quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Código Alarum

Código Alarum 
Outro filme fraco com o Stallone lançado recentemente. Ele parece ter entrado naquele modo de fim de carreira, alugando seu nome para produções B. É o sinal mais claro que sua carreira acabou mesmo! Enfim, nada é para sempre. Na realidade Stallone é apenas um coadjuvante de luxo nesse filme de ação muito fraco. O verdadeiro protagonista é o ator Scott Eastwood. Ele é filho de Clint Eastwood com uma aeromoça, um caso de alguns anos no passado. Tem tentado há bastante tempo emplacar como ator, mas a verdade é que sua filmografia é uma sucessão de filmes irrelevantes como esse, sendo que a maioria nunca chegou aos cinemas, caindo no esquecimento do universo vazio do streaming. Embora seja fisicamente parecido com o pai, não herdou o carisma do velho. Acontece nas melhores famílias. 

O filme é bem fraco, como já escrevi. Se formos comparar com "Blindado", outro filme recente do Stallone, esse se torna ainda pior na foto. A história dá bocejos, envolvendo um ex-agente do governo dos Estados Unidos que agora vive isolado numa casa em uma reserva ambiental. Ele não quer mais nada com aquela velha vida, mas como sempre acontece nesse tipo de história, um dia o passado vem bater à sua porta. Stallone é um assassino profissional que tem como missão eliminar esse sujeito, mas esqueça. O personagem dele é sem qualquer importância. Agora, roteiros fracos a gente até perdoa em filmes de ação. O que não dá para perdoar são as cenas ruins de troca de tiros, lutas, etc. Aqui usaram efeitos digitais para simular os tiros nas armas. Isso, definitivamente é imperdoável! Um filme de ação sem armas de verdade, onde até os tiros são falsos? Ora, faça-me o favor...

Código Alarum (Alarum, Estados Unidos, 2025) Direção: Michael Polish / Roteiro: Alexander Vesha / Elenco: Scott Eastwood, Sylvester Stallone, Isis Valverde, Willa Fitzgerald, Mike Colter / Sinopse: Ex-agente de inteligência do governo dos Estados Unidos agora tenta levar uma vida isolada e em paz, mas seu passado vem bater a porta e a violência não demora a explodir. 

Pablo Aluísio. 

Redenção

Redenção
Em um primeiro momento somos levados a crer que esse filme é mais um daqueles action movies sem muita consistência ou conteúdo, afinal é estrelado por Gerard Butler (de 300) que no pôster ostenta uma arma de grosso calibre. O titulo original do filme, "Machine Gun Preacher", também ajuda na confusão uma vez que uma produção que tem como nome uma referência a um pastor (pregador) armado com uma metralhadora não ajuda a desfazer o equivoco. Na verdade “Redenção” conta uma história das mais interessantes. Baseado em fatos reais conhecemos através do filme a figura de Sam Childers (Gerard Butler). Logo no começo do enredo ele surge saindo de uma prisão de segurança máxima. Havia sido preso por tráfico de drogas. O sujeito não é dos mais agradáveis. Ladrão, motoqueiro, viciado em heroína e violento ao extremo. Após uma noite de excessos que termina no esfaqueamento de um homem que ele havia dado carona, Sam decide seguir os passos de sua esposa, uma ex-stripper que havia encontrado a paz na religião. Assim ele decide ser batizado e finalmente encontra Jesus em sua conturbada vida.

Larga os amigos da criminalidade, deixa as arruaças de lado e começa a trabalhar de forma honesta na construção civil. Depois disso sua vida finalmente deslancha. Ele resolve abrir sua própria empresa de construção e se torna um homem muito bem sucedido. Mas quem pensa que tudo termina aí está enganado. Sam em um impulso religioso passa a entender que tudo o que recebeu foi graça de Deus e que teria que retribuir de alguma maneira, ajudando ao próximo como foi ajudado. Assim decide ir até a África para ajudar na construção de escolas e orfanatos para crianças vitimas da guerra civil. O problema é que para levar adiante sua causa humanitária ele tem que lidar com rebeldes armados até os dentes. Então ele forma sua própria milícia de combatentes para seguir em frente em sua missão. “Redenção” vale muito a pena pois mostra uma pessoa que resolveu colocar os ensinamentos de solidariedade cristã na prática. Foi para o lugar mais miserável do mundo para ajudar o próximo e pagou o preço por sua ousadia. Obviamente há cenas de ação mas elas não são em absoluto o foco do filme. A mensagem é muito mais interessante, mostrando que não importa o tamanho do problema, se cada um fizesse sua pequena parte o mundo certamente seria um lugar melhor para se viver. Sem dúvida temos aqui uma bela lição de vida.

Redenção (Machine Gun Preacher, Estados Unidos, 2011) Direção: Marc Forster / Roteiro: Jason Keller / Elenco: Gerard Butler, Michelle Monaghan, Kathy Baker / Sinopse: Após se converter um ex-presidiário resolve ir até a África para ajudar crianças órfãs da guerra civil que assola a região. Para levar em frente sua missão de construir escolas e igrejas ele tem que enfrentar rebeldes armados que não aceitam sua presença no local. Filme baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

A Hora do Mal

A Hora do Mal
Antes de assistir a esse filme ouvi falar muito nele. Dentro da bolha do nicho entusiasmado de fãs de filmes de terror certamente foi um dos filmes mais comentados dos últimos tempos. E em sua imensa maioria eram comentários bem positivos sobre o filme. Então diante dessa onda toda resolvi assistir. As boas expectativas logo se confirmaram nos primeiros minutos. É um filme realmente muito bom! O roteiro, chego a dizer, é um dos mais bem escritos dos que vi recentemente. Ao estilo mosaico, o roteiro vai mostrando a história de vários personagens que moram numa pequena cidade do interior dos Estados Unidos. No começo nada parece ligar esses personagens entre si, mas tudo vai se unindo aos poucos quando o filme vai chegando ao seu final. 

O ponto central de toda a história se concentra em um evento incomum e até mesmo aterrorizante. Numa madrugada várias crianças acordam no mesmo horário. Elas saem de suas camas, abrem as portas de suas casas e correm em direção a uma negra floresta que rodeia a cidade. Seus pais nem percebem o que está acontecendo pois estão dormindo naquela hora. Todas as crianças desaparecem! Os pais ficam desesperados no amanhecer do dia e a pequena polícia local não tem explicações sobre o ocorrido, nem pistas de onde estariam as crianças. 

