quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Pacificador

Mais um super-herói. Pois é, só que agora ao invés de estar em um filme, fizeram uma série para ele. Esse aqui não é da Marvel, mas sim da DC Comics (a rival). Quem não lê quadrinhos e nem é ligado nesse mundo de gibis não vai saber que personagem é esse. Ele é um daqueles obscuros personagens que só os leitores de gibis vão reconhecer. No cinema ele surgiu no último filme do "Esquadrão Suicida". Aliás o primeiro episódio faz um link direto com esse filme. Ele surge se recuperando do quebra-pau generalizado do longa-metragem para o cinema. Tudo bem, tudo OK, mas a questão principal é simples: Foi uma boa ideia transformar esse personagem bem desconhecido em protagonista dessa nova série? Os números são bem desanimadores. Dessa nova safra de séries de adaptações dos comics, foi a que teve a pior audiência. Provavelmente não passará da primeira temporada.

De qualquer forma conferi o primeiro episódio. Minhas impressões iniciais é que essa série vai se desgastar logo. O ator John Cena é até esforçado e tudo mais, entretanto esse personagem que tem um pezinho no humor também, muito provavelmente não vai muito longe. Ele é basicamente um cara forte que usa um elmo meio ridículo (faz parte do pacote do humor do roteiro). As pessoas não o levam à sério. Ele tem uma águia careca de estimação e anda em um velho carro pintado com a bandeira dos Estados Unidos (mais brega do que isso, impossível!). Ainda assim o primeiro episódio é daqueles que se assiste numa boa. O roteiro acertou em cheio em sempre ter uma pegada de comédia. Ficamos com aquela sensação de que vamos rir a qualquer momento, apesar da truculência e da pancadaria. Vai ser um sucesso essa nova série? Bom, acredito que para uma temporada completa ainda vai dar... mas ir além disso, aí já acho bem difícil.

Pacificador (Peacemaker, Estados Unidos, 2022) Direção: James Gunn / Roteiro: James Gunn / Elenco: John Cena, Danielle Brooks, Freddie Stroma / Sinopse: Adaptação do personagem de quadrinhos da DC Comics. Na história um sujeito durão deseja a paz na Terra, só que para atingir esse objetivo parte para a pancadaria generalizada!

Pablo Aluísio. 

Guia de Episódios - Pacificador:

Pacificador 1.02 - Best Friends, For Never
Depois da explosão no estacionamento e da morte da mulher que é indicada como uma "borboleta" pela sua equipe, o Pacificador precisa dar no pé antes dos policiais chegarem. Só que ele ainda quer dar uma última olhada no apartamento da mulher pois ele quer surrupiar algumas coisas dela como discos, cartuchos de game, etc. É basicamente um debiloide mesmo. Aos trancos e barrancos e depois de levar várias quedas ele finalmente se manda dali. E agora? A missão de mandar dessa para melhor um senador pode ter sido comprometida já que a tal mulher "borboleta" teve acesso a todo o dossiê que estava com o Pacificador. Salvem-se quem puder; Bom episódio, onde o bom humor prevalece. Esse aliás é um dos pontos positivos dessa série que nunca se leva muito à sério. / Pacificador 1.02 - Best Friends, For Never (Estados Unidos, 2022) Direção: James Gunn / Roteiro: James Gunn / Elenco: John Cena, Danielle Brooks, Freddie Stroma. 

Pacificador 1.03 - Better Goff Dead
O que salva essa série é o humor. As cenas são bem violentas, tem ação, brigas e tudo mais. Porém o que vale a pena mesmo é o lado da comédia. O protagonista não é um herói DC ao velho estilo. Ele é basicamente um idiota, mas entenda-se, um idiota divertido. Nesse episódio ele e seus amigos vão atrás do tal senador. Eles precisam matar a todos, são "borboletas". O que diabos isso significa? O episódio traz a resposta. É isso mesmo, literalmente... são borboletas! São aliens? Seres de outro planeta? Seres sobrenaturais? Veremos a explicação nos próximos episódios. Enquanto isso a diversão segue garantida! / Pacificador 1.03 - Better Goff Dead (Estados Unidos, 2022) Direção: James Gunn / Roteiro: James Gunn / Elenco: John Cena, Danielle Brooks, Freddie Stroma.

