segunda-feira, 15 de abril de 2024

Crônicas do Futebol - Edição XI

Crônicas do Futebol - Bayern Leverkusen
Depois de onze campeonatos alemães consecutivos vencidos pelo Bayern de Munique tivemos ontem enfim uma novidade. O Bayern Leverkusen quebrou essa hegemonia, se tornando o campeão da liga alemã de futebol (a Bundesliga). O time esse ano jogou com um uniforme que lembrava os cavaleiros templários com uma grande cruz vermelha no peito! Para eles, realmente, levantar essa taça foi mesmo uma verdadeira cruzada! Estão de parabéns pela conquista! 

Eu sempre gostei do campeonato alemão, mas tinha que dar o braço a torcer para os críticos. Parecia que havia apenas um único campeão, ano após ano, e esse era o Bayern de Munique. Esse tipo de situação destrói qualquer competividade esportiva. Assim ver um time diferente quebrando essa soberania é mais do que bem-vindo para o futebol da Alemanha. Essa situação acontece em razão da interferência estatal dentro do campeonato. Na Alemanha o time que se torna campeão recebe uma bolada milionária do governo, então é natural que vencendo a Bundesliga, o Bayern de Munique fosse ficando cada vez mais rico e poderoso com o passar dos anos. Multiplique isso por onze e você entenderá porque só esse time levantou a taça na última década. É um ciclo vicioso e penso que a Federação Alemã de Futebol deveria repensar esse tipo de estrutura viciada que no final da linha destrói um dos pilares do futebol, que é justamente a competividade. 

E no Brasil nesse final de semana também tivemos o início do campeonato brasileiro. E aí já sabemos o que esperar. Eu confesso que nunca gostei de um campeonato que dura quase o ano inteiro e nem de um campeonato de pontos corridos. Eu gostava muito dos jogos decisivos, do mata-mata. Eu sei que pontos corridos é mais justo, mas futebol não é para se levar tão á sério assim. Futebol é acima de tudo diversão e nesse caso se deve priorizar a emoção. Aquele esquema de quartas de final, semifinal e final é imbatível nesse quesito. Campeonato de pontos corridos realmente não tem muita graça e é bem chatinho.

De qualquer forma, foi uma rodada sem maiores surpresas no fim de semana. O Corinthians arrancou um suado zero a zero com o Atlético-MG. Eu sou corintiano, mas reconheço que esse time não vai para lugar nenhum. Vai lutar para não cair. O Vasco por sua vez fez uma bela homenagem ao Roberto Dinamite que iria completar 70 anos de idade se ainda fosse vivo. Bacana. E o Palmeiras, venceu mais uma. É o franco favorito ao título. Tem organização, dinheiro e estrutura, três coisas que a maioria dos times brasileiros não possui. Será que o time verde e branco de São Paulo vai virar o nosso Bayern de Munique? Espero sinceramente que não...

Pablo Aluísio. 

domingo, 14 de abril de 2024

O Último Magnata

Título no Brasil: O Último Magnata
Título Original: The Last Tycoon
Ano de Lançamento: 1976
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Elia Kazan
Roteiro: F. Scott Fitzgerald, Harold Pinter
Elenco: Robert De Niro, Anjelica Huston, Theresa Russell, Jack Nicholson, Donald Pleasence, Robert Mitchum, Tony Curtis, John Carradine

Sinopse:
Baseado no romance escrito por F. Scott Fitzgerald, o filme "O Último Magnata" conta a história de um famoso e poderoso produtor de cinema em Hollywood durante a década de 1930. Ele tenciona transformar dois jovens atores em grandes astros, ao mesmo tempo em que disputa o controle de um dos grandes estúdios de Hollywood. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor direção de arte. 

