primeira grande tentativa de Elvis em atuar em um papel realmente dramático. O roteiro original havia sido escrito especialmente para o ator Marlon Brando.

Julho de 1960 - O Pai de Elvis, Vernon Presley, casa-se com Dee Stanley. Elvis que era muito ligado à sua mãe não comparece ao casamento. Depois desabafa com Priscilla por telefone, falando que seu "velho" havia perdido a cabeça por uma "loira qualquer". Mas Elvis não mostra seus sentimentos ao novo casal, preferindo não falar nada. Também resolve receber como "irmãos" os três filhos de Dee (Rick, David e Stanley) comprando-lhes presentes.

20 de Outubro de 1960 - Estréia o filme G.I.Blues.
G.I. Blues é o primeiro filme lançado de Elvis após servir o exército na Alemanha. No Brasil recebeu o título de "Saudades de um Pracinha". O filme foi dirigido por Norman Taurog e produzido por Hal Wallis e contava em seu elenco com Juliet Prowse (a atriz era na época um dos casos amorosos de Frank Sinatra). O filme logo se tornou um dos maiores sucessos da carreira de Elvis, estreando simultaneamente em mais de 800 cinemas dos Estados Unidos. Em apenas três dias ele recuperou o dinheiro investido, se transformando em um dos campeões de bilheteria de 1960. Elvis faz o papel de Tulsa McLean, um soldado na Alemanha, que faz uma aposta com os amigos de farda de que conseguiria conquistar a garota mais difícil de Frankfurt, uma bailarina interpretada por Juliet Prowse. A trilha sonora lançada dias depois, se tornou primeiro lugar em todas as paradas e Elvis conseguiu o feito de ganhar cinco discos de ouro em apenas três meses! Este filme seria o percursor dos filmes de Elvis nos anos sessenta com seus roteiros fracos e trilhas de gosto duvidoso. Apesar de tudo, "G.I.Blues" apresenta alguns momentos interessantes sendo uma de suas melhores trilhas nos anos sessenta. Elvis porém não gostou nada dos resultados, mas preferiu manter sua decepção só para si. Neste mesmo ano Elvis iria realizar dois projetos de alto nível artístico. O primeiro foi a gravação do disco gospel "His Hand in Mine", velho sonho do cantor. O outro foi a realização do filme "Flaming Star" (estrela de fogo, 1960), western dirigido pelo aclamado diretor Don Siegel e co-estrelado pela atriz Barbara Eden. Este filme foi bastante elogiado pela crítica e se tornou um bem sucedido veículo para o sonho de Elvis em se tornar um ator respeitado. Ambos os filmes, "Flaming Star" (estrela de fogo, 1960) e "G.I.Blues" (saudades de um pracinha, 1960) foram grandes sucessos de bilheteria.

Destaques do disco: Blue Suede Shoes (Carl Perkins) - Uma nova versão para o clássico de Carl Perkins. Apesar de ser muito bem arranjada com um ótimo acompanhamento ela não consegue se tornar melhor do que a versão do cantor para o disco "Elvis Presley" (1956). Algo se perdeu, talvez falte um pouco de garra e pique nesta versão. Porém sem dúvida é um dos pontos altos de todo a trilha. Elvis não a canta no filme, ela só aparece quando um soldado liga um jukebox. Tonight Is So Right For Love (Sid Wayne/Silver Joe Lilly) - Houve problemas relativos a esta música em relação aos direitos autorais na Europa. Ela é baseada na canção "Barcarola" do grande compositor Jacques Offenbach. O caminho encontrado foi gravar uma nova canção que lembrava em muito esta. A nova música se chamou "Tonight is all Right For Love" sendo esta baseada na valsa "Contos do Bosque de Viena" de Johann Strauss. Quando este disco foi relançado em CD as duas composições foram incluídas o que não havia ocorrido na edição brasileira do disco lançado na época. What's She Really Like (Sid Wayne/Silver Joe Lilly) - É apresentada de forma bastante discreta no filme numa cena em que Elvis canta num banheiro! Este era um problema dos filmes do cantor: como acrescentar tantas músicas num só filme? Em decorrência disso o rei cantou ao longo de sua carreira nas mais diversas ocasiões: em barcos (garotas e mais garotas, 1962), em cassinos (entre a loira e a morena, 1965), dentro d'água (Joe é muito vivo, 1968), em montanhas russas (o carrossel de emoções, 1964), dirigindo veículos (feitiço havaiano, 1961), pescando (garotas e mais garotas, 1962) e até em helicópteros (no paraíso do Havaí, 1966)! Frankfort Special (Sid Wayne/Sherman Edwards) - Elvis interpreta esta divertida canção em um trem! Pois é, como havia várias músicas na trilha então não se devia desperdiçar tempo para apresentá-las. O ritmo aliás lembra o som de um trem em movimento. De qualquer forma vale por ser um momento de alto astral do disco e do filme.

Novembro de 1960 - Elvis volta aos estúdios da 20th Century Fox para as filmagens de mais um filme, Wild In The Country (Coração Rebelde).

Novembro de 1960 - Elvis lança o single "Are You Lonesome Tonight? / I Gotta Know" - Are You Lonesome Tonight ? (Turk/Handman) - Outra versão de Presley para uma música do início do século XX. "Are you Lonesome Tonight ?" foi grande sucesso na era do cinema mudo com o cantor Al Jolson (Que iria estrelar o primeiro filme falado da história "O Cantor de Jazz") em 1926. Em 1959 surgiria outra versão com Jaye P. Morgan pela própria RCA. Finalmente a versão de Presley foi gravada no dia 4 de Abril de 1960 e lançada em Novembro do mesmo ano se tornando mais uma música de "the pelvis" a atingir o Primeiro lugar entre os mais vendidos. I Got Know - Lado B desse single. É uma música menor dentro da discografia de Elvis. Mas não deixa de ser muito boa e um símbolo do pop que rolava nas paradas no começo dos anos 60.

