terça-feira, 25 de agosto de 2020

Penny Dreadful - City of Angels

Penny Dreadful - City of Angels
Essa expressão Penny Dreadfull tem um significado bem interessante. Assim eram chamados os livros de bolso, bem populares, que eram vendidos ao público inglês durante o século XIX. A palavra Penny se referia ao preço dos livrinhos, algo em torno de 1 Penny (uma medida de valor de moeda que só os ingleses entendem mesmo. Seria, a grosso modo, o que significa o centavo para os brasileiros). O tipo de literatura dessas publicações eram voltados para as histórias de detetives, contos de terror, etc. È um tipo de literatura considerada barata na época, mas hoje em dia revalorizada, principalmente pelo fato de que esses livros de bolso com papel jornal terem sido também responsáveis pelo surgimento da cultura pop, tal como conhecemos hoje em dia. A seguir comento, aos poucos, os episódios dessa temporada de Penny Dreadfull em sua nova fase, com novos atores, novos personagens e novo elenco.

Penny Dreadful - City of Angels 1.01 - Santa Muerte 
Nesse primeiro episódio temos um novo contexto histórico. Agora a trama se passa no ano de 1938, na cidade de Los Angeles. Um jovem detetive está para começar seu primeiro dia de trabalho. De origem latina, ele e seu parceiro acabam se deparando com um caso bem bizarro. Uma família é encontrada morta nos esgotos da cidade. Eles apresentam uma pintura tradicional mexicana que remete para a figura da estranha Santa Muerte. Sendo o jovem detetive também um homem dessa mesma cultura, ele logo entende que aquilo foi na verdade uma morte de ritual. O contexto de detetives atuando na década de 1930 me fez lembrar logo dos antigos filmes ao estilo noir, porém uma coisa não me agradou. A Santa Muerte e sua irmã, um anjo demoníaco vingativo, não são retratados apenas como símbolos religiosos, mas como criaturas concretas, que inclusive interagem com os vivos. Achei mais do que surreal essa escolha do roteiro. Provavelmente se inspiraram em algum velho conto da linha Penny Dreadfull, mas devo dizer que com resultados adversos, nem sempre muito bons. Vamos assistir aos próximos episódio para ver onde tudo isso vai parar. / Penny Dreadfull - City of Angels 1.10 - (Estados Unidos, 2020) Direção: Paco Cabezas / Roteiro: John Logan / Elenco: Natalie Dormer, Daniel Zovatto, Nathan Lane, Kerry Bishé

Penny Dreadful - City of Angels - 1.02 - Dead People Lie Down
As investigações acabam indo parar numa igreja evangélica. O que me surpreendeu aqui é que há uma personagem muito parecida com outra que vi na série "Perry Mason". É uma jovem pastora, muito carismática, que canta e encanta em suas apresentações no palco da igreja. Aqui ela se chama irmã Molly Finnister e é interpretada pela linda atriz Kerry Bishé. Linda mesmo, parece um anjo, fazendo jus ao título da série. Outra beldade é a atriz Natalie Dormer. Nessa série ela interpreta várias personagens, entre elas uma jovem mãe que acaba flertando com o médico de seu filho, um sujeito nazista e que apesar de ser casado fica caidinho por ela (e quem não ficaria?). No mais o bom roteiro ainda aproveita para explorar o preconceito racial que existia (e ainda existe, tenho certeza) na cidade de Los Angeles, onde nem todos eram anjos, certamente. PS: o ator Brent Spiner, que interpretou o androide Data em "Jornada nas Estrelas - A Nova Geração", tem uma pequena participação nesse episódio, como o chefe de polícia que quer acima de tudo que o caso seja encerrado, de todo jeito. Envelhecido, de cabelo branco, quase ninguém vai reconhecê-lo. É o tempo, cobrando seu preço. / Penny Dreadfull - City of Angels - 1.02 - Dead People Lie Down (Estados Unidos, 2020) Direção: Paco Cabezas / Roteiro: John Logan / Elenco: Natalie Dormer, Daniel Zovatto, Kerry Bishé, Nathan Lane, Brent Spiner.

Penny Dreadful - City of Angels - 1.03 - Wicked Old World
Um bom episódio com romance, dança e uma revelação surpreendente. O romance surge entra a irmã Molly e o policial Tiago Vega, que fica caidinho por ela. Juntos vão a um parque de diversões e ele ganha até um bonequinho do Popeye na barraca do tiro ao alvo. No final se beijam com o sol brilhando ao fundo. Cena bem romântica. A dança vem com uma nova personagem interpretada pela atriz Natalie Dormer. Ela arrasa na pista de dança de uma noite latina em Los Angeles. Tudo bem coreografado e executado. E a revelação surge quando se descobre que a irmã Molly estava envolvida romanticamente com o contador da igreja que foi morto. Pelo visto ela não é a santinha que todos estavam pensando. Sim, é um velho mundo cruel. / Penny Dreadfull - City of Angels - 1.03 - Wicked Old World (Estados Unidos, 2020) Direção: Sergio Mimica-Gezzan / Roteiro: John Logan / Elenco: Natalie Dormer, Daniel Zovatto, Kerry Bishé. 