Uma jovem professora de ensino fundamental vai dar aula no dia seguinte sem saber o que aconteceu. Para sua total surpresa só aparece um aluno na sala de aula! Todas as crianças que desapareceram eram dessa mesma classe. Os pais obviamente ficam desconfiados da professora. Alguns até sugerem a velha "justiça pelas próprias mãos", só que ninguém pode provar nada, nem que ela esteja envolvida no desaparecimento dos pequeninos. Mas afinal, o que diabos realmente aconteceu naquela cidade? 

Desse filme gostei de praticamente tudo, dos personagens, do desenvolvimento da história e até mesmo do desfecho dos acontecimentos, algo que não chegou a agradar todo mundo. Discordo dessa visão. Eu gostei mesmo do final, ainda que, devo confessar, o desenvolvimento do filme seja bem melhor que sua conclusão. Não faz mal. "A Hora do Mal" é desde já o melhor filme de terror que assisti nesse ano. Muito, muito bom mesmo!

A Hora do Mal (Weapons, Estados Unidos, 2025) Direção: Zach Cregger / Roteiro: Zach Cregger / Elenco: Julia Garner, Josh Brolin, Alden Ehrenreich / Sinopse: Crianças desaparecem misteriosamente no meio da madrugada. Os pais ficam desesperados. Os policiais da pequena cidade não sabem o que aconteceu. A única pista vem do fato de que todas elas eram da mesma classe de ensino fundamental. Será que sua professora estaria envolvida de alguma maneira no desaparecimento das crianças?

Pablo Aluísio. 

Drácula

Drácula
É incrível, mas eu nunca havia assistido a esse clássico do terror. Essa produção de 1931 foi a primeira adaptação autorizada do livro de Bram Stoker para o cinema americano. Também foi uma das mais importantes obras cinematográficas na transposição desse famoso personagem para as telas. O curioso é que o filme teve muitos problemas de produção. A Universal Pictures não queria investir muito dinheiro. Por isso contratou basicamente o mesmo elenco da peça na Broadway. Foi um acerto. Tanto Bela Lugosi (na pele do Conde Drácula), como Edward Van Sloan (que interpretava Van Helsing), estavam muito entrosados quando o filme começou a ser rodado. Eles basicamente apenas repetiram o que vinham fazendo nos palcos. O cinema mudo estava desaparecendo e a possibilidade do uso do som foi uma revolução e tanto. E eles tinham ótimos diálogos para seus personagens. Aliás é bom lembrar que esse foi um dos primeiros filmes falados da história.

O diretor Tod Browning fez um bom trabalho, principalmente na questão envolvendo a direção de arte do filme, como também nos cenários, figurinos, etc. Ele deu um visual ao vampiro que seria imitado por décadas e décadas. Algumas cenas, como a do grande salão do castelo de Drácula, até hoje impressionam pela beleza gótica. E pensar que essa primeira versão foi realizada com pouco dinheiro e com um diretor que não conseguiu terminar o filme porque o prazo estourou e ele teve que ir para outro lugar, para começar um outro filme pelo qual tinha assinado contrato. Quem terminou as filmagens foi Karl Freund, que também ajudou na sala de edição, criando assim um corte final rápido e sem excessos, trazendo muita agilidade para o filme de uma maneira em geral.

Em relação à teatralidade de certos momentos, principalmente nos gestos bem teatrais de Bela Lugosi, isso obviamente foi fruto de suas origens, pois ele na época era um ator de teatro. Seu visual estranho, seu sotaque húngaro, tudo se encaixou perfeitamente com a proposta de interpretar esse estranho conde. Outro aspecto digno de nota é que os produtores cortaram todas as cenas que pudessem ser consideradas violentas demais. Por isso o filme traz uma curiosa característica. O Drácula de Lugosi morde suas vítimas, mas isso nunca é mostrado no filme. Tudo fica apenas na sugestão e na imaginação do espectador. Também não se vê presas de vampiro. Para os executivos da Universal da época isso seria de muito mau gosto. Mal sabiam que o estava por vir nas décadas seguintes. Enfim, esse Drácula pioneiro do cinema é item obrigatório para quem se interessa pela história do cinema. O filme captou o nascimento nas telas de um dos personagens mais marcantes da sétima arte.

Drácula (Dracula, Estados Unidos, 1931) Direção: Tod Browning, Karl Freund / Roteiro: Hamilton Deane, baseado na obra escrita por Bram Stoker / Elenco: Bela Lugosi, Edward Van Sloan, Helen Chandler, David Manners / Sinopse: Um estranho nobre chamado Conde Drácula (Lugosi) viaja até Londres e acaba se interessando pela jovem Mina. Desconfiado de sua verdadeira natureza, o professor Van Helsing (Van Sloan) decide confrontar aquela estranha criatura que ele acredita ser um vampiro.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 30 de setembro de 2025

Silverado

Título no Brasil: Silverado
Título Original: Silverado
Ano de Produção: 1985
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Lawrence Kasdan
Roteiro: Lawrence Kasdan, Mark Kasdan
Elenco: Kevin Kline, Scott Glenn, Danny Glover, Kevin Costner, John Cleese, Bill Thurman

Sinopse:
Um grupo de cowboys chega na cidade de Silverado e descobre que a região é dominada por um fazendeiro sem escrúpulos e um xerife corrupto, sempre disposto a abusar de sua autoridade em prol de suas atividades criminosas. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Som e Melhor Música Original.

Comentários:
Assisti no cinema, em seu lançamento original. Na época eu era um adolescente e gostei muito do filme. O faroeste já era um gênero cinematográfico meio decaído, poucos estúdios ainda investiam nele. Parecia algo de um tempo passado. O fato é que se produziu tantos filmes de western nas décadas anteriores que tudo ficou meio saturado. Outro aspecto a se considerar é que esse faroeste dos anos 80 procurava ser mais moderno, contando com um elenco muito bom, que estava surfando uma onda de sucesso. Danny Glover, por exemplo, colhia o sucesso da série "Máquina Mortífera". Kevin Kline era um ator badalado, inclusive pela crítica. E não poderia deixar de lembrar de Kevin Costner, naquela ocasião ainda pouco conhecido. Em pouco tempo ele iria se tornar um astro, um campeão de bilheteria. De qualquer modo é um bom filme e resistiu bem ao tempo. Claro, depois que você assiste filmes como "Sete Homens e um Destino" você acaba entendendo de onde veio parte do roteiro desse "Silverado". Mesmo assim não é algo que desmereça suas qualidades cinematográficas.