Dezembro de 1960 - Elvis lança o disco Gospel "His Hand in Mine".
Ao retornar do Exército em 1960, Elvis resolveu realizar um de seus sonhos, gravar um álbum de canções religiosas. A realização deste trabalho foi fruto de muito empenho pessoal do próprio Elvis, o empresário dele, o coronel Parker, não via com bons olhos a gravação deste disco, pois temia prejuízos financeiros com sua realização. Elvis bateu o pé e exigiu que iria fazer o disco, com ou sem a aprovação dele. E assim o fez. O disco foi chamado de "His Hand in Mine" e é hoje considerado um de seus mais bonitos trabalhos. O disco fez um enorme sucesso, para espanto de Parker e da RCA, e provou que Elvis estava certo. A intenção de Elvis na realidade na gravação deste disco era homenagear a sua mãe, que havia morrido poucos anos antes. Segundo as próprias palavras de Elvis este disco era "um trabalho de amor". Ele participou efetivamente de todos os arranjos, de todo o trabalho de direção musical, praticamente monopolizou todas as fases da produção, realmente o verdadeiro produtor do disco foi o próprio Elvis. Escolheu as canções pessoalmente levando como critério de escolha a importância delas em sua vida, por isso o disco é recheado de canções da metade do século, algumas mais agitadas e algumas spirituals. As gravações foram realizadas em Nashville em outubro de 1960. Elvis declarou: "Esse disco será uma forma de mostrar minha gratidão para com os quartetos gospel. Acho que praticamente conheço todos os hinos já feitos. Adoro ficar sozinho ao piano, em Graceland, tocando essa música". No final de 1960, Elvis afirmou a um repórter que "His Hand in Mine" tinha se tornado o seu trabalho musical de que tinha mais orgulho. O disco ficou na lista dos mais vendidos durante todo o ano seguinte, se tornando mais um grande êxito em sua carreira.

Destaques do disco: His Hand In Mine (Mosie Lester) - Como tema principal do disco Elvis escolheu essa conhecida canção gospel de Mosie Lester. Como sempre fazia, Elvis resolveu modificar o arranjo da música original. Para isso ele realçou ainda mais a presença do quarteto gospel que o acompanhava. Depois modificou o acompanhamento instrumental dando destaque especial ao piano, ao contrário do órgão da versão de Mosie Lester. Por fim, resolveu trocar a seqüência original do refrão, aproveitando para modificar também o tempo da canção. Enfim, Elvis a reconstruiu ao seu gosto e como sempre suas escolhas se revelaram bem vindas, pois sem dúvida deram mais consistência a essa antiga canção gospel. Milk White Way (Elvis Presley) - Mais um exemplo do poder de trabalho de Elvis dentro dos estúdios. Aqui ele transformou mais uma vez uma tradicional canção religiosa para lhe dar um sabor todo especial. As mudanças foram ótimas, a música, antes mais lenta e melancólica, se transformou nas mãos de Elvis em um momento alto astral do disco. Elvis a deu ritmo e embalo. Se não fosse pela letra gospel poderia até ter entrado em qualquer disco convencional de sua carreira. Completamente diferente da tradicional canção religiosa, tanto que a RCA resolveu até mesmo lhe dar os créditos de autoria da música. Nota 10 para Elvis, que provou mais uma vez que realmente tinha ritmo correndo em suas veias. Swing Down Sweet Chariot (Elvis Presley) - Outra música que foi totalmente arranjada e adaptada por Elvis. O mais importante sobre essas gravações religiosas de Elvis é o fato dele ter trazido o gingado típico das músicas de R&B ao Gospel. Misturar gêneros e fundi-los sempre foi uma coisa natural para Elvis, que aliás detestava rotular qualquer tipo de ritmo ou música. Como disse Sam Phillips: "Elvis era daltônico", ou seja, ele não queria distinguir as canções de que gostava, para ele pouco importava o rótulo, seja a música fosse classificada como branca, negra, rock, pop, gospel; para Elvis isso não tinha importância, pois para ele tudo era música, tudo era mágica.

Dezembro de 1960 - Elvis lança o filme "Flaming Star" (Estrela de fogo, no Brasil). Este foi o filme que Elvis exigiu do Coronel Parker, pois ele queria levar adiante suas pretensões de começar uma carreira dramática de ator. O Filme, um western socialmente consciente, é muito bom e satisfaz até mesmo quem nunca foi fã de Elvis. Ele canta apenas uma música e realmente dá conta do recado como ator. Mas acontece que na realidade ninguém queria ver Elvis atuando, todos os seus fãs queriam mesmo era ver o querido ídolo cantando nas telas e nada mais. O filme foi bem nas bilheterias, mas não tão bem sucedido como seus musicais. O Coronel Parker provou a Elvis sua teoria, ele deveria mesmo era se concentrar nos seus filmes repletos de garotas, carrões e cenários bonitos. Elvis ainda tentaria mais tarde com "Coração Rebelde", mas esse acabou indo mal nas bilheterias e afundou de vez com as intenções de Elvis em estrelar filmes dramáticos. A partir daí Elvis iria concentrar sua carreira no cinema apenas em comédias musicais estilo "Feitiço Havaiano" e "Amor a toda velocidade".

Destaques: A trilha do outro filme de Elvis em 1960, "Flaming Star" (estrela de fogo, 1960)", contava com as seguintes canções: "Summer Kisses, Winter Tears", "Flaming Star", "Britches" e "A Cane and A Starched Collar", esta última aliás, a única cantada por Elvis no filme. Summer Kisses, Winters Tears(Wise / Weisman / Loyd) - Música do filme "Flaming Star" (estrela de fogo, 1960)". Apesar das 4 músicas, a RCA preferiu não lançar um compacto duplo com as mesmas, e ao invés disso, lançou outro EP em fevereiro de 1961 chamado "Elvis by Request - Flaming Star". Apesar do nome só trazia duas canções de estrela de fogo: "Flaming Star" e "Summer Kisses, Winter Tears", sendo o lado B ocupado por dois medalhões da carreira de Elvis: "It's Now or Never" e "Are You Lonesome Tonight?". No final dos anos 60 a RCA lançaria o disco "Singer Presents Elvis Singing Flaming Star and Others", que apesar do nome só trazia a música tema do filme entre as faixas, sendo essas uma reunião de muitas canções de trilhas sonoras dos anos 60.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Elvis Presley - Rockin´ Tonight!

