quinta-feira, 5 de abril de 2012
Sonâmbulos
Nessa revisão ficaram claros alguns pontos. A primeira metade do filme é muito superior ao seu terço final. O romance entre o sonâmbulo jovem Charles Brady e Tanya é tolinho e sem qualquer profundidade mas pelo menos mantém o interesse. A boa cena de perseguição entre um carro policial e o carro esporte de Charles também rende um bom momento. O clima de tensão envolvendo a velha casa e os gatos ao redor também é algo bacana, e original pois não tinha visto em nenhum filme. O problema de "Sonâmbulos" realmente é seu desfecho. A partir do momento em que Charles é atacado e volta para casa o filme desanda. Quando eles se transformam então o clima que era de sutil suspense é substituído pelo puro e simples trash. Faltou sutileza a Stephen King aqui. Mesmo com todos esses problemas vale a pena a espiada, principalmente para quem é fã do King. A ideia inicial é boa, bem bolada, mas desperdiçada ao longo do filme, o que é uma pena.
Sonâmbulos (Sleepwalkers, Estados Unidos, 1992) Direção: Mick Garris / Roteiro: Stephen King / Elenco: Brian Krause, Alice Krige, Madchen Amick / Sinopse: Um jovem e sua mãe pertencem a uma rara raça de monstros chamada Sleepwalkers (Sonâmbulos). Em uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos tentam se misturar com a população local. Baseado na obra de Stephen King.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 4 de abril de 2012
O Pacto
O filme não se compromete nessa questão - nem assume uma postura totalmente avessa a esses grupos e nem tampouco passa lição de moral. Nessa questão ele fica até mesmo interessante. Claro que a partir de determinado momento do filme o tema deixa de ser debatido para virar apenas um filme de ação de rotina, com muitas correrias, tiroteios e pirotecnia mas mesmo nesse quesito se mostra eficiente como puro entretenimento. A produção no fundo é uma tentativa do diretor Roger Donaldson em emplacar sua carreira. Ele até que vem apresentando bons trabalhos ao longo dos anos mas nunca conseguiu entrar para o primeiro time de cineastas de Hollywood. Esse "O Pacto" até me lembrou de outro policial dirigido por ele, o filme "Areias Brancas" um bom thriller estrelado por Mickey Rourke nos anos 90. Enfim, em resumo, "O Pacto" é muito melhor do que Nicolas Cage vinha apresentando ultimamente. Não é seu renascimento mas pelo menos serve como pausa das mediocridades de sua filmografia recente.
O Pacto (Seeking Justice / Solo Per Vendetta, Estados Unidos, 2011) Diretor: Roger Donaldson / Roteiro: Robert Tannen / Elenco: January Jones, Nicolas Cage, Guy Pearce, Jennifer Carpenter, Harold Perrineau / Sinopse: Will Gerard (Nicolas Cage) é um professor de high school que se vê diante do estupro de sua esposa, a bela instrumentista Laura (interpretada pela linda January Jones de "Mad Men"). Revoltado ele é procurado pelo misterioso Simon (Guy Pierce, recentemente premiado pela série Mildred Pierce). Esse lhe propõe literalmente um pacto. Uma organização de cidadãos indignados pela violência irá liquidar o estuprador de sua esposa e em troca ele fará alguns serviços para o grupo.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 3 de abril de 2012
O Enigma do Outro Mundo
Como o filme não tem um roteiro muito bom tudo se volta para os efeitos digitais (e eles são muitos, funcionando em certos momentos e em outros não, soando artificiais demais para convencer). Em cena nenhum ator conhecido, a maioria realmente está ali como "boi de piranha" pois aos poucos vão virando fast food do monstro espacial. Aliás o filme se resume a isso mesmo, é um autêntico MOW (Monster of Week) sem nenhuma grande ideia por trás. O diretor é o desconhecido Matthijs van Heijningen Jr, sem nada de muito relevante em sua carreira (esse é apenas o terceiro filme que dirige). Sua direção nada sutil me deixou com saudades do bom e velho John Carpenter, esse sim um artesão em tirar leite de pedra!
