quinta-feira, 19 de novembro de 2020
Al Capone
Esse clássico do cinema é mais uma produção que foca suas lentes para a vida do mais famoso gangster de todos os tempos, Alphonse Gabriel "Al" Capone (1899 - 1947). O roteiro tem uma interessante visão sobre o criminoso, mostrando seus dias de glória ao mesmo tempo que o mostra senil e corroído pelas sífilis em seus últimos anos. Rod Steiger brilha na composição de seu personagem. Ele não era apenas parecido fisicamente com Capone, mas também adotou todos os trejeitos do famoso bandido. Como era um grande ator leva o filme todo praticamente nas costas já que a produtora Allied Artists Pictures não tinha recursos para bancar uma grande produção.
A parte mais interessante vem da subida de Capone dentro da hierarquia da máfia de Chicago. Sujeito de origem humilde, com pouco estudo, rude e violento, ele se mostra muito astuto ao entender a verdadeira natureza humana a ser corrompida. Assim em sua escalada, Capone dava duas opções aos que cruzavam seu caminho: ou se corrompiam junto a ele através de subornos e corrupções ou então viravam alvos de sua quadrilha. Embora não seja historicamente tão preciso, o roteiro mostra algo bem vital na subida de Capone ao poder, o uso de políticos corruptos em prol de seus interesses. O criminoso inclusive elegeu em seu auge vários prefeitos de Chicago que depois que chegavam ao cargo tinham que garantir caminho livre para as atividades de seu bando. Assim fica a recomendação desse muito bom filme. "Al Capone" mostra muito bem a subida de um criminoso a uma posição jamais imaginada por um sujeito como ele antes. Talvez por isso seja lembrado até hoje.
Al Capone (Al Capone, Estados Unidos, 1959) Estúdio: Allied Artists Pictures / Direção: Richard Wilson / Roteiro: Malvin Wald, Henry F. Greenberg / Elenco: Rod Steiger, Martin Balsam, Fay Spain / Sinopse: O filme conta a biografia do famoso criminoso Al Capone. Após subir dentro da hierarquia do mundo do crime ele começa um amplo jogo de poder e dominação, corrompendo políticos e policiais da cidade de Chicago.
Pablo Aluísio.
Para Além das Montanhas
Título Original: The Desperate Ones
Ano de Produção: 1967
País: Estados Unidos, Espanha
Estúdio: David Films, Pro Artis Ibérica S.A.
Direção: Alexander Ramati
Roteiro: Alexander Ramati
Elenco: Maximilian Schell, Irene Papas, Raf Vallone, Theodore Bikel, Maria Perschy, Fernando Rey
Sinopse:
Em 1941 dois irmãos poloneses são capturados por tropas soviéticas e enviados para uma prisão russa na Sibéria. Em um típico gulag do regime Stalinista os prisioneiros são tratados da pior maneira possível, em uma situação que muito se aproxima dos campos de concentração nazistas. Transferidos várias vezes durante anos eles conseguem escapar da prisão mas para conseguirem ganhar a liberdade de uma vez por todas terão que sobreviver nas duras condições das montanhas geladas da fronteira com o Afeganistão.
Comentários:
Recentemente tivemos a trista notícia da morte do grande ator austríaco Maximilian Schell (1930 - 2014). Sem dúvida uma grande perda para o mundo do cinema mundial. Intérprete elegante, sofisticado, que sabia incorporar um oficial alemão nazista como ninguém, aqui ele surge em um papel bem diferenciado de sua carreira, pois ao invés de dar vida a oficiais carrascos nazistas da Segunda Guerra, ele interpreta uma vítima daquele conflito insano que varreu a Europa e o mundo. No papel do prisioneiro Marek ele apresenta um de seus personagens mais viscerais. O roteiro também inova pois deixa um pouco as atrocidades cometidas pelas tropas de Hitler de lado para mostrar a brutalidade de outra ditadura feroz da época, a de Josef Stalin no comando da extinta União Soviética. As prisões eram verdadeiros campos de concentração onde milhares de pessoas morriam de fome e frio, além de assassinatos em massa cometidos em torno de uma ideologia que pregava a igualdade mas que na realidade só servia para destruir os inimigos do regime de forma sumária. O texto se propõe a servir de denúncia contra os absurdos do comunismo sob a tirania de Stalin e os limites que um homem pode alcançar para tentar alcançar sua liberdade definitiva. Cenas fortes e realistas que causaram espanto na época. Vale certamente a recomendação nessa semana em que perdemos o grande Maximilian Schell!