Penny Dreadful - City of Angels - 1.04 - Josefina and the Holy Spirit 
Dois assassinatos. Em um deles os latinos matam com punhaladas um velho tira que desrespeitou uma jovem latina em uma revista de rua. Bem feito. Na outra um sujeito que roubou um carregamento de armas paga por ter tentado roubar a própria máfia em Los Angeles. E essas armas seriam enviadas até o Oriente Médio para ajudar na causa do povo judeu. Outras duas cenas também se destacam. Enquanto uma chacina é executada, uma entidade sobrenatural bem para salvar, em seus braços, um pobre criança inocente. Na outra a atriz Natalie Dormer faz uma cena de sexo bem quente com um homem casado, em sua casa, no dia do aniversário do próprio filho. A calcinha nos tornozelos ficou bem excitante. / Penny Dreadful - City of Angels - 1.04 - Josefina and the Holy Spirit (Estados Unidos, 2020) Direção: Sergio Mimica-Gezzan / Roteiro: John Logan / Elenco: Natalie Dormer, Daniel Zovatto, Kerry Bishé. 

Penny Dreadfull - City of Angels - 1.05 - Children of the Royal Sun 
Sangue e sexo. Assim podemos resumir esse episódio. Natalie Dormer está em ambos. O sexo vem numa cena bem sensual logo no começo do episódio quando ela despe um dos latinos, o deixa nu e sai tirando suas medidas. O sangue também vem com ela, quando mata um pobre coitado que conheceu numa boate. O leva para casa e depois convence o médico (com quem está tendo um caso) que aquele sujeito é o seu marido. Pura cilada. E os dois tiras do departamento de polícia? Procuram pelo assassino de um policial. E o detetive latino sabe muito bem quem ele é, Fly Rico. Só que no último minuto ele fica com a consciência pesada e deixa ele fugir no beco escuro onde o persegue. Deixando o distintivo de lado para ajudar um irmão. Complicado! / Penny Dreadfull - City of Angels - 1.05 - Children of the Royal Sun (Estados Unidos, 2020) Direção: Roxann Dawson / Roteiro: John Logan, Jose Rivera / Elenco: Natalie Dormer, Daniel Zovatto, Kerry Bishé. 

Penny Dreadfull - City of Angels - 1.06 - How It Is with Brothers  
O assassino do policial foi o irmão do detetive Tiago Vega, mas no interrogatório de outro latino que foi preso, que inclusive fazia parte da mesma quadrilha, o tal sujeito é convencido a assumir toda a culpa não apenas pela morte do policial como também por uma família de gente rica e branca que morava na parte mais nobre da cidade de Los Angeles. E o que isso tudo tinha a ver com justiça? Nada, absolutamente nada! Eu destaco nesse episódio o grande talento do ator Nathan Lane. Na pele do detetive veterano Lewis Michener, ele dá show na cena do interrogatório. Suas observações sobre pessoas pobres e pessoas ricas é certamente uma das melhores coisas já mostradas nessa boa série que seguirei assistindo até o fim dessa temporada. / Penny Dreadfull - City of Angels - 1.06 - How It Is with Brothers (Estados Unidos, 2020) Direção: Roxann Dawson / Roteiro:  John Logan, Vinnie Wilhelm / Elenco: Natalie Dormer, Nathan Lane, Daniel Zovatto, Kerry Bishé. 

Penny Dreadfull - City of Angels - 1.07 - Maria and the Beast
Santa Muerte se materializa. A besta se materializa na frente de Maria que não se acovarda, a enfrenta de peito aberto, em seu quarto cheio de imagens de santos e ícones de sua fé católica. Uma cena forte, a melhor do episódio. É o clímax de um episódio que de maneira em geral não traz grandes novidades. Na pele de Elsa essa entidade sombria vai morar na casa do doutor alemão, concretizando o final de sua casamento anterior. A atriz Natalie Dormer novamente encanta com seu talento. Nesse episódio ela interpreta três personagens diferentes, embora todas sejam da mesma laia do inferno. / Penny Dreadfull - City of Angels - 1.07 - Maria and the Beast (Estados Unidos, 2020) Direção: Sheree Folkson / Roteiro: John Logan, Colin Liddle  / Elenco: Natalie Dormer, Daniel Zovatto, Kerry Bishé. 

Penny Dreadfull - City of Angels - 1.08 - Hide and Seek
Os nazistas continuam a espalhar seus tentáculos por toda a cidade de Los Angeles. Primeiro trazem para seu lado alguns parlamentares da cidade, como o vereador que posa de conservador enquanto esconde um amante gay. Eles chegam inclusive a bailar em um clube exclusivo para homossesuais ricos e brancos da cidade. Depois vão atrás dos líderes religiosos, trazendo para dentro do seu grupo pastores e pastoras mais preocupados em abrir novas "filiais" de seus templos pseudo religiosos. Na outra linha narrativa o respeitável médico alemão que trocou sua esposa por uma amante começa a perceber que trouxe o próprio Diabo para dentro de sua casa. Quem o enfrenta, quem diria, é a pobre cozinheira de origem latina! / Penny Dreadfull - City of Angels - 1.08 - Hide and Seek (Estados Unidos, 2020) Direção: Sheree Folkson / Roteiro:  John Logan, Tatiana Suarez-Pico / Elenco: Natalie Dormer, Daniel Zovatto, Kerry Bishé. 

