quinta-feira, 19 de julho de 2018

Onde Imperam as Balas!

Após escapar da morte, um pistoleiro resolve desistir de seu passado. Ele foge para uma pequena cidade do velho oeste e se torna assistente do xerife local. A cidade é dividida entre pequenos fazendeiros e um poderoso dono de terras. Em pouco tempo estará envolvido na disputa. Nas décadas de 40 e 50 a Universal era um verdadeiro celeiro de jovens estrelas. O estúdio fornecia treinamento, publicidade e acompanhamento para futuros astros. Em troca esses atores assinavam contratos leoninos onde quem realmente lucrava após seu sucesso era a própria Universal. Rock Hudson, Tony Curtis e Robert Wagner foram alguns que foram descobertos dessa forma. Rory Calhoun foi outro desses astros fabricados pelo estúdio americano. Geralmente estrelando faroestes B, Calhoun foi aos poucos subindo na carreira, mas não conseguiu virar o astro de primeira grandeza que tantos esperavam.

Isso porque bem no auge de sua ascensão uma revista escandalosa revelou ao público que Rory era um ex presidiário que havia cumprido pena antes de se tornar o famoso cowboy das matinês. Abalado, jamais conseguiu virar um ator de primeira linha. Esse "Onde Imperam as Balas" é justamente isso, mais um western da Universal feito para promover mais uma de suas grandes descobertas. Se não é genial, passa longe de ser um produto medíocre. O filme é simples, mas tem todos os ingredientes que fazem a festa dos fãs desse gênero - inclusive com o esperado duelo final entre dois grandes pistoleiros. Vale a pena assistir, ainda mais para conhecer Calhoun, um dos mais conhecidos "ex futuros grandes astros" da Universal.

Onde Imperam as Balas! (Red Sundown, EUA, 1956) Direção: Jack Arnold / Roteiro: Martin Berkeley baseado na obra de Lewis B. Patten / Elenco: Com Rory Calhoun, Martha Hyer, Dean Jagger / Sinopse: Após escapar da morte um pistoleiro resolve desistir de seu passado. Ele foge para uma pequena cidade do velho oeste e se torna assistente do xerife local. A cidade é dividida entre fazendeiros e um poderoso dono de terras. Em pouco tempo estará envolvido na disputa.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Tombstone

A história do OK Curral segue dando manga para muitos filmes, desde "Sem Lei e Sem Alma" com Kirk Douglas (como Doc) e Burt Lancaster (como Earp) até o mais recente "Wyatt Earp" dirigido pelo Kevin Costner. Essa versão "Tombstone" sempre foi considerada a mais "pop" de todas pois o roteiro é agil, movimentado e não perde tempo com tantos detalhes como outros filmes. Aqui também existem algumas diferenças que achei significativas. Por exemplo, nessa versão Wyatt Earp é mais contido e precavido. Ele procura acima de tudo não se meter em confusão. Está sempre receoso de entrar em algum conflito com os bandidos locais. Só quando a coisa fica insuportável é que ele parte para o tudo ou nada ao lado de seus irmãos e Doc Holliday. Achei Val Kilmer muito bem como Doc, muito embora a melhor interpretação do pistoleiro seja mesmo a de Dennis Quaid no filme de Costner. Kurt Russell está apenas ok para falar a verdade. Seu bigode postiço não convence mas como o filme em si é bom e movimentado não paramos muito para pensar sobre isso.

Para falar a verdade o que sempre me chamou atenção nos filmes dos Earps é a figura de Doc Holiday mesmo. Doutor, beberrão, pistoleiro e vivendo eternamente no fio da navalha. Esse sujeito se não tivesse existido de verdade teria que ser inventado por algum roteirista talentoso, porque ele sempre rouba os filmes de seu amigo Earp. É um personagem com muita carga dramática, quase Shakesperiano. Ele sabe que não tem muitos anos de vida pela frente por ser tuberculoso e por isso vive como se não houvesse amanhã. E pensar que ainda hoje o acusam de ser apenas um ladrão beberrão e assaltante barato... Depois de ver tantos filmes cheguei na conclusão que ele era realmente um ladrão... um ladrão do filme alheio.

Tombstone - A Justiça Está Chegando (Tombstone, EUA, 1993) Direção: George P. Cosmatos / Roteiro: Kevin Jarre / Elenco: Kurt Russell, Val Kilmer, Sam Elliott, Bill Paxton, Jason Priestley / Sinopse: Wyatt Earp (Kurt Russell) , seus irmãos e Doc Holliday (Val Kilmer) enfrentam um grupo de bandidos em Tombstone Arizona no O.K. Curral. O duelo entrou para a mitologia do velho oeste.