Pablo Aluísio.

Um Dolar para Matar

Título no Brasil: Um Dolar para Matar
Título Original: Bandidos
Ano de Produção: 1967
País: Itália, Espanha
Estúdio: Dino De Laurentiis Cinematografica Studios
Direção: Massimo Dallamano
Roteiro: Luis Laso, Juan Cobos
Elenco: Enrico Maria Salerno, Terry Jenkins, María Martín, Venantino Venantini, Marco Guglielmi, Cris Huerta

Sinopse:
Richard Martin (Enrico Maria Salerno) é um pistoleiro famoso que é traído por um de seus próprios seguidores. Esse o atinge nas mãos, para que ele nunca mais volte a usar uma arma. Anos depois Martin se alia a um novo comparsa e parte então em busca de sua vingança pessoal.

Comentários:
Esse western spaghetti foi produzido pelo famoso produtor italiano Dino De Laurentiis. Hoje em dia, para os mais jovens, seu nome nem é muito conhecido. No máximo o associam com os primeiros filmes do personagem Conan no cinema, aqueles mesmos com o brutamontes Arnold Schwarzenegger como o bárbaro. Só que Dino foi muito além disso. Figura muito importante dentro do cinema europeu ele procurou dar o melhor em termos de produção para seus filmes, que sempre contavam com orçamentos bem masi generosos do que a média em geral. Esse faroeste assim já conta com um bom cartão de visitas. E de fato é bem interessante, embora obviamente não fuja muito dos roteiros que eram típicos na época e que faziam a festa dos fãs desses filmes de bangue-bangue europeu, com muita violência estilizada, fortes trilhas sonoras e é óbvio muitos absurdos em cada cena. O diretor Massimo Dallamano usou um pseudônimo americano, assinando o filme como Max Dillman, o que era bem comum na época. Já o ator Enrico Maria Salerno podia até não ser um grande profissional na arte de interpretar, mas tinha certamente o visual certo para um bandido do velho oeste, com suas roupas surradas, cheias de poeira, barba por fazer e uma cara de mau. Dentro da estética spaghetti já estava de bom tamanho.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Os Filmes de Marlon Brando - Parte 2

Sindicato de Ladrões 
Durante anos o diretor Elia Kazan foi considerado um traidor em Hollywood. Ele havia entregado para o Macarthismo um grande número de profissionais do cinema. Cineastas, roteiristas, atores, atrizes, muitos viram suas carreiras destruídas por causa de Kazan. Essas pessoas faziam parte do Partido Comunista, do qual Kazan também era membro. Quando a coisa apertou, ele entregou todo mundo. Alguns foram presos, outros banidos de Hollywood e alguns até mesmo cometeram suicídio. Com isso Kazan ficou marcado para sempre. Uma maneira dele procurar por uma redenção aconteceu com esse clássico chamado "Sindicato de Ladrões".

Para Marlon Brando esse filme era o retrato de todos os fracassados da América. Todos os derrotados pelo sistema. Aquelas pessoas que não conseguiam o sucesso, a fama e a fortuna. Ele interpretava um boxeador com uma carreira cheia de fracassos que entregava as lutas para que a máfia ganhasse dinheiro fácil no mundo das apostas esportivas. Algum tempo depois essa mesma quadrilha acabava cometendo um crime, colocando um peso a mais na consciência do personagem de Brando. Era aqui que Kazan tentava justificar seus atos no passado, tentando criar uma justificativa baseada em grandes valores para todos aqueles que entregavam seus antigos comparsas ou como no caso dele, dos antigos companheiros de causa.

O filme traz um retrato cru e realista. As cenas foram rodadas nas ruas e nas docas, no meio de pessoas comuns, sem excessos de produção e nem nada do tipo. Marlon Brando, com seu jeito da classe trabalhadora, simplesmente atuava ao lado das pessoas do dia a dia, sempre procurando pelo realismo. Seu talento lhe valeu o primeiro Oscar de sua carreira. Curiosamente Brando compareceu à cerimônia onde recebeu a estatueta de uma linda Grace Kelly. Depois tirou fotos e seguiu todo o protocolo da Academia. Algo que iria renegar anos depois quando seria premiado por "O Poderoso Chefão", ao recusar a premiação. No caso do Oscar vencido por "Sindicato de Ladrões" ele decidiu dar a estatueta para um amigo. Era uma forma dele demonstrar que não dava valor ao Oscar e nem à Academia. Também era uma maneira rebelde de se dissociar da futilidade de uma Hollywood que em sua opinião era vazia e sem sentido. De uma forma ou outra o filme foi aclamado por público e crítica, vencendo os principais prêmios de cinema naquele ano. Foi a forma de Hollywood dizer que finalmente Kazan estava perdoado.

Sindicato de Ladrões (On the Waterfront, Estados Unidos, 1954) Direção: Elia Kazan / Roteiro: Budd Schulberg, Elia Kazan, Malcolm Johnson / Elenco: Marlon Brando, Karl Malden, Rod Steiger, Lee J. Cobb, Eva Marie Saint / Sinopse: Terry Malloy (Brando) é um boxeador fracassado que entrega lutas para que a máfia fature no mundo das apostas esportivas. Após um crime ele começa a ter crises de consciência. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Marlon Brando), Melhor Atriz Coadjuvante (Eva Marie Saint), Melhor Direção (Elia Kazan), Melhor Roteiro, Melhor Direção de Fotografia (Boris Kaufman), Melhor Direção de Arte (Richard Day) e Melhor Edição (Gene Milford). Também vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Marlon Brando), Melhor Direção e Melhor direção de fotografia.

