quarta-feira, 22 de junho de 2022
Elvis Presley (1956) - Parte 5
Inclusive já virou lenda a forma como essa canção foi composta. Ray Charles resolveu fazer uma espécie de brincadeira, unindo a linha de melodia típica de uma canção gospel, religiosa, com uma letra profana, das mais profanas possíveis, é bom salientar. Obviamente a canção, lançada em single, virou um grande sucesso popular que Elvis não deixou que lhe escapasse entre as teclas do piano. Claro que The Pelvis tinha essa coisa de revirar pelo avesso qualquer composição de outro artista ao seu próprio estilo, porém em relação ao maravilhoso Ray Charles ele até que foi bem respeitoso. Sim, imprimiu seu estilo pessoal na gravação, mas sempre procurando respeitar o legado do pianista. Uma troca de favores entre dois gênios da música.
Quando o assovio surge nas caixas de som você imediatamente sabe que "I Love You Because" de Leon Payne está começando. Essa baladinha country com uma guitarra chorosa de Scotty Moore sempre solando em lágrimas ao fundo, não chega a ser um destaque dentro do álbum. Porém mostra bem o estilo baladeiro de Elvis em seus anos iniciais. Lembra até mesmo de "My Happiness", a primeira gravação dele na Sun Records - o tal disquinho que gravou para dar de presente para sua mãe Gladys. Naquele primeiro acetato Elvis era apenas um amador tentando chamar a atenção. Porém aqui nessa faixa ele já poderia se considerar um cantor profissional. Inclusive já tinha deixado seu emprego de motorista de caminhão da empresa de energia elétrica de Memphis. Um futuro e tanto iria surgir para aquele jovem rapaz de 19 anos de idade.
"Just Because" também é bem subestimada. Já houve quem dissesse que era um skiffle bem disposto, porém a verdade é que esse estilo musical nada mais era do que uma variação inglesa para o country (genuíno) dos Estados Unidos. Uma simples releitura sem profundidade. Ingleses branquelos querendo soar como cowboys do sul norte-americano. Definitivamente eles não eram homens de Marlboro! Não colava muito bem. De qualquer forma o estilo mais rapidinho faz dessa uma boa faixa para Elvis e seu trio de caipiras - os Blue Moon Boys. É a tal coisa, se o tal rock ´n´ roll fosse uma coisa passageira Elvis e sua banda poderia muito bem viver tocando e cantando a música rural sulista nas feiras de gado nos arredores de Memphis e região. Valia tudo para sobreviver como artista naqueles tempos pioneiros, meus caros!
Pablo Aluísio.
terça-feira, 21 de junho de 2022
Traição Heróica
Título Original: They Rode West
Ano de Produção: 1954
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Phil Karlson
Roteiro: DeVallon Scott, Frank S. Nugent
Elenco: Robert Francis, Donna Reed, May Wynn
Sinopse:
O médico Dr. Allen Seward (Robert Francis) é designado para trabalhar em um forte do exército americano localizado perto do território Comanche. Ao chegar lá se depara com uma situação aflitiva, vários soldados e nativos da região estão ficando doentes, morrendo sem nenhuma explicação. Os curandeiros atribuem isso a um castigo dos deuses, mas Seward tem outra visão do que poderia estar acontecendo, um surto de malária está se abatendo sobre todos os que vivem naquela região.
Comentários:
Western muito interessante que ao invés de se concentrar apenas em tiroteios envolvendo cowboys, xerifes, índios e soldados da cavalaria, mostra as dificuldades enfrentadas por um médico em um posto avançado do exército americano na fronteira mais distante do velho oeste. O roteiro explora não apenas sua busca por uma cura mas também as tensões que se criam com seu trabalho. Seus superiores são militares durões que não querem saber de detalhes científicos e os índios do local estão submersos em crendices e superstições das mais variadas. Não tarda para que culpem a presença do homem branco naquele território como causa da morte dos guerreiros. Assim enquanto o Dr. Allen Seward (Francis) tenta procurar por soluções, nativos e cavalaria ficam em pé de guerra por causa das inúmeras mortes que estão ocorrendo. Apesar de ser apenas mais um faroeste B da Columbia dos anos 50 esse aqui se sobressai pelo inteligente roteiro e por trazer um ponto de vista bem peculiar para os filmes da época. Diverte mas também instrui. Pequena jóia rara cinematográfica do período.
Pablo Aluísio.