Elvis Presley - Rockin´ Tonight!
Lançamento alemão que reúne as primeiras canções gravadas por Elvis com os Blue Moon Boys. O primeiro CD traz gravações do Louisiana Hayride e o segundo, chamado de "Rockin'Roots" faz uma mistura de canções de fases diversas. Já havia sido lançado antes em 2002. Sem grandes novidades. Lançamento nos EUA: setembro de 2004.

Elvis Presley Rockin' Tonight - CD 1: That's All Right - Blue Moon of Kentucky - Hearts of Stone - That's All Right - Tweedle Dee - Money Honey - Blue Moon of Kentucky - I Don't Care If the Sun Don't Shine - That's All Right - Baby, Let's Play House - Blue Moon of Kentucky - That's All Right - Good Rockin' Tonight - I Got a Woman - Tweedle Dee - I'm Left, You're Right, She's Gone - Baby, Let's Play House - Maybellene - That's All Right - Heartbreak Hotel - Long Tall Sally - I Was the One - Money, Honey - I Got a Woman - Blue Suede Shoes - Hound Dog - I Was the One - Love Me Tender - Hound Dog

CD 2: Blue Suede Shoes - Mystery Train - I Love You Because - That's All Right - Blue Moon of Kentucky - Good Rockin' Tonight - I'm Coming Home - A Woman's Love (Thrill of Your Love) [#] - I'm Movin' On - Little Cabin on the Hill - Tomorrow Never Comes - Faded Love - I'll Hold You in My Heart - Blue Eyes Crying in the Rain - Old Shep - Joshua Fit the Battle - Just Because - Milk Cow Blues - I'll Never Let You Go - I Will Be Home Again - Aure Lee (Love Me Tender) - Tomorrow Night - So Glad You're Mine - When My Blue Moon Turns to Gold Again - That's When Your Heartaches Begin - I Need You So - My Baby Left Me - I Was Born About 10, 000 Years Ago.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - A Night At The Sahara

Elvis Presley - A Night At The Sahara
Temporada que Elvis fez no Sahara Tahoe Hotel. Todas as canções foram gravadas no dia 8 de maio durante o Dinner Show. Essa até que foi uma série de shows em que Elvis se mostrou um pouco mais inspirado do que o habitual. Mesmo demonstrando em algumas músicas um certo cansaço e fadiga. Lançamento nos EUA: setembro de 2004.

A Night At The Sahara - 2001 Theme / C C Rider / Young Love / I Got A Woman - Amen / Dialogue / Love Me / If You Love Me Let Me Know / You Gave Me A Mountain / All Shook Up / Teddy Bear - Don't Be Cruel / Sweet Caroline / Happy Birthday / Trying To Get To You / My Way / Polk Salad Annie / Introductions / Early Morning Rain / What'd I Say / Solos / Love Letters / Hail Hail Rock'n'Roll / Hurt / Hound Dog / Softly, As I Leave You / Burning Love / My Heavenly Father (Kathy Westmoreland) / Can't Help Falling In Love.

Pablo Aluísio.

domingo, 20 de junho de 2010

Elvis Presley - Elvis Movin' Mobile

Elvis Presley - Elvis Movin' Mobile
Esse é o novo CD bootleg de Elvis chamado de "Movin Mobile" com um show gravado em Mobile no dia 2 de junho de 1975. Vem também com algumas músicas bônus de uma outra apresentação de Elvis em Cincinnati no dia 21 de março de 1976 e um encarte de luxo com mais de 12 fotos coloridas de ótima qualidade dessa perfomance. Destaque para a capa (muito bonita por sinal). Selo: Madison Label. Data de lançamento nos EUA: outubro de 2004.

Elvis Movin' Mobile - 1 - I Got A Woman / Amen ; 2 - Love Me ; 3 - If You Love Me (Let Me Know) ; 4 - Love Me Tender (with false start) ; 5 - All Shook Up ; 6 - Teddy Bear / Don't Be Cruel ; 7 - Hound Dog ; 8 - The Wonder Of You (with false start) ; 9 - Burning Love ; 10 - Introductions by Elvis of vocalists, band ; 11 - Johnny B. Goode ;12 - Drum solo ; 13 - Bass solo ; 14 - Piano solo ; 15 - Introductions by Elvis of vocalists, orchestra ; 16 - School Day ; 17 - T-R-O-U-B-L-E ; 18 - I'll Remember You ; 19 - Why Me Lord? ; 20 - Let Me Be There (with reprise) ; 21 - An American Trilogy ; 22 - Funny How Time Slips Away (with reprise) ; 23 - Little Darlin' ; 24 - Mystery Train / Tiger Man ; 25 - Can't Help Falling In Love / Closing Vamp. Bonus: track 26 - Let Me Be There (previously unreleased stereo recording) March 21, 1976 Evening Show in Cincinnati OH.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Walk That Lonesome Road

Elvis Presley - Walk That Lonesome Road
Este bootleg muito interessante traz um show de Elvis realizado no dia 4 de setembro de 1972. Existe outro bootleg com o mesmo concerto que foi lançado em 1998 pelo selo Rock Legends, chamado "I'll Remember You", mas que trazia a apresentação incompleta. Aqui o fã vai ter acesso ao Dinner Show completo. Gravado em Las Vegas. De quebra muitas bônus songs gravadas na mesma temporada. Data de lançamento nos EUA: outubro de 2004.