Desirée - O Amor de Napoleão
Napoleão Bonaparte (Marlon Brando) é um general francês que em sucessivas batalhas acaba conquistando vastas terras e países. Feroz no campo de batalha, ele se rende ao amor de Désirée Clary (Jean Simmons), uma linda jovem que encanta o grande conquistador.  Marlon Brando fez esse filme com literalmente uma espada sobre sua cabeça. Acontece que ele abandonou o set de "O Egipcio" depois de discutir com o produtor e sair falando aos quatro ventos que o filme "era uma tremenda porcaria com péssimo roteiro, um dos piores que já tinha visto na vida". O estúdio então o processou em algumas centenas milhares de dólares. Na audiência inaugural perante o juiz Marlon acabou entrando no seguinte acordo: ele filmaria Desirée do mesmo estúdio e se livraria do processo em que estava envolvido.

Apesar de ter feito o filme por acordo judicial Brando resolveu causar o maior número de problemas possíveis no set de Desirée. Errava as cenas de propósito e fazia sotaques inadequados ao imperador francês, como um inglês arcaico ou um caipira do sul dos EUA; Claro que tudo resultou em muita dor de cabeça para a produção, sempre refilmando as cenas em que Brando propositalmente destruía. O auge de sua rebeldia foi ter levado uma mangueira de bombeiro para o luxuoso set e molhar todo o cenário, estragando inclusive as luxuosas roupas da produção. Ele estava se vingando do processo que sofreu. Apesar das confusões o filme foi terminado e se tornou um grande sucesso da carreira de Brando que depois disse em tom irônico: "O público americano não é dos mais inteligentes que existem do mundo".

Desirée - O Amor de Napoleão (Désirée, Estados Unidos, 1954) Direção: Henry Koster / Roteiro: Annemarie Selinko, Daniel Taradash / Elenco: Marlon Brando, Jean Simmons,  Merle Oberon, Michael Rennie, Cameron Mitchell / Sinopse: Napoleão Bonaparte (Marlon Brando) é um general francês que em sucessivas batalhas acaba conquistando vastas terras e países. Feroz no campo de batalha, ele se rende ao amor de Désirée Clary (Jean Simmons), uma linda jovem que encanta o grande conquistador.
 
Eles e Elas
Marlon Brando era um dos maiores atores de sua época. Porém não sabia cantar. Frank Sinatra era o rei da música, chamado de The Voice (a Voz) pelos críticos musicais. Como ator porém muitas vezes deixava a desejar. Assim teríamos um filme perfeito unindo esses dois talentos. Pelos menos foi assim que pensaram os executivos da Metro-Goldwyn-Mayer (MGM). Só que as coisas definitivamente não saíram bem como os produtores desejavam. Esse musical chamado "Eles e Elas" acabou se tornando um dos filmes mais singulares das carreiras de Brando e Sinatra. A trilha sonora foi gravada usando as diversas tentativas de Brando em cantar bem. Entre as inúmeras desafinadas os produtores conseguiram pincelar pequenos momentos. Depois editaram tudo e o espectador acabou mesmo acreditando que Brando era um cantor, mesmo que meramente mediano.

Já Frank Sinatra não gostou nada da experiência. Ele era um ator pragmático, que queria resolver tudo em apenas um ou dois takes. Porém ao contracenar com Marlon Brando precisou ter paciência em dobro para lidar com os métodos do Actor Studio. Isso acabou criando uma antipatia mútua entre Brando e Sinatra no set de filmagens. No final das gravações eles estavam praticamente sem se falar. Para Brando o ator Frank Sinatra não passava de um cantor tentando atuar sem passar muita vergonha. Ele achava Sinatra bem ruim. Para Sinatra, Brando era superestimado pela crítica. Ele também tinha achado as performances vocais de Marlon um verdadeiro desastre. Como nenhum deles estava disposto a abrir mão de seus egos monumentais a tensão imperou no estúdio. De uma maneira ou outra o público gostou do filme e ele foi até indicado ao Oscar, apesar da crítica não ter apreciado muito. Quem diria que algo assim poderia dar tanto certo no final?

Eles e Elas (Guys and Dolls, Estados Unidos, 1955) Direção: Joseph L. Mankiewicz / Roteiro: Jo Swerling, baseada no peça escrita por Abe Burrows / Elenco: Marlon Brando, Frank Sinatra, Jean Simmons, Vivian Blaine / Sinopse: Uma bela garota acaba servindo de pretexto para uma aposta nada ética. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção de Fotografia (Harry Stradling Sr), Melhor Direção de Arte (Oliver Smith, Joseph C. Wright), Melhor Figurino (Irene Sharaff) e Melhor Música (Jay Blackton, Cyril J. Mockridge). Filme vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Musical ou Comédia e Melhor Atriz (Jean Simmons).

Casa de Chá do Luar de Agosto
Esse filme é bem curioso. Primeiro é uma comédia leve e divertida estrelada por dois atores, Marlon Brando e Glenn Ford, que nunca foram tecnicamente comediantes. Segundo por trazer uma das caracterizações mais esquisitas da história do cinema: Brando interpretando um japonês chamado Sakini. Confesso que foi até complicado se acostumar com a pesada maquiagem do ator no filme, além de sua atuação, um tanto quanto estereotipada. De qualquer forma conforme o filme avança essa estranheza vai cedendo lugar à pura diversão, pois se o filme não chega a ser hilariante pelo menos tem cenas realmente divertidas e bem escritas. Glenn Ford está muito à vontade no papel, fazendo sem problemas várias cenas que beiram o cinema pastelão. Ele e Marlon inclusive tiveram alguns atritos de ego nas filmagens mas isso não passou ao filme pois tudo soa despretensiosamente leve e bom astral.

De uma maneira em geral o filme foi bem melhor do que eu esperava. Brando fala tão mal do filme em sua autobiografia que pensei que seria uma bomba completa. Não é. O diretor Daniel Mann procura ser bem sutil, até porque a cultura japonesa que mostra no filme já é conhecida por sua sutileza. O roteiro obviamente explora o choque cultural existente entre os moradores de uma pequena vila japonesa em Okinawa e os militares que a ocupam logo após a II Guerra. Os americanos tentam impor sua visão de progresso, com o plano de construir uma escola que ensine democracia no local enquanto os japoneses sonham com a construção de uma casa de chá onde possam se confraternizar e ver o pôr do sol. Desse confronto todo o argumento é construído, com momentos ora divertidos, ora banais, mas nunca chatos. Enfim, o filme nada mais é do que um bom passatempo, leve e ligeiro, e se for encarado dessa forma pode ser uma grata surpresa ao espectador.