Pablo Aluísio.

Duelo de Bravos

Esse recente western foi lançado há pouco no mercado de DVD e Blu-Ray. A trama é simples: após um assalto mal sucedido dois ladrões conseguem fugir da pequena cidade aonde o crime foi realizado. Caçados pelo grupo do xerife se enfiam no meio da mata para não irem para a forca. Depois de muita perseguição chegam em uma outra cidadezinha próxima e lá realizam novo roubo, só que dessa vez de uma fazenda local. Novamente fugindo, só que agora do fazendeiro, sua família e de um caçador de peles eles acabam se defrontando com um grupo de Comanches selvagens. "The Legend Os Hell´s Gate" é um faroeste curioso. Seu roteiro não é tão simplista quanto parece ao se ler a sinopse acima. De fato há muitos personagens dispersos. Para se ter uma ideia surgem no decorrer do filme em pequenas aparições o famoso Doc Holliday (não muito bem caracterizado) e até o assassino do presidente Lincoln.

A narrativa central gira em torno dos ladrões em fuga mas muitas situações ocorrem ao redor disso. Talvez por isso o filme perca em intensidade e foco. Não é uma produção ruim, longe disso, mas não tem muita concentração em seu desenvolvimento. Em determinado momento do filme tudo é dirigido para os ladrões em fuga, para logo a seguir o roteiro desviar as atenções para os últimos momentos de vida do assassino de Lincoln. O pior é que não há uma ligação entre os dois eventos mostrados no filme. As estórias seguem independentes até o final. Para quem não gosta de argumentos dispersos realmente o filme não é recomendável. Eu pessoalmente gostei, achei bom entretenimento. Há boas cenas de tiroteio, ação e fugas e o clímax é bem interessante - um selvagem conflito no meio de uma região hostil, em uma encosta rochosa. Para uma produção atual está de bom tamanho. Espero que outras sejam lançadas seguindo esse caminho e que o gênero continue vivo, com novos filmes chegando ao mercado. Isso é o mais importante.

Duelo de Bravos (The Legend of Hell's Gate: An American Conspiracy, EUA, 2011) Direção: Tanner Beard / Roteiro: Tanner Beard / Elenco: Eric Balfour, Lou Taylor Pucci, Henry Thomas / Sinopse: Ladrões em fuga acabam se deparando com Comanches no meio do deserto. Ao mesmo tempo um barman em seu leito de morte confidencia a um rico comerciante local que na verdade é o real assassino do presidente Lincoln.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 17 de julho de 2018

Arizona Violenta

Título no Brasil: Arizona Violenta
Título Original: Ten Wanted Men
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: Scott-Brown Productions
Direção: H. Bruce Humberstone
Roteiro: Kenneth Gamet, Irving Ravetch
Elenco: Randolph Scott, Jocelyn Brando, Richard Boone, Alfonso Bedoya, Donna Martell, Skip Homeier

Sinopse:
No velho oeste o rancheiro John Stewart (Randolph Scott) vive bem e feliz, tocando sua propriedade rural no Arizona. Sua vida segue bem até que um ganancioso fazendeiro surge para destruir seus planos. Ele quer as terras que pertencem a Stewart de todo o jeito. E isso vai criar um conflito entre os dois homens.

Comentários:
O filme "Arizona Violenta" é mais um bom momento da carreira do ator Randolph Scott no cinema. Durante os anos 50 ele estrelou uma série incrível de bons filmes, todos do gênero western. Scott costumava dizer que nunca havia perdido dinheiro com filmes de faroeste (ele era produtor de seus próprios filmes nessa época). É uma fita de matinê, rápida e eficaz, que conta com uma curiosidade em seu elenco, a presença da atriz Jocelyn Brando, irmã do grande ator Marlon Brando, naquela época já considerado um dos grandes ídolos de Hollywood em sua fase dourada. Jocelyn não decepciona, embora em algumas cenas soe um pouco exagerada. Era uma tentativa de mostrar seu talento como atriz. Ja Randolph Scott era aquela coisa. Calmo e tranquilo, muitas vezes se saia melhor do que ela em cena.

Pablo Aluísio.