Pacificador 1.04 - The Choad Less Traveled 
Eu sei que todo super-herói é em maior ou menor grau uma coisa meio ridícula. Acontece que esse pacificador, que é um personagem da DC comics, parece ter sido criado justamente para explorar ainda mais fundo esse lado bem rocambolesco dos heróis de quadrinhos. É um personagem que não se leva a Sério e por isso é tão divertido, a começar por ele usar um Elmo cafona e fora de nexo, o que torna tudo ainda mais absurdamente brega. Curiosamente a série funciona que é uma beleza, principalmente no quesito humor soft. Eu não sei se nos quadrinhos é assim, mas pelo menos em relação a série tudo se torna muito divertido. Nesse episódio quarto da primeira temporada, o pacificador tenta recriar algum tipo de relacionamento mais maduro com seu pai, algo que não vai ser fácil porque no passado eles tiveram muitos problemas, muitas divergências. O velho também não é flor que se cheire, um supremacista branco mau caráter, que agora cumpre pena na prisão, uma cilada armada justamente pelas mesmas pessoas que estão trabalhando ao lado do seu filho. Vale como referência também o humor trazido para a série pelo personagem o vigilante, um super-herói capenga que é mais idiota que o próprio pacificador, se isso é possível! / Pacificador 1.04 - The Choad Less Traveled  (Estados Unidos, 2022) Direção: Jody Hill.

Pacificador 1.05 - Monkey Dory
O Pacificadores e sua equipe invadem o depósito onde se encontra muitos seres humanas sob dominação das tais borboletas, mas não leve isso muito a sério, afinal essa é uma série para fazer humor, algo que fica bem claro quando surge um gorila no meio da história e ele é cortado ao meio por uma serra elétrica. Mais nonsense impossível. No geral a série segue com cenas bem humoradas, como aquela em que o Pacificador ouve músicas metaleiras suecas dentro do furgão, é para se divertir realmente e não levar nada aqui a Sério. / Pacificador 1.05 - Monkey Dory (Estados Unidos, 2022) Direção: Rosemary Rodriguez / Elenco: John Cena, Danielle Brooks, Freddie Stroma.

Pacificador 1.06 - Murn After Reading
Mais um episódio divertido dessa série que não deixa nada a desejar no quesito diversão. Agora o Pacificador precisa dar no pé o mais rapidamente possível. A polícia se mobiliza para lhe prender. E o seu pai que saiu da prisão, também quer dar cabo dele! Assim o pacificador precisa cair fora pular pela janela no alto da sua casa. E sair correndo pela Floresta! Enquanto isso, a borboleta que ele mantinha presa em sua casa foge. E parte logo para cima de uma policial, tomando seu corpo e mente. Depois, numa revoada de várias borboletas, elas dominam completamente a delegacia de polícia e os policiais. Nem os presos são poupados. É o apocalipse borboleta? Rsrs / Pacificador 1.06 - Murn After Reading (Estados Unidos, 2022) Direção: James Gunn / Elenco: John Cena, Danielle Brooks, Freddie Strom.

Pacificador 1.07 - Stop Dragon My Heart Around
O acontecimento mais importante desse episódio ocorre quando o pacificador dá um tiro na cabeça de seu próprio pai. Ao longo do episódio, ele vai relembrando as humilhações e as brigas que teve com velho. E os traumas que carregou durante todo esse tempo. Inclusive em relação à morte de seu irmão durante uma briga organizada pelo pai, claro. Mas não espere nada muito dramático, afinal, essa série tem um tom cômico acentuado. Não vá pensar que o encontrará um dramalhão ou lágrimas em excesso nesse episódio, não é a praia desses dessa série. Aqui, o mais importante é diversão acima de tudo. E nesse aspecto cumpre o que promete. / Pacificador 1.07 - Stop Dragon My Heart Around (Estados Unidos, 2022) Direção: Brad Anderson / Elenco: John Cena, Danielle Brooks, Freddie Stroma.