A Colina dos Homens Maus
Título Original: La Collina Degli Stivali
Ano de Produção: 1969
País: Itália
Estúdio: San Marco
Direção: Giuseppe Colizzi
Roteiro: Giuseppe Colizzi
Elenco: Terence Hill, Woody Strode, Bud Spencer
Sinopse:
Em uma cidade próxima a uma rica região, farta em ouro, um grupo de bandoleiros comandados por Mel Fisher, impõe sua dominação através do terror e assassinato. Seu objetivo é se tornar dono das terras locais para se apropriar completamente da fortuna que está sob o solo daquela terra. Quem não estiver disposto a vender sua propriedade certamente morrerá. Seus planos vão muito bem, até a chegada na cidade de Cat Stevens (Terence Hill) e Arch Hutch Bessy (Bud Spencer), que estão dispostos a parar com aquela situação de injustiça e medo!
Comentários:
Outro bom exemplar da bem sucedida parceria entre Terence Hill e Bud Spencer. No Brasil ficaram extremamente conhecidos por causa dos filmes da série Trinity! O diretor desse filme, o especialista Giuseppe Colizzi, iria inclusive dirigir "Dá-lhe Duro, Trinity!" em 1972. Filmado praticamente todo no deserto de Almería, Andalucía, na Espanha, o filme segue o padrão que já havia dado muito certo antes na carreira do diretor, como em, por exemplo, "Os Quatro da Ave Maria" e "Deus Perdoa... Eu Não!". Embora os filmes de Terence Hill tenham se notabilizado pelo bom humor, esse aqui não é tão na linha mais pastelão como viria a acontecer anos depois. Há um tom bem mais sério, embora é claro, cenas divertidas surjam ao longo do filme. Mas sempre salientando que essa não é a tônica principal da produção. "A Colina dos Homens Maus" inclusive fecha a trilogia formada com os filmes anteriores já citados do diretor, todos tendo como enredo as aventuras do pistoleiro Cat Stevens pelo velho oeste. Terence Hill assim encerrava o ciclo desse seu personagem, que só seria superado mesmo em termos de popularidade por Trinity. Em suma, um faroeste italiano que certamente agradará em cheio aos fãs do Spaguetti Western.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 20 de junho de 2022
Che: A Guerrilha
Ele tentou repetir a mesma fórmula que havia sido usada na revolução Cubana, mas fracassou completamente. Um dos pontos centrais nesse fracasso foi a incapacidade de trazer o povo para lutar pela sua causa. O povo humilde que vivia em vilas no interior da Bolívia era formado por pessoas muito simples, que nem sequer entendiam direito os conceitos de revolução, socialismo, comunismo, etc. Era um povo sofrido que não tinha o mesmo nível de consciência política que o povo cubano tinha quando a revolução estourou e tomou conta daquela ilha caribenha. Diante disso Che ficou cercado pelo exército boliviano, que contava inclusive com a ajuda de agentes da CIA, dos Estados Unidos. O resultado foi melancólico, onde ele pagou muito caro por essa revolução que sequer pode ser dita como fracassada, pois na realidade nem chegou a se tornar concreta, ficando apenas no campo dos sonhos e planos dos guerrilheiros.
Che: A Guerrilha (Che: Part Two, Estados Unidos, 2008) Direção: Steven Soderbergh / Roteiro: Peter Buchman / Elenco: Benicio Del Toro, Rodrigo Santoro, Demián Bichir / Sinopse: O filme conta a história os momentos finais de vida do guerrilheiro Che, quando ele tentou levantar o povo boliviano em uma revolução comunista naquele país.
Pablo Aluísio.
Crônicas de um Cinéfilo - Parte 6
A TV era a segunda opção até o aparecimento do videocassete. Na TV eram exibidos os grandes filmes na Rede Globo, principalmente no Supercine (onde eram exibidos os melhores filmes, no sábado à noite) e depois na Sessão de Gala (que entrou até mesmo em letra de música famosa do Cazuza). Hoje em dia parece que ainda existe o Supercine, mas é de madrugada, exibindo filmes menores. Nos anos 80 era a grande sessão de cinema da TV aberta. E começava cedo, lá por volta das nove horas. Sessão de Gala começava às 23:00hs. Era um prazer para quem gostava de cinema.