Penny Dreadful - City of Angels - 1.09 - Sing, Sing, Sing
A primeira temporada vai chegando ao fim. Se houver uma segunda eu não irei conferir. A série até que é boa, bem produzida e tudo mais, entretanto não conseguiu criar um vínculo maior com esse que vos escreve. Irei até o fim dessa primeira temporada e depois, fim. Nesse episódio o destaque vai mais uma vez para a atriz Natalie Dormer. Ela interpreta uma personagem central, uma criatura sobrenatural, que acaba tendo outras aparições, ora surgindo como a amante alemã que conquistou um homem casado e colocou sua esposa para fora de casa, ora como uma secretária de um vereador da cidade, ora como uma dançarina, que também faz parte de uma gangue de latinos. Com seu nariz arrebitado ela tira tudo de primeira. Uma atriz talentosa, sem dúvida. / Penny Dreadful - City of Angels - 1.09 - Sing, Sing, Sing (Estados Unidos, 2021) Direção: Daniel Attias / Roteiro: John Logan / Elenco: Natalie Dormer, Daniel Zovatto, Kerry Bishé.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

The Son - Segunda Temporada

The Son - Segunda Temporada
Com o sucesso da primeira temporada, o canal AMC decidiu produzir mais uma leva de episódios. Essa foi composta de 10 episódios. Foram exibidos originalmente entre abril a junho de 2019. Basicamente temos aqui uma continuação da história do rico proprietário de terras Eli McCullough (Pierce Brosnan) e sua família, em fins do século XIX e começo do século XX. Em jogo terras com muito petróleo, uma matéria-prima que seria muito importante para a nascente indústria automobilística. Quem detivesse o controle sobre aquelas reservas naturais seguramente se tornaria um homem muito, muito rico. Uma riqueza que atravessaria gerações. Segue abaixo comentários sobre cada episódio, conforme forem assistidos.

The Son 2.01 - Numunuu 
Nesse primeiro episódio da segunda temporada, Eli McCullough (Brosnan) vai até o México, junto de suas homens de confiança, para resgatar seu filho que está cumprindo pena numa prisão daquele país. Condenado, ele só poderia sair através de corrupção, suborno e propina. E uma vez pago o dinheiro, Eli vai até uma estrada onde os prisioneiros trabalham, para pegar seu filho de volta para os Estados Unidos. Nesse episódio também há um longo flashback mostrando Eli quando jovem. Ele está ao  lado de um grupo de guerreiros nativos que entram numa fazenda de brancos, matam todos que encontram e roubam seus bens e pertences. Depois queimam tudo por onde passam. É uma ligação direta com o presente do episódio, onde Eli tenta colocar as mãos (na verdade roubar) as terras ricas em petróleo que fazem divisas com suas terras. Pelo visto ele continua mesmo sendo na essência um ladrão, tal como era no passado. / The Son 2.01 - Numunuu (Estados Unidos, 2019) Direção: Kevin Dowling / Roteiro: Philipp Meyer / Elenco: Pierce Brosnan, Jacob Lofland, Henry Garrett.

The Son 2.02 - Ten Dollars and a Plucked Goose  
O coronel  Eli McCullough (Pierce Brosnan) quer mudar os rumos de sua fazenda e suas terras. Para isso ele sutilmente manda embora um de seus homens mais violentos. Ele também quer que o filho Pete assuma as negociações envolvendo os campos de petróleo Isso magoa seu outro filho, que ele planeja jogar no mundo da política. Esse episódio também traz alguns flashbacks interessantes. No primeiro deles vemos como Pete foi preso no México. No outro Eli, ainda andando com os comanches, quando jovem, diz para sua amada que não há mais volta. Os brancos chegaram para dominar o oeste, tomando todas as terras dos índios que ainda insistem em lutar contra o homem branco e sua ocupação. De fato suas palavras iriam mesmo se confirmar nos anos que viriam. / The Son 2.02 - Ten Dollars and a Plucked Goose (Estados Unidos, 2019) Direção: Kevin Dowling / Roteiro: Philipp Meyer / Elenco: Pierce Brosnan, Jacob Lofland, Henry Garrett.

The Son 2.03 - The Blind Tiger  
As melhores vacas do rancho foram mortas, na calada da noite, de forma covarde. O coronel Eli McCullough resolve agir. Pega o representante da Standart Oil, leva ele até um buraco no meio da nada e atola o tal almofadinha da cidade grande com um banho de restos podres e fedorentas das vacas mortas. O problema é que o tal sujeito não desiste, não recua e marca um encontro com Maria Garcia, algo que faz Eli ficar de tocaia. Assim que confirma tudo decide ir para Austin, para um encontro pessoal com o procurador geral. Já na linha narrativa que se passa no passado vemos duas tribos nativas se encontrando. O homem branco havia mesmo transformado todos aqueles bravos guerreiros em tristes figuras que matavam seus próprios cavalos para sobreviver. / The Son 2.03 - The Blind Tiger (Estados Unidos, 2019) Direção: Kevin Dowling / Roteiro: Philipp Meyer / Elenco: Pierce Brosnan, Jacob Lofland, Henry Garrett. 