Na Encruzilhada dos Facínoras

Cam Bleeker (Fess Parker) é enviado pelo governador do Kansas para se infiltrar em uma quadrilha liderada por Luke Darcy (Jeff Chandler), um carismático líder rebelde que às vésperas da guerra civil americana prega a independência do Kansas da União Federal. Esse Western da Paramount estrelado por Jeff Chandler, o galã de cabelos grisalhos, é muito bem escrito principalmente na parte que toca ao personagem Luke Darcy, com vários diálogos inteligentes e bem construídos. Acontece que ele não é apenas mais um vilão unidimensional que vemos em tantos filmes de bang-bang mas sim um homem de ideias que prega a separação de seu Estado de forma definitiva dos EUA, se tornando assim um país com sua própria soberania, a República independente do Kansas. Utopia? Certamente, mas não podemos nos esquecer que era justamente isso que os confederados queriam na guerra civil norte-americana. Curiosamente, e isso é mostrado no filme, o Kansas ficou em cima do muro no conflito, nem aderindo aos exércitos da União e nem se unindo ao Sul confederado. Irritados por essa neutralidade muitos grupos resolveram pegar por conta própria em armas para incendiar as populações de pequenas cidades - e é justamente isso que vemos o personagem de Jeff Chandler fazer durante todo o filme.

Por falar em Jeff Chandler ele está muito bem no filme. Ator competente, tinha ótima dicção e era ideal para interpretar tipos mais eruditos como o que vemos aqui. Revelado pela Universal ao lado de outros famosos atores da época como Rock Hudson e Tony Curtis, Chandler conseguiu se estabilizar em Hollywood com uma série de boas atuações em bons filmes, mesmo quando se tornou livre do contrato da Universal. Esse "Na Encruzilhada dos Facínoras" foi realizado justamente quando Chandler se tornou ator freelancer. Já seu parceiro em cena, Fess Parker, é apenas correto. Fisicamente parecido com Gregory Peck, Fess se torna ofuscado por Chandler não conseguindo se impor como "mocinho" da estória. Por fim não poderia deixar de falar da atriz francesa Nicole Maurey. Muito bonita, sofisticada e elegante, ela logo se torna um verdadeiro colírio para a plateia mascuilna, o que não é nada mal. Em suma, "The Jayhawkers!" é um bom retrato dos bastidores do maior conflito armado que já ocorreu em solo americano. Vale a pena conferir.

Na Encruzilhada dos Facínoras (The Jayhawkers!, EUA, 1959) Direção: Melvin Frank / Roteiro: A.I. Bezzerides, Frank Fenton / Elenco: Jeff Chandler, Fess Parker, Nicole Maurey / Sinopse: Cam Bleeker (Fess Parker) é enviado pelo governador do Kansas para se infiltrar em uma quadrilha liderada por Luke Darcy (Jeff Chandler), um carismático líder rebelde que às vésperas da guerra civil americana prega a independência do território do Kansas da União Federal.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

O Último dos Moicanos

Título no Brasil: O Último dos Moicanos
Título Original: The Last of the Mohicans
Ano de Produção: 1936
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: George B. Seitz
Roteiro: James Fenimore Cooper, Philip Dunne
Elenco: Randolph Scott, Binnie Barnes, Henry Wilcoxon
  
Sinopse:
O enredo se passa no ano de 1756. A coroa britânica resolve enviar reforços para sua problemática colônia na América do Norte (que nas décadas que viriam daria origem aos Estados Unidos da América). O Major Heyward (Henry Wilcoxon) recebe ordens diretas de levar todos os colonos para o forte William Henry. O problema é que essa guarnição militar fica a dois dias de distância do litoral, uma viagem extremamente perigosa por causa da presença de nativos selvagens e tribos conhecidas por sua violência contra o homem branco. Para ajudar na travessia o colono Hawkeye (Randolph Scott), que conhece cada palmo da região, se propõe a ajudar na viagem. 