Comentários:
Hollywood olha para si mesma, para seu passado e tenta entender o que se perdeu com o passar dos anos. Assim eu vejo esse filme que foi muito elogiado na época de seu lançamento original, embora não tenha feito boa bilheteria. Atribuo isso a um fato até relativamente fácil de compreender. Para realmente apreciar esse filme o espectador tem que ter uma boa base de conhecimentos históricos sobre o passado da indústria cinematográfica dos Estados Unidos. Por aí já se tira que nem todo muito possui esse tipo de conhecimento e muitos nem sequer vão ter interesse em conhecer. Por isso esse é um filme de nicho, para cinéfilos mesmo. De bom temos uma boa reconstituição histórica e como não poderia deixar de ser, mais uma bela interpretação de Robert De Niro. A direção ficou com o mestre Elia Kazan. Nome mais indicado para contar esse tipo de história não havia. Pena que ele já estava bastante envelhecido quando dirigiu o filme. Já estava se despedindo do cinema, então seus melhores dias já pertenciam ao passado. Enfim faltou, em meu ponto de vista, mais glamour da velha Hollywood. Esse clima de elegância e luxo parece mesmo que se perdeu nas areias do tempo. 

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de abril de 2024

A Rede Antissocial

A Rede Antissocial
O Brasil e o mundo passam por um momento complicado. E parte dessa instabilidade das democracias surgiu depois que as redes sociais se mostraram um campo fértil para as fakes news, as teorias da conspiração e a desinformação com viés político. Esse fenômeno está muito bem explicado, desde as origens, nesse excelente documentário. E tudo começou lá atrás, nos anos 1990, com a chegada da internet nos lares de milhões de pessoas mundo afora. Nesse primeiro momento, como mostrado no filme, jovens se reuniram em fóruns, sendo o mais popular o 4chan. Nem preciso dizer que foi uma revolução e tanto na comunicação. Esses jovens pioneiros usavam esses fóruns como palco de muito humor e amizade. A moçada trocava ideias sobre cultura pop, música, cinema, etc. Era um ambiente saudável, feito para fazer amizades, tanto que foi onde nasceu os conhecidos memes. 

O tempo foi passando, as pessoas foram entendendo que as redes sociais poderiam servir como uma arma, inclusive de fanatismo político e aí chegou-se no ponto em que estamos agora. As redes sociais se tornaram tóxicas ao extremo. O lugar ideal para a proliferação de pensamentos e mentalidades extremistas. O ápice é mostrado no documentário, quando as pessoas invadiram o congresso americano, quebrando tudo. Um jovem jornalista foi para o meio da multidão perguntar a razão daquele tumulto. Cada pessoa tinha uma teoria da conspiração própria e diferente para justificar. Isso mostrava muito bem o poder de fanatização das redes sociais e seu efeito no meio político, principalmente. E aqui no Brasil aconteceu a mesma coisa na praça dos 3 poderes. A internet sendo usada como gatilho psicológico para a manipulação das massas, muitas vezes incultas, sem senso crítico e nem bom senso. 

E então se chega na questão da regulamentação das redes. Até que ponto isso pode se tornar censura? Eu sou da opinião de que essa é uma questão complicada. Regra geral sou contra todo tipo de censura e regulamentação mais forte, entretanto ao mesmo tempo, admito que há um problema sério mesmo a ser enfrentado. Essas técnicas de lavagem cerebral que são usadas nessas fake news é algo criminoso mesmo e precisa ser estudado a fundo, principalmente quando atinge pessoas idosas que não sabem lidar direito com a internet, acreditando que tudo o que leem nas fakes é verdade. De qualquer forma esse documentário e seu retrospecto histórico é precioso. Mostra todo o desenvolvimento do extremismo e do fanatismo na internet. E isso tudo não deixa de ser também bem assustador. 