Por fim, lá pela metade dos anos 80 surgiu o videocassete. Que época maravilhosa para um cinéfilo existir. Havia as locadoras com centenas de filmes para alugar. Eu fui um assíduo cliente de locadoras de vídeo. E não era apenas o prazer de escolher um filme, havia toda uma espécie de ritual para ir alugar um filme. Havia bate papos com outros cinéfilos, havia os famosos pacotes de fim de semana. Hoje em dia eu confesso que não iria mais ter o mesmo prazer daquela época, até porque eu era um jovem nos anos 80. Hoje, perto dos 50 anos, já não sentiria prazer em sair de casa para ir atrás de um filme. Como eu disse tudo tem seu lugar na história.
Agora existe uma coisa que sinto realmente saudades. É das revistas de cinema e vídeo. Nos anos 80 havia muitas revistas para comprar, ler e colecionar. A minha preferida era a SET, mas havia várias outras como Cinemin (que trazia muitas vezes as melhores matérias), a Fotogramas e Vídeo (que durou pouco), a Cinevídeo... e tantas outras. Como se diz havia todo um cenário para cinéfilo nenhum colocar defeito. Eu consumi tudo isso e amei cada revista que comprei, cada filme que assisti. Que tempo bom...
Pablo Aluísio.
domingo, 19 de junho de 2022
Ted Bundy: A Confissão Final
Gostei do resultado final desse filme. O ator Luke Kirby que interpreta Ted Bundy é muito bom, além de ser fisicamente parecido com o assassino, ele conseguiu reproduzir perfeitamente o modo de ser e agir desse criminoso. Existem cenas reais de Bundy na internet, então quem quiser comparar basta ver esse filme e depois as cenas reais no YouTube. Assim você terá um quadro preciso do bom trabalho deste ator chamado Luke Kirby. O roteiro também surpreende, sendo historicamente preciso, baseado nas fitas que foram gravadas durante as entrevistas. O retrato de Bundy é assim perfeitamente delineado, mostrando que até mesmo os mais perversos monstros podem se parecer com as pessoas mais comuns, carismáticas e interessantes que encontramos no dia a dia.
Ted Bundy: A Confissão Final (No Man of God, Estados Unidos, 2021) Direção: Amber Sealey / Roteiro: Kit Lesser / Elenco: Elijah Wood, Luke Kirby, Aleksa Palladino / Sinopse: O filme conta a história dos momentos finais de vida do assassino em série Ted Bundy, que foi executado na cadeira elétrica.
Pablo Aluísio.
Guia de Episódios - Edição 6
Claro que toda a Riqueza e a grande mansão da Playboy a deixou completamente extasiada e deslumbrada. O dono da Playboy por sua parte foi retratado no episódio como um homem elegante, um verdadeiro gentleman. Ja na linha narrativa do presente, vemos o constrangedor depoimento de Pamela na audiência e tratativas iniciais do processo aberto envolvendo ela e o marido. Incertezas jurídicas pela frente.
Outra série que assisti foi Miss Marvel. Pois é, mais uma série dos estúdios Marvel. Essa aqui eu pensei que se tratava de uma série sobre a Capitã Marvel, mas me enganei. Na realidade é uma série sobre uma jovem que é fã da personagem. Ela quer ir para uma convenção de quadrinhos vestida da Capitã Marvel, mas acaba parando na mãe que não quer ver ela de jeito nenhum naquelas roupas. Um aspecto interessante é que a família da personagem principal é muçulmana, mostrando mais uma tentativa da Marvel em investir na política de inclusão que vem dominando em Hollywood também.
Temos uma série até boa, mas não pra mim. A série na realidade foi feita para um público adolescente, para os jovens que estão ali na fase da idade colegial. Eu não sou o público alvo dessa série, por essa razão desisti logo no episódio piloto, não vou acompanhar. De qualquer forma se você for desse nicho adolescente assista, quem sabe você vai gostar, ainda mais se for leitor dos quadrinhos da Marvel.
Pablo Aluísio.
sábado, 18 de junho de 2022
Elvis Presley (1956) - Parte 4
Outra canção que foi resgatada dos anos na Sun Records foi a balada "I'll Never Let You Go (Lil' Darlin')" de autoria de Jimmy Wakely. Esse foi um cantor e compositor popular no sul dos Estados Unidos durante as décadas de 1930 e 1940. Vestido de cowboy ele ganhou fama se apresentando no palco do Grand Ole Opry. Seguindo os passos de artistas como Gene Autry ele foi abrindo seu caminho, chegando até mesmo a compor para trilhas sonoras de filmes B de faroeste. Como Elvis sempre foi louco por cinema não era surpresa ele ter escolhido músicas do repertório de Wakely para gravar. A intenção era ter uma boa seleção musical country para tocar nos pequenos festivais que contratavam Elvis nessa fase de sua vida. Afinal cantar em feiras de gado e eventos desse tipo exigia mesmo um repertório bem popular, country, de acordo com o gosto das pessoas que frequentavam esses festivais.