Comentários:
Um bom filme histórico que retrata precisamente bem o nascimento do sentimento de nacionalismo dos primeiros americanos. É justamente por essa época que os nativos americanos começaram a criar um sentimento de que não deveriam mais acatar ou receber ordens dos ingleses, nascendo em pouco tempo a ideia de liberdade e independência em relação à Metrópole britânica. O destaque do filme, além de seu bom roteiro, vem da presença de um ainda bem jovem Randolph Scott. Na época em que o filme foi realizado ele era ainda apenas um jovem ator promissor que atuava nos mais diversos gêneros cinematográficos. Filmes como esse porém iriam deixar claro que sua carreira seria muito promissora mesmo no gênero western. Vestido da cabeça aos pés com um figurino que nos lembra imediatamente de outro personagem famoso, Daniel Boone, Scott está ali para representar o modo de vida e a mentalidade dos colonos nascidos na América, que já não tinham mais tantos lanços culturais ou afetivos com o império inglês. Como se trata de uma produção feita em 1936 temos que infelizmente constatar também que o tempo causou estragos na película. Esse é o típico caso de um longa-metragem que precisa passar por uma restauração urgente e bem feita, antes que desapareça. Recentemente o presidente da Academia afirmou que cem filmes realizados na década de 1930 entrariam em processo de restauração digital. Esperamos sinceramente que "The Last of the Mohicans" esteja entre eles.

Pablo Aluísio.

7 Dólares Ensanguentados

Título no Brasil: 7 Dólares Ensanguentados
Título Original: 7 Dollari Sul Rosso
Ano de Produção: 1966
País: Itália, Espanha
Estúdio: Albatros C.P.C., Matheus S.r.l
Direção: Alberto Cardone
Roteiro: Juan Cobos
Elenco: Anthony Steffen, Elisa Montés, Fernando Sancho, Loredana Nusciak, Bruno Carotenuto, José Manuel Martín

Sinopse:
O bandoleiro conhecido como El Cachal (Fernando Sancho) chega com seu bando em um vilarejo no meio do deserto e começa a promover uma série de mortes dos pacatos moradores. Entre as pessoas covardemente assassinadas está a jovem mãe de um garotinho. Após o crime El Cachal decide levar o menino com ele, para que ele cresça como um fora-da-lei, para se tornar um futuro membro de sua quadrilha. Johnny Ashley (Anthony Steffen), o pai do garoto raptado, decide que irá trazer de volta seu filho, custe o que custar, nem que isso dure anos e anos de sua vida em uma busca desesperada pelo velho oeste.

Comentários:
De maneira bem ampla o fã de western verá certas semelhanças na trama desse western spaghetti com o clássico americano "Rastros de Ódio". Obviamente que devemos ter em mente que há uma enorme diferença de qualidade entre os dois filmes. No caso me refiro especificadamente apenas ao enredo e nada mais. Como o filme também foi lançado no mercado americano o diretor italiano Alberto Cardone resolveu adotar nos créditos o nome gringo de Albert Cardiff. Curiosamente ele dirigiu poucos filmes na carreira, se destacando muito mais como diretor de segunda unidade em filmes americanos da época, principalmente em épicos da época imperial romana rodados com cenas de externa em Roma, nos estúdios da Cinecittà. Poucos sabem, mas ele trabalhou inclusive no grande clássico "Ben-Hur" de 1959, participando da famosa cena das corridas de bigas, uma vez que o diretor americano William Wyler não conseguiu chegar a tempo na Europa para o começo das filmagens. Dito isso nos concentremos nesse faroeste. É um bom exemplar do Western Spaghetti, muito embora o roteiro não fuja da velha fórmula "vingança pessoal". O mais digno de nota nesse roteiro vem do fato de que após longos anos procurando pelo filho sequestrado, seu pai chega depois de enfrentar muitos obstáculos até ele, mas o que encontra pela frente é apenas mais um bandido violento, bruto e cruel, fruto do fato dele ter convivido por longos anos no bando de El Cachal, ao qual agora considera quase como um pai! Como contornar uma barreira desse tamanho? Assista e descubra!

Pablo Aluísio.

domingo, 15 de julho de 2018

Império de Balas

Título no Brasil: Império de Balas
Título Original: Last of the Badmen
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos
Estúdio: Allied Artists Pictures
Direção: Paul Landres
Roteiro: Daniel B. Ullman, David T. Chantler
Elenco: George Montgomery, Keith Larsen, James Best
  
Sinopse:
Uma perigosa gangue de criminosos no velho oeste se utiliza de um plano ardiloso: eles resgatam bandidos capturados que estão com a cabeça à prêmio e depois de os utilizarem em novos crimes (com o objetivo de aumentar ainda mais suas recompensas), os eliminam, indo até o xerife para embolsar o dinheiro dos cartazes de "Procura-se Vivo ou Morto". Uma agência de detetives é então contratada para descobrir a identidade do homem por trás desses golpes.