A Rede Antissocial: Dos Memes ao Caos (The Antisocial Network, Estados Unidos, 2024) Direção: Giorgio Angelini, Arthur Jones / Roteiro: Giorgio Angelini, Arthur Jones / Elenco: Gregg Housh, Aubrey Cottle, Jeremy Hammond, Fredrick Brennan / Sinopse: Documentário que mostra como as redes sociais, que foram inicialmente criadas como fóruns de amizade e diversão, se tornaram altamente tóxicas e terreno fértil para o extremismo e o fanatismo político violento. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 12 de abril de 2024

O Astronauta

O Astronauta
O filme conta a história do astronauta Jakub Prochazka (Adam Sandler). Ele está viajando solitário rumo a um evento cósmico, uma nuvem de poeira e gás próximo ao planeta Júpiter. Sua intenção é pesquisar o complexo fenômeno. Ao chegar próximo do seu destino, ele vai se dando conta que há algo errado com sua esposa, que não se comunica mais com ele, nem manda respostas às suas tentativas de comunicação. Na realidade ela quer a separação. O pior de tudo porém acontece quando o astronauta descobre que há uma estranha criatura dentro de sua nave. Um ser que parece querer respostas sobre as próprias escolhas daquele frágil humano. 

Pois é, muita gente não gostou desse filme. Eu vou no sentido contrário à maioria. Eu gostei. É tudo uma questão de perspectiva. As pessoas estavam esperando por outro tipo de filme. Acredito que estavam esperando por uma aventura no espaço ou algo assim e acabaram encontrando um drama existencial daqueles bem pesados. Eu gostei da proposta desse roteiro. Certamente há elementos aqui que bebem de diversas fontes de filmes do passado, em particular de Solaris e 2001, mas obviamente sem a qualidade dessas obras. Diria que o filme segue nessa mesma linha, mas com um viés mais pop, mais palatável para o público de hoje em dia. E isso fica bem claro no final do filme. E olha que acabou funcionando bem.

E qual é o sentido desse filme? O interessante é que apesar de parecer ser um filme sobre uma viagem no espaço exterior, esse roteiro na verdade é uma viagem ao espaço interior do protagonista. A tal criatura que surge na nave é no fundo apenas um reflexo de seus próprios pensamentos, de sua consciência pesada pela forma errada como conduziu seu relacionamento com a esposa, que agora quer partir. Um dualismo narrativo dos mais interessantes. Nesse ponto de vista tudo parece estar em seu local adequado. Assisti ao filme com interesse e em nenhum momento me aborreci ou algo parecido. Penso que foi um passo certo de todos os envolvidos. Só não vá pensar que se trata de um outro tipo de filme. Esse é um drama introspectivo sobre relacionamentos fracassados e nada mais. 

O Astronauta (Spaceman, Estados Unidos, 2024) Direção: Johan Renck / Roteiro: Jaroslav Kalfar, Colby Day / Elenco: Adam Sandler, Carey Mulligan, Paul Dano / Sinopse: O filme conta a história de um astronauta, em uma missão próxima a Júpiter, que precisa entender como seu relacionamento com a esposa está chegando a um melancólico final. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 11 de abril de 2024

Sete Dias Com Marilyn

Gostei bastante do filme. A Michelle Williams está sobrenatural na pele de Marilyn Monroe. Sabe eu tinha receios que sua interpretação fosse cair no exagero ou no clichê mas isso não acontece. Ela captou muito bem a verdadeira Norma Jean. Complexa, de convivência turbulenta, fora de controle, terna e ao mesmo tempo irresponsável, dada a impulsos fora de hora. O ator Kenneth Branagh defende seu Sir Laurence Olivier com dignidade mas achei fraca sua interpretação. O Laurence era um sujeito de presença até mesmo intimidadora mas firme - no filme Branagh se limita a dar chiliques em cena, gritando com todos ao redor, algo impensável para o classudo ator original. Dois personagens centrais foram negligenciados no roteiro ao meu ver: Arthur Miller e Vivien Leigh. Miller é uma sombra, mal aparece, mal fala. Vivien Leigh também está quase sumida, me recordo agora de apenas duas cenas com ela - certamente os fãs de "E O Vento Levou" vão reclamar.