Pacificador 1.08 - It's Cow or Never
Último episódio do pacificador. E como termina essa série? Eles encontram a rainha-mãe dos insetos alienígenas. Esse monstro de vários metros de altura é a chave para deter a invasão dos extraterrestres em nosso planeta. Ela precisa ser eliminada e o pacificador nem pensa duas vezes sobre isso. Uma das infectadas pelos insetos ainda tenta convencer o Pacificador, dizendo que sua civilização esteve com problemas em seu planeta original, que os recursos acabaram, e eles precisaram se mudar para a Terra. Essa série fez sucesso comercial. Entretanto, não se sabe ainda se haverá uma segunda temporada. Os executivos da DC estão passando por problemas administrativos. E nenhum projeto da editora, tanto para o cinema como para séries de TV, está garantido. Assim, a série corre o risco de ter apenas uma temporada, o que seria uma pena. De qualquer forma, é uma boa temporada, muito divertida. Vamos aguardar para ver o que vai acontecer. / Pacificador 1.08 - It's Cow or Never (Estados Unidos, 2022) Direção: James Gunn / Elenco: John Cena, Danielle Brooks, Freddie Stroma.

Pablo Aluísio.

O Invencível Homem de Ferro

Título no Brasil: O Invencível Homem de Ferro
Título Original: The Invincible Iron Man
Ano de Produção: 2007
País: Estados Unidos
Estúdio: Marvel Studios
Direção: Patrick Archibald
Roteiro: Patrick Archibald
Elenco: Marc Worden, Gwendoline Yeo, Fred Tatasciore, Rodney Saulsberry, Elisa Gabrielli, John McCook

Sinopse:
Uma expedição de arqueologia da companhia de Tony Stark na China descobre um antigo templo religioso. Dentro dele se libertam antigos deuses da mitologia oriental, divindades que representam os elementos da natureza. E eles estão empenhados em libertar um antigo líder sanguinário de uma Dinastia sangrenta do passado. Apenas o Homem de Ferro poderá tentar deter seus planos de destruição.

Comentários:
Todo domingo eu tento trazer algum review de animações aqui no blog. Hoje vou tecer algumas observações sobre esse "O Invencível Homem de Ferro". Primeiro vou falar dos pontos negativos. O roteiro tenta contar pela milésima vez a origem do personagem. Ficou chato, não precisava. O Homem de Ferro tem sua origem ligada com a guerra do Vietnã, lá nos anos 60. Agora criaram outra, dele surgindo na China. Nada a ver. A mistura de animação tradicional com computação gráfica ficou um pouco esquisita. De positivo poderia citar os bons vilões. Todos chineses, inspirados em deuses da antiga mitologia da cultura da China imperial. Só exageraram ao colocar o herói de lata para brigar com eles. Ora, ele é apenas um homem numa armadura. Que chance teria com deuses? Nenhuma. Mesmo assim tá valendo. E a briga com o dragão também é outro ponto legal do roteiro. Enfim, o público juvenil fã da Marvel não terá mesmo do que reclamar.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Homem-Aranha: Sem Volta para Casa

Eu esperava mais. Não que esses filmes de super-heróis ainda vão surpreender alguém, mas de qualquer forma pelo custo da produção e pelo tamanho da bilheteria, pensei que seria um filme melhor. Eu me enganei. O filme tem poucas novidades. Na verdade o roteiro se agarra em certas fórmulas que já tinham sido utilizadas há anos. Não está convencido disso? Preste a atenção na cena final no alto da estátua da Liberdade! Parece até mesmo uma sequência repetida dos primeiros filmes do personagem no cinema. Provavelmente a única boa ideia nova venha do fato de termos os 3 atores que interpretaram Peter Parker contracenando juntos. Como o roteiro explora o conceito de multiversos, isso seria tecnicamente possível. Entretanto mesmo com uma boa ferramenta narrativa como essa em mãos, os roteiristas fizeram muito pouco. Os três juntos poderia dar margem a excelentes cenas, mas tudo é desperdiçado. A interatividade entre eles é pequena. Nenhum dos atores convidados (Tobey Maguire e Andrew Garfield) teve uma oportunidade mais ampla de explorar esse encontro inusitado. Nada de substancial surge dessa chegada deles no enredo do filme. Acaba sendo apenas uma curiosidade ver os atores juntos e nada muito além disso.