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 18 de novembro de 2020
A Ponte de Waterloo
Esse "A Ponte de Waterloo" foi lançado logo após "Três Semanas de Loucura" que sucedeu a "E O Vento Levou". Ao contrário do anterior, que apostava em um texto mais leve e até bem humorado, "Waterloo Bridge" era um dramalhão daqueles bem trágicos, com história bem pesada, mostrando os dramas de uma jovem garota (Leigh), cheia de sonhos e planos a realizar na vida, mas que tinha de desistir de todos eles para lutar pela sobrevivência. O cenário não poderia ser pior, a Europa durante a sangrenta Primeira Guerra Mundial. As cidades destruídas, com a população civil passando por necessidades básicas.
A fome, por exemplo, se tornara uma companheira constante. Vivien Leigh se entrega completamente ao personagem, dando o melhor de si, como sempre aliás. Talvez seu maior problema tenha sido o fato de dividir o filme com Robert Taylor que era apenas um galã sem muito talento dramático. O desnível deles se torna muito evidente ao longo do filme, com Leigh empenhada e muito talentosa e Taylor cheio de poses e olhares canastrões (chega a ser risível sua canastrice em cena!). Talvez por isso o filme não tenha tido a repercussão merecida. De qualquer maneira vale apenas pelo talento da eterna Vivien Leigh, um dos maiores talentos da história do cinema americano em sua fase mais clássica.
A Ponte de Waterloo (Waterloo Bridge, Estados Unidos, 1940) Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) / Direção: Mervyn LeRoy / Roteiro: S.N. Behrman, Hans Rameau / Elenco: Vivien Leigh, Robert Taylor, Lucile Watson / Sinopse: Durante a Guerra Mundial, um casal tenta concretizar seu amor em mundo destruído pelo maior conflito armada de toda a história. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor direção de fotografia (Joseph Ruttenberg) e melhor música (Herbert Stothart).
Pablo Aluísio.
A Pequena Órfã
Título no Brasil: A Pequena Órfã
Título Original: Curly Top
Ano de Produção: 1935
País: Estados Unidos
Estúdio: Fox Film Corporation
Direção: Irving Cummings
Roteiro: Patterson McNutt, Arthur J. Beckhard
Elenco: Shirley Temple, John Boles, Rochelle Hudson, Jane Darwell, Rafaela Ottiano, Esther Dale
Sinopse:
Edward Morgan (John Boles) é um milionário excêntrico que casualmente acaba conhecendo a pequena orfã de cabelos encaracolados Elizabeth Blair (Shirley Temple). Ela é encantadora. Mesmo com a má sorte em seu destino, orfã e abandonada, ela mantém uma alegria de viver que encanta a todos ao seu redor. Morgan então decide adotar a criança e sua irmã menor, mas encontra muitas barreiras burocráticas. Assim acaba tendo uma ideia, assumindo uma outra identidade, a de "Mr Jones", algo que criará divertidas confusões.