Mas nada disso tira os grandes méritos do filme. No fundo é a reconstituição totalmente curiosa do que aconteceu com aquele rapaz, Collin Clark (Eddie Redmayne), um mero terceiro assistente de direção, que acabou tirando a sorte grande ao se tornar próximo da estrela no set de filmagens. Michelle Williams captou perfeitamente a persona do mito: um quê de delicada, doce mas ao mesmo tempo totalmente imprevisível e incontrolável. Eu me senti recordando do que vi da atriz real em "Os últimos dias de Marilyn Monroe". Ela era assim na vida real, quase uma garotinha, sem muita noção das coisas que aconteciam ao redor ou do que ela representava na época (considerada a mulher mais famosa do mundo). Enfim, eu mais do que recomendo. A Michelle Williams na minha opinião foi mais sutil do que a Meryl Streep e merece levar o Oscar; A delicadeza de sua interpretação faz toda a diferença do mundo! Happy Birthday Mr President!

Sete Dias Com Marilyn (My Week With Marilyn, Estados Unidos, 2012) Direção: Simon Curtis / Roteiro: Adrian Hodges baseado no livro de Colin Clark / Elenco: Michelle Williams, Kenneth Branagh, Eddie Redmayne, Julia Ormond / Sinopse: Marilyn Monroe (Michelle Williams) chega à Inglaterra para filmar seu novo filme, "O Principe Encantado" com Laurence Olivier (Kenneth Branagh). As filmagens logo se tornam tensas por causa dos constantes atrasos e problemas da famosa atriz americana.

Pablo Aluísio.

Half Nelson

Professor do chamado High School (equivalente ao ensino médio no Brasil) dá aula numa escola pública de Nova Iorque cuja maioria dos alunos é negra. Além dos problemas com uma antiga namorada que está prestes a se casar ele tem que lidar com seu vício em drogas. Quando descobre o crack começa a ter problemas até para se concentrar nas aulas. A partir daí sua vida entra em parafuso. Assisti esse Half Nelson sem maiores expectativas, para falar a verdade pensei que fosse apenas mais um filme clichê do tipo "Ao Mestre com Carinho" mas estava completamente enganado. Half Nelson é um soco no estômago, um tapa na cara da sociedade que ainda não conseguiu entender o tamanho do problema das drogas em todos os setores sociais. O filme bem demonstra isso. Na sala de aula o problema já começa com o mestre, que adora cocaína e quase sempre chega em classe chapado. Os jovens alunos estão com a criminalidade em suas portas, muitos deles inclusive sendo aliciados de forma ostensiva por traficantes locais. Caberia a escola mostrar o caminho correto para essa juventude mas como fazer isso se até o professor usa crack no banheiro feminino do colégio?!

Ryan Gosling está se firmando rapidamente como um dos melhores talentos jovens do cinema americano. Seu papel aqui lhe cai como uma luva. Seu olhar perdido, meio abestalhado, noiado, é totalmente adequado ao personagem do professor chapadão. Além disso ele está perfeito nas cenas de abuso de drogas. A mais marcante acontece no final quando ele encontra sua aluna numa festa de junkies. Seu olhar de fracasso completo é um dos grandes momentos do filme. Enfim, "Half Nelson" é excelente, atual e lida de forma muito consciente com o avanço das drogas pesadas como o crack dentro da sociedade. Pelo andar da carruagem caminhamos rapidamente para isso - quebra total das regras sociais, dos valores morais e avanço indiscriminado da nova e poderosa droga! Será que um dia resolveremos esse problema?!

Half Nelson (Idem, Estados Unidos, 2006) / Direção: Ryan Fleck / Roteiro: Ryan Fleck, Anna Boden / Trilha Sonora: Broken Social Scene / Elenco: Ryan Gosling, Anthony Mackie, Karen Chilton, Nathan Corbett, Nicole Vicius, Tristan Wilds, Christopher Williamson / Sinopse: Professor do chamado High School (equivalente ao ensino médio no Brasil) dá aula numa escola pública de Nova Iorque cuja maioria dos alunos é negra. Além dos problemas com uma antiga namorada que está prestes a se casar ele tem que lidar com seu vício em drogas. Quando descobre o crack começa a ter problemas até para se concentrar nas aulas. A partir daí sua vida entra em parafuso