Outro aspecto interessante que percebi nesse filme é que todos os melhores vilões são da primeira trilogia do Homem-Aranha no cinema. Parece até que os outros filmes não tinham nada a oferecer nesse ponto a essa nova produção. O Duende Verde, o Dr. Octopus, o Homem de Areia, todos vieram dos filmes estrelados por Tobey Maguire. O próprio ator inclusive poderia ter sido melhor aproveitado, mas isso não acontece como já frisei. Os vilões também seguem nessa linha. Eles estão lá, mas o roteiro não sabe direito o que fazer com eles. Agora, de todas as coisas que me decepcionaram nesse novo filme do Aranha, nada se compara com os efeitos digitais. Achei tudo fraco demais. Preste atenção nas cena final. Parece game. Os Aranhas voam de um lado para outro, enfrentam os vilões, mas nada parece ter consistência. Eles não parecem ter massa corporal ou peso. Sua interação com o ambiente é igualmente mal produzida. Ruim demais! Dizem que para enganar o cérebro humano é algo complicado. Dificilmente vemos um personagem digital sem perceber que ele é digital. No caso desse filme a coisa ficou tão sem veracidade que acredito que até mesmo as crianças mais pequenas vão perceber que o herói é na verdade um programa de computador, feito de pixel. Então é isso. Um filme que, pelos números envolvidos, poderia ser muito melhor. Do jeito que ficou é apenas interessante, mas igualmente repetitivo de velhas fórmulas e nada muito original.

Homem-Aranha: Sem Volta para Casa (Spider-Man: No Way Home, Estados Unidos, 2021) Direção: Jon Watts / Roteiro: Chris McKenna, Erik Sommers, baseados nos personagens criados por Stan Lee e Steve Ditko / Elenco: Tom Holland, Tobey Maguire, Andrew Garfield, Benedict Cumberbatch, Jamie Foxx, Willem Dafoe, Alfred Molina, Marisa Tomei / Sinopse: O mundo descobre que Peter Parker é o Homem-Aranha. Depois disso a vida dele se torna um inferno. Procurando por uma saída ele pede ao Dr. Stranger que mude a realidade, para que o mundo esqueça essa informação, só que o feitiço criado para esse fim acaba dando errado, abrindo portas para universos paralelos, de onde chegam vilões extremamente perigosos.

Pablo Aluísio.

O Homem-Aranha

Título no Brasil: O Homem-Aranha
Título Original: Spider-Man
Ano de Produção: 1981 - 1982
País: Estados Unidos
Estúdio: Marvel Productions
Direção: Don Jurwich
Roteiro: Larry Parr
Elenco: Ted Schwartz, Stan Jones, Ralph James, George DiCenzo, Corey Burton, Neil Ross

Sinopse:
Peter Parker, um adolescente colegial, é picado por uma aranha radioativa e a partir desse acidente passa a desenvolver grandes poderes como soltar teias pelas mãos ou então se pendurar em qualquer lugar, desafiando as leis da gravidade. Com um uniforme ele passa então a enfrentar os mais diversos vilões que aparecem em Nova Iorque, sua cidade natal.

Comentários:
Bom, já que falamos do último filme do Homem-Aranha vale a pena relembrar essa série animada dos anos 80. Quem foi criança e adolescente naquela década certamente vai lembrar. Com apenas 26 episódios em única temporada, o desenho foi reprisado por anos nos canais abertos no Brasil, em especial no Xou da Xuxa da Rede Globo onde foi inicialmente exibido. Como o próprio Stan Lee iria admitir anos depois a animação não era muito bem feita, mas se destacava pelos bons roteiros, onde todos os vilões dos quadrinhos também surgiam nas aventuras. E de galeria de vilões o Aranha sempre foi muito bem sortido. Curiosamente essa animação não foi a primeira do personagem. Nos anos 60 o Homem-Aranha também havia virado desenho animado, mas com menos sucesso de audiência. Essa segunda série dos anos 80 foi muito mais bem sucedida nesse aspecto. Para Stan Lee a animação serviu para criar uma nova legião de fãs. Em um tempo em que não havia filmes para o cinema, o personagem sobrevivia basicamente apenas das vendas das revistas em quadrinhos.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Sissi