Comentários:
Um faroeste bem seco, duro, com uma constante narração em off (que ajuda a deixar o enredo mais claro, mas que também pode enervar o espectador menos paciente por seu uso excessivo). Estrelado pelo grandalhão George Montgomery o filme não tem qualquer intenção de ser um clássico do western e ao invés disso se apoia mesmo na mais pura diversão, explorando a figura dos detetives particulares que atuavam no oeste americano durante o século XVIII. O roteiro tem alguns furos de lógica (basta parar para pensar um pouco sobre eles), mas o enredo se mostra criativo o bastante para manter o interesse até o fim. A fita foi produzida pela Allied Artists Pictures, um pequeno estúdio de filmes B de Hollywood que não durou muitos anos por causa da agressiva competição com as chamadas grandes majors da indústria cinematográfica americana. A falta de recursos e a produção modesta se torna bem clara no decorrer do enredo, mas relevando-se isso um pouco dá para se divertir sem maiores constrangimentos. Além disso o mistério sobre quem seria o chefe da quadrilha ajuda a manter o foco no que se passa. O final é meio apressado - temos que reconhecer - mas com um pouco de boa vontade tudo se torna ao menos satisfatório quando finalmente sobe o famoso "The End" na tela.

Pablo Aluísio.

O Pistoleiro e os Bárbaros

Título no Brasil: O Pistoleiro e os Bárbaros
Título Original: Get Mean
Ano de Produção: 1975
País: Itália
Estúdio: Stranger Productions Inc
Direção: Ferdinando Baldi
Roteiro: Ferdinando Baldi, Lloyd Battista
Elenco: Tony Anthony, Lloyd Battista, Raf Baldassarre
  
Sinopse:
Arrastado por um cavalo, um estranho pistoleiro (Tony Anthony) chega em uma cidade fantasma bem no meio do deserto, no velho oeste americano. Recuperado, é contratado por uma estranha mulher que se parece com uma feiticeira. Ela o paga para levar uma jovem até uma distante localidade, onde terá que se entregue em mãos a um homem rico e poderoso. O que inicialmente parece ser uma missão simples acaba se tornando uma verdadeira guerra, pois bandoleiros que mais se parecem com bárbaros tencionam raptar a jovem.

Comentários:
Era para ser o primeiro filme com esse personagem conhecido apenas como The Stranger (o Estranho). A ideia era misturar elementos do faroeste italiano com outros gêneros, tais como filmes de capa e espada e fantasia, com princesas, bruxas, etc. O que inicialmente parecia promissor acabou não dando certo. Os fãs de Spaghetti certamente estranharam o clima dessa fita, pois embora os personagens vivam no velho oeste há o uso excessivo de fantasia e contos de fadas. De fato não há como fugir dessa conclusão pois tudo acabou ficando realmente estranho (fazendo jus ao nome do protagonista, um pistoleiro sem nome, tal como acontecia nos filmes de Clint Eastwood como o tão cultuado e conhecido "O Estranho Sem Nome"). A fita é estrelada pelo americano Tony Anthony, nascido Roger Pettito em Clarksburg, West Virginia. Filho de italianos acabou retornando para a Itália na década de 1960 onde iniciou sua carreira. Embora fosse esforçado a verdade é que nunca decolou como astro de sucesso, por isso esse acabou sendo seu último faroeste italiano. Então é isso, temos aqui um western à italiana um pouco diferenciado do que era feito na época, o que definitivamente não quer dizer que seja necessariamente bom. De qualquer maneira vale pela curiosidade.

Pablo Aluísio.

sábado, 14 de julho de 2018

Sangue nas Montanhas

Título no Brasil: Sangue nas Montanhas
Título Original: Un Fiume Di Dollari
Ano de Produção: 1966
País: Itália
Estúdio: Dino de Laurentiis Cinematografica
Direção: Carlo Lizzani
Roteiro: Piero Regnoli
Elenco: Thomas Hunter, Henry Silva, Dan Duryea
  
Sinopse:
Após o fim da guerra civil americana dois soldados confederados retornam para casa com parte de um dinheiro que foi roubado durante o conflito. Perseguidos pelo exército da União caem em uma emboscada. Um deles porém consegue fugir, já o outro é preso e condenado a cinco anos de prisão. Quando finalmente cumpre sua pena descobre que sua esposa morreu e decide ir atrás de seu comparsa para pegar sua parte do dinheiro roubado. O confronto entre os antigos comparsas se torna assim inevitável.