Comentários:
Shirley Temple era apenas uma criança quando fez esse filme. E ela conseguiu se tornar uma das cinco maiores bilheterias daquele ano. Durante a grande depressão a garotinha virou motivo de alegria para o povo americano que naquela crise não tinha muitos motivos para se alegrar. A única saída para ter alguns momentos de paz e alegria era o cinema mais próximo. E era lá que o americano médio, massacrado pela grave crise que assolava o país, conseguia sorrir mais uma vez. Shirley Temple representava justamente isso, a esperança de um futuro melhor. Aquela menina era naquele momento a representação de tudo o que a América tinha de melhor para oferecer ao seu povo. Otimismo e esperança por um futuro melhor. Não foi à toa que o presidente Franklin Delano Roosevelt disse a famosa frase: "Enquanto tivermos Shirley Temple estaremos bem!". O líder americano queria dizer que enquanto houvesse esperança em um mundo melhor, a nação continuaria a seguir em frente, olhando para frente, confiando nas novas gerações. Agora, colocando tudo isso um pouco de lado, vamos ressaltar o lado mais mais importante desse filme. Shirley Temple era muito talentosa! Duvida disso? Assista a esse "A Pequena Órfã". O que podemos dizer? A pequena era realmente maravilhosa. Temple tinha apenas sete anos quando fez esse simpático filme. Mesmo com tão pouca idade ela não brincou em serviço, pois dançou, cantou e atuou como gente grande! Era algo que Hollywood não tinha visto até aquele momento. Shirley Temple foi sem dúvida a maior atriz mirim de todos os tempos, ao ponto da Academia ter lhe dado um Oscar especial por seu incrível talento.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 17 de novembro de 2020
Lady Hamilton
A história era bem evocativa de um passado glorioso do império britânico. Sir William Hamilton (Alan Mowbray), um viúvo de meia idade, se torna o embaixador britânico na corte de Nápoles. Emma (Vivien Leigh) é uma jovem inglesa que em visita a sua mãe acaba conhecendo Lord Hamilton. Não demora muito e eles começam um romance. A paixão é compartilhada e em poucos meses eles decidem se casar. Apesar da diferença de idade, o casamento vai bem até Emma, agora Lady Hamilton, conhecer o jovem e destemido Lord Nelson (Laurence Olivier), um militar condecorado, considerado um verdadeiro herói para os britânicos. Apesar da rígida moralidade da sociedade inglesa de sua época, Emma não consegue se controlar e acaba tendo um ardente romance com Nelson, gerando um escândalo na sociedade Londrina.
Essa produção, cujo enredo foi baseado em fatos históricos reais, tem muita classe e sofisticação. Fica claro, desde os primeiros momentos, que os britânicos queriam mostrar aos americanos toda a superioridade de seu nível cultural, sempre mais refinado e elevado. O filme apresenta uma produção pomposa, com figurinos luxuosos e cenários ricamente decorados. Laurence Olivier surge com um tapa-olho na maioria das cenas e Vivien Leigh desfila uma infinidade de vestidos elegantes a cada momento. Aliás o figurino do filme, considerado deslumbrante na época, foi um dos destaques. As roupas foram todas assinadas pela figurinista inglesa Marjorie Best.
A direção de fotografia de Rudolph Maté também foi um dos destaques do filme, sendo indicada pela academia ao Oscar, Um filme bonito de se ver, com direção de arte caprichada, foi considerada naquele ano como uma das produções mais bem realizadas em sua reconstituição de época. Os produtores esperavam por uma indicação de Vivien Leigh ao Oscar, mas ela não veio. Na época se dizia que a comunidade do cinema em Holywood havia ficado ofendida pelo fato de que a atriz inglesa havia voltado para Inglaterra, dando as costas para o cinema americano. Havia uma dose de rancor em sua "não indicação". Apesar de tudo isso, o filme ainda hoje é considerado um dos melhores momentos da carreira de Vivien Leigh. Um filme histórico que tem drama, romance e até mesmo uma pitada de tragédia para emocionar os mais sentimentais.
Lady Hamilton, a Divina Dama (That Hamilton Woman, Inglaterra, 1941) Estúdio: Alexander Korda Films, London Film Productions / Direção: Alexander Korda / Roteiro: Walter Reisch, R.C. Sherriff / Elenco: Vivien Leigh, Laurence Olivier, Alan Mowbray / Sinopse: O filme "Lady Hamilton, a Divina Dama" conta a história real, baseada em fatos históricos, do romance de uma dama da alta sociedade inglesa com um famoso almirante da marinha de seu país. A paixão entre ambos causou grande escândalo, porque ela era uma mulher casada. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor direção de arte (Vincent Korda e Julia Heron). melhores efeitos especiais (Lawrence W. Butler, William A. Wilmarth) e melhor direção de fotografia (Rudolph Maté). Filme vencedor do Oscar na categoria de melhor som (Jack Whitney).