Walk That Lonesome Road - 2001 Theme - See See Rider - Johnny B. Goode - Until It's Time For You To Go - You Don't Have To Say You Love Me - Polk Salad Annie - What Now My Love - Fever - Love Me - Blue Suede Shoes - Heartbreak Hotel - All Shook Up - Hound Dog - I'll Remember You - Walk That Lonesome Road (The Stamps) - Suspicious Minds - Band Introductions - My Way - A Big Hunk 'O Love - Yu Gave Me A Mountain - Mystery Train/Tiger Man - Can't Help Falling In Love - Closing Vamp Bonus-Songs: The Wonder Of You (August 4, 1972 Opening Show) - An Amercian Trilogy (August 4, 1972 Opening Show) - I Got A Woman/Amen (August 10, 1972 Midnight Show) - Proud Mary (August 10, 1972 Midnight Show) - You've Lost That Lovin' Feeling (August 10, 1972 Midnight Show) - For The Good Times (August 10, 1972 Midnight Show).

Pablo Aluísio.

sábado, 19 de junho de 2010

The Beatles - Help! - Parte 3

Para muitos a maior obra-prima da carreira dos Beatles é o clássico romântico "Yesterday". Quando Paul escreveu a música, após pensar na melodia ao acordar numa certa manhã, ele ficou convencido que a música não era original. De que ele apenas estava se lembrando de uma antiga música cantada por seu pai. O velho tinha feito parte de uma banda de jazz nos anos 30 e estava sempre tocando velhas músicas ao piano quando a família se reunia. Será que era isso mesmo que estava acontecendo?

Paul levou a música para o produtor George Martin que não se lembrava de nenhuma música com aquelas notas. Logo era mesmo uma criação pura da mente de Paul. Ao falar com o produtor esse deu a ideia de que usar um quarteto de cordas na gravação da faixa, pois assim ela ganharia um acompanhando clássico que depois a imortalizaria. Isso também significava tirar os demais Beatles da gravação. A música teria apenas Paul, os músicos clássicos e George Martin arranjando tudo.

Paul escolheu pelo caminho certo. Optou por um arranjo clássico. A gravação ficou maravilhosa e os demais três Beatles ficaram completamente de fora da versão original. Melhor assim. O resto é história. Considerada a música com o maior número de versões da história da música, "Yesterday" se tornou ainda maior que os próprios Beatles, ganhando vida própria. Curiosamente ela foi mal posicionada na trilha sonora, ficando perdida lá no final do Lado B do vinil. Nem em single foi lançada na Inglaterra. Mesmo assim logo se destacou, virando um grande hit da época. Um daqueles sucessos que rompem o teste do tempo. Ainda hoje é uma das melodias mais conhecidas em todo o mundo.

Para compensar o romantismo de "Yesterday" John Lennon resolveu trazer um cover bem barulhento para fechar o álbum, justamente a música que viria logo a seguir do clássico imortal de Paul. Estamos falando do rock "Dizzy, Miss Lizzy" de autoria de Larry Williams. Seria um dos últimos covers da discografia dos Beatles pois eles logo iriam abandonar essa coisa de gravar músicas de outros artistas em seus álbuns. A partir de determinado momento os Beatles decidiram que só iriam gravar músicas de sua própria autoria, fossem da dupla Lennon e McCartney ou de George Harrison. Eles fechariam para sempre o espaço para outros compositores em seus discos.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

The Beatles - Help! - Parte 2

Eu sempre gostei de "It's Only Love". Pena que John Lennon não apreciava e ele tinha composto a faixa. Lennon considerava a letra muito fraca. O tema mostrava um sujeito tímido e apaixonado que ficava feliz apenas em ver a amada passar ao seu lado. Um caso exemplar de amor platônico. Anos depois John diria que havia composto essa música romântica apenas para completar o lado B do álbum "Help!". Paul McCartney, por outro lado, defendeu "It's Only Love", dizendo que era uma boa canção pop e que os Beatles na época não faziam literatura, mas apenas boas músicas populares.

A música "I Need You" foi composta por George Harrison. Também é cantada por ele nessa versão oficial do disco. Uma canção simples, mas bem arranjada e executada. George, como era de se esperar, colocou a guitarra em evidência em toda a música e isso acabou se tornando a maior característica dessa faixa. Já era um sinal do potencial do músico, algo que só iria crescer nos anos que viriam. Esse ainda não era o George Harrison de "Here Comes The Sun" ou "Something", mas já demonstrava que estava no caminho certo.

"Ticket to Ride" foi um dos grandes hits desse disco, uma das músicas mais tocadas nas rádios na época de lançamento original do LP. Há muitas histórias envolvendo o real significado dessa letra, desde as mais pueris, até mesmo as mais, digamos, picantes, onde os Beatles estariam falando na verdade dos clubes noturnos de Hamburgo, na Alemanha, quando eles passaram por aquele país. Qual seria a versão verdadeira? Isso se perdeu nas areias do tempo. É uma letra que pode ter vários significados diferentes, como era bem ao gosto de John Lennon quando escrevia suas composições.

"Act Naturally" não foi composta pelos Beatles, mas sim pela dupla formada por Johnny Russell e Voni Morrison. É uma música country, muito agradável aos ouvidos, escolhida especialmente para o timbre vocal de Ringo Starr.  Na década de 1970 John Lennon iria dar algumas declarações indelicadas em relação ao Ringo, dizendo que ele não era o maior cantor do mundo. Bom, Lennon poderia passar sem essa, afinal para que atacar o companheiro de banda, não é mesmo? De qualquer forma Ringo passou por cima de tudo isso e aqui soa perfeito em meu ponto de vista. A música é simples, mas igualmente um dos bons momentos do disco.

Pablo Aluísio.