Comentários:
Muita gente boa pensa tratar-se de um filme americano. O diretor Carlo Lizzani usou o nome americanizado de Lee W. Beaver e como a fita tem boa produção (digna do produtor Dino De Laurentiis) muitos cinéfilos acabaram pensando se tratar mesmo de um faroeste Made in USA. Ledo engano. O filme é bom, credito isso aos atores americanos e ao bom roteiro, que tenta a duras penas fugir do lugar comum desse tipo de filme. Henry Silva como Garcia Mendez é um achado. Ele conseguiu perfeitamente captar a alma desse tipo de produção  Spaghetti. A estrela do elenco porém é o ator Thomas Hunter, também americano, que iria se destacar ainda em vários filmes bons, como por exemplo, "A Batalha de Anzio", "A Travessia de Cassandra" e "Nimitz - De Volta ao Inferno". Curiosamente trabalhou em poucos filmes no cinema e na TV acabou também se destacando na famosa série de western "Gunsmoke" onde interpretou o pistoleiro e rancheiro Frank Corey. Então é isso, "Sangue de Montanhas", o Spaghetti que mais parece filme americano de verdade! 

Pablo Aluísio.

O Último Grande Duelo

Título no Brasil: O Último Grande Duelo
Título Original: Il Grande Duello
Ano de Produção: 1972
País: Alemanha, Itália, França
Estúdio: Mount Street Film, Corona Filmproduktion
Direção: Giancarlo Santi 
Roteiro: Ernesto Gastaldi
Elenco: Lee Van Cleef, Alberto Dentice, Jess Hahn
  
Sinopse:
Em uma terra distante e selvagem impera a lei do mais forte. Bandidos, pistoleiros e facínoras de todos os tipos infestam os campos e a cidade. Caçadores de recompensas também estão atrás de seu quinhão de riqueza naquela região deserta e esquecida por Deus. Depois de muito anarquia e desordem chega para assumir o posto de xerife o terrível John Clayton (Lee Van Cleef). Com extrema habilidade no gatilho ele está disposto a impor lei e ordem com a fúria de sua arma fumegante.

Comentários:
Esse filme foi lançado recentemente no box The Spaghetti Western Collection. Se trata de uma coleção com seis filmes italianos de faroeste - gênero que passou para a história com o nome de Western Spaghetti. São três DVDs, com dois filmes em cada. Uma boa seleção para nenhum colecionador colocar defeito. A produção que abre a coleção é justamente essa "O Último Grande Duelo". Lee Van Cleef foi certamente um dos grandes astros da época e aqui surge em um papel levemente diferente dos pistoleiros que estava acostumado a interpretar. Ele dá vida a um xerife que age não apenas como homem da lei, mas também como juiz, júri e carrasco. Sua determinação é colocar lei e ordem em uma terra conhecida por ser selvagem e hostil. Para isso ele precisa enfrentar os mais indigestos inimigos, inclusive um grupo de irmãos bandoleiros que querem tocar o terror na pequena cidadezinha da região. Para piorar o lugar também é assolado por caçadores de recompensas, o que faz aumentar ainda mais a violência. Nos Estados Unidos o filme foi lançado com o título de "Rider Storm" e logo depois teve seu nome mudado para "The Grand Duel" (título que foi aproveitado no Brasil). É um bom momento da filmografia de Cleef, embora não seja considerado entre os seus filmes mais famosos ou mais bem sucedidos na bilheteria.

Pablo Aluísio.

Filmes no Cinema - Edição XX

O grande filme a chegar nos cinemas nessa semana é o drama "Meu Pai", maravilhoso trabalho de atuação do ator Anthony Hopkins. Ele interpreta esse senhor, já na terceira idade, que começa a sofrer problemas relacionados à perda da memória, não reconhecimento de pessoas próximas e outros problemas relacionados ao Mal de Alzheimer. Com esse grande trabalho de interpretação o veterano Hopkins é um dos principais favoritos a vencer o Oscar de melhor ator nesse ano. Assim esperamos que aconteça.

Para quem aprecia o gênero dos filmes de ação há a opção de assistir ao filme "Na Mira do Perigo". Na história o ator Liam Neeson interpreta um fazendeiro durão do Arizona que decide proteger um imigrante ilegal que está sendo perseguido não apenas pelas autoridades, mas também pelos assassinos profissionais de um cartel de tráfico de drogas do México. Liam Neeson é atualmente o ator que mais trabalha em Hollywood. Mal um filme seu sai de cartaz e outro já entra na programação dos cinemas. Impressionante!