The Son 2.04 - Scalped a Dog
Maria Garcia retorna. Obviamente ela quer vingança pela morte de seus familiares. Inicialmente ela procura por Pete, o filho do Coronel Eli McCullough. Ela quer que ele testemunhe contra seu próprio pai, mas Peter recusa o convite. Sabendo disso o Coronel vai até a raiz do problema. Encontra Maria na frente da pensão onde está hospedada e lhe faz uma oferta. Parte do lucro dos poços de petróleo das terras que pertenceram ao seu pai no passado. A conversa é tensa, mas Maria deixa claro duas coisas: primeiro não fará acordos com o Coronel. Segundo, vai buscar vingança de todos os modos contra seus crimes do passado. Ela quer mesmo destruir o clá McCullough. Acabar com a raça deles no Texas. / The Son 2.04 - Scalped a Dog (Estados Unidos, 2019) Direção: Omar Madha / Roteiro: Philipp Meyer / Elenco: Pierce Brosnan, Jacob Lofland, Henry Garrett. 

The Son 2.05 - Hot Oil 
A briga judicial entre Maria Garcia e o Coronel Eli McCullough ganha novos contornos. Ela consegue uma ordem judicial que impedi Eli de comercializar e extrair o petróleo das terras que pertenceram à sua família no passado. As coisas engrossam de vez. O Coronel ainda tenta levar o juiz do caso na conversa, mas encontra um homem íntegro e honesto, o que lhe atrapalhará ainda mais seus planos. Ele ainda tenta que seu filho tire o petróleo de suas terras na calada da noite, mas tudo em vão. O cerco vai se fechando cada vez mais. Na linha temporal do passado, com os nativos, a jovem branca que é feita escrava da tribo, vai tentendo seduzir um guerreiro para quem sabe escapar da morte quando descobrirem que ela matou um índio na beira do rio. / The Son 2.05 - Hot Oil (Estados Unidos, 2019) Direção: Omar Madha / Roteiro: Philipp Meyer / Elenco: Pierce Brosnan, Jacob Lofland, Henry Garrett. 

The Son 2.06 - The Blue Light
Phineas McCullough, o filho mais velho do coronel é homossexual. Naquela época o homossexualismo era crime tipificado no código penal com o nome de sodomia. E ele cai em uma armadilha, sendo fotografado na cama com um outro homem. Imediatamente é alvo de chantagem. Para o coronel tudo vira um grande problema, já que seu filho também perde a chance de comandar a agência de ferrovias. Nesse episódio também temos trechos em outras linhas narrativas. No presente a neta do coronel invoca com um de seus empregados e o manda despedir. Ele é um Garcia, da mesma família que seu avô mandou matar décadas atrás. E no passado Eli é confrontado com sua própria coragem... ou covardia. Bom episódio, gostei bastante. / The Son 2.06 - The Blue Light (Estados Unidos, 2019) Direção: Ellen Kuras / Roteiro: Philipp Meyer / Elenco: Pierce Brosnan, Jacob Lofland, Henry Garrett. 

The Son 2.07 - Somebody Get a Shovel 
O Coronel Eli senta-se à mesa para negociar com o engomadinho de Nova Iorque que representa a companhia de petróleo. Ao expor seus termos, vem o desrespeito. O tal sujeito o chama de insignificante, caipira do Texas. A resposta de Eli? Um tiro certeiro, dado ali mesno na mesa de negociações. Um balaço praticamente à queima roupa. Pronto, o sujeito não vai mais desrespeitar ninguém. Depois da execução, Eli, seus filhos e seus capangas precisam se livrar dos corpos. E o xerife da cidade? Aparece por lá, vê o banho de sangue e diz que vai encobrir, mas com um aumento de seu valor mensal - o sujeito é corrupto e está à venda a quem pagar mais. Pois é, nesses tempos tudo era praticamente resolvido com o cano fumegante de uma colt 45. / The Son 2.07 - Somebody Get a Shovel  (Estados Unidos, 2019) Direção: Ellen Kuras / Roteiro: Philipp Meyer / Elenco: Pierce Brosnan, Jacob Lofland, Henry Garrett. 

The Son 2.08 - All Their Guilty Stains
Jeannie McCullough, a neta do coronel, pega a própria mãe transando com o professor de piano do irmão. Eles foram pegos no flagra, em um barracão atrás da casa grande do rancho. A garota fica tão chocada com o que vê que acaba indo embora, pela estrada. No caminho encontra um jovem caixeiro viajante que inicialmente se mostra bem legal, mas que na calada da noite revela sua verdadeira (e feia) personalidade. No flashback do passado, a mulher nativa de Eli é flechada no riacho por uma índia de uma tribo inimiga. Ela ainda consegue sobreviver por algumas horas, mas morre logo depois. Uma flecha sempre é uma arma bem mortal. / The Son 2.08 - All Their Guilty Stains (Estados Unidos, 2019) Direção: Jeremy Webb / Roteiro: Philipp Meyer / Elenco: Pierce Brosnan, Jacob Lofland, Henry Garrett. 

The Son 2.09 - The Bear  
Penúltimo episódio da série. Aqui descobrimos como o coronel Eli McCullough morreu. Ele pegou sua arma e passou dias e mais dias dentro da floreste, indo nos rastros do maior urso da região Ao encontrá-lo, atirou. Mas só deu um tiro. Depois deixou o urso atacá-lo, para que ele morresse como um homem. Ele havia descoberto que tinha câncer e decidiu que não iria definhar em uma cama. Iria morrer como um homem, na natureza, enfrentando uma fera da floresta. Bom episódio, também mostra como Eli deixou os nativos, no passado. Eles encontraram um velho capitão da cavalaria bêbado em um riacho. Após negociarem, firmou-se o trato de trocar Eli e a garota branca por mantimentos e cavalos. E assim foi feito e assim Eli voltou para civilização do homem branco. / The Son 2.09 - The Bear (Estados Unidos, 2019) Direção: Jeremy Webb / Roteiro: Philipp Meyer / Elenco: Pierce Brosnan, Jacob Lofland, Henry Garrett. 