The Beatles - Help! - Parte 1

Retornando aos comentários dos discos oficiais dos Beatles vamos agora tecer algumas observações sobre o disco "Help!" de 1965. Lembrando que tomarei como base a discografia inglesa dos Beatles, do selo EMI, por ser considerada a oficial. A discografia dos Estados Unidos é diferente, com outros discos lançados pela Capitol, outras seleções de faixas. E sobre a discografia brasileira posso fazer textos sobre as peculiaridades inerentes a esses discos nacionais bem diferenciados. Isso porém será tema para outra ocasião. Vamos falar de "Help!" então...

Segundo o próprio John Lennon os Beatles estavam cheirando muita cocaína quando gravaram o álbum "Help!". Para John era óbvio que a letra pedindo socorro não era apenas uma poesia ao sabor do vento, era sim um verdadeiro pedido de socorro, pelo menos por parte dele. Havia toda aquela loucura da Beatlemania acontecendo, os Beatles eram pressionados para escrever um sucesso atrás do outro, muito consumo de drogas e a vida havia se tornado uma roda viva de insanidade. Pedir socorro era algo natural para John Lennon. Quem poderia culpá-lo por agir assim? De uma maneira ou outra essa faixa virou um clássico imediato dos Beatles, se tornando rapidamente um grande sucesso mundial.

As demais canções da trilha sonora também eram muito interessantes. Particularmente gosto muito do ritmo de "The Night Before". Aliás essa faixa foi considerada tão satisfatória pelos Beatles que em algum momento eles até mesmo cogitaram colocá-la como título do álbum, posto que obviamente foi perdido quando John Lennon apareceu com a música "Help!", essa imbatível para dar nome ao novo álbum. Também era o título ideal para o filme. A companhia cinematográfica achou ótima a sugestão de usar "Help!" como nome do filme. Era chamativo e tinha o impacto necessário. "The Night Before" havia sido composta por Paul McCartney. Seu estilo pessoal está em cada detalhe, em cada nota musical.

A balada "You've Got to Hide Your Love Away" tem uma doce melancolia. Essa criação de John Lennon tem claras tintas no estilo de Bob Dylan. O cantor e compositor americano inclusive havia se encontrado com os Beatles. Segundo John, ele não gostou muito de Dylan. Achou ele muito paranoico e estranho. Isso porém não os impediu de fumar maconha ao lado do cantor norte-americano, terminando a noite dando muitas risadas. Após ouvir alguns discos de Dylan, John chegou na conclusão que poderia fazer algo melhor, no próprio estilo do colega músico. E assim nasceu essa faixa, que aliás ficou excelente. Um John Lennon cheio de inspiração e talento tentando seguir os passos e o estilo de Bob Dylan. Tudo resultando numa pequena obra-prima dos Beatles nessa fase.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Elvis Presley - Girls! Girls! Girls! - Parte 3

"A Boy Like Me, A Girl Like You" é definitivamente uma boa música dessa trilha sonora. Durante anos eu tive uma certa implicância com essa faixa por causa da letra que sempre considerei piegas um pouco além do ponto do razoável, mas hoje em dia já ouço com outro ponto de vista. Tudo tem seu lugar na história e essa música, mesmo sendo melosa como é, ainda é uma boa criação da dupla Sid Tepper e Roy C. Bennett. Quem escreveu tantas boas trilhas como "GI Blues" certamente merece um pouco de crédito. Merece o benefício da dúvida.

Dessa mesma dupla ainda temos a música "The Walls Have Ears". É uma espécie de tango, mas com uma linhagem mais pop. Elvis não cantaria um tango autêntico em suas suas trilhas sonoras dos anos 60. Seria interessante, sem dúvida, mas não fazia a linha comercial que ele seguia nessa época. Essa canção também tem um aspecto interessante que ainda hoje chama a atenção.

Algumas fãs mais do que atentas dizem que quando fez a cena Elvis estava sexualmente excitado e que isso pode ser visto claramente ao se assistir ao filme. Constrangedor? Certamente que sim, mas sinceramente penso que nesse caso as imaginações das senhoritas (e senhoras também) voaram um pouco longe demais. Elvis está vestido com uma calça preta que pode causar esse tipo de ilusão de ótica. Na realidade não há nada nesse sentido para ver (ainda bem!).

"We'll Be Together" tem trechos em espanhol e uma melodia que algum tempo depois iria ser mais explorada em trilhas sonoras como "O Seresteiro de Acapulco". Eu gosto do solo de violão no começo da faixa, além do solo que vai lhe acompanhando até o final. O refrão "Juntos Estaremos", como eu já escrevi, ficaria perfeitamente ajustado na trilha de Acapulco. Elvis dando seus primeiros passos em direção ao cancioneiro de língua espanhola.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Elvis Presley - Girls! Girls! Girls! - Parte 2

"Return to Sender", criação da dupla formada por Otis Blackwell e Winfield Scott, foi o grande hit desse álbum. Foi lançada como single, com a romântica "Where Do You Come From" no lado B. No filme Elvis resolveu fazer uma pequena homenagem ao cantor Jackie Wilson, recriando sua maneira de cantar, gestos característicos, etc. Falecido nos anos 1980, esse artista foi considerado um dos melhores cantores de soul da história da música norte-americana. Realmente foi um nome fundamental. Elvis aqui deixou esse pequeno tributo a ele. Claro, ficou tudo muito bom.

"Where Do You Come From" que vinha no lado B do single "Return to Sender" também era uma boa faixa da trilha sonora desse filme. Uma música romântica ao velho estilo, com Elvis caprichando na vocalização. Foi composta por outra dupla talentosa formada por Ruth Bachelor e Bob Roberts. Não ficariam apenas nessa gravação. Elvis iria gravar outros temas dessa dupla de compositores, quase sempre músicas bem românticas para filmes de Elvis em Hollywood. Era uma característica deles.

