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quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Crimes de Paixão

Joanna Crane (Kathleen Turner) é uma bela mulher. De dia ela trabalha como estilista de moda, em um ambiente fino e requintado. Muito luxo e glamour. De noite ela se transforma completamente. Usa roupas ousadas, sensuais, uma peruca loira estilizada e trabalha como garota de programa de luxo. Os problemas começam a acontecer quando ela passa a ser ameaçada por dois homens. Um deles um sujeito casado, infeliz com sua esposa. O outro é um homem perturbado mentalmente, com vários traumas e complexos de natureza sexual. Para Joanna o importante a partir de agora é se manter vida diante dos perigos de se envolver com pessoas que não estão bem de saúde mental. De repente o sexo e a insanidade se unem em uma mistura extremamente perigosa.

O filme pode, de forma bem sarcástica, ser definido na seguinte frase: " A linda Kathleen Turner encontra Norman Bates" ou quase isso, uma vez que o roteiro do filme realmente explora esse tipo que ficou bem estigmatizado do ator Anthony Perkins. Para quem não lembra ele foi o dono do pequeno e sinistro Bates Motel em "Psicose" de Alfred Hitchcock. Claro que esse "Crimes de Paixão" não pode ser comparado com aquele clássico do cinema de suspense. Porém também não se pode negar suas qualidades cinematográficas. É sem dúvida um dos bons filmes desse nicho que foram produzidos nos anos 80. O resto é bobagem.

Crimes de Paixão (Crimes of Passion, Estados Unidos, 1984) Direção: Ken Russell / Roteiro: Barry Sandler / Elenco: Kathleen Turner, Anthony Perkins, Bruce Davison, John Laughlin / Sinopse: Bela e sofisticada mulher que tem uma vida dupla precisa lidar com dois homens bem problemáticos que surgem em sua vida. E ela corre risco de vida com eles.

Pablo Aluísio.

domingo, 9 de maio de 2021

Viagens Alucinantes

Eu demorei alguns anos para assistir a esse filme. Embora o conhecesse, nunca havia assistido. Quando vi, fiquei impactado. É um roteiro extremo, que joga com as percepções sensoriais e psicológicas do protagonista, que resolve entrar fundo em uma experiência para descobrir os recantos mais escondidos, sombrios e obscuros da mente humana. E quais seriam os limites do cérebro humano? Haveria algum tipo de memória genética herdada dos ancestrais da raça humana?

O ator William Hurt interpreta esse cientista consagrado que decide responder a todas essas perguntas, colocando a si mesmo como cobaia de todos os experimentos. E isso dá origem a situações bizarras, como ele próprio presenciando seus membros se transformando, em algo inexplicável, braços e pernas se deformando perante seus olhos. Embora visualmente o filme tenha envelhecido um pouco, por causa dos efeitos especiais da época, o diretor Ken Russell, especialista nesse tipo de filme estranho, conseguiu um grande feito cinematográfico. Seu filme até hoje, não consegue deixar ninguém indiferente.

Viagens Alucinantes (Altered States, Estados Unidos, 1980) Direção: Ken Russell / Roteiro: Paddy Chayefsky / Elenco: William Hurt, Blair Brown, Bob Balaban, Charles Haid / Sinopse: O renomado pesquisador Eddie Jessup (William Hurt) decide realizar pesquisas sobre a mente humana e nesse processo vasculha recantos do cérebro que deveriam continuar desconhecidos pela ciência, para o próprio bem da humanidade. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor som (Arthur Piantadosi, Les Fresholtz) e melhor música original (John Corigliano).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