The Son 2.10 - Legend  
Último episódio da temporada. Último episódio da série. E como termina "The Son"? Bom, antes de tudo esqueça aquela história de que o Coronel Eli McCullough (Pierce Brosnan) foi morto bravamente por um urso no meio da floresta. Essa foi apenas uma lenda inventada para encobrir o que realmente aconteceu no dia de sua morte. E o que aconteceu? O Coronel foi confrontado por Maria Garcia em sua própria casa. Uma intensa luta aconteceu, com armas de fogo e facas. E quando o Coronel estava prestes a matar Maria com sua faca, seu filho Pete o acertou pelas costas com um tiro! Isso mesmo, ele foi assassinado pelo próprio filho! Algo que seria vergonhoso demais para a família, por isso inventaram toda aquela história de urso selvagem. Um bom final de uma série que gostei muito. Essa série vale mesmo a pena acompanhar. Mais um produtor de muita qualidade do canal AMC. / The Son 2.10 - Legend (Estados Unidos, 2019) Direção: Daniel Sackheim / Roteiro: Philipp Meyer / Elenco: Pierce Brosnan, Jacob Lofland, Henry Garrett.

Pablo Aluísio.

The Son - Primeira Temporada

The Son - Primeira Temporada
"The Son" é uma nova série de western do canal AMC. Como era de se esperar é um programa excelente. No primeiro episódio temos duas linhas narrativas, uma no passado e outra no presente. Na juventude Eli McCullough presencia o rancho em que sua família vive ser atacado por índios selvagens. Eles cercam o lugar e começam a forçar a entrada na casa. Dentro dela só está Eli, seu irmão mais jovem, sua irmã e sua mãe. Pessoas indefesas contra um bando de nativos violentos. Esse acontecimento vai moldar a personalidade de Eli pelo resto de sua vida. Muitas décadas depois reencontramos Eli. Ele é um homem poderoso, dono de terras, pai de família. Um sujeito forjado na dureza do Texas. Conhecido como o coronel do sul do estado, eles quer atrair investidores para seus recém construídos poços de perfuração de petróleo, pois acredita que as terras do Texas estão cheias do ouro negro.

O problema é ter que lidar com um grupo de jovens mexicanos que acham os americanos invasores de suas terras (originalmente o Texas pertencia ao México, em um passado distante). Assim promovem sabotagens e podemos até dizer, atos de terrorismo contra os empreendimentos de Eli, que ao velho estilo texano resolve responder com violência, sem lugar para o perdão.

The Son (The Son, Estados Unidos, 2017) Direção: Brian McGreevy, Philipp Meyer, Lee Shipman / Roteiro: Kevin Dowling, Olatunde Osunsanmi, Tom Vaughan / Elenco: Pierce Brosnan, Jacob Lofland, Henry Garrett / Sinopse: A série mostra a vida de Eli McCullough (Brosnan), um homem que tenta sobreviver na aridez e na selvageria do Texas, onde índios e mexicanos tentam de tudo para destruir seus planos e sonhos de ter uma vida melhor.

Episódios Comentados - Primeira Temporada:

The Son 1.01 - First Son of Texas
Já nesse primeiro episódio você sabe que "The Son" é uma excelente série. A produção é impecável e os episódios são extremamente bem produzidos, escritos e atuados. Uma novidade muito bem-vinda é a chegada do ex- James Bond Pierce Brosnan nesse novo mercado, das séries televisivas. Ele tem um personagem forte e marcante em mãos (o Eli) e pode certamente ter agora um dos melhores trabalhos de toda a sua carreira. Com duas linhas temporais, os roteiros exploram a dura vida de um Texas ainda inóspito, cheio de índios e depois recebendo as primeiras inovações de um mundo mais tecnológico que nascia, com carros e indústria petrolífera. Enfim, essa é uma série imperdível para quem gosta de história e western. / The Son 1.01 - First Son of Texas (Estados Unidos, 2017) Direção: Tom Harper / Roteiro: Philipp Meyer / Elenco: Pierce Brosnan, Jacob Lofland, Henry Garrett.

The Son 1.02 - The Plum Tree
Deixando a Inglaterra da era Vitoriana para trás conferi mais um episódio de "The Son". O segundo episódio se chama "The Plum Tree". No anterior um grupo de mexicanos (que sonham com a anexação do sul do Texas ao México) resolveram destruir uma plataforma de petróleo da propriedade do Coronel Eli McCullough (Brosnan). Capturados, agora vão precisar contar tudo no velho estilo de resolver problemas do Texas, com um bastão de beisebol usado para quebrar suas pernas. Ironicamente o filho do Coronel acha tudo aquilo bem indigno, mas acaba tendo que, digamos, sujar as mãos! Uma guerra racial então fica prestes a explodir. / The Son 1.02 - The Plum Tree (Estados Unidos, 2017) Direção: Kevin Dowling / Roteiro: Philipp Meyer / Elenco: Pierce Brosnan, Jacob Lofland, Henry Garrett.