Bem, o personagem de Elvis nesse filme era um jovem que sonhava em comprar seu próprio barco de pesca. Esse tipo de embarcação estava na faixa de 10 mil dólares. Então ele passava o filme inteiro procurando um jeito de arranjar essa quantia para comprar seu tão sonhado barco no Havaí. E com esse tema em cima da mesa os compositores da trilha sonora tinham que compor músicas nessa linha. Não no estilo havaiano que havia sido ouvido na trilha sonora de "Blue Hawaii", mas algo diferente.

Acabaram se saindo com temas como "Thanks to the Rolling Sea". Essa faixa, meio pop, meio rock, com sabor caribenho, foi criada pelo famigerado trio "Kissin Cousins" formado por Bill Giant, Bernie Baum e Florence Kaye. Segundo algumas biografias eles tinham duas características que faziam com que o Coronel Parker gostasse deles. Era rápidos e baratos. Suas músicas custavam muito menos do que qualquer criação de um Leiber e Stoller, por exemplo. Então para o Coronel, que visava principalmente lucro, estava bom demais. No final das contas essa música é até legalzinha. Nada memorável, mas que funcionava dentro do contexto do filme.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Girls! Girls! Girls! - Parte 1

Retomando os comentários sobre os álbuns oficiais da carreira de Elvis Presley vamos tratar aqui da trilha sonora do filme "Girls! Girls! Girls!". Esse disco foi lançado em novembro de 1962 e a RCA Victor tinha claramente a intenção de repetir o grande sucesso da trilha sonora de "Blue Hawaii" (Feitiço Havaiano, de 1961). O filme também seria filmado no Havaí, mas o produtor Joseph Lilley optou certamente por não voltar para aqueles arranjos havaianos do disco anterior. Assim "Girls! Girls! Girls!" apresentaria uma sonoridade própria. E sem dúvida temos aqui um título de Elvis bem agradável de se ouvir. Há uma certa irregularidade entre as músicas, algumas muito boas, outras mais fracas. O conjunto entretanto sempre me soou muito bom de se ouvir.

E o álbum começa muito bem com a faixa título "Girls! Girls! Girls!". Essa música foi composta pela ótima dupla Leiber e Stoller, mas não havia sido composta especialmente para Elvis. Só depois é que foi selecionada para ser a canção tema do filme. É um ótimo momento, onde se sobressai o talento do saxofonista Boots Randolph. Sempre que havia necessidade de um belo solo de sax, esse músico era chamado para tocar nas gravações de Elvis. Nessa faixa ele teve total liberdade, algo parecido havia acontecido na gravação de "Reconsider Baby" do disco "Elvis is Back!". O resultado não poderia ser diferente, logo se revelou dos melhores.

A música seguinte mantinha o bom nível do disco. "I Don't Wanna Be Tied" foi composta pelo trio Bill Giant, Bernie Baum e Florence Kaye. Esse trio iria cair nas graças do Coronel Parker e conforme o tempo foi passando eles foram compondo mais e mais músicas para os filmes de Elvis. Um exemplo seria a trilha sonora de "Kissin Cousins", praticamente toda composta por eles. Aqui escreveram um bom tema que apresenta ótimo ritmo, bem cadenciado. Há também um certo sabor caribenho em seu arranjo.

Entre as baladas eu destaco "Because of Love". Composta por Ruth Bachelor e Bob Roberts é um dos bons momentos românticos da trilha sonora. Tem claramente seus clichês, mas isso passa longe de prejudicar o resultado final. Elvis parece bem à vontade em sua performance. O interessante é que no roteiro do filme o coração do personagem de Pelvis era disputado por duas mulheres, como sempre uma mais jovem e uma mulher mais madura. E essa love song, claro, era mais um tema de amor dentro da história do filme. Se isso se perdeu com o tempo, a canção ainda se manteve firme com uma das melhores faixas dessa trilha sonora.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Elvis Presley - Elvis Sings The Wonderfull World of Christmas - Parte 4

Elvis também intercalava as gravações natalinas com várias jam sessions de canções Gospel, que no futuro iriam acabar sendo reunidas no premiado disco "He Touched Me". No fundo o cantor procurou antes de tudo ter uma postura eminentemente profissional. Se ele era um artista contratado pela RCA Victor, então cumpriria as determinações da sua gravadora. Como era muito eficiente em estúdio, desde seus primeiros anos, conseguiu finalizar o álbum em apenas duas noites. Alguns músicos que estiveram ao seu lado naquelas desanimadas sessões iniciais pensam que o fator predominante nem foi tanto a intenção de ser eficiente, mas sim de ser rápido o bastante para se livrar desse disco de uma vez por todas. Elvis queria antes de tudo gravar o material, evitar novos atritos com o Coronel e a direção da RCA e seguir em frente na sua carreira, esquecendo essa má experiência da forma mais indolor e célere possível.

Em suma, ele seria profissional e completaria as músicas. Infelizmente porém o gosto amargo ficaria na boca por mais alguns meses. Ele sabia que todo o material era um desperdício de tempo e dinheiro e que não tinha o menor valor artístico. Mesmo querendo se livrar do disco logo, Elvis percebeu rapidamente que o famigerado LP iria persegui-lo por mais algum tempo ainda. O Projeto iria continuar, em um futuro não muito distante, a trazer vários aborrecimentos pessoais a ele. Definitivamente as coisas não melhoraram muito nos meses seguintes, principalmente quando Felton Jarvis comunicou a Elvis o nome do novo disco: "Elvis Sings The Wonderfull World of Christmas" (Elvis canta o maravilhoso mundo do natal). O Rei simplesmente odiou o título, que para ele era "completamente estúpido!", mas resolveu novamente se calar, só manifestando sua opinião pessoal para os mais próximos.