Esse foi o primeiro filme de uma trilogia que fez muito sucesso na década de 1950. Os filmes, todos graciosos, até hoje são lembrados com carinho pelos que apreciam a era do cinema clássico. E o mais interessante é que a história contada é das mais lembrada da monarquia europeia. Elisabeth "Sissi" da Áustria foi um ícone da moda, do estilo e da elegância em sua época. Ela se casou muito cedo com o imperador Francisco José (Franz Josef) e por ser bela e jovem causou uma grande onda de admiração por toda a Europa, entre as casas reais. Esse filme conta os primeiros passos de Sissi, antes dela se tornar imperatriz do império Austro-Húngaro. Quando o filme começa ela é apenas uma adolescente, mal saída dos anos de infância. Seu maior prazer é participar de caças ao lado do pai pelos bosques da região onde mora. Sua mãe era mais austera, disciplinadora, mas seu pai era um tipo bonachão e boa praça. Ela o adorava.

Então surge um convite para visitar a corte em Viena. O jovem imperador Francisco José estava na idade de se casar, por isso todas as moças nobres do império eram potenciais candidatas a esse casamento imperial. No caso de Sissi ela era considerada muito nova. Por isso foi apenas como acompanhante de sua mãe e sua irmã mais velha, essa considerada a noiva ideal para o imperador. Porém é a tal coisa, o coração tem razões que a própria razão desconhece. O imperador ficou fascinado não pela irmã mais velha de Sissi, mas sim por ela, que acabou encontrando casualmente no meio da natureza (ela estava pescando na ocasião, vejam só!). O roteiro desse primeiro filme então se concentra na viagem de Sissi até Viena, no encontro casual com o jovem imperador, as primeiras impressões, o surgimento do amor entre eles e finalmente a grande cerimônia de casamento. Um bela filme, sem dúvida. E mais preciso historicamente do que muita gente pensa por aí.

Sissi (Sissi, Austria, 1955) Direção: Ernst Marischka / Roteiro: Ernst Marischka / Elenco: Romy Schneider, Karlheinz Böhm, Magda Schneider / Sinopse: Primeiro filme que conta a história da imperatriz da Austria Sissi (Elisabeth Amalie Eugenie von Bayern, 1837 - 1898). Na época uma mera adolescente que vai acompanhar sua irmã mais velha e sua mãe até a corte em Viena, onde acaba se apaixonando pelo jovem imperador Francisco José.

Pablo Aluísio.

domingo, 30 de janeiro de 2022

A Filha de Ryan

Esse foi um dos filmes que me impressionaram muito quando o vi pela primeira vez. Eu assisti "A Filha de Ryan" ainda muito, muito jovem. Penso que deveria ter uns 12, 13 anos de idade. Nem tinha idade para ver um filme como esse para falar a verdade. Nem me considerava um cinéfilo ainda naquela época, não conhecia os nomes dos diretores, atores, nada. Eu apenas estava querendo assistir a um bom filme e acabei ficando impactado com o que vi. Provavelmente assisti a essa obra prima no Supercine da Rede Globo, nas noites de sábado. Eu me recordo que fiquei muito comovido com o personagem que tinha várias deficiências físicas e mentais, que era muito maltratado pelas pessoas. Na minha mente de adolescente aquele tipo de atitude era das mais perversas. E eu tinha razão em pensar assim. E quando "A Filha de Ryan" chegou ao final eu parei e fiquei pensando sobre a importância do que tinha visto. Cinema não era apenas uma mera diversão. Havia algo muito mais profundo envolvido. Um filme poderia passar muito mais do que eu poderia imaginar.