Casa de Chá do Luar de Agosto (The Teahouse of the August Moon, EUA, 1958) Direção: David Mann / Roteiro: John Patrick baseado no livro de Vern J. Sneider / Elenco: Marlon Brando, Glenn Ford, Machiko Kyô, Eddie Albert / Sinopse: Após a II Guerra Mundial militares americanos planejam construir uma escola numa isolada vila japonesa em Okinawa, mas terão que convencer a população a local que prefere que seja construída uma casa de chá para que todos possam assistir ao por do sol juntos, em harmonia com a natureza.

Sayonara
Major da Força Aérea Americana (Marlon Brando) se apaixona por jovem japonesa e tem que enfrentar a dura disciplina militar que explicitamente proíbe tal relacionamento durante a estadia de militares americanos no Japão. Basta ler a sinopse para entender porque o ator Marlon Brando se interessou pelo papel. Sempre envolvido em causas sociais (principalmente as que envolviam preconceito racial) Brando achou que seria bastante interessante tocar em um tema polêmico ao indagar até que ponto o código de ética militar das forças armadas americanas era moralmente aceitável. Que direito tinha de determinar quem poderia ou não se envolver com os soldados e oficiais americanos? Não seria uma invasão da vida pessoal dessas pessoas? 

O fato é que mesmo com a proibição muitos militares acabavam se apaixonando pelas mulheres nativas e sofriam sanções por isso. Brando adorou o roteiro desde a primeira vez que o leu mas recusou fazer o filme até que aceitassem reescrever o trágico final original. Aceitos os seus termos o ator fez as malas e junto da equipe viajou ao distante Japão para as filmagens, que não foram fáceis. O problema é que foram na época errada do ano, uma estação muito chuvosa que atrasou absurdamente o cronograma do filme. Em suas memórias Brando relembrou que havia semanas em que não conseguiam filmar nem ao menos uma tomada sequer. Pressionado e criticado pelo estúdio o diretor Joshua Logan entrou em depressão deixando o filme totalmente à deriva nas ilhas nipônicas. Isso se refletiu no resultado final. O filme tem um corte ruim, com mais de duas horas e meia de duração. Marlon acabou atribuindo isso à falta de controle do diretor Logan que se perdeu dentro do projeto.

Apesar de todos os problemas não considero "Sayonara" um filme ruim, pelo contrário. Ele pode ser levemente disperso e com várias cenas desnecessárias mas nunca se torna banal. Há certos deslizes na produção, é verdade, como a maquiagem nada convincente de Ricardo Montalban (fazendo um personagem japonês ora vejam só!) mas isso é de certo modo apenas pontual. A atriz que faz o par romântico de Brando também nada acrescenta, pois tem o talento dramático muito limitado (de fato não seguiu carreira depois). Outro problema é que inexiste química entre ela e Brando, o que para um filme pretensamente romântico é quase um desastre completo. Enfim, para fãs de Brando o filme é obrigatório, até mesmo para vê-lo em um papel de certa forma diferenciado em sua carreira (bancando o herói romântico) mas fica a observação pois o filme poderia ser bem melhor do que realmente é.

Sayonara (Sayonara, Estados Unidos, 1957) Direção de Joshua Logan / Roteiro: Paul Osborn baseado no romance de James Michener / Elenco: Marlon Brando, Patricia Owens, Red Buttons, Miiko Taka, Ricardo Montalban / Sinopse: Major da Força Aérea Americana (Marlon Brando) se apaixona por jovem japonesa e tem que enfrentar a dura disciplina militar que explicitamente proíbe tal relacionamento durante a estadia de militares americanos no Japão.

Os Deuses Vencidos
Eu considero esse filme simplesmente obrigatório para todos os cinéfilos. O elenco é estrelar e o roteiro muito bem desenvolvido, resultando numa produção memorável. “Os Deuses Vencidos” foi baseado no famoso livro de autoria de Irwin Shaw. A proposta é mostrar aspectos da II Guerra Mundial sob o ponto de vista de alguns combatentes, tanto do lado dos aliados como também dos soldados do Eixo. Tudo mostrado sem cair nos clichês típicos dos filmes de guerra, que sempre procuraram mostrar os soldados americanos como heróis virtuosos e os alemães como monstros assassinos e sanguinários. A intenção é realmente construir um mosaico mais próximo da realidade, mostrando que em ambos os lados lutaram pessoas comuns, com sonhos e objetivos que foram interrompidos de forma brutal pela guerra. 

Olhando sob esse ponto de vista realmente não existia grande diferença entre um militar americano ou alemão. Todos queriam voltar para casa o mais rapidamente possível, sobreviver aos combates e retornar para a vida que tinham antes da guerra começar. O filme tem longa duração, com quase três horas de duração, e é fácil entender o porquê. São duas histórias paralelas que se desenvolvem ao mesmo tempo. Na primeira somos apresentados ao tenente alemão Christian Diestl (Marlon Brando) na França ocupada. Essa parte é bem interessante pois o ator na época fez questão de mostrar o oficial nazista como um ser humano comum e não como o vilão caricato dos filmes de guerra que conhecemos. Nem é preciso dizer que Marlon se saiu muito bem em mais uma atuação marcante de sua filmografia.

Na outra estória, passada no lado dos militares aliados, acompanhamos dois soldados americanos (Dean Martin e Montgomery Clift) que são convocados e mandados para a Normandia. Essa parte do roteiro foca bastante na vida dos que participaram da maior batalha da guerra, no evento que ficaria conhecido pela história como “Dia D”. Dean Martin repete seu papel contumaz de "Mr Cool". Aqui ele interpreta um cantor da Broadway que faz de tudo para escapar da guerra e do front mas que não consegue escapar de ir para o campo de batalha. Já Montgomery Clift apresenta uma grande interpretação como um soldado judeu que sofre nas mãos de seus colegas de farda durante seu treinamento. Seu papel me lembrou muito o que ele representou em "A Um Passo da Eternidade". Seu aspecto não é nada bom em cena. Os sinais físicos do alcoolismo já são nítidos e Clift aparece muito magro e abatido, com aspecto doentio. Mesmo assim está fabuloso em suas cenas. 