Depois outro aborrecimento surgiu quando a arte final da capa chegou em suas mãos: Elvis odiou muito a foto montagem feita com sua imagem, aonde colocaram a foto de sua face acoplada a um desenho de um Papai Noel balofo. Para quem lutava diariamente contra a balança, se deparar agora com um desenho que o retratava como um Papai Noel roliço não era das experiências mais agradáveis e o pior: o desenho iria sair na capa de um de seus próprios discos! Aquilo já era demais! Resolveu reclamar dessa vez. Chegou a comentar com Joe Esposito: "Aonde será que esses caras querem chegar??!! Meu Deus, não há limites para tanta mediocridade!!!" Tentou até mesmo impedir a reprodução da capa, mas o Coronel lhe informou que seria impossível pois todas já estavam impressas! Como não havia mais o que fazer, Elvis resolveu não se estressar mais e tomou a decisão de se divertir com o disco, fazendo piadas em cima de sua capa, de seu título, etc.

Era um humor misturado com angústia e melancolia, pois apesar de rir do LP, Elvis sabia que os outros iriam criticá-lo por ter gravado tal material. Mas ele já tinha problemas demais e aquilo parecia ser o menor deles. Além do mais pensou: Quem sabe ele não estaria errado e os caras da RCA certos, não é mesmo? Podia ser até mesmo que "aquilo" fizesse sucesso! Quem sabe... O LP, finalmente, depois de sofrer muitas modificações promovidas pelo produtor de Elvis, foi lançado em outubro de 1971. A crítica caiu em cima, malhou impiedosamente o trabalho e culpou Elvis, o Coronel e o produtor Felton Jarvis pelo lançamento. Pelo menos dessa vez Elvis não levou a culpa toda sozinho como ele temia. De sua parte Elvis até mesmo se divertiu com alguns artigos e no final deu de ombros, declarando: "Eu tinha razão, esses caras da RCA não entendem nada mesmo de música!"...

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis Sings The Wonderfull World of Christmas - Parte 3

Ao chegar foi imediatamente atendido por uma junta médica que constatou que ele tinha uma séria lesão no globo ocular esquerdo (provavelmente causada pelos fortes holofotes em seus shows) e que deveria se internar imediatamente para novos exames. Nenhuma luminosidade seria suportada pelo olho lesionado e assim o cantor adotou, por orientação médica, um tapa olho preto que logo virou piada entre os caras da máfia de Memphis.

O Coronel Parker também logo foi informado que Elvis estava de licença médica por dois meses e que todos os seus compromissos deveriam ser cancelados. Elvis respirou aliviado e se trancou em seus aposentos para tratar de sua saúde e principalmente descansar. Agora o objetivo principal para ele era dormir o máximo que pudesse para se recuperar das longas noites mal dormidas em Las Vegas. Duas semanas depois o Coronel ligou de Los Angeles para ele em Graceland: "Elvis, você ouviu as músicas natalinas? A direção da RCA está me cobrando uma posição de sua parte!" do outro lado da linha cheia de interferência o Coronel conseguiu perceber o estado emocional deprimido do cantor que ao falar, apenas disse de forma melancólica: "Ouvi as músicas...são horríveis...não me interessa..." - então fez-se uma longa pausa, com Elvis em total silêncio - finalmente ele disse: "...depois lhe retorno com alguma decisão, não estou com estado de espírito hoje para esse tipo de conversa..." e desligou.

O Coronel ficou preocupado. Parker não tinha costume em encontrar tanta resistência assim por parte de Elvis. Tudo levava a crer que depois de tanto material medíocre imposto por ele e pela RCA ao cantor ao longo dos anos, finalmente Elvis parecia agora encontrar disposição em dizer não a projetos nos quais ele não acreditava mais. O Coronel Parker então decidiu abrir um espaço para Elvis se refazer e depois partiu para o ataque. Um mês depois o Coronel chegou à Memphis para ver como Elvis estava e intensificou sua propaganda do disco de natal, sempre passando a idéia de que ele seria um grande sucesso, que com esse LP Elvis iria novamente alcançar as primeiras posições, que tudo seria ótimo para sua carreira e blá, blá, blá... Elvis começou a se encher daquela conversa.

Em uma noite particularmente agitada em sua suíte, visivelmente alterado pelo uso de drogas, Elvis explodiu com o empresário após esse lhe sugerir pela milionésima vez a gravações das malditas músicas de natal: "Não agüento mais!!! Eu não vou gravar essas merdas!!! Essa porcarias da RCA, eu não vou gravar esse lixo!!! Me deixe me paz, pelo amor de Deus!!!" e bateu a porta na cara do Coronel. Sabendo do terrível temperamento de Elvis Tom Parker simplesmente se retirou de Graceland e orientou Joe Esposito a ficar de olho no cantor. No dia seguinte já estava pronto para telefonar para Felton Jarvis, produtor de Elvis na RCA, para lhe comunicar da decisão de Elvis em não gravar músicas natalinas em suas próximas sessões, quando foi surpreendido por um telefonema do próprio Elvis: "Coronel...sobre as músicas de natal..." – O Coronel nem deixou o cantor completar a frase e lhe disse: "Elvis, não se preocupe, vou entrar em contato hoje com o pessoal da RCA, não se preocupe.." – Elvis então lhe disse: "Não é isso... eu tomei uma decisão...eu vou gravar o disco de natal......no dia que vocês quiserem voarei para Nashville e farei o álbum.... Não quero mais me aborrecer por esse tipo de coisa. Eu o farei".