O Enigma de Outro Mundo (The Thing, Estados Unidos, 2011) Direção: Matthijs van Heijningen Jr / Roteiro: Eric Heisserer baseado no conto "Who Goes There?" de John W. Campbell Jr / Elenco: Mary Elizabeth Winstead, Joel Edgerton, Ulrich Thomsen / Sinopse: Expedição nos confins mais gelados do planeta terra descobre um estranho artefato de origem extraterrestre.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 2 de abril de 2012
O Abrigo
Eu já conheço bem o trabalho do ator Michael Shannon (que aqui faz Curtis, o pai da família). Ele está muito bem em "Boardwalk Empire" onde interpreta um agente do FBI na luta contra o contrabando de bebidas durante a lei seca. É um ator muito focado, que realmente se entrega ao papel com afinco. Outro aspecto a se elogiar é o roteiro aberto. Nada é muito explicado, cabendo a cada um formar sua própria interpretação sobre os acontecimentos do filme. Profeta, louco, esquizofrênico ou apenas um ser humano no limite? Eu cheguei a algumas conclusões mas vou guardar para mim pois o mais importante nesse "O Abrigo" é cada um chegar em suas próprias teses pessoais. Recomendo, um filme intrigante e que faz pensar - algo cada vez mais raro no cinema atual.
O Abrigo (Take Shelter, Estados Unidos, 2011) Direção: Jeff Nichols / Roteiro: Jeff Nichols / Elenco: Michael Shannon, Jessica Chastain, Shea Whigham / Sinopse: Atormentado por visões do Apocalipse o jovem chefe de família Curtis (Michael Shannon) fica obcecado em construir um abrigo anti nuclear nos arredores de sua casa para proteger sua esposa e filha da catástrofe que se aproxima.
Pablo Aluísio.
domingo, 1 de abril de 2012
O Exorcista
Outro fato digno de nota é que mesmo após tantos anos o filme, mesmo visto atualmente, não envelheceu tanto. Claro que em termos narrativos há alguns aspectos que soam datados, mas a força da trama não sofreu o pesar dos anos. Nem suas péssimas continuações atrapalharam nesse quesito. Filmes marcantes assim costumam ser tão imitados que acabam perdendo sua força original. Com "The Exorcist" não sentimos tanto essa perda. O filme continua muito bom, muito impactante e provocando medo aos que o assistem (o que no final das contas é o objetivo de todo filme de terror bom que se preze). Em conclusão "O Exorcista" realmente merece a fama e o status que tem. É um excelente momento do cinema de terror da década de 70 que se mantém firme até os dias de hoje.
O Exorcista (The Exorcist, Estados Unidos, 1973) Direção: William Friedkin / Roteiro: William Peter Blatty baseado em seu próprio livro / Elenco: Linda Blair, Max Von Sydow, Ellen Burstyn, Lee J Cobb, Jason Miller, Kitty Winn, Jack MacGowran / Sinopse: Jovem garota (Linda Blair) começa a manifestar sinais de possessão demoníaca. Para ajudá-la a Igreja envia dois padres exorcistas para combater o mal.
Pablo Aluísio.
Os Três Mosqueteiros
O elenco é todo fraco. Além da já citada Milla (péssima) o filme desperdiça a presença de Christoph Waltz. Aliás o que aconteceu com ele? Só estrela bomba ultimamente. Aqui interpreta o Cardeal Richelieu mas nunca decola, está sempre apático, transparecendo aborrecimento! Desde que emplacou com "Bastardos Inglórios" parece que ele perdeu o rumo se envolvendo em projetos ruins e ridículos, um atrás do outro. Tem se equivocado em suas escolhas sistematicamente. Será a maldição do Oscar? Espero que reencontre o caminho na carreira pois é um ator talentoso. Outra decepção do elenco é o grupo de atores que interpretam os 3 mosqueteiros e D´artagnan, todos sem carisma. Logan Lerman que faz D´artagnan, por exemplo, tem rosto inexpressivo e talento inexistente! Lamentável. Os demais sequer são dignos de nota. Enfim, muita megalomania, muita pirotecnia e um resultado pífio e raso. Assim se pode definir com poucas palavras o novo "Os Três Mosqueteiros". Uma perda de tempo completa.
