segunda-feira, 10 de maio de 2021

Possessão - O Último Estágio

Qual é o último estágio de uma possessão demoníaca? Segundo o roteiro desse filme é aquele em que o possuído aceita de sua própria vontade a possessão do Diabo. É incrível notar como "O Exorcista" segue sendo um dos filmes mais influentes da história do cinema. Até hoje, todos os anos, são lançados dezenas de filmes de terror que basicamente são apenas genéricos desse clássico dos anos 1970. Esse aqui não é diferente. Mais um herdeiro tardio e bastardo do filme original. Basicamente a mesma ideia central, embora tente se mostrar original.

Na história um pai viúvo fica desesperado quando seu filho (um garoto de 10 anos de idade) começa a mostrar sinais de possessão. O pai tem histórico de esquizofrenia, por isso inicialmente pensa que seu filho herdou a doença, só que não é bem isso o que está acontecendo. Com a ajuda de dois padres e uma médica eles começam as sessões de exorcismo no garoto. E aí surgem os dois problemas básicos desse filme. O primeiro é que o exorcismo em si fica sem segundo plano. Sempre feito a portas fechadas, com o pai do menino (e o espectador) do lado de fora do quarto. O segundo problema do roteiro é o seu final. Inconclusivo e mal editado, vai deixar muita gente com a sensação de que o filme termina repentinamente, sem desfecho. De repente, o filme acaba! Pois é, já não se fazem mais bons genéricos de "O Exorcista" como antigamente.

Possessão - O Último Estágio (The Assent, Estados Unidos, Inglaterra, Israel, 2019) Direção: Pearry Reginald Teo / Roteiro: Pearry Reginald Teo / Elenco: Robert Kazinsky, Caden Dragomer, Peter Jason, Florence Faivre / Sinopse: Um garoto de 10 anos é possuído por Lúcifer. Dois padres exorcistas então são chamados para livrar o garoto dessa terrível possessão demoníaca. O problema é que o pai do menino tem histórico de doença mental, de esquizofrenia. Será a possessão verdadeira ou apenas sintoma desse tipo de enfermidade mental?

Pablo Aluísio.

Ao Vivo de Bagdá

Quando os Estados Unidos invadiram o Iraque, durante a guerra do Golfo, os espectadores acompanharam tudo, ao vivo, pelo canal de notícias CNN. Foi uma revolução na cobertura de guerra na época. Os bombardeios eram transmitidos no momento em que as bombas americanas caíam. Como se sabe esse grande conflito aconteceu após a invasão do Kuwait pelas tropas do exército iraquiano comandado pelo ditador Saddam Hussein. Dentro da história do jornalismo essa cobertura foi realmente algo histórico.

Esse filme aqui, produzido pelo canal HBO, conta a história sob o ponto de vista dos jornalistas. Com elenco muito bom, com destaque para o trabalho de atuação do ator Michael Keaton, esse filme tenta capturar uma narrativa próxima do documentário, embora não seja obviamente um documentário, mas um filme com atores profissionais, direção, etc. O resultado ficou muito bom. O espectador realmente se sente no meio da ação, daqueles dias conturbados. Indicado ao Globo de Ouro em três categorias, inclusive melhor ator (Michael Keaton) e melhor atriz (Helena Bonham Carter), esse filme é indispensável para quem se interessa pelo tema.

Ao Vivo de Bagdá (Live from Baghdad, Estados Unidos, 2002) Direção: Mick Jackson / Roteiro: Robert Wiener / Elenco: Michael Keaton, Helena Bonham Carter, Joshua Leonard / Sinopse: Baseado em fatos reais, o filme recria a cobertura jornalística feita pelo canal CNN durante a Guerra do Golfo, quando os Estados Unidos invadiram o Iraque. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Telefilme.

Pablo Aluísio.

domingo, 9 de maio de 2021

Viagem Clandestina

Esse filme é um pequeno clássico dos estúdios Disney. Eu particularmente me recordo de ter visto várias reprises ali nas tardes de domingo na Rede Globo, principalmente ainda na década de 1980, quando o filme ainda era considerado novo. Infelizmente esses canais de TV aberta costumam descartam filmes depois que eles ficam com cara de "velhos". Uma bobagem pois bons filmes nunca ficam velhos. Isso é coisa de gente que não é cinéfila.

A história conta a jornada de uma garotinha que vai atrás de seu pai durante a década de 1930. Tempos da grande depressão. E ela, sozinha, acaba encarando essa longa viagem. Sem dinheiro, acaba adotando de certa maneira o modo de vida dos vagabundos errantes daqueles tempos. Depois de um tempo faz uma preciosa amizade com um lobo que sofreu abusos por parte de seus antigos donos. Tudo muito caprichado, apelando mesmo para os sentimentos, como é praxe em filmes da Disney. Hoje em dia, revisto, bate a nostalgia para quem o viu lá atrás, no passado.