Não havia nenhum sinal de animação ou contentamento na voz de Elvis, apenas de resignação mesmo. O Coronel ficou estupefato! Quem afinal poderia entender uma mudança tão brusca de decisão em menos de 24 horas? Elvis era assim mesmo, mudanças repentinas de decisão e de temperamento faziam parte de sua personalidade. O Coronel ficou muito contente e garantiu a Elvis que ele tinha tomado uma "ótima decisão" do qual "não iria se arrepender!". E assim foi feito. Elvis entrou novamente em estúdio no dia 15 de maio (exatamente dois meses após sua primeira tentativa frustrada de gravar as canções do disco de natal). Ainda sem acreditar no disco e com uma certa má vontade Elvis começou a gravar as músicas. Para tornar um pouco menos penosa a tarefa de cantar tanto material horrível.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Elvis Presley - Elvis Sings The Wonderfull World of Christmas - Parte 2

A direção da RCA tomou essa atitude por uma razão bem simples: suas músicas natalinas sempre venderam muito bem no final de ano, durante as festas, e já é hora de apresentar material novo nesse estilo. Seus fãs querem isso, não os chefões da RCA, entende meu ponto de vista? São seus fãs que querem ouvi-lo novamente cantando canções de natal!". Elvis ficou em silêncio ouvindo os argumentos do Coronel, fitando e mexendo seus diversos anéis. Parecia antes de tudo distante e desapontado. Durante a conversa Elvis não olhou para o Coronel, que ficou o tempo todo ao seu lado tentando convencê-lo a se submeter aos desígnios da grande multinacional. Mesmo com seu esforço de persuasão os argumentos pareciam não fazer efeito.

Elvis não parecia nada convencido e por fim disparou: "Gravar essas músicas não me interessa, além do mais elas não se parecem em nada com o tipo de trabalho que venho mostrando atualmente para meus fãs, não quero fazer o disco!". Tom Parker entendeu que não adiantava pressionar naquele momento, pois não queria impor uma decisão ou passar a imagem para Elvis de alguém que estava forçando uma situação. Calejado pela vida e profundo conhecedor da personalidade facilmente irritável do artista, preferiu jogar panos quentes no assunto, pelo menos por enquanto. Então a velha raposa simplesmente disse ao Rei, que agora estava de pé, em frente ao grande espelho, verificando se tudo estava em ordem para sua entrada no palco: "Vamos fazer o seguinte: não fique abatido por isso, prometa apenas ouvir as músicas que a RCA vai enviar a você, depois iremos discutir sobre a gravação desse disco, ok? Faça o show tranqüilamente e depois resolveremos esse problema, certo assim?".

Elvis timidamente balançou a cabeça e se dirigiu para fora de seu recinto privativo para encontrar seu staff pessoal que iria conduzi-lo até o palco, para que ele assim finalmente fizesse seu concerto. Não parecia nada animado, sua melancolia era agora cada vez mais aparente. A temporada em Vegas transcorreu normalmente e o assunto não foi mais mencionado entre Elvis e o Coronel Parker. Então no dia 15 de março Elvis chegou à Nashville para o início de suas sessões de gravação. Ele havia feito péssimo vôo, estava se sentindo mal, tinha enjoado durante o percurso, se queixava de fortes dores de cabeça acrescida de uma pressão incomum sentida sobre seu globo ocular e para falar a verdade não estava com a mínima vontade de gravar. Mesmo assim tentou seguir em frente.

Quando chegou aos estúdios estava com péssima aparência: olheiras visíveis demonstrando que não tinha dormido bem nas últimas semanas, cabelo despenteado, barba por fazer e com expressão de dor. Teve inclusive que ser amparado por seu homens para poder sair do carro em que estava. Depois de realizar tantos shows em Las Vegas Elvis estava simplesmente muito estressado e exausto para cumprir uma maratona de gravações em Nashville. Além disso estava sentido dores cada vez mais agudas e latentes em seu olho esquerdo. Felton Jarvis ficou um pouco assustado com a aparência abatida de Elvis, mas mesmo assim resolveu dar prosseguimento aos trabalhos. Começou a tocar alguns demos natalinos para Elvis, para que ele finalmente decidisse quais canções iria gravar. O cantor ficou o tempo todo sentado em uma cadeira ao lado de uma caixa de som, mostrando total desinteresse pelas canções. A aversão de Elvis foi aumentando a cada música demonstrada a ele, até que finalmente pediu a Jarvis que parasse com as execuções. Elvis olhou ao seu lado e disse à sua banda: "Bom, vamos gravar alguma coisa por enquanto, depois a gente volta para esse material de natal, ok?". Dito e feito.

Com a mudança de direção Elvis até mesmo se animou e conseguiu se empolgar um pouco. Pediu uma garrafa de água e começou a conversar com os caras da banda. Sugeriu ótimas músicas para salvar a sessão como "The First Time Ever I Saw Your Face", "Early Morning Rain", "For Loving Me" e a sua preferida na noite: o Gospel "Amazing Grace", que o levou a praticamente renascer dentro do estúdio. Novamente ligado no que estava acontecendo à sua volta, Elvis resolveu escrever ele mesmo um novo arranjo para a famosa música religiosa, depois discutiu com os caras da banda a melhor forma de gravá-la, enfim, era o Elvis Presley dos bons tempos que todos conheciam. As músicas natalinas ficariam para depois, até mesmo porque Elvis não tinha o menor interesse pelo material apresentado por Felton Jarvis. Ele não conseguiu se conectar com as músicas de natal. Na verdade ele havia até mesmo comentado com James Burton dentro da sala de gravação: "...essas músicas de natal são ruins demais, puxa vida!".

Todos riram, o que foi ótimo, pois levou a amenizar bastante o clima de tensão que pairava no ar. Depois de algumas horas ali gravando as músicas não natalinas escolhidas por ele, Elvis chamou todos os presentes e os reuniu em uma sala adjacente ao estúdio principal: "Eu quero comunicar a vocês que estou cancelando o restante das sessões, vou hoje mesmo para Graceland. Não estou me sentido bem, sinto dores, estou cansado, indisposto e minha voz está no limite. Não quero gravar nada nesse estado. O pessoal de Los Angeles está dispensado e o de Memphis segue comigo hoje mesmo para casa. Vejo vocês depois! Estão todos livres! Obrigado e fiquem com Deus!" Poucos minutos depois Elvis embarcava de volta para Graceland.

Pablo Aluísio.