The Son 1.10 - Scalps
Episódio final da primeira temporada. Bom, se você tinha alguma dúvida sobre a natureza e o caráter de Eli McCullough (Pierce Brosnan) depois desse episódio não haverá mais incertezas. Recapitulando, lembrando dos episódios anteriores, vimos que Eli descobriu petróleo, só que não em sua propriedade, mas sim na fazenda vizinha de Pedro Garcia (Carlos Bardem). Achar o ouro negro em suas terras sempre foi o sonho de Eli. Assim ele arma uma armadilha para Pedro. Após o incêndio de um bar na cidade, atribuída a mexicanos, ele lidera um grupo de justiceiros que vai até a sede da fazenda de Garcia. Uma vez lá a chacina se torna completa. Apenas Maria, a filha de Pedro, sai viva. Depois de um intenso tiroteio nada mais fica de pé. Pedro é morto, assim como seus filhos e seus capangas. Uma coisa monstruosa. Subornando um juiz Eli finalmente toma conta da propriedade do mexicano, a comprando por apenas 500 dólares!!! Pois é, a corrupção que pensamos ser coisa apenas do Brasil é de fato algo disseminado em todos os lugares do mundo! Um excelente episódio que fechou com chave de ouro a primeira temporada dessa série que tem sua segunda leva de novos episódios confirmada. O que virá pela frente? Vamos esperar para conferir. / The Son 1.10 - Scalps (Estados Unidos, 2017) Estúdio: AMC / Direção: Tom Vaughan / Roteiro: Philipp Meyer / Elenco: Pierce Brosnan, Jacob Lofland, Henry Garrett, Carlos Bardem, Zahn McClarnon, Jess Weixler

Pablo Aluísio.

domingo, 23 de agosto de 2020

Cinema Clássico

 
Marilyn Monroe

E o Sangue Semeou a Terra

Título no Brasil: E o Sangue Semeou a Terra
Título Original: Bend of the River
Ano de Produção: 1952
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Anthony Mann
Roteiro: Borden Chase
Elenco:  James Stewart, Rock Hudson, Arthur Kennedy,  Jay C. Flippen, Julie Adams, Lori Nelson

Sinopse:
Baseado no romance de western escrito por William Gulick, o filme "E o Sangue Semeou a Terra" conta a história de um grupo de pioneiros que vão para o Oeste selvagem em uma caravana de carroças com a intenção de começar uma nova vida em terras distantes. Para vencer em sua jornada eles terão que lutar contra tribos indígenas hostis e comerciantes de provisões desonestos.

Comentários:
Clássico de faroeste da parceria entre o diretor Anthony Mann e o ator James Stewart. Juntos fizeram alguns dos melhores filmes de western da história do cinema americano. E não era uma parceria isenta de conflitos. Eles brigavam muito no set de filmagem, mas quem ganhava no final de tudo era o espectador, que era presenteado com grandes e inesquecíveis filmes do gênero. O filme tem uma linda fotografia, pois foi todo rodado em locações naturais, em parques nacionais de preservação dos Estados Unidos, com destaque para as cenas rodadas nas montanhas do Oregon e do Rio Columbia, onde várias tomadas foram feitas, usando até mesmo de um antigo barco histórico, o “The Queen River”. No excelente elenco temos dois destaques. O primeiro é o próprio James Stewart, aqui interpretando um personagem mais complexo. Ao contrário dos homens honrados que sempre interpretou no cinema, aqui seu personagem tem um passado nebuloso que ele precisava superar. Proteger a caravana que vai para o oeste vai significar sua redenção pessoal nesse sentido. Já o galã Rock Hudson, em começo de carreira, dá vida a um jogador de cartas, um tipo cheio de lábia, que se destaca na multidão por causa  de seu figurino exótico. Com um roteiro que louva a coragem dos pioneiros que foram para o velho oeste, esse clássico é um daqueles itens para se ter na coleção de filmes. Excelente em todos os aspectos.

Pablo Aluísio.

sábado, 22 de agosto de 2020

O Homem Que Não Vendeu Sua Alma

O rei inglês Henrique VIII (1491 - 1547) foi o símbolo máximo do absolutismo. Sua palavra era lei e não importava a natureza de seus atos pois havia o dogma de que o Rei nunca poderia estar errado em suas decisões. Partindo dessa premissa, ele ainda hoje é lembrado pelos diversos crimes que cometeu ao longo da vida, inclusive contra muitas de suas esposas, que ao menor sinal de atrito com o rei eram levadas para a forca, para a decapitação ou então isoladas na famigerada Torre de Londres, uma masmorra medieval. Um dos atos mais conhecidos de seu reinado foi o rompimento definitivo com a Igreja Católica e o Papa. Henrique VIII era casado com Catarina de Aragão, da casa de Espanha. Era uma mulher virtuosa, católica fervorosa, mas tinha dificuldades em gerar o filho varão que iria herdar o trono inglês. Desesperado com a falta do nascimento de um filho homem, que lhe sucedesse, o rei Henrique VIII resolveu então pedir a anulação de seu matrimônio ao Vaticano, mas encontrou forte oposição do Papa e seu clero que consideravam o casamento feito sob as leis da igreja uma união indissolúvel. Após tentar por longos anos pela anulação, Henrique resolveu então tomar uma decisão radical. Rompeu com o Papa e expulsou a Igreja da Inglaterra, tornando propriedade do reino todas as terras, mosteiros, igrejas e bens que pertenciam à Igreja Católica.