Pablo Aluísio.
Ouro para os Imperadores
Título Original: Oro per i Cesari
Ano de Produção: 1963
País: Itália, França
Estúdio: Adelphia Compagnia Cinematografica
Direção: André De Toth, Sabatino Ciuffini, Riccardo Freda
Roteiro: Arnold Perl, baseado na obra de Florence A. Seward
Elenco: Jeffrey Hunter, Mylène Demongeot, Ron Randell, Massimo Girotti, Giulio Bosetti, Ettore Manni
Sinopse:
Lacer (Jeffrey Hunter) é um escravo na Roma Antiga que com grande talento para construções (exercendo o que hoje em dia seria uma função de arquiteto) acaba ganhando a confiança de seu senhor, o governador da província da Gália. Em vista disso é enviado para uma perigosa missão de reconhecimento em terras ocupadas por bárbaros celtas. Ele deverá ir até lá para descobrir se os rumores de que a região é rica em ouro são verdadeiros ou não.
Comentários:
Nos anos 1960 o cinema italiano viveu sua fase de ouro em termos de popularidade. Os filmes eram campeões de bilheteria e o êxito comercial dessas películas ajudou na criação de uma verdadeira indústria de cinema italiano. Isso acabou abrindo as portas inclusive para a contratação de atores americanos, como foi o caso de Jeffrey Hunter que foi até a Europa para estrelar esse épico ao estilo “Espadas & Sandálias”. O roteiro investe mesmo nas lutas e na aventura, com pequenas pitadas de romance envolvendo o galã americano. A produção é surpreendentemente boa, a ponto de pensarmos se tratar de um filme feito nos Estados Unidos. A única diferença mais perceptível vem no roteiro pois ele foi escrito claramente visando atender a um tipo de público mais popularesco, como os que lotavam as matinês em cinemas populares - algo que também se repetia no Brasil. Assim não faltam lutas de espadas, gladiadores musculosos e muitas cenas espetaculares de ação. De certa forma pode ser considerado até mesmo uma releitura ou uma tentativa de realizar um "Spartacus" Made in Italy. Mesmo assim diverte ainda hoje. Para quem gosta de épicos passados na Roma Antiga é certamente uma boa pedida.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 16 de novembro de 2020
O Indomado
Clássico do cinema estrelado pelo ator Paul Newman, aqui em grande forma, em uma de suas melhores atuações na década de 1960. Sob direção de Martin Ritt, que tinha o talento de deixar o ator bem à vontade durante as filmagens, além de ser seu amigo pessoal, o resultado do ponto de vista cinematográfico não poderia ser melhor. O protagonista, o personagem principal do filme, se chama Hud Bannon. Interpretado de forma brilhante por Paul Newman, ele é o filho rebelde de um respeitável fazendeiro, que vive permanentemente em conflito com seu idoso pai. O conservadorismo do velho se choca o tempo todo com o modo de agir do filho, que parece querer mesmo abalar todas as estruturas do patriarca ao velho estilo. Quando o filme chegou aos cinemas houve muitas comparações entre esse personagem de Paul Newman e os rebeldes do passado que tinham sido interpretados por Marlon Brando e James Dean.
Porém as semelhanças são apenas aparentes. James Dean interpretava jovens perdidos, com problemas psicológicos. Marlon Brando interpretava rebeldes mais perigosos, como em "O Selvagem", mas que ainda mantinham uma certa bondade embaixo de suas roupas de couro. Já o rebelde de Paul Newman nesse filme é acima de tudo um sujeito bem egoísta, rude e que não serve para nada além de infernizar a vida do pai. Ao lado de uma elenco de apoio ótimo, Paul Newman criou um dos personagens mais sem ética pessoal de sua carreira.