O cineasta David Lean sempre foi um gênio do cinema. Ele conseguia contar uma história que parecia banal, com pessoas comuns, mas que nas entrelinhas havia uma forte carga humanitária e emocional. Os personagens de "A Filha de Ryan" impressionaram a cabeça daquele quase menino que o viu porque eram pessoas reais, da vida cotidiana. E o clima daquela cidade costeira, um microcosmo da própria sociedade, era mais do que marcante. Posso dizer hoje em dia, puxando pelas minhas memórias afetivas, que esse foi um daqueles filmes que definitivamente me formaram como um fã de cinema, que me fizeram me apaixonar pela sétima arte. E depois de tantos anos ainda continuo um apaixonado sem arrependimentos. E esse segue sendo, ainda hoje, um dos melhores filmes que assisti em toda a minha vida.

A Filha de Ryan (Ryan's Daughter, Estados Unidos, Inglaterra, 1970) Direção: David Lean / Roteiro: Robert Bolt / Elenco: Robert Mitchum, Trevor Howard, John Mills / Sinopse: A história do filme se passa em uma pequena comunidade irlandesa, mostrando a vida de vários moradores do lugar, em especial o complicado relacionamento de uma mulher casada com com um oficial britânico problemático, que sofre de traumas psicológicos. Filme vencedor do Oscar na categoria de melhor ator coadjuvante (John Mills).

Pablo Aluísio.

sábado, 29 de janeiro de 2022

Da Terra Nascem os Homens

Esse é um grande filme. Diria até que foi o filme que definiu para sempre a personalidade nas telas de cinema do ator Gregory Peck. Ele interpreta James McKay, um homem culto e educado, criado no lado mais cosmopolita dos Estados Unidos. Ele parte então rumo ao oeste onde pretende se casar com a filha de um rico fazendeiro da região. No Oeste, encontra outra realidade. Ao invés da polidez do diálogo, ele logo percebe que a violência é quem dita as regras. O pai de sua noiva é um tipo indigesto que tem uma rixa violenta com outro fazendeiro, outro criador de gado. E assim McKay tenta resolver esse tipo de briga na base da diplomacia e do diálogo. Alto que muitos no velho oeste simplesmente desconheciam.

Esse é um roteiro que ressalta os bons valores americanos. E também glorifica a imensidão e a vastidão do oeste ainda um tanto selvagem. Com longas sequências em plano aberto, me lembrou muito de outro grande clássico, "Assim Caminha a Humanidade". A parte musical também foi escrita para deixar o público extasiado com a beleza natural capturada pelas câmeras. A trilha sonora, lançada na época, se tornou um grande sucesso de vendas. Com três horas de duração, esse western é um daqueles filmes feitos para impressionar e mostrar toda a qualidade técnica e cinematográfica que o cinema americano podia realizar. Um dos melhores filmes que já assisti em minha vida. Simplesmente magistral!

Da Terra Nascem os Homens (The Big Country, Estados Unidos, 1958) Direção: William Wyler / Roteiro: James R. Webb, Robert Wilder / Elenco: Gregory Peck, Jean Simmons, Carroll Baker, Charlton Heston, Burl Ives, Chuck Connors / Sinopse: O filme conta a história de um fino e refinado homem do Leste que vai morar no Oeste. E lá encontra outros valores, outras maneiras de resolver disputas internas, usando inclusive da violência, das armas de fogo. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor música (Jerome Moross). Premiado com o Oscar na categoria de melhor ator coadjuvante (Burl Ives).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Butch Cassidy

Esse filme é um marco do gênero western. E curiosamente ele foi produzido fora da era de ouro desse estilo. Em 1969 o faroste já era considerado uma coisa do passado. Havia a contracultura dos anos 60 pegando fogo e os jovens estavam mais interessados em rock e LSD. Assim o filme vinha para resgatar esse que é o mais americano de todos os gêneros cinematográficos. E toda a história era baseada em fatos históricos, contando a vida da dupla de criminosos Butch Cassidy e Sundance Kid. Bandidos que ao longo dos anos tiveram sua biografia romanceada em uma literatura até farta. Eles conseguiram fugir das garras da lei por anos e anos e por isso se criou uma certa romantização sobre seus feitos.  