Ponto para Marlon Brando que fez de tudo para que o colega fosse escalado para o filme pois sabia que isso iria lhe ajudar a superar a crise pessoal pelo qual vinha passando. A direção foi entregue ao veterano das telas Edward Dmytryk; Com experiência em filmes de guerra como “A Nave da Revolta” o  diretor sabia que estava trabalhando com dois atores muito sensíveis e carismáticas proveniente do Actor´s Studio. Assim procurou abrir uma linha de diálogo com ambos. Ele já tinha trabalhado com Clift em seu filme anterior, “A Árvore da Vida” e por isso sentiu-se tranquilo em relação a ele. Já com Brando procurou manter uma relação no nível profissional. Sabia que Marlon Brando poderia ser tanto um ator maravilhoso no set como um terror para os cineastas que trabalhavam com ele. No final se deram bem e tudo correu sem maiores problemas. O resultado de tantos talentos juntos se vê na tela pois “Os Deuses Vencidos” é hoje em dia considerado um filme essencial dentro do gênero. Um verdadeiro clássico.

Os Deuses Vencidos (The Young Lions, Estados Unidos, 1958) Direção: Edward Dmytryk / Roteiro: Edward Anhalt baseado no livro de Irwin Shaw / Elenco: Marlon Brando, Montgomery Clift, Dean Martin,  Maximilian Schell, Lee Van Cleef,  Hope Lange, Barbara Rush / Sinopse: Durante a II Guerra Mundial militares americanos e alemães sofrem o impacto do conflito em suas vidas pessoais e profissionais.

Pablo Aluísio.

Por Causa de uma Mulher

Título no Brasil: Por Causa de uma Mulher
Título Original: Whistle Stop
Ano de Produção: 1946
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Léonide Moguy
Roteiro: Philip Yordan
Elenco: Ava Gardner, George Raft, Victor McLaglen, Tom Conway, Jorja Curtright, Jane Nigh

Sinopse:
Baseado no romance escrito por Maritta M. Wolff, o filme "Por Causa de uma Mulher" conta a história de Mary (Ava Gardner), uma jovem e bonita mulher que fica entre o amor de dois homens, o honesto e pobre Kenny Veech (George Raft) e o rico comerciante Lew Lentz (Tom Conway).

Comentários:
Esse foi o primeiro filme de Ava Gardner como estrela principal. Antes disso ela só surgia em papéis bem secundários. Isso porque o estúdio considerava que, apesar dela ser uma das mulheres mais bonitas em Hollywood, não sabia atuar e tinha péssima dicção. Ela também tinha um sotaque horrível, bem carregado, do sul dos Estados Unidos. Isso era visto como algo ruim em Hollywood pois a estigmatizava como uma caipira das montanhas. De origem humilde, Ava era bem isso mesmo na época. Assim ela foi colocada em uma escola de arte dramática para aprender seu trabalho. Os primeiros resultados estão nesse filme. É interessante perceber também que os produtores ficaram com um pé atrás, já que temos aqui uma produção B, com orçamento limitado. Não era prudente jogar todas as fichas em Ava nessa época, pois ela ainda estava muito jovem e inexperiente. O resultado final ficou OK. Não digo que é um grande filme e nada do tipo. Percebe-se que os cenários são bem esconômicos, que o elenco é meio fraco e a direção insegura. Além disso o roteiro tem tropeços. Isso porém não tira o valor histórico do filme, revelando uma Ava Gardner em seus primeiros passos no cinema.

Pablo Aluísio.

domingo, 28 de setembro de 2025

Os Filmes de Leonardo DiCaprio - Parte 2

Romeu + Julieta
Romeu (Leonardo DiCaprio) ama Julieta (Claire Danes), mas não conseguem ficar felizes e em paz pois pertencem a duas famílias que simplesmente se detestam e se odeiam. Como superar todas as adversidades em nome de um grande amor como aquele? Desde essa época o Leonardo DiCaprio sonhava com o Oscar de melhor ator (e lá se vão vinte anos de puro desespero por um prêmio que parece não chegar nunca!). Enfim... voltemos ao filme. A premissa é básica: trazer a obra do grande e imortal William Shakespeare para o público jovem. E como fazer isso? Transformando tudo em um videoclip, ou melhor explicando, usar a linguagem dos videoclips para atrair a atenção da juventude dos anos 90 (que não parava de assistir a MTV). 

Como se trata também de uma das obras mais populares do dramaturgo inglês era de se esperar que fluísse às mil maravilhas. Não foi bem isso que aconteceu. A verdade é que o diretor Baz Luhrmann é um pretensioso arrogante que pensa estar sempre revolucionando o cinema com seus filmes. Menos. Ele fez um filme muito colorido, bonitinho e simpático, mas a despeito disso também esvaziou muito a obra que lhe deu origem. Na ânsia de soar moderninho demais tudo o que Baz Luhrmann conseguiu no final das contas foi ser muito, mas muito chato! O filme nunca me convenceu e nem agradou. Há excessos de modernices que aborrecem. Além disso Leonardo DiCaprio parece estar mais preocupado em aparecer bonitinho em cena, como se estivesse posando para uma revista de adolescentes entediadas, do que em atuar realmente bem. Assim não há como salvar o filme. O bardo merecia coisa muito melhor (além do devido respeito, é claro). E o Leo ficou novamente a ver navios. Oscar que é bom... nada!

Romeu + Julieta (Romeo + Juliet, Estados Unidos, 1996) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Baz Luhrmann / Roteiro: Craig Pearce, baseado na obra de William Shakespeare / Elenco: Leonardo DiCaprio, Claire Danes, John Leguizamo / Sinopse:Uma visão moderna do clássico Romeu e Julieta. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Direção de Arte (Catherine Martin e Brigitte Broch). Vencedor do BAFTA Awards nas categorias de Melhor Direção, Design de Produção e Roteiro Adaptado.