O roteiro desse filme também surpreende por trazer para as telas um oeste bem diferente dos filmes clássicos de western. Aqui não há mais aquele clima bravio, de grandes homens do passado. O personagem de Paul Newman vive em uma fazenda, mas não está nem aí para cavalos e tradição. Ao invés disso ele aterroriza a vizinhança em um Cadillac novinho em folha. E como mais importante, explora o choque de gerações que acontecia naquele período histórico, onde os mais jovens não estavam mais preocupados com os valores dos mais velhos. O que era importante no passado, passou a ser visto como algo careta, praticamente uma piada, pelos mais jovens. A mudança de gerações realmente nunca foi algo fácil e na década de 1960 as diferenças eram ainda mais reforçadas.
O Indomado (Hud, Estados Unidos, 1963) Estúdio: Paramount Pictures / Direção: Martin Ritt / Roteiro: Irvine Ravetch, Harriet Frank / Elenco: Paul Newman, Melvyn Douglas, Patricia Neal, Brandon de Wilde / Sinopse: Em uma fazenda no interior dos Estados Unidos, pai e filho vivem em pé de guerra. O jovem é rebelde e não está nem aí para os valores de seu velho pai. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator (Paul Newman), e melhor direção (Martin Ritt). Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor atriz (Patricia Neal), melhor ator coadjuvante (Melvyn Douglas) e melhor direção de fotografia em preto-e-branco (James Wong Howe). Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de melhor filme - Drama.
Pablo Aluísio.
A Longa Viagem de Volta
Uma das surpresas que o cinéfilo vai encontrar nesse filme é seu estilo mesclado, pois se inicialmente o filme se propõe a ter sua carga dramática, também há muitos elementos de aventura, afinal John Ford tinha talento para praticamente todos os gêneros cinematográficos. Também é um filme bonito de se assistir com cenas belíssimas da natureza, captadas com capricho pelas lentes do mestre do cinema. Ele conseguiu trazer para o filme momentos perfeitos para a tela do cinema usando apenas de recursos naturais, como uma tensa neblina, que inclusive, em certos momentos, faz o espectador relembrar dos melhores momentos do cinema noir. O ator John Wayne por essa época (estou me referindo ao começo da década de 1940) estava prestes a se tornar o ator mais popular do mundo. Nesse filme ele está em sua caracterização habitual, a do homem durão, pura honestidade. Ao invés do cowboy cavalgando no deserto, ele aqui dá vida a um marinheiro da velha escola. Ficou muito bem no papel, não podia ser diferente. A novidade veio da complexidade que o roteiro procurou trazer para seu personagem. Por essa razão ele teve que se esforçar um pouco mais, porque suas cenas traziam uma carga dramática mais forte do que seus costumeiros filmes de faroeste.
O bom humor também está presente, como aliás era bem habitual nos filmes de John Ford. Mas não pense que o filme se resume a isso. Há também toda uma atmosfera de melancolia e solidão que permeia a vida dos marinheiros. Esse clima do filme até hoje impressiona a quem o assiste. Para falar a verdade o espectador se sente bem no meio das longas travessias escuras mar adentro que o filme mostra. Uma aula de cinema do mestre John Ford. Espetacularmente subestimado, o filme é extremamente recomendado aos fãs da sétima arte em geral, em especial para quem procura um filme clássico focado na vida de marinheiros em alto mar.
A Longa Viagem de Volta (The Long Voyage Home, Estados Unidos, 1940) Estúdio: Argosy Pictures, Walter Wanger Productions / Direção: John Ford / Roteiro: Eugene O'Neill, Dudley Nichols / Elenco: John Wayne, Thomas Mitchell, Ian Hunter / Sinopse: O filme "A Longa Viagem de Volta" conta a história de um grupo de marinheiros que trabalham em um velho cargueiro que faz longas viagens pelo mar, em especial da Inglaterra até os Estados Unidos. Entre eles está o velho lobo do mar Olsen (John Wayne) que tanto deseja a fortuna como a sorte no amor. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, melhor roteiro (Dudley Nichols), melhor direção de fotografia (Gregg Toland), melhor edição (Sherman Todd), melhores efeitos especiais (R.T. Layton, Ray Binger) e melhor trilha sonora (Richard Hageman).