Viagem Clandestina (The Journey of Natty Gann, Estados Unidos, 1985) Estúdio: Walt Disney Pictures / Direção:  Jeremy Kagan / Roteiro:  Jeanne Rosenberg / Elenco: Meredith Salenger, John Cusack, Ray Wise / Sinopse: Natty Gann (Meredith Salenger) é uma garota de 12 anos que decide fazer uma grande viagem, nos anos 30, para reencontrar o pai que está trabalhando no outro lado do país. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor figurino (Albert Wolsky).

Pablo Aluísio.

Viagens Alucinantes

Eu demorei alguns anos para assistir a esse filme. Embora o conhecesse, nunca havia assistido. Quando vi, fiquei impactado. É um roteiro extremo, que joga com as percepções sensoriais e psicológicas do protagonista, que resolve entrar fundo em uma experiência para descobrir os recantos mais escondidos, sombrios e obscuros da mente humana. E quais seriam os limites do cérebro humano? Haveria algum tipo de memória genética herdada dos ancestrais da raça humana?

O ator William Hurt interpreta esse cientista consagrado que decide responder a todas essas perguntas, colocando a si mesmo como cobaia de todos os experimentos. E isso dá origem a situações bizarras, como ele próprio presenciando seus membros se transformando, em algo inexplicável, braços e pernas se deformando perante seus olhos. Embora visualmente o filme tenha envelhecido um pouco, por causa dos efeitos especiais da época, o diretor Ken Russell, especialista nesse tipo de filme estranho, conseguiu um grande feito cinematográfico. Seu filme até hoje, não consegue deixar ninguém indiferente.

Viagens Alucinantes (Altered States, Estados Unidos, 1980) Direção: Ken Russell / Roteiro: Paddy Chayefsky / Elenco: William Hurt, Blair Brown, Bob Balaban, Charles Haid / Sinopse: O renomado pesquisador Eddie Jessup (William Hurt) decide realizar pesquisas sobre a mente humana e nesse processo vasculha recantos do cérebro que deveriam continuar desconhecidos pela ciência, para o próprio bem da humanidade. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor som (Arthur Piantadosi, Les Fresholtz) e melhor música original (John Corigliano).

Pablo Aluísio.

sábado, 8 de maio de 2021

A Última Nota

Filme bom, agradável de assistir. Conta a história do pianista clássico Sir Henry Cole (Patrick Stewart). Aclamado como um dos maiores instrumentistas da história da música inglesa, ele embarca para uma turnê nos Estados Unidos. Como já é um homem com uma certa idade ele pensa em parar definitivamente, apesar dos esforços em contrário de seu agente. Em Nova Iorque acaba conhecendo a jovem jornalista Helen Morrison (Katie Holmes). Apesar da diferença de idade entre eles, o pianista acaba se interessando por ela. E esse interesse lhe faz conceder uma entrevista exclusiva, algo que ele não costumava fazer.

É um filme introspectivo, com maravilhosa trilha sonora, o que não poderia ser diferente. Em determinado momento da história o veterano pianista entra em profunda crise existencial, viaja para a Alemanha, onde fica hospedado na antiga cidade onde morava o filósofo Friedrich Nietzsche. Ele passa a caminhar pelas pequenas ruas e rotas de caminhada pela natureza da região. No fundo jamais superou a morte da esposa, anos atrás, após ela cometer suicídio. Enfim, um bom filme dramático, com um protagonista absorvido em si mesmo, tentando encontrar um novo sentido para sua vida, já que nem o sucesso no piano consegue preencher esse vazio existencial.

A Última Nota (Coda, Inglaterra, Canadá, 2019) Direção: Claude Lalonde / Roteiro: Louis Godbout / Elenco: Patrick Stewart, Katie Holmes, Giancarlo Esposito, Christoph Gaugler / Sinopse: Pianista clássico consagrado entra em profunda crise existencial. Ao conhecer uma jovem jornalista americana ele percebe que poderá ter uma segunda chance no amor. Porém será que é exatamente isso que deseja nessa fase de sua vida?

Pablo Aluísio.

A Força da Inocência

Filho de Martin Sheen e irmão de Charlie Sheen, o ator Emilio Estevez tem uma filmografia por demais interessante. Agora curiosamente seus melhores filmes e os mais lembrados foram os que ele atuou quando ainda era bem jovem. Aqui temos mais um de seus dramas juvenis. A história é baseada em obra da escritora S.E. Hinton; Ora, se você viveu os anos 80 meu caro e gostava de cinema na época, certamente ouviu muito seu nome nas revistas e publicações de sétima arte. Alguns clássicos desse tempo foram produzidos, tomando como base justamente os livros dessa autora. Basta lembrar de filmes como "Vidas sem Rumo", "O Selvagem da Motocicleta" e "Tex - Um Retrato da Juventude". Todos esses filmes são pequenos clássicos cinematográficos desse período.