Os Três Mosqueteiros (The Three Musketeers, EUA, 2011) Direção: Paul W.S. Anderson / Roteiro: Andrew Davies, Alex Litvak, baseado na obra de Alexandre Dumas / Elenco: Logan Lerman, Milla Jovovich, Orlando Bloom, Matthew Macfadyen, Christoph Waltz, Luke Evans / Sinopse: Releitura do famoso livro de Alexandra Dumas retratando as aventuras de Porthos (Ray Stevenson), Athos (Luke Evans) e Aramis (Matthew Macfadyen) e o jovem D'Artagnan (Logan Lerman), os mosqueteiros do Rei.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 30 de março de 2012
12 Horas
O argumento também, por ser batido demais, não cria muitas surpresas aos fãs de thrillers. De certo modo um dos problemas de "Gone" é esse, ele não ousa, não surpreende, é muito formulaico em suas propostas. Provavelmente um diretor mais ousado faria maravilhas com a estória mas não é o que acontece aqui. A impressão que fica é a de que o cineasta Heitor Dhalia que dirigiu o filme apenas quis entregar um produto convencional ao estúdio e nada mais. Se a direção e o roteiro não inovam o elenco também segue no banho maria. Amanda Seyfried até que não compromete com seu papel. Com olhos de mangá (grandes demais para seu rosto na minha opinião) a atriz se não disponibiliza uma grande interpretação pelo menos não leva tudo a perder. Esse "Gone" não vai acrescentar muito em sua filmografia mas pelo menos fica como uma experiência nova já que não me lembro de vê-la em nada parecido com esse filme. Se ela vai se tornar uma estrela nos próximos anos ou se vai desaparecer realmente não sei, de qualquer forma não será "Gone" que a levará ao primeiro time em Hollywood.
12 horas (Gone, Estados Unidos, 2012) Direção: Heitor Dhalia / Roteiro: Allison Burnett / Elenco: Amanda Seyfried, Jennifer Carpenter, Wes Bentley / Sinopse: Jill (Amanda Seyfried) é uma jovem que alega ter sido raptada e quase morta anos atrás por um seriel killer de mulheres. O problema básico é que ela tem histórico de doença mental e toma remédios controlados que evitam que tenha alucinações recorrentes. Após sua irmã desaparecer ela desesperada recorre à polícia mas essa não lhe dá crédito pois pensa que ela está na realidade passando por mais uma crise de alucinação e paranóia.
Pablo Aluísio.
Mulher-Gato
Para piorar ainda mais o roteiro era derivativo e nada inteligente. Nada justifica essas adaptações de quadrinhos ao cinema terem roteiros tão bobocas! Basta copiar alguns enredos de algumas edições ao estilo Graphic Novel para se ter boas estórias e bons argumentos, haja vista o alto nível que essas publicações alcançaram. Ao invés disso o estúdio contratou uma equipe de roteiristas que criaram uma das estórias mais bobocas que já foram vistas no cinema. A Warner também teve sua grande parcela de culpa no fracasso do filme. Investiu muito dinheiro em uma produção complicada, com o marketing errado e com estrelas como Sharon Stone (já decadente) criando problemas o tempo todo no set. O resultado de tantos equívocos surgiu depois nas bilheterias. O filme naufragou, não conseguindo sequer recuperar o dinheiro de seu custo de produção. Executivos foram demitidos e criou-se uma dúvida sobre a própria viabilidade de se trazer Batman de volta às telas. Conclusão: não basta apenas injetar muito dinheiro numa adaptação de quadrinhos, pensando em retorno certo. Esse público é muito antenado com a cultura pop e sabe muito bem o que presta e não presta em termos de transposição de seus personagens para a tela grande. Por tudo o que aconteceu depois com Batman a Warner parece ter entendido direitinho a lição.