"I'm Counting on You" havia sido composta por Don Robertson. Compositor de classe, excelente pianista, esse californiano iria cair nas graças de Elvis que por anos iria gravar inúmeras músicas criadas por ele. Basta lembrar das excelentes baladas românticas "Anything That's Part Of You", "I Met Her Today", "There's Always Me", "No More" e tantas outras lindas canções que trouxeram muita qualidade musical para diversos discos de Elvis ao longo dos anos. Coisa fina. É importante chamar a atenção que quando Elvis a gravou ainda não tinha à disposição uma banda maior, com mais instrumentistas, algo que iria enriquecer muito suas gravações no futuro.
Em minha opinião a gravação de Elvis é de certo modo ofuscada um pouco por causa dessa falta de diversidade de arranjos. Provavelmente se Elvis a tivesse gravada em 1960 teríamos uma grande faixa, com orquestra ao fundo, mais qualidade em termos de grupo de apoio. De qualquer forma mesmo contando com uma pequena banda de apoio Elvis ainda conseguiu realizar um bom trabalho. Sua performance vocal era o grande diferencial, algo que conseguia se sobressair a todas as limitações técnicas da época.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley (1956) - Parte 3
Essa música também foi uma das que a RCA Victor aproveitou do período em que Elvis gravava na Sun Records, um ano antes. O produtor Steve Sholes ouviu todo o material que Sam Phillips enviou para Nova Iorque e escolheu entre as gravações aquelas que poderiam ser aproveitadas no disco de estreia de Elvis na RCA. Foi uma boa escolha do produtor. A gravação é realmente muito bem realizada por Elvis e banda.
"Money Honey" teve sua gravação original feita em 1953 por Clyde McPhatter que estava tentando emplacar uma carreira solo longe de seu grupo The Drifters. Essa primeira versão não teve muito sucesso. Depois ela foi regravada por Billy Ward and the Dominoes, onde finalmente se tornou um hit nas paradas, chegando a vender a incrível marca de um milhão de cópias. A versão de Elvis ficou muito bem executada, com aceleração de seu ritmo original, até porque agora a música era puro rock ´n´ roll na voz de Presley. O curioso é que a versão de Elvis acabou inspirando outro roqueiro famoso da época, Eddie Cochran, que também registrou sua própria interpretação na música pelo selo London em 1959, justamente quando Elvis estava bem distante, servindo o exército americano na Alemanha.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 17 de junho de 2022
A Revolta dos Apaches
Título Original: The Last Outpost
Ano de Produção: 1951
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Lewis R. Foster
Roteiro: David Lang, Daniel Mainwaring
Elenco: Ronald Reagan, Rhonda Fleming, Bruce Bennett
Sinopse:
Dois irmãos, o Coronel Jeb Britton (Bruce Bennett) e o Capitão Vance Britten (Ronald Reagan), que nunca se deram muito bem e até lutaram em lados opostos durante a guerra civil americana, precisam deixar todas as diferença de lado para repelir e combater um ataque de índios contra as tropas da cavalaria de que fazem parte. Filme inspirado em fatos reais, registrados em cartas escritas pelo Capitão Vance Britten.
Comentários:
Um bom filme de western enfocando novamente eventos ocorridos durante as chamadas guerras indígenas, que foram muito frequentes na história do velho oeste americano. A presença e ocupação do homem branco em terras tradicionalmente ocupadas por nações nativas criavam focos de tensão e conflito que se alastraram por décadas durante os séculos XVIII e XIX. É uma produção bem realizada, tipicamente dos anos 50 e que traz como atrativo extra o fato de ter sido estrelada pelo futuro presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan. Ele nunca foi um astro de primeira grandeza em Hollywood, temos que admitir, mas era um talentoso político nos bastidores, a ponto de se tornar presidente do sindicato dos atores e depois presidente da própria Academia, função que lhe abriu as portas para a política convencional, onde se tornaria governador da Califórnia e depois Presidente do país durante os anos 80. Rever um personagem histórico dessa magnitude matando Apaches rebeldes em filmes de bangue-bangue certamente não tem preço. Assista, conheça o Reagan ator e se divirta com as ironias da história.
Pablo Aluísio.