Para quem aprecia cinema europeu duas opções interessantes. A primeira é o filme "Os Melhores Anos de uma Vida", produção francesa dirigida pelo prestigiado cineasta Claude Lelouch. Com um bom elenco que conta entre outros com  Anouk Aimée e Jean-Louis Trintignan, o filme mostra a história de um casal apaixonado que fica 50 anos sem se encontrar. Depois de tantas décadas separado eles se reencontram, para viver uma nova história de amor. Já "O Charlatão" mostra a história de um sujeito bem estranho, que vende a esperança para pessoas que estão sofrendo de doenças terminais. A direção é de Agnieszka Holland e o elenco tem a presença dos atores Ivan Trojan, Jaroslava Pokorná e Miroslav Hanus.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Filmes no Cinema - Edição XIX

Em tempos de pandemia os lançamentos semanais são limitados. Ficaram para trás aqueles fins de semana quando até dez filmes novos chegavam nos cinemas. E para piorar os Estados Unidos enfrentam nessa semana uma nevasca de grandes proporções que fecharam as salas de cinema que ainda estavam abertas na costa leste e sul do país. Complicado. Ter um cinema nos dias de hoje virou quase um ato de heroísmo, tanto nos Estados Unidos como no Brasil. E o mesmo vale para quem compra um ingresso.

Pois bem, o principal lançamento desse fim de semana é um filme de fantasia chamado "Monster Hunter". Uma prévia do filme do King Kong vs Godzilla? Pode ser... Esse tipo de produção é mais voltado para um público juvenil, com muitos dragões voando pelos céus noturnos, bravos cavaleiros, enfim, aquele estilo conhecido como aventura e espadas. Eu até que fiquei curioso em conferir esse filme. Esse clima de RPG até que me atrai um pouco. A direção dessa produção é do cineasta Paul W.S. Andersone o elenco conta com Milla Jovovich e Tony Jaa. Os fãs de "Resident Evil" podem até mesmo se interessar também, quem sabe...

Fora esse lançamento, temos apenas dois outros filmes novos sendo lançados, mas em um circuito mais reduzido, mais voltado para cineclubes, salas especializadas em filmes cult, europeus, etc. Entre esses lançamentos mais, digamos, culturais, vale a citação de "Amarração do Amor" sobre um casal que quer se casar, mas que não conta com a aprovação de seus familiares. É de se perguntar se no mundo de hoje este tipo de questão ainda existe. De qualquer forma a direção é de Caroline Fioratti, O elenco conta com Samya Pascotto, Bruno Suzano e Ary França. Um filme indicado para românticos incuráveis que queiram rir um pouco também, por que não?

Outro lançamento digno de nota nessa semana se chama "Judas e o Messias Negro". Com direção de Shaka King e elenco trazendo Daniel Kaluuya, Lakeith Stanfield, e Martin Sheen, o filme conta a história de Fred Hampton (Daniel Kaluuya), um dos líderes dos Panteras Negras, grupo ativista que lutou em prol dos direitos civis nos Estados Unidos. Esse grupo foi bastante atuante durante as décadas de 1960 e 1970. No filme o FBI resolve infiltrar alguns agentes no movimento para investigar acusações de crimes e assassinatos cometidos pelos Panteras Negras. Esse filme parece ser dos mais interessantes. Provavelmente seja o melhor filme a chegar nas telas de cinema nesse fim de semana. A conferir.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Missão: Impossível - Efeito Fallout

As críticas que havia lido sobre esse filme me deixaram com uma expectativa alta em relação ao que veria no cinema. Alguns críticos chegaram a dizer que era não apenas o melhor filme da franquia "Missão: Impossível" como também o melhor filme da carreira de Tom Cruise... Depois de assistir ao filme pude perceber como era um enorme exagero esse tipo de opinião. OK, o filme é muito bem produzido, algo a se esperar de uma produção que custou 180 milhões de dólares... há três excelentes cenas de ação, mas afirmar que o filme é uma obra prima ou qualquer coisa parecida sequer a isso soa desproporcional demais.

O que mais me desagradou nesse novo filme é que o roteiro é muito fraco, derivativo e básico. Cheio de clichês, não consegue fugir daquela velha fórmula dos mocinhos salvando o mundo da destruição. A falta de imaginação dos roteiristas chega a um nível absurdo, a ponto de repetirem pela milésima vez aquela cena em que as bombas estão prestes a explodir e é preciso cortar um dos fios, antes que a contagem regressiva chegue ao final. Quantas vezes você já viu isso em outros filmes e séries? Milhares de vezes! Ver tudo isso de novo me soou tão cansativo... É muito batido e sem graça. Chegou a me dar sono.