A Casa da Rússia

Alguns filmes são literalmente atropelados pela história. Um exemplo claro disso aconteceu com esse “A Casa da Rússia” que foi lançado no mesmo ano em que o Muro de Berlim caiu! Como adaptação de uma típica novela da Guerra Fria, com todos aqueles espiões russos retratados como vilões e malvados, o filme entrou em cartaz justamente no momento histórico em que tudo isso estava mudando de forma radical. A Perestroika e a Glasnost sob o comando do premier Mikhail Gorbachev simplesmente colocaram abaixo o antigo regime que era a essência do bloco soviético e do Pacto de Varsóvia. Assim a Rússia sempre vista como o “Império do Mal” deixou de ter essa conotação tão maniqueísta. Como conseqüência o filme também perdeu sua razão de existência, se tornando ultrapassado, anacrônico, fora de moda. E isso tudo aconteceu em questão de semanas. John Le Carré, o autor do livro no qual o filme foi baseado, que praticamente só escrevia sobre espiões da Guerra Fria, de repente se tornou um dinossauro ideológico. “A Casa da Rússia” hoje soa muito curioso pois capta todos aqueles valores que estavam na ordem do dia na época em que o mundo era basicamente dividido em dois grandes blocos, o dos países ocidentais capitalistas e o dos países comunistas orientais liderados pela temida União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Claro que hoje em dia isso tudo ficou para trás e só existe nos livros de história, mas mesmo assim é muito interessante acompanhar a mentalidade que predominava naqueles anos de grande tensão entre as potências mundiais.

A trama gira em torno de uma série de dossiês cujos conteúdos revelam terríveis planos do governo comunista de Moscou em relação aos Estados Unidos. Os textos foram escritos por um renomado cientista soviético de codinome Dante (Klaus Maria Brandauer, amigo pessoal de Sean Connery e incluído no elenco atendendo a seu pedido pessoal). Katya (Michelle Pfeiffer) é uma amiga de Dante que é designado por esse para levar os dossiês até o Ocidente. Sua intenção é revelar os planos do governo russo para assim impedir que uma catástrofe mundial ocorra entre as nações. Katya assim tenta passar os documentos para um famoso editor britânico chamado Barley (Sean Connery). Convencido pelo serviço secreto inglês, Barley então é enviado até Moscou para colocar as mãos nos dossiês ao mesmo tempo em tentará descobrir quem realmente é Dante. De quebra deverá se certificar se os documentos são verdadeiros ou não, uma vez que táticas de contra espionagem eram muito comuns na época. Como se pode perceber “A Casa da Rússia” é um típico filme de espionagem da Guerra Fria. É muito curioso ver Sean Connery nesse tipo de filme, uma vez que ele tentava se afastar de seu personagem mais famoso, justamente o espião 007.  Apesar de seu personagem não ser um espião aos moldes do anterior a trama cheia de reviravoltas, planos e espionagem lembrava bastante os livros de Ian Fleming. Mais interessante ainda é saber que ele fez o filme logo após sua premiação de Melhor Ator por “Os Intocáveis” que de certa forma coroavam esses novos rumos trilhados em sua carreira, ao se distanciar da franquia que o tornou famoso. O filme acabou não dando certo nas bilheterias pelas razões já expostas. Um famoso crítico americano inclusive denominou a produção de “um fantasma da guerra fria”. Assim foi um dos últimos de uma grande série de películas que mostravam o eterno conflito entre União Soviética e Estados Unidos. O mundo definitivamente havia mudado e para melhor e não havia mais espaço para esse tipo de roteiro. Não havia outra conclusão, o filme “A Casa da Rússia” havia sido literalmente atropelado pela história.  

A Casa da Rússia (The Russia House, Estados Unidos, 1989) Direção: Fred Schepisi / Roteiro: Tom Stoppard baseado na obra de John Le Carré /  Elenco: Sean Connery, Michelle Pfeiffer, Roy Scheider, Klus Maria Brandauer, James Fox, John Mahoney, Michael Kitchen, J.T. Walsh, Ken Russell. / Sinopse: Uma série de arquivos contendo um complexo dossiê revela segredos do governo russo durante a Guerra Fria. Para tentar colocar as mãos neles o serviço secreto britânico envia um editor até Moscou onde ele acaba se vendo envolvido numa grande conspiração de espionagem.

Pablo Aluísio.