Mulher-Gato (Catwoman, Estados Unidos, 2004) Direção: Pitof / Roteiro: John D. Brancato, Michael Ferris, Mike Ferris, John Rogers / Elenco: Halle Berry, Sharon Stone, Benjamin Bratt, Lambert Wilson, Alex Borstein, John Cassini / Sinopse: Adaptação para o cinema da personagem Mulher-Gato, famosa vilã do universo de quadrinhos de Batman.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 29 de março de 2012
Império do Sol
Na década de 80 Steven Spielberg colecionou um grande sucesso atrás do outro, não apenas como diretor mas também como produtor. Embora aclamado pelo público a crítica especializada começou a qualificar o cineasta de "Peter Pan", um diretor que não conseguia crescer, que não conseguia realizar bons filmes com temática adulta. A primeira tentativa de ser levado à sério como autor de películas relevantes aconteceu com 1985 com o filme "A Cor Púrpura". Embora bem realizado, focando na sempre importante questão racial, o filme não conseguiu trazer o tão almejado reconhecimento. Indicado a 11 prêmios da Academia a produção conseguiu sair da noite de premiações de mãos vazias. Mesmo derrotado Steven Spielberg não desistiu da idéia de conquistar o Oscar de Melhor filme e direção. Sua segunda tentativa nesse sentido foi com esse "Império do Sol". A estória se passa na II Guerra Mundial e se vale das recordações de um garoto que vivenciou um dos períodos mais sangrentos da história mundial recente.
Em termos de produção "O Império do Sol" é tecnicamente perfeito. Excelente reconstituição de época, muito luxo e pompa em um filme com ótima direção de arte. O Calcanhar de Aquiles porém surge em um roteiro vacilante que nunca consegue alcançar seus principais objetivos. O enredo tem falhas, inclusive de ritmo, que acaba tornando o filme pesado, sem leveza. O personagem do garotinho também não contribui. Pouco carismático ele acabou sendo interpretado pelo menos carismático ainda Christian Bale (ele mesmo, o Batman dos futuros filmes de Christopher Nolan). Imerso em um mundo caótico com roteiro pouco consistente, "O Império do Sol" foi uma das mais mal sucedidas tentativas de Spielberg em alcançar sua estatueta dourada de melhor diretor e filme. Apesar do lançamento massivo e do marketing agressivo o filme não conseguiu despertar interesse no público fazendo com que o filme passasse longe de se tornar um campeão de bilheteria. Para piorar a crítica torceu o nariz e não deu um bom veredito para o resultado final. Pior aconteceu no Oscar. A Academia ignorou a produção e lhe deu apenas indicações puramente técnicas, nenhuma importante. Spielberg certamente ficou decepcionado mas não desistiu. Ele voltaria a perseguir seu prêmio e seria justamente com outra produção também passada na II Guerra Mundial, mas essa é uma outra história...
Império do Sol (Empire Of The Sun, Estados Unidos, 1987) Direção: Steven Spielberg / Roteiro: Menno Meyjes, Tom Stoppard / Elenco: Christian Bale, John Malkovich, Miranda Richardson, Nigel Havers, Joe Pantoliano, Ben Stiller / Sinopse: Jim (Christian Bale) é um garotinho de 11 anos que se perde de seus pais durante a segunda guerra mundial na cidade de Xangai, nas vésperas da invasão japonesa à região.
Pablo Aluísio.