As Filhas de Marvin
Após sofrer um derrame, Marvin passa a ser cuidado por sua filha Bessie (Diane Keaton). Vinte anos depois, ela descobre que está com leucemia e que nessa situação delicada de saúde precisará da ajuda de sua irmã Lee (Meryl Streep), que não vê há anos. O reencontro das duas irmãs vai acabar gerando um choque de personalidades.

Esse filme ainda hoje é considerado um dos melhores dramas produzidos nos anos 90. Foi produzido em parte pela produtora do ator Robert De Niro que generosamente interpreta o papel coadjuvante de um médico na história. Além de De Niro o filme ainda tem um elenco maravilhoso. Diane Keaton interpreta a irmã sofredora que passou a vida toda cuidando do pai doente, abrindo mão de sua própria vida pessoal. Meryl Streep é a irmã que foi embora, teve uma vida e passou todo esse tempo negligenciando seus familiares. Seu retorno não vai ser isento de crises e dramas. 

E completando esse ótimo elenco o filme ainda apresenta um jovem Leonardo DiCaprio interpretando um rapaz de 17 anos, vivendo todos os problemas emocionais de sua adolescência. Grande trabalho de atuação coletiva, o filme levou uma indicação ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria de melhor atriz para Diane Keaton. Em minha opinião foi pouco, Meryl Streep e Leonardo DiCaprio também mereciam indicações nas categorias de atriz e ator coadjuvante. Eles também estão ótimos nesse filme sensível e tocante que tampouco deixa de lado momentos de humor e desconcentração no meio de uma história dramática e até mesmo bem pesada.

As Filhas de Marvin (Marvin's Room, Estados Unidos, 1996) Estúdio: Scott Rudin Productions, Tribeca Productions / Direção: Jerry Zaks / Roteiro: Scott McPherson / Elenco: Diane Keaton, Meryl Streep, Leonardo DiCaprio, Robert De Niro, Hume Cronyn, Gwen Verdon / Sinopse:Uma história de uma família e seus dramas do dia a dia. 

Titanic
Jack Dawson (DiCaprio) é um jovem pobretão que ganha numa aposta uma passagem de navio no imenso Titanic. A viagem partirá de Londres rumo aos Estados Unidos, considerado naqueles tempos a terra das oportunidades para imigrantes de todo o mundo. Durante a jornada Jack acaba conhecendo a bela Rose DeWitt Bukater (Kate Winslet), uma garota rica e cheia de sonhos. Ambos se enamoram, mas antes que essa paixão venha a se concretizar definitivamente um grande desastre acontece. O Titanic esbarra em um iceberg em alto-mar, levando à morte centenas de milhares de seus passageiros. 

Quando assisti "Titanic" pela primeira vez, nos cinemas em seu lançamento, pude perceber que o roteiro não era muito original. Na verdade era uma mistura e uma reciclagem de velhos clichês sentimentais e apelativos que curiosamente ainda funcionavam muito bem. Certas fórmulas nunca perdem seu poder de atração perante a plateia. O público e a crítica, claro, foram fisgados imediatamente. O curioso é que nada disso parecia ser o ponto principal do filme. A trama em si parecia uma coisa secundária, usada apenas para que James Cameron viabilizasse seus projetos ambiciosos de fazer as melhores imagens do navio afundado em alto-mar. Para isso ele gastou milhões de dólares. A bilheteria imensa do filme iria assim servir para tornar viável seu velho sonho de ir até as profundezas do Atlântico Norte ver como o Titanic se encontrava no presente. O resultado foi o que todos conhecemos. 

Como obra cinematográfica o filme é puramente piegas, mas de uma pieguice irresistível, com trilha sonora evocativa e o melhor dos mundos em termos de efeitos especiais, sonoros, etc. Tecnicamente é um filme perfeito, com roteiro redondinho para agradar às grandes massas (com aquela velha coisa romântica de garoto pobre se apaixonando por garota rica), um pano de fundo histórico não muito fiel aos fatos e toneladas de computação gráfica. Um milk-shake que todos estavam esperando consumir. A maioria que provou, gostou e não teve do que reclamar. O filme é o blockbuster romântico por excelência, provavelmente o maior de todos os tempos, o que não quer dizer que seja isento de falhas ou equívocos. Será que alguém ainda se importa com isso hoje em dia?

Titanic (Titanic, Estados Unidos, 1997) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: James Cameron / Roteiro: James Cameron / Elenco: Leonardo DiCaprio, Kate Winslet, Billy Zane, Kathy Bates, Bill Paxton, Jonathan Hyde / Sinopse: Uma bela história de amor que se passa no Titanic, o navio que iria protagonizar o mais famoso naufrágio da história. Filme vencedor de 11 Oscars.

O Homem da Máscara de Ferro
Na França, durante o auge do absolutismo do reinado de Louis XIV, um grupo de mosqueteiros aposentados resolve ajudar Philippe (Leonardo DiCaprio), irmão gêmeo do cruel monarca francês, que foi encarcerado em uma masmorra com uma torturante máscara de ferro, para que ninguém possa ver sua face. Filme baseado no livro escrito pelo aclamado autor Alexandre Dumas. 

Um elenco acima da média valorizado por uma produção luxuosa. Esses são os principais méritos de mais uma refilmagem dessa conhecida estória. Se trata da sexta adaptação para as telas do famoso livro. Para se ter uma ideia a primeira versão foi realizada em 1929 com William Bakewell no papel principal. Depois vieram novos remakes em 1939, 1977 (com Richard Chamberlain como Phillipe), 1979 (filme com o título de "O Quinto Mosqueteiro" estrelado por Beau Bridges) e finalmente "O Homem com a Máscara de Ferro" de 1985. Nessa versão de Randall Wallace (o roteirista de "Coração Valente") se optou por realizar um filme com foco mais na diversão, embora sem deixar de lado a carga dramática do livro original. Wallace se preocupou especialmente em desenvolver os personagens dos mosqueteiros, procurando tornar todos mais humanos, com características próprias de cada um. 

Leonardo DiCaprio também está muito bem em dois personagens. Em um deles, a do Rei Luís XIV, se mostra arrogante, cruel e sanguinário. Um monarca que não perde muito tempo com aspectos morais ou éticos de seus atos condenáveis. No outro, como Philippe, ele muda de personalidade, se revelando um jovem oprimido, mas com uma grande humanidade. Embora não tenha sido realizado nenhuma versão que podemos afirmar com segurança ser a adaptação definitiva do livro, essa aqui se mostra bem superior às demais. Um bom filme, com muita ação, baseado em um dos romances mais conhecidos da literatura mundial.