O elenco não poderia ser melhor. Para interpretar os dois bandoleiros, o estúdio teve a sorte de conseguir dois grandes nomes de Hollywood, Paul Newman e Robert Redford. Amigos pessoais, eles se interessaram pelo roteiro justamente por esse fugir dos padrões da época. Apesar de ser um western, contando uma história clássica daqueles tempos, o texto inovava com certas liberdades, investindo também no lado psicológico dos dois personagens principais. O resultado se revelou maravilhoso. O filme é considerado até hoje um dos melhores filmes de faroeste já feitos. Com excelente trilha sonora e produção, além da direção segura e firme do veterano e especialista George Roy Hill, esse é um daqueles filmes que simplesmente não podem faltar na coleção de um admirador de filmes de western. Um dos dez mais desse gênero tão rico em termos de grandes filmes.

Butch Cassidy (Butch Cassidy and the Sundance Kid, Estados Unidos, 1969) Direção: George Roy Hill / Roteiro: William Goldman / Elenco: Paul Newman, Robert Redford, Katharine Ross, Strother Martin, Henry Jones / Sinopse: No ano de 1900, no estado americano do Wyoming, dois criminosos formam uma quadrilha de assaltantes de bancos e ferrovias. Logo se tornam procurados vivos ou mortos por todo o país. A caça se torna tão intensa que eles decidem fugir para o exterior, para sumir das pistas de seus perseguidores. Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor direção de fotografia, melhor roteiro adaptado, melhor música e melhor trilha sonora original.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

O Outro Lado de Cary Grant

Nas telas o ator Cary Grant foi um dos galãs mais famosos e queridos pelo público na era de ouro do cinema clássico americano. Seu estilo mais sofisticado, elegante, em parte fruto de suas origens britânicas, se revelou perfeito para grandes diretores da época. Ao lado de sua imagem pública também surgiu uma série de curiosidades que foram surgindo ao longo dos anos, muitas delas reveladas por biografias que foram fundo em pesquisas minuciosas, entrevistando pessoas de sua intimidade, familiares e ex-namoradas.

Um dos casos de sua vida privada que mais chamaram atenção em Hollywood foi sua amizade muito próxima com o também ator Randolph Scott, ídolo do western americano. No começo da carreira, jovens e ainda aspirantes ao estrelado, Grant e Scott, que já eram muito amigos desde os primeiros tempos na capital do cinema, resolveram morar juntos numa bela mansão na cidade. A justificativa foi que seria mais barato dividir o aluguel de uma casa entre eles. Como eram solteiros também poderiam curtir melhor sua juventude, promovendo festas e eventos com amigos da indústria cinematográfica. Até aí tudo bem. O problema é que o estúdio resolveu que seria bom para ambos participarem de uma sessão de fotos juntos em sua casa, mostrando momentos mais íntimos e privados de seu cotidiano. Seria uma forma de promover os jovens atores. O tiro porém saiu pela culatra. Algumas fotos ficaram, digamos, sugestivas demais. Assim que foram publicadas logo surgiu o boato malicioso e totalmente maldoso que na verdade Grant e Scott eram gays... e amantes!

Até hoje o boato persiste e nunca foi devidamente esclarecido. O filho de Randolph Scott publicou uma biografia do pai onde tratou do assunto. Para ele seu pai era apenas um grande amigo de Grant. Ele teria ficado muito magoado com as fofocas, mas jamais deixou de ser amigo de Grant por essa razão. Quando Cary morreu, Scott não se importou com os fuxicos e expressou toda a sua dor pela perda do colega em seu funeral. O fato é que tirando esse suposto relacionamento gay nada mais parecia justificar que eles eram mesmo homossexuais. Ambos se casaram, tiveram filhos e casos amorosos duradouros com mulheres. Mesmo assim para alguns textos e matérias na net tudo é tratado como absoluta verdade - o que é um erro ético para quem escreve. Deve-se sempre saber as versões de todas as partes envolvidas antes de se tirar conclusões apressadas.