Pois bem, em "A Força da Inocência" temos novamente uma bela história para contar. O filme conta a história da amizade de dois jovens nos anos 80. Eles sempre foram muito próximos, mas conforme o tempo vai passando e eles vão ficando com mais idade, percebe-se ali uma diferença de mentalidade entre eles. Um se torna mais responsável e ciente dos desafios da vida. O outro continua inconsequente, agindo como um adolescente sem juízo. Emilio Estevez está ótimo em seu papel, muito adequado. Um filme realmente muito bom, que não envelheceu, pois seu tema é atemporal.

A Força da Inocência (That Was Then... This Is Now, Estados Unidos, 1985) Direção: Christopher Cain / Roteiro:  Emilio Estevez, baseado na obra de S.E. Hinton / Elenco: Emilio Estevez, Craig Sheffer, Morgan Freeman, Larry B. Scott / Sinopse: Dois jovens começam a sentir a pressão da vida adulta. Enquanto um amadurece rapidamente, o outro continua tentando levar uma vida inconsequente e sem responsabilidades.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 7 de maio de 2021

Agonia e Glória

"Agonia e Glória" foi um filme fora de época. Explico. Quando esse filme foi produzido e lançado Hollywood já não tinha mais interesse em produções que contavam histórias da II Guerra Mundial. Como se dizia na época a temporada de filmes sobre esse conflito mundial já havia passado e há muitos anos. Mesmo assim o diretor Samuel Fuller conseguiu convencer os executivos da United Artists a investirem nesse nova produção. A temática seria enfocada sob um novo ângulo. Nada de patriotismo ou ufanismo exagerados. Ao contrário disso o roteiro prometia contar o lado humano desses soldados e oficiais que lutaram na mais sangrenta guerra da história. Essa escolha talvez também explique a excelente receptividade que o filme teve na Europa, sendo lembrado inclusive no Festival de Cannes.

O resultado não agradou a todos. Há os que considerem o filme lento demais, introspectivo em demasia. Não concordo em nada com essa visão. Em meu ponto de vista esse é seguramente um dos melhores filmes já feitos sobre a II Guerra Mundial. Muito bem produzido, com roteiro realmente bem escrito, caprichado, procurando desenvolver cada personagem. O elenco também foi muito bem escolhido, colocando lado a lado veteranos como Lee Marvin atuando ao lado de jovens atores como Mark Hamill. Esse aliás teve a grande chance de sua carreira em mostrar que era mesmo um bom ator. Estigmatizado pelo personagem Luke Skywalker de "Guerra nas Estrelas" esse foi um caso raro de grande filme em sua filmografia que não fizesse parte das aventuras especiais criadas por George Lucas.

Agonia e Glória (The Big Red One, Estados Unidos, 1980) Direção: Samuel Fuller / Roteiro: Samuel Fuller / Elenco: Lee Marvin, Mark Hamill, Robert Carradine, Bobby Di Cicco, Kelly Ward / Sinospe: Um pequeno grupo de infantaria comandado por um sargento durão, da velha escola, tenta sobreviver pelos campos de batalha da II Grande Guerra Mundial. Filme indicado à Palma de Ouro do Cannes Film Festival.

Pablo Aluísio.

O Fio da Suspeita

Jeff Bridges sempre foi um ator subestimado. Ele tem uma vasta galeria de bons filmes em todos esses anos de carreira e muitos deles andam injustamente esquecidos. Um caso é esse bom thriller de suspense que contava no elenco inclusive com a excelente atriz Glenn Close. Até onde posso lembrar foi o único filme que reuniu Bridges e Close e o resultado ficou excelente, muito acima da média da época. A dupla inclusive deveria ter sido lembrada no Oscar daquele ano, porém em mais uma das escolhas sem sentido da academia quem acabou sendo indicado foi Robert Loggia, na categoria de melhor ator coadjuvante. Vai entender o que se passava na mente dos membros da academia.

O roteiro explora um crime acontecido na alta roda, dentro da elite americana. Uma milionária é morta, assassinada. Quem poderia ter cometido tal crime? Ao que parece o marido seria o maior beneficiado. Entretando ele apresenta um forte álibi que pode cair ou não durante as investigações. Glenn Close repete seu papel mais habitual, a da mulher mais velha, fria, no controle da situação. Já o personagem de Jeff Bridges é bem mais construído, transitando o filme inteiro entre o provável criminoso ou o inocente injustamente acusado. Assista ao filme e tome sua decisão.