O Homem da Máscara de Ferro (The Man in the Iron Mask, Estados Unidos, França, 1998) Estúdio: United Artists / Direção: Randall Wallace / Roteiro: Randall Wallace / Elenco:  Leonardo DiCaprio, Jeremy Irons, John Malkovich, Gérard Depardieu, Gabriel Byrne, Peter Sarsgaard / Sinopse: Uma antiga lenda envolvendo a monarquia francesa ganha vida nesse filme histórico. Filme indicado ao European Film Awards na categoria Melhor Ator Coadjuvante (Gérard Depardieu).

Celebridades
Nos anos 70 Woody Allen dirigiu uma série de filmes bem autorais. Os roteiros eram bem intelectualizados e o humor refinado. Acontece que naquela época o diretor tinha um produtor rico, um tipo de mecenas, que sempre bancava a produção de seus filmes. Mesmo que essas produções não trouxessem grandes bilheterias ou até mesmo se viessem a se tornar fracassos, não importava. O mecenas estava lá para bancar Allen e sua filmografia. Nos anos 90 ele morreu. Assim Woody Allen precisou se mexer novamente, fazer filmes mais comerciais, que trouxessem retorno financeiro aos estúdios. Esse "Celebridades" é dessa segunda fase. Allen deixou as obras mais autorais de lado, encheu seus filmes de atores conhecidos e estrelas de Hollywood (que participavam quase de graça em suas obras pelo simples prestígio de trabalhar nelas) e mudou seu estilo de fazer cinema.

Eu nunca gostei muito desses filmes da segunda fase do diretor. Eles são artificiais demais, com roteiros mais bobos, mais simples, tudo para abrir espaço a uma constelação de atores famosos. A maioria desses filmes trazem roteiros mosaicos, com várias histórias se desenvolvendo ao mesmo tempo, se encontrando apenas no final. Algo cansativo e que nem sempre funciona direito. Como o próprio nome desse filme indicava, Allen resolveu reunir um grupo de celebridades do cinema, com direito a  Leonardo DiCaprio e Charlize Theron em papéis menores, servindo como coadjuvantes de alto luxo. No saldo final tudo é bem fraco. Allen até tentou se justificar, dizendo que o roteiro servia como uma crítica ao mundo das celebridades, mas sabemos que o que ele queria mesmo era fazer boa bilheteria. Sem o velho e bom mecenas era hora de arregaçar as mangas e fazer sucesso a todo custo. Por fim um detalhe curioso: no elenco temos uma participação especial de Donald J. Trump, ele mesmo o atual presidente dos Estados Unidos! Naquela época ele era apenas mais uma celebridade espalhafatosa e ninguém poderia supor que um dia iria se tornar presidente!

Celebridades (Celebrity, Estados Unidos, 1998) Direção: Woody Allen / Roteiro: Woody Allen / Elenco:  Leonardo DiCaprio, Charlize Theron, J.K. Simmons, Joe Mantegna, Kenneth Branagh, Judy Davis, Donald J. Trump / Sinopse: Um grupo de casais, alguns deles formados por celebridades, passa por inúmeras crises em seus casamentos, tudo desandando para uma série de divórcios escandalosos.

Pablo Aluísio. 

sábado, 27 de setembro de 2025

Elvis Presley - Elvis Now - Parte 2

Elvis Now - Parte 2
Havia uma variedade de gêneros musicais nesse álbum de Elvis lançado em 1972, mas era inegável também que a country music se fazia muito presente em seu repertório. A primeira faixa do disco era justamente um country chamado  "Help Me Make It Through The Night" de autoria do cantor e compositor Kris Kristofferson. Era uma canção bem recente na época, lançada no disco "Kristofferson" de 1970. Esse álbum tinha se tornado um dos preferidos de Elvis, justamente pelo seu estilo country / rock de Nashville que estava começando a se sobressair nas rádios do sul.

A história de criação dessa canção é bem curiosa. Ela foi explicada pelo autor alguns anos depois, em entrevista. Ele disse que leu uma entrevista de Frank Sinatra para a revista Esquire onde o cantor se esquivava de uma pergunta sobre suas crenças religiosas. Frank respondeu: "Em que eu acredito? Eu acredito em um copo de whisky, em uma boa companhia, na bíblia... ou em qualquer coisa que me ajude a atravessar a noite!".

Sinatra vinha passando por uma crise depressiva após o fim de seu casamento e passava as noites em claro, tentando chegar no dia seguinte. Foi justamente em cima dessa declaração que Kris Kristofferson escreveu sua canção. Inicialmente ele ofereceu a música para Dottie West, mas ela recusou. Assim ele acabou a gravando originalmente para o seu álbum de 1970. A versão de Elvis surgiria dois anos depois. Para alguns Elvis havia se identificado com a letra, pois ele também vinha passando por problemas relacionados a uma grave depressão, após o fim de seu casamento com Priscilla. Além disso Elvis tinha sérios problemas de insônia, que o deixava acordado por noites seguidas. Assim se tornava bem óbvio que ele tinha muitos motivos para se ver naquelas palavras escritas por Kristofferson.

Outro country do disco foi a faixa "Fools Rush In". A primeira versão veio com Johnny Mercer em 1940. Tempo de guerra, com os soldados americanos se preparando para lutar na Europa contra os nazistas. Essa versão porém era bem antiga, não marcando muito Elvis (afinal ele tinha apenas cinco anos de idade quando ela foi lançada) As versões que parecem ter inspirado Elvis vieram bem depois, primeiro com Frank Sinatra e depois com Ricky Nelson que a transformou em um grande sucesso em 1963. A letra também demonstrava trazer uma certa identificação para Elvis na época. Afinal apenas os tolos abriam completamente seu coração. Com a traição de Priscilla, o divórcio e tudo o mais que de ruim lhe havia acontecido não era mesmo de se admirar que Elvis não se sentisse apenas magoado com o fracasso de seu casamento, mas também como um verdadeiro tolo por ter acreditado demais no amor.

Pablo Aluísio.