É justamente a história dessa ruptura o tema central de “O Homem Que Não Vendeu Sua Alma”. Assim nasceu a Igreja Anglicana, fundada por Henrique VIII, uma nova religião para os ingleses, fortemente atrelada ao Estado absolutista, tendo o próprio rei como autoridade religiosa suprema. Dentro de sua nova instituição anglicana, Henrique poderia casar e se separar quantas vezes quisesse, sem precisar pedir autorização papal, uma vez que ele era o líder espiritual máximo da nova Igreja que fundara. Como todo monarca absolutista daquele período histórico, não haveria mais barreiras para sua vonade pessoal. O casamento seria nulo, se ele assim desejasse. Ele iria se separar quantas vezes quisesse e também mandaria para a morte todas as esposas que ele assim sentenciasse. Obviamente que nem todos aceitaram livremente essa nova postura real. Em uma época em que qualquer oposição poderia ser entendida como alta traição, um influente membro da corte, Thomas Moore (Paul Scofield), resolveu se opor aos desmandos do monarca. Católico praticante, não aceitou a expulsão da Igreja papista de seu país. Esse termo passaria a ser uma ofensa dentro da corte. Sua postura lhe valeu a alcunha de ser o homem que não teria vendido sua alma nesse momento particularmente complicado da história britânica. Thomas Moore era um intelectual de seu tempo e estava ciente de que um monarca com poderes plenos e sem limites levaria a Inglaterra a um impasse histórico. E suas previsões iriam se tornar verdadeiras, como bem foi provado pela história.

Aqui temos um filme historicamente fiel, com ótimas interpretações e reconstituição histórica precisa que inclusive lhe valeram vários prêmios, dentre eles os principais da Academia. Produção requintada, de luxo, com excelente nível técnico e cultural, “O Homem Que Não Vendeu Sua Alma” é além de uma bela aula de história, um ótimo entretenimento, mostrando sem receios os perigos que rondam o chamado Estado absolutista, onde toda uma nação ficava refém dos meros caprichos de um poder real sem freios ou limites. Afinal, como todos bem sabemos, o poder corrompe e o poder absoluto corrompe de forma absoluta àquele que o exerce.

O Homem Que Não Vendeu Sua Alma (A Man for All Seasons, Inglaterra, 1966) Direção: Fred Zinnemann / Roteiro: Robert Bolt / Elenco: Paul Scofield, Wendy Hiller, Leo McKern, Robert Shaw, Orson Welles, Susannah York, John Hurt, Vanessa Redgrave / Sinopse: Henrique VIII (Robert Shaw) resolve romper com a Igreja Católica após o Papa se negar a anular seu casamento com Catarina de Aragão. Seu ato encontra forte resistência do influente nobre e intelectual Thomas Moore (Paul Scofield). Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor filme, melhor diretor, melhor ator (Paul Scofield), melhor roteiro adaptado, melhor fotografia e melhor figurino. Vencedor do Globo de Ouro nas categorias melhor filme - drama, melhor diretor, melhor ator - drama (Paul Scofield) e melhor roteiro.

Pablo Aluísio. 

Tigres Voadores

Ao longo de sua carreira, o ator John Wayne se notabilizou pelos excelentes filmes de western que estrelou. Isso porém não limitava suas opções dentro do mundo do cinema, tanto que ele passeou por vários gêneros cinematográficos, sempre com muito sucesso. Um exemplo disso é esse “Esquadrilha Mortal” (também conhecido como “Tigres Voadores”). Na véspera da entrada dos Estados Unidos na II Guerra Mundial um grupo de pilotos liderados pelo Capitão Jim Gordon (John Wayne) defende o território chinês dos constantes ataques da força aérea do império japonês. Como se sabe Japão e China são inimigos históricos, muito por causa dos inúmeros crimes de guerra cometidos por forças militares nipônicas contra civis chineses completamente indefesos. Aqui o grupo “Tigres Voadores” formado apenas por pilotos americanos, tem como principal missão proteger um hospital para crianças feridas em combates. Além disso promovem várias outras missões como patrulhas noturnas, algo extremamente perigoso em vista da precariedade tecnológica da época. Também promoviam ataques a alvos estratégicos. O filme fez parte do esforço de guerra de Hollywood durante a II Grande Guerra, cujo principal objetivo era manter em alta a moral e o espírito patriota do povo americano no meio do conflito que se espalhava pelo mundo afora.

“Esquadrilha Mortal” foi produzido pela extinta companhia cinematográfica Republic, onde John Wayne realizou vários filmes no começo de sua carreira. Jovem e esbelto, o ator encontrou um ótimo veículo para sua carreira aqui. O filme é muito bem realizado, com doses certas de ação e até mesmo romance. O personagem de Wayne tem um caso amoroso com a enfermeira da base interpretada pela atriz Anna Lee. Nas cenas de batalhas aéreas o filme de utiliza com muito sucesso de várias técnicas, desde imagens reais captadas em combates verdadeiros, até o uso intensivo de maquetes (todas extremamente bem feitas. A cena final inclusive serviu de inspiração para George Lucas décadas depois em “Guerra Nas Estrelas”. Na sequência famosa John Wayne e seu copiloto “Woody” (John Carroll) precisam adentrar o território inimigo voando a baixa atitude entre cânions rochosos. Com o avião cheio de um carregamento de nitroglicerina, um poderoso explosivo, eles precisam chegar ao alvo sem serem abatidos, destruí-lo, para depois retornarem à base. A ideia central foi aproveitada por George Lucas na famosa sequência de ataque da estrela da morte. O elenco de apoio é muito bom com destaque para John Carroll que interpreta o piloto “Woody” Jason, um sujeito boa praça, paquerador, mas também um ás da aviação. Sua cena final ao lado do grande John Wayne é marcante. Assim “Esquadrilha Mortal” se qualifica como um dos melhores filmes de aviação de guerra daquela época. Direção firme (de David Miller), ótimas cenas de batalhas aéreas, bom roteiro e é claro, John Wayne em cena, o que já justifica uma boa sessão de cinema. Não deixe de conhecer. 