O Fio da Suspeita (Jagged Edge, Estados Unidos, 1985) Direção: Richard Marquand / Roteiro: Joe Eszterhas / Elenco: Jeff Bridges, Glenn Close, Peter Coyote / Sinopse: A mulher de Jack Forrester (Bridges) é brutalmente assassinada. Ele era uma rica herdeira de um grupo milionário. Logo as suspeitas recaem sobre ele. Para se defender decide então contratar os serviços da advogada Teddy Barnes (Glenn Close), que não tem muita experiência na área criminal, mas que aceita o desafio de tentar livrar seu cliente da prisão.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 6 de maio de 2021

Noviciado

Gostei bastante desse filme. A história se passa na década de 1950. Cathleen (Margaret Qualley) é a jovem garota, filha de mãe solteira, que tem uma vida familiar caótica. A mãe tem muitos amantes e não tem controle ou estabilidade emocional. Então freiras de uma escola católica da região visitam sua família e oferecem uma bolsa de estudos para a menina. Os anos passam e ela se torna uma ótima aluna. Mais do que isso, ela decide entrar para o convento, para se tornar freira. A mãe não gosta nada da ideia, mas acaba cedendo. Aos 18 anos então Cathleen entra para a ordem religiosa. Afinal a vida familiar, sem valores morais e sem organização nenhuma, contrapõe-se à vida religiosa, toda organizada, com regras e silêncio. Paz é o que a garota espera encontrar nessa nova vida.

Esse filme tem um contexto histórico dos mais interessantes. Ao mesmo tempo em que conta a história da jovem que decide ser freira durante os anos 1950, também mostra as mudanças que a própria Igreja Católica vinha sofrendo durante o concílio Vaticano II. Sob o comando do Papa João XXIII, a Igreja adotou uma série de alterações, que iam desde o fim das missas rezadas em latim, até o novo status de costumes e tradições dentro de ordens religiosas de freiras. E essas mudanças nem sempre foram recebidas de bom grado, pelo contrário. As atitudes de madre superiora que dirige o convento do filme mostra bem isso. Para algumas dessas religiosas as mudanças foram um verdadeiro choque. Enfim, um filme muito bom, esclarecedor até, sobre os bastidores da Igreja Católica em uma época de profundas alterações em seus ritos e clero.

Noviciado (Novitiate, Estados Unidos, 2017) Direção: Maggie Betts / Roteiro: Maggie Betts / Elenco: Margaret Qualley, Melissa Leo, Lisa Stewart, Alyssa Brindley / Sinopse: O filme, baseado em fatos reais, conta a história de uma jovem americana que durante a década de 1950 decide se tornar freira. Era uma época de grandes mudanças dentro da própria Igreja Católica. Filme premiado no Sundance Film Festival.

Pablo Aluísio.

À Espreita do Mal

Nos 40 primeiros minutos de filme você pensa estar assistindo a um filme de horror ao velho estilo, com fenômenos paranormais, portas batendo, aparelhos ligando e desligando sozinhos, sombras assustadoras por corredores escuros e coisas do tipo. Entretanto depois dessa apresentação inicial, mostrando uma família em crise, com mãe traindo o pai e filho problemático, a narrativa dá uma guinada. Descobrimos que há um casal de jovens escondidos dentro da casa. Eles adotaram o estilo de vida "frog", como sapos pulam de casa em casa, se escondendo dos moradores.

Com a crise econômica nos Estados Unidos muitos jovens ficam sem ter onde morar ou se alimentar. Então eles entram nas casas na surdina, assaltam a geladeira, aproveitam da casa enquanto os moradores estão fora, trabalhando e estudando, e durante a noite se escondem no sotão. Depois de um tempo vão para outra casa, vivendo como "frogs". Só que nessa casa as coisas fogem do controle. O roteiro apresenta duas visões, a dos moradores e a dos "frogs". Um complementa o outro. O roteiro é bem escrito e só falha quando tenta trazer tudo explicado nos mínimos detalhes para o espectador, subestimando a inteligência de quem está assistindo ao filme. Não era para tanto.

À Espreita do Mal (I See You, Estados Unidos, 2019) Direção:  Adam Randall / Roteiro: Devon Graye / Elenco: Helen Hunt, Jon Tenney, Owen Teague, Judah Lewis, Libe Barer / Sinospe: Jovem casal de "frogs" entra na casa de um policial e descobrem que a família, em crise e prestes a se separar, esconde algo muito mais sinistro e sombrio do que eles poderiam imaginar.

Pablo Aluísio.