Um Novo Despertar
A outra coisa que segura as pontas aqui é o relacionamento do filho do personagem principal e sua paixão adolescente (a linda e maravilhosa - e cada vez mais bonita - Jennifer Lawrence). Bela e carismática essa atriz está despontando para o estrelado após o sucesso de "Jogos Vorazes". Já Jodie Foster, a diretora, deveria ter explorado mais sua personagem na trama. Do jeito que ficou achei a atriz um tanto quanto desperdiçada em cena, isso decorreu muito provavelmente pelo fato de que combinar direção e atuação em um mesmo projeto exigem demais do profissional. Assim Jodie se empenhou muito mais atrás da câmeras do que diante delas. É compreensível. Enfim se fosse resumir "The Beaver" diria que é não só um filme sobre depressão mas também um filme deprimido. Provavelmente vá tocar mais de perto as pessoas que já passaram por essa doença. Para o resto dos espectadores o filme pode soar melancólico e triste demais. De qualquer forma recomendo, sendo você depressivo ou não!
Um Novo Despertar (The Beaver, Estados Unidos, 2010) Diretora: Jodie Foster / Roteiro: Kyle Killen / Elenco: Mel Gibson, Jennifer Lawrence, Anton Yelchin, Jodie Foster, Paul Hodge / Sinopse: Walter Black (Mel Gibson) é um bem sucedido executivo que sofre uma profunda crise existencial e depressiva. Incapaz de lidar com os aspectos de sua vida por si próprio acaba adotando um fantoche de castor para falar e agir por ele, para espanto de todos à sua volta. É a forma nada comum que encontra para conseguir superar essa terrível fase de sua vida emocional e pessoal.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 28 de março de 2012
Plano de Fuga
A boa notícia é que o filme é realmente bom. O roteiro (escrito pelo próprio Gibson) é redondinho, ágil e eficiente. O filme se passa praticamente todo dentro de um presídio mexicano. Assim como acontece em nosso sistema penitenciário os presídios mexicanos são caóticos. Crianças passeiam tranquilamente entre as celas, prostitutas praticamente moram dentro do local e drogas e armas passam de mão em mão com a conivência dos guardas (que fazem de tudo para não atrapalhar a vida dos presos!). Nesse ambiente o personagem de Gibson (que não tem nome pois o omite desde o momento que é encarcerado) joga com as peças que tem. Manipula um chefão local e tenta recuperar o dinheiro roubado que foi parar nas mãos de policias corruptos. Além disso tenta ajudar uma detenta e seu filho que está nas garras de uma quadrilha de tráfico de órgãos humanos. Para quem sentia saudades dos filmes de ação de Mel Gibson esse "Plano de Fuga" é uma boa pedida. Em nenhum momento aborrece e no final acaba divertindo. Um bom thriller que como passatempo funciona muito bem.
Plano de Fuga (Get The Gringo, Estados Unidos, 2012) Diretor: Adrian Grunberg / Roteiro: Mel Gibson, Adrian Grunberg, Stacy Perskie / Elenco: Mel Gibson, Peter Stormare, Dean Norris / Sinopse: Americano é preso na fronteira com o México após ser perseguido pela polícia americana. Enviado a uma prisão mexicana ele tenta sobreviver a um ambiente hostil perigoso e violento.
Pablo Aluísio.
Platoon
Quando era apenas um jovem entusiasmado pela honra de servir ao seu país, Oliver Stone se alistou no exército norte-americano na mesma época em que se agravava a Guerra do Vietnã. Voluntário, idealista, Stone iria encontrar nas selvas asiáticas o oposto do que ansiava: tropas despreparadas, negros e pobres, oficiais sem direção, abuso de drogas e muita indisciplina. Um caos. Mergulhado no meio do inferno daquele conflito ele conseguiu sobreviver, saindo ileso do campo de batalha. De volta aos EUA resolveu exorcizar tudo o que passou escrevendo o roteiro desse "Platoon". Apesar de tudo o filme não é integralmente autobiográfico como muitos pensam. Stone certamente tirou muito de sua experiência pessoal e inseriu no texto porém ao mesmo tempo criou personagens totalmente de ficção para dar suporte dramático ao enredo. O que se vê nas telas é um choque. O cinema americano já havia mostrado o horror dessa guerra insana e inglória antes, principalmente em "Apocalypse Now", a obra prima de Francis Ford Coppola, mas "Platoon" vinha para inaugurar um novo ciclo.