Então já que o roteiro é bobo e ruim, o que vale mesmo é tentar curtir as cenas de ação, todas obviamente bem absurdas e inverossímeis. Esqueça James Bond ou Superman, o verdadeiro herói indestrutível dos filmes de ação é mesmo o agente Ethan Hunt do Tom Cruise. Ele consegue sair de um enorme desastre envolvendo dois helicópteros em uma montanha nevada sem sequer sofrer um arranhão ou despentear seus cabelos. Por falar em Bond, o roteiro claramente se "inspira" (para não dizer plagia mesmo) a antiga fórmula de levar o protagonista para diversas partes do mundo. Pena que aqui não fugiram do óbvio, filmando novamente em Londres e Paris, cidades que já estamos cansados de ver em filmes. Então é isso. Pela falta de novidades achei esse filme apenas meramente razoável.

Missão: Impossível - Efeito Fallout (Mission: Impossible - Fallout, Estados Unidos, 2018) Direção: Christopher McQuarrie / Roteiro: Christopher McQuarrie, Bruce Geller / Elenco: Tom Cruise, Henry Cavill, Ving Rhames, Rebecca Ferguson / Sinopse: O agente Ethan Hunt (Tom Cruise) precisa recuperar três ogivas nucleares antes que elas caíam nas mãos de terroristas que querem destruir grandes cidades em nome de sua causa insana.

Pablo Aluísio.

Em Pedaços

Esse filme trata da questão dos imigrantes na Europa, mesmo que de maneira indireta. Na história temos uma alemã que se apaixona por um imigrante curdo. O sujeito está terminando de cumprir uma pena por tráfico de drogas e após isso o casal decide se casar. O tempo passa, um filho nasce e a vida parece seguir seu rumo. Tudo vai indo bem até o dia em que uma bomba é deixada do lado de fora do escritório onde o marido trabalha. Na explosão ele e o filho morrem. A viúva fica em pedaços e obviamente pede por justiça. As investigações acabam direcionando para um casal de jovens neonazistas. Para eles é um absurdo e uma afronta que uma alemã de olhos azuis, ariana (na definição dos nazistas) venha a se envolver com um imigrante moreno e barbudo, vindo de um país muçulmano.

A atriz alemã Diane Kruger interpreta a esposa e mãe que perde sua família. Esse aliás é apenas o segundo filme dela feito em seu país, onde ela fala sua língua original. Um papel difícil porque ela precisa interpretar uma personagem bastante dramática, traumatizada pela morte do marido e do filho, precisando superar tudo, nem que seja a base de muita cocaína para segurar o tranco. Até pensamentos suicidas recorrentes começam a nublar sua perspectiva de vida. O roteiro divide o filme em três atos básicos. Cada um foi nomeado no filme. No primeiro ato chamado "The Family" vemos o casamento, a felicidade da família e o atentado, quando a realidade mostra sua crueldade. Em "Justice" acompanhamos o julgamento do casal neonazista responsável pelo atentado. Também é o momento da desilusão quando a viúva descobre que o sistema judiciário também pode ser muito falho e fraco contra esse tipo de criminoso movido por motivos raciais. O terceiro ato fecha tudo em "The Sea". Não vou estragar as surpresas, mas adianto que o final não me agradou. Sua mensagem pode até mesmo soar um pouco perigosa, extrema e fora do bom senso. Mesmo assim ainda é válido diante de tudo o que acontece com a protagonista.  Enfim, é um filme pesado que mostra os desafios da sociedade alemã nos dias atuais. Velhos fantasmas do passado parecem ainda assombrar aquele povo europeu.

Em Pedaços (Aus dem Nichts, Alemanha, França, 2017) Direção: Fatih Akin / Roteiro: Fatih Akin, Hark Bohm/ Elenco: Diane Kruger, Numan Acar, Rafael Santana, Samia Muriel Chancrin / Sinopse: A alemã Katja Sekerci (Diane Kruger) acaba se apaixonando por um imigrante curdo, vindo de um país muçulmano. Com ele é feliz e forma uma família. Tudo chega ao fim porém quando eles são vítimas de um atentado a bomba, um crime de ódio praticado por um casal de jovens neonazistas. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme Drama - Em Língua estrangeira.

Pablo Aluísio.