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 10 de abril de 2024

Maratona da Morte

Título no Brasil: Maratona da Morte
Título Original: Marathon Man
Ano de Lançamento: 1976
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: John Schlesinger
Roteiro: William Goldman
Elenco: Dustin Hoffman, Laurence Olivier, Roy Scheider, William Devane, Marthe Keller, Fritz Weaver

Sinopse:
Thomas 'Babe' Levy (Dustin Hoffman) é um jovem universitário comum do curso de história que adora esportes e se prepara para disputar uma maratona. Sua vida vira ao avesso depois que ele descobre que está envolvido, de forma completamente involuntária, em uma grande conspiração internacional de espionagem envolvendo inclusive nazistas, criminosos de guerra. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor ator coadjuvante (Laurence Olivier).

Comentários:
Quando fez esse filme o ator Dustin Hoffman estava no auge de sua carreira do cinema. Ao lado de Al Pacino e Robert De Niro ele era considerado um dos grandes nomes da nova geração de atores em Hollywood. O interessante é que todos eles pareciam homens comuns, nada semelhantes aos grandes galãs do passado. Um claro sinal do realismo que o cinema norte-americano abraçou na década de 1970. E isso definitivamente era muito bom. Esse filme assim tenta mostrar o lado da espionagem internacional que abalava a vida das pessoas normais, que não estavam envolvidas diretamente nesse meio de espiões, segredos de Estado, etc. E nesse aspecto o filme realmente funcionava muito bem. O tema iria seguir em frente, mas esse pode ser considerado um dos filmes pioneiros nessa temática. Tem bom ritmo e o roteiro lida muito bem com o suspense envolvido em toda a situação. Também vale destacar o trabalho do veterano Laurence Olivier, naquele que pode ser considerado o seu último grande papel no cinema. Enfim, está mais do que recomendada essa pequena obra-prima dos anos 70. 

Pablo Aluísio.

Robin e Marian

Título no Brasil: Robin e Marian
Título Original: Robin and Marian
Ano de Produção: 1976
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Richard Lester
Roteiro: James Goldman
Elenco: Sean Connery, Audrey Hepburn, Robert Shaw, Richard Harris, Nicol Williamson, Denholm Elliott

Sinopse:
Na velhice, o famoso Robin Hood (Sean Connery) tenta levar uma vida comum ao lado de sua mulher, Marian (Audrey Hepburn), só que o seu passado de aventuras e luta contra a tirania sempre voltam para cobrar seu preço.

Comentários:
Foi uma das primeiras tentativas de buscar uma certa realidade na lenda de Robin Hood. Como se sabe o personagem ficou marcado na memória do cinema como o aventureiro de roupa verde no famoso filme de Errol Flynn. Aqui você não encontrará nada parecido. O Robin é um homem já velho, tentando apenas viver um dia de cada vez, tentando ser feliz ao lado do amor de sua vida. a doce e bondosa Marian. Curiosamente por ter essa temática tão inovadora, o filme acabou sendo criticado na época de seu lançamento original. Uma falta de visão maior dos críticos. Já que nos anos seguintes o filme faria escola e sempre que Robin Hood era levado novamente ao cinema havia uma dose de realismo envolvido. Nada de apostar apenas em aventuras sem desenvolver todos os personagens dessa lenda medieval. Assim temos que reconhecer a importância dessa produção, por causa de seu roteiro que ousou fazer diferente. Outro ponto forte, bem óbvio, é o excelente elenco, contando não apenas com Sean Connery no papel de Robin Hood, mas também com a grande dama do cinema americano em sua era de ouro, Audrey Hepburn. E o que dizer de Richard Harris no papel do Rei Ricardo Coração de Leão? Simplesmente maravilhoso!