Depois de seu sucesso de público e crítica os estúdios correram atrás e produziram diversas fitas cujo tema girava em torno da intervenção americana naquele país sem importância do sudeste asiático. Depois que Stone visitou as selvas em "Platoon" outros grandes cineastas seguiram pelo mesmo caminho como Stanley Kubrick e o ótimo "Nascido Para Matar". O enredo de "Platoon" gira em torno de Chris (Charlie Sheen), jovem americano que se alistou voluntariamente no exército por puro patriotismo. Enviado para o Vietnã ele sente na própria carne a decadência das forças armadas de seu país. Lá encontra dois sargentos que são opostos entre si. Barnes (Tom Berenger) é um sujeito linha dura, beirando às raias da insanidade causada pela guerra. Do outro lado surge o bondoso Elias (Willem Dafoe), cuja força moral ainda traz um mínimo de dignidade ao seu pelotão. Tentando sobreviver um dia de cada vez Chris aos poucos começa a entender a sordidez das operações, a desumanidade e o universo caótico em que se encontra. "Platoon" foi visto na época de seu lançamento como um acerto de contas da arte cinematográfica com o conflito perdido pelos americanos. A Academia reconheceu a importância do filme e o indicou a sete Oscar, tendo vencido quatro (Melhor filme, diretor, som, montagem). Visto hoje em dia o filme ainda soa bastante relevante dando fundamento ao seu lema publicitário: "O Inferno existe e se chama Guerra".
Platoon (Platoon, Estados Unidos, 1986) Direção: Oliver Stone / Roteiro: Oliver Stone / Elenco: Charlie Sheen, Willem Dafoe, Tom Berenger, Forest Whitaker, Kevin Dillon, Johnny Depp / Sinopse: Chris (Charlie Sheen) é um jovem americano que decide se alistar no exército na época da guerra do Vietnã. O que presenciará no front irá mudá-lo pelo resto de sua vida. Filme premiado com o Oscar na categoria de melhor filme.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 27 de março de 2012
Uma Linda Mulher
O que aconteceu depois que “Uma Linda Mulher” chegou nos cinemas surpreendeu a todos. O filme estourou nas bilheterias. Com custo estimado em 14 milhões de dólares o filme recuperou seu investimento em praticamente 3 dias. Depois com o boca a boca o filme simplesmente se tornou um grande hit não apenas no mercado americano mas no mundo todo. A Disney foi pega de surpresa pelo crescente interesse pelo filme – nem cópias suficientes tinham para atender a demanda. Em pouco tempo o filme, um dos mais lucrativos da história, rompeu a barreira dos 400 milhões de dólares, gerando um lucro absurdo ao estúdio. Qual é o segredo de seu imenso sucesso? Até hoje se debate sobre isso. Talvez seu enredo ao estilo conto de fadas tenha caído no gosto popular justamente pela falta de produções nesse estilo mais suave e sonhador. O casal de atores também contribuiu e muito para o sucesso do longa. Richard Gere assumiu seus cabelos grisalhos (algo que iria se tornar sua marca registrada) e Julia Roberts surgia muito espontânea e carismática em seu complicado papel de profissional do sexo. No final todos saíram ganhando e muito. Gere voltou a ser um nome quente para os produtores. Julia Roberts se tornou rapidamente a queridinha do estúdio, se tornando a nova estrela de Hollywood e o diretor Garry Marshall se tornou procurado pelos grandes astros (infelizmente ele nunca mais repetiria o sucesso desse filme). Sobrou até para o veterano cantor Roy Orbison que renasceu das cinzas com seu antigo sucesso “Oh Pretty Woman” voltando para as paradas de sucessos. Enfim, entender o que agrada ou não ao público é uma das tarefas mais complicadas que existem e “Uma Linda Mulher” veio para confirmar justamente isso.