Se a relação homossexual entre Grant e Scott até hoje é motivo de controvérsias, outros dois aspectos de sua personalidade parecem realmente ter sido confirmados pelos seus biógrafos. O primeiro é que Cary Grant era um pão duro quase obsessivo. Essa característica de sua personalidade foi confirmada por todos que viveram com o ator. Ele tinha pavor em gastar dinheiro e sua sovinice ficou conhecida. Mesmo ganhando muito dinheiro com os filmes, vivendo em belas mansões, Grant controlava cada centavo gasto em sua vida pessoal e familiar. Ele só se comprava uma meia nova ou um sapato quando os mais velhos estavam completamente imprestáveis. Vira e mexe surgia no camarim com suas meias furadas e seus sapatos surrados.

Outro problema de sua vida particular era ligado à bebida e cigarros. Cary Grant foi bom de copo. Era conhecido por beber até cair nas festas do estúdio. Como a bebida era de graça o ator aproveitava ao máximo (não escrevi que ele era pão duro?). Já com drogas pesadas Grant teve uma experiência perigosa nos anos 60. Na época a LSD foi vista como uma droga experimental, que ampliava o poder da mente. Grant caiu nessa história e começou a usar LSD com regularidade, sempre com supervisão médica. O problema é que estudos posteriores provaram que era de fato um alucinógeno perigoso e assim Grant passou por maus bocados para se livrar do vício. Um pequeno deslize na biografia de um ator que também ficou bem conhecido por seu profissionalismo em todos os filmes em que trabalhou.

O maior problema de Grant porém era o cigarro. Ele foi um fumante inveterado. Na época fumar fazia parte do charme de ser um galã de cinema. Não havia um estigma ruim em cima do ato de fumar, pelo contrário, era esperado que astros como ele fumassem não apenas nas festas, como também nos filmes. Certa vez confidenciou para um amigo próximo de Hollywood: "Acho que vou gastar todo o meu dinheiro com cigarros! Não é possível, estou sempre comprando uma nova cartela de cigarros!". Ele fumava tanto que seus dedos ficaram amarelados por causa da nicotina. De uma forma ou outra esse vício de fumar de forma compulsiva contribuiu para os problemas de sua saúde. Ao morrer aos 82 anos de idade, em 1986, ele já havia sido diagnosticado com um câncer de pulmão. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Laura, a Voz de uma Estrela

Título no Brasil: Laura, a Voz de uma Estrela
Título Original: Little Voice
Ano de Produção: 1998
País: Inglaterra
Estúdio: Twickenham Film Studios
Direção: Mark Herman
Roteiro: Mark Herman, Jim Cartwright
Elenco: Michael Caine, Ewan McGregor, Brenda Blethyn, Philip Jackson, Annette Badland, Jim Broadbent

Sinopse:
Uma jovem muito tímida e introspectiva passa seus dias trancada em casa, ouvindo os velhos discos de vinil de seu pai. E assim acaba criando um estilo vocal próprio e muito talentoso. E não demora muito para que um empresário do ramo musical encontre grande potencial em sua voz. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor atriz coadjuvante (Brenda Blethyn).

Comentários:
Bem, se tem uma coisa em que os ingleses são muito bons é essa tendência de sempre descobrir novos talentos musicais, muitas vezes das maneiras mais inesperadas. Esse "Little Voice" (Pequena voz, do título original) foi um filme bem badalado pela crítica nos anos 90. A história explora bem esse aspecto. Michael Caine interpreta o típico empresário que se interessa pelo talento alheio. Ele tem essa sorte de sempre estar no lugar certo, no tempo exato. É um faro invejável. E ele vê potencial na voz de uma jovem muito introvertida, muito fragilizada, tanto no aspecto físico como também no emocional. Ela nunca teve uma aula formal de canto na vida e aprendeu todo o seu estilo apenas ouvindo velhos discos de vinil. Pensando bem, não poderia haver aprendizado melhor do que passar horas e horas apenas ouvindo os grandes mestres do passado. O filme é humano e bem escrito. A trilha sonora é boa, mas não excelente. Em minha opinião para um filme com essa temática deveriam ter caprichado mais. De qualquer maneira esse não é um problema, até porque "Laura", hoje em dia, é considerado um dos melhores filmes produzidos no Reino Unidos durante os anos 90. Não deixe de conhecer.

Pablo Aluísio.