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 9 de abril de 2024

Dias de Ira

Título no Brasil: Dias de Ira
Título Original: I Giorni Dell'ira
Ano de Produção: 1967
País: Itália, Alemanha
Estúdio: Corona Filmproduktion, Divina-Film
Direção: Tonino Valerii
Roteiro: Ron Barker, Ernesto Gastaldi
Elenco: Lee Van Cleef, Giuliano Gemma, Walter Rilla

Sinopse:
Quando garoto, Scott (Gemma) foi abandonado por sua mãe. Agora para sobreviver ele faz uma série de trabalhos que ninguém quer na pequena cidade de Clifton. Ele recolhe e esvazia latrinas, varre casas e saloons e cuida dos cavalos em um estábulo próximo. Sua sorte começa a mudar quando chega na cidade o temido pistoleiro e fora-da-lei Frank Talby (Lee Van Cleef) que simpatiza com o jovem. Depois de o conhecer melhor resolve tornar o humilde Scott seu aprendiz na arte de sobreviver no velho oeste. Ao lado dele sai em busca de um antigo carregamento de ouro no valor de 50 mil dólares que desapareceu antes dele ser preso anos atrás.

Comentários:
Gostei bastante desse bom western Spaguetti chamado "Dias de Ira". Obviamente todos os ingredientes que fizeram a fórmula dos filmes italianos de faroeste darem certo estão lá. O roteiro baseado em vingança, os tiroteios criativos, a violência estilizada e a trilha sonora evocativa, sempre repetida à exaustão, para criar aquele clima que todos conhecemos. O atrativo maior dessa produção vem do fato de trazer dois ídolos do spaguetti em apenas um filme, Lee Van Cleef e Giuliano Gemma. Cleef repete seu tipo habitual, a do pistoleiro durão que não abre concessões e nem aceita ser passado para trás. Ele tem uma ótima cena quando aceita o desafio de participar de um duelo sobre o cavalo contra um assassino profissional que foi contratado justamente para matá-lo. Em outra é arrastado por três cavalos no meio do deserto. São cenas que certamente fazem a alegria dos admiradores desse tipo de fita. Já Giuliano Gemma também está muito bem no papel de pobre coitado que resolve ir à desforra contra todos aqueles que o humilhavam no passado (ele tinha uma certa predileção por esse tipo de personagem). Em suma, um faroeste acima da média feito na bota que vai agradar em cheio aos que curtem um bom e velho western spaguetti.

Pablo Aluísio.

Cavaleiro Misterioso

Título no Brasil: Cavaleiro Misterioso
Título Original: Stranger on Horseback
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: Robert Goldstein Productions
Direção: Jacques Tourneur
Roteiro: Herb Meadow, Don Martin
Elenco: Joel McCrea, Miroslava, Kevin McCarthy

Sinopse:
O juiz Richard 'Rick' Thorne (Joel McCrea) se considera um homem íntegro e honesto. Para isso ele captura um jovem acusado de assassinato e pretende levar o rapaz até o tribunal na capital do estado. Sua viagem porém não será nada fácil pois o acusado é filho de um rico barão do gado da região que fará de tudo para que ele seja solto das mãos do homem da lei.

Comentários:
Um filme de faroeste americano dirigido por um parisiense? No mínimo estranho! Certamente western não era o forte do francês Jacques Tourneur que tinha mais intimidade com filmes de capa e espada ao estilo "O Gavião e a Flecha" e "A Vingança dos Piratas", produções dirigidas por ele que alcançaram belas bilheterias na época. O produtor Robert Goldstein por sua vez não pensava assim e queria há muitos anos que Tourneur trouxesse sua sofisticação europeia para o velho oeste americano e o resultado foi justamente esse "Stranger on Horseback", um western que se mostra bem diferente do que era realizado nos anos 50 nos Estados Unidos. Como todo europeu o diretor também quis explorar mais seus personagens, trazendo conflitos internos e profundidade psicológica a todos eles. Claro que havia um limite para se aprofundar nisso, por causa do mercado, e Tourneur se mostrou sensato no resultado final. Considero uma pequena obra prima que anda bem esquecida. De qualquer maneira nunca é tarde para se redescobrir esse faroeste com sabor de croissant.

Pablo Aluísio.