Uma Linda Mulher (Pretty Woman, Estados Unidos, 1990) Direção: Garry Marshall / Roteiro: J.F. Lawton / Elenco: Richard Gere, Julia Roberts, Jason Alexander, Ralph Bellamy / Sinopse: Edward Lewis (Richard Gere) é um grande executivo, milionário e bem sucedido. Após contratar os serviços de uma acompanhante, a jovem Vivian Ward (Julia Roberts) acaba se apaixonando por ela. Apesar de todos os preconceitos sociais envolvidos resolve levar em frente seu romance, ouvindo a voz de seu coração.
Pablo Aluísio..
Blitz
Até aí nada de muito diferente a não ser o fato de seu novo parceiro ser um gay assumido! Imaginem a situação. Agora, o grande mérito do filme é que mesmo o personagem sendo homossexual (em boa atuação de Paddy Considine) ele em momento algum se mostra afetado e nem afeminado mas sim como um profissional competente que se tornará vital no desfecho do filme. Por isso o fato dele ser gay não vira em nenhum momento um problema ou um estigma dentro do roteiro, o que mostra bom senso por parte dos realizadores. Enfim, "Blitz" é eficiente, bom divertimento e não é agressivo com a inteligência dos espectadores. Uma boa opção do moderno cinema policial inglês.
Blitz (Blitz, Inglaterra, 2011) Direção: Elliott Lester / Roteiro: Nathan Parker baseado na obra de Ken Bruen / Elenco: Jason Statham, Paddy Considine, Aidan Gillen / Sinopse: Brant (Jason Statham) é um policial inglês que sai no encalço de um serial killer especializado em matar policiais.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 26 de março de 2012
John Carter
John Carter é baseado em um personagem do escritor Edgar Rice Burroughs, o mesmo criador do mitológico herói Tarzan. Os problemas começam aí. John Carter é um personagem de segundo escalão dentro da obra de Burroughs, pouco conhecido, escrito há muito tempo. Ao contrário de Tarzan que já tem seu nome consolidado nos cinemas há décadas, Carter é praticamente um desconhecido. Fora isso suas aventuras poderiam ser bem interessantes quando foram escritas naquela época mas hoje em dia dificilmente um jovem que frequenta cinemas vai se interessar por um sujeito que vai brigar com marcianos lá no planeta vermelho! Tudo soa muito bobo atualmente temos que admitir. Como se já não bastasse o fato do material que deu origem ao filme não ser muito bom ainda temos que nos deparar com um filme que em essência não tem nada a dizer. Muito longo, muito espalhafatoso mas sem roteiro, sem carisma e o pior de tudo, bem chato. Em certos momentos me lembrou Duna. John Carter cai na monotonia várias vezes fruto de sua duração excessiva e desnecessária. É muita duração para pouca estória. Os efeitos especiais como não poderiam deixar de ser são de primeira linha mas isso pouco importa diante de um filme vazio, sem nada a dizer. Muito provavelmente John Carter vá interessar apenas aos garotos mais jovens de no máximo 12 anos de idade. Acima disso vai ser complicado agradar. De certa forma seu fracasso comercial foi merecido, o filme realmente não vale a pena.
John Carter (John Carter, Estados Unidos, 2012) Direção: Andrew Stanton / Roteiro: Andrew Stanton, Mark Andrews, Michael Chabon baseado no livro A Princess of Mars de Edgar Rice Burroughs / Elenco: Taylor Kitsch, Lynn Collins, Willem Dafoe / Sinopse: John Carter (Taylor Kitsch) é um ex capitão do exército confederado que passa os dias em busca de uma caverna que segunda a lenda de certas tribos nativas era completamente revestida de ouro. Após vários anos de busca ele acaba descobrindo o local mas para sua surpresa também encontra um portal dimensional que o transporta até o planeta vizinho, Marte.
Pablo Aluísio.