Pablo Aluísio.
domingo, 15 de novembro de 2020
O Homem que Matou Dom Quixote
Título Original: The Man Who Killed Don Quixote
Ano de Produção: 2018
País: Espanha, Portugal, França
Estúdio: Alacran Pictures,
Direção: Terry Gilliam
Roteiro: Terry Gilliam, Tony Grisoni
Elenco: Adam Driver, Jonathan Pryce, Joana Ribeiro, Hovik Keuchkerian, Jordi Mollà, José Luis Ferrer
Sinopse:
Cineasta em crise, não consegue encontrar novas ideias para seu novo filme sobre Dom Quixote. Ele então decide voltar para a pequena vila onde rodou um filme de conclusão de curso, quando ainda era bem jovem. E lá reencontra pessoas que atuaram em seu primeiro filme, inclusive um velho sapateiro que agora acredita ser o verdadeiro Dom Quixote. Filme premiado no Goya Awards.
Comentários:
A assinatura visual de Terry Gilliam fica clara desde a primeira cena. Esse é um daqueles diretores que imprimem sua identidade em cada fotograma de seus filmes. Nessa produção ele aceitou um convite para ir trabalhar na Europa. A intenção era realizar um filme que fosse uma homenagem ao famoso livro Dom Quixote. Escrito por Miguel de Cervantes e publicado pela primeira vez em 1605, essa é sem dúvida uma das obras literárias mais influentes da história. O resultado porém não passou nem perto de fazer jus a esse grande legado cultural. Em muitas ocasiões o roteiro derrapa completamente, virando uma comédia bem sem graça. O que salva esse filme do abismo é a atuação do ator Jonathan Pryce. Ele interpreta um velho sapateiro louco que passa a acreditar que é o verdadeiro Dom Quixote. Se o diretor tivesse optado apenas por esse lirismo ao invés de ficar jogando fichas em um humor pouco eficiente, aí sim teríamos um belo filme. Do jeito que ficou, é apenas de mediano para fraco. Uma pena.
Pablo Aluísio.
Hotel Ruanda
Título Original: Hotel Rwanda
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Terry George
Roteiro: Keir Pearson, Terry George
Elenco: Don Cheadle, Nick Nolte, Joaquin Phoenix, Sophie Okonedo, Fana Mokoena, Hakeem Kae-Kazim
Sinopse:
Com roteiro baseado em fatos reais, o filme "Hotel Ruanda" conta a história de Paul Rusesabagina (Don Cheadle), o gerente de um hotel na capital de Ruanda, uma país africano. Quando a guerra civil começa e um verdadeiro genocídio se alastra pelas ruas de sua cidade, ele tenta de todas as formas manter a salvo sua família, os empregados e os hóspedes no hotel onde trabalha. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator (Don Cheadle), melhor atriz coadjuvante (Sophie Okonedo) e melhor roteiro original.
Comentários:
Houve um genocídio em Ruanda. Naquela nação africana havia basicamente duas etnias, os Hutus e os Tutsis. Uma odiava a outra. Quando o presidente foi assassinado, uma grande explosão de insanidade e violência explodiu por todo o país. Os Hutus começaram uma limpeza étnica, matando a facões os membros da etnia Tutsi. Um crime contra a humanidade. Estima-se que mais de 1 milhão de pessoas foram mortas. Esse filme mostra tudo sob a ótica de um gerente de hotel que tenta sobreviver no meio daquele banho de sangue. A sua situação é bem delicada, porque embora ele seja um Hutu, é casado com uma Tustsi. Além da história ser muito relevante do ponto de vista histórico, esse filme ainda apresenta um ótimo elenco de apoio, com destaque para Nick Nolte como um coronal da ONU, que tenta proteger os estrangeiros hospedados naquele hotel e Joaquin Phoenix como um jornalista, um correspondente de guerra, que consegue filmar as pessoas sendo mortas no meio da rua. Quando a civilidade acaba, começa a reinar a barbárie. E tudo isso, claro, sem deixar de destacar o ótimo trabalho do ator Don Cheadle. Enfim, um filme que também serve como um alerta. O ódio quando explode costuma destruir nações inteiras, desencadeando tudo em atos de isanidade e violência brutal.
Pablo Aluísio.