Esquadrilha Mortal / Tigres Voadores (Flying Tigers, Estados Unidos, 1942) Direção: David Miller / Roteiro: Kenneth Gamet, Barry Trivers / Elenco: John Wayne, John Carroll, Anna Lee, Paul Kelly, Gordon Jones / Sinopse: Esquadrilha de pilotos americanos na China defende a população civil indefesa dos ataques de bombardeios da força aérea japonesa nas vésperas da entrada dos Estados Unidos na II Guerra Mundial. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhores efeitos especiais, música e som.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Tempestade Sobre Washington

Quando esse filme "Tempestade Sobre Washington" chegou aos cinemas americanos, o presidente dos Estados Unidos era John Kennedy, um democrata que caiu nas graças do povo daquela nação. Havia um sentimento de renovação e esperança como há muitos anos não se via dentro da política. Ele era jovem, tinha fama de honesto e era considerado, já naquela época, um grande líder. Claro que muita coisa podre era escondida de seus eleitores. Havia, como sempre houve, um jogo sujo sendo traçado nos bastidores de Washington. O roteiro essa produção ia assim na contramão do que o público da época esperava. Ele mostrava justamente o lado sombrio da política, das negociações e das intenções nada constitucionais. Em plena euforia da era JFK, esse roteiro era como uma ducha de água fria nas pessoas mais entusiasmadas.

"Tempestade Sobre Washington" era um excelente drama que mostrava todo o jogo sujo que acontecia na capital dos Estados Unidos, nos bastidores de sua política. Cartas marcadas, pressões, extorsões, compras de consciências, chantagem, tudo o que rolava por debaixo do tapete para que o presidente americano pudesse nomear como Secretário do Estado um nome que escolheu, o astuto Robert Leffingwell (personagem brilhantemente interpretado pelo grande Henry Fonda). Acontece que no meio da sabatina promovida pelo senado se descobriu que o preferido do presidente tinha um passado obscuro, que o ligava inclusive a um movimento radical de esquerda! Imaginem o tamanho do problema dentro do senado quando se descobre que um supostamente comunista de carteirinha estava prestes a ser nomeado para um dos mais altos cargos do poder executivo! Poucas coisas poderiam ser mais explosivas do que isso dentro da capital dos Estados Unidos.

O elenco é fantástico. Charles Laughton como o Senador Seabright Cooley está particularmente inspirado. Que grande ator! Merecidamente foi premiado com o prêmio de melhor ator da Academia Britânica. Já Henry Fonda no papel de Robert A. Leffingwell é outro destaque. Um personagem muito dúbio, que ora surge como íntegro e honesto para logo depois se revelar mais sinistro do que se esperava. Pena que como o filme gravita em torno de sua nomeação, seu personagem não apareça muito, geralmente ficando na surdina. Mesmo assim quando Fonda surge em cena é aquele show de talento. Ele foi certamente um dos melhores atores da história de Hollywood. Sua interpretação ora surge de forma sutil, feita de nuances, ora com explosão de raiva e fúria. Um modo de ser bem dual, como convinha ao seu personagem. Toda a sua interpretação vai no sentido do público ficar sem saber no que realmente acreditar. Afinal ele é um homem de boas intenções ou um canalha? Por fim nada mais justo do que a Palma de Ouro em Cannes para premiar o grande diretor Otto Preminger, cineasta sério, inteligente, competente, avesso a sentimentalismos e sensacionalismos baratos. Aqui ele adota um tom perturbadoramente frio e calculista. Assim temos uma grande obra, um filme tecnicamente impecável que mostra as vísceras da democracia americana. Se você se interessa pelo sórdido mundo dos conchavos e acordos políticos, não pode perder esse ótimo “Tempestade Sobre Washington”.

Tempestade Sobre Washington (Advise & Consent, Estados Unidos, 1962) Direção: Otto Preminger / Roteiro: Wendell Mayes, baseado no livro de Allen Drury / Elenco: Henry Fonda, Charles Laughton, Franchot Tone, Lew Ayres / Sinopse: O filme mostra a luta de bastidores em Washington para a nomeação de um novo Secretário de Estado. Filme premiado com a Palma de Ouro em Cannes. Também indicado ao BAFTA Awards na categoria de melhor ator (Charles Laughton).

Pablo Aluísio. 

Talvez Seja Melhor Assim

Após sofrer um sério acidente de automóvel o ator Montgomery Clift entrou em um verdadeiro inferno astral. As dores constantes que sofria o fez se tornar dependente de drogas pesadas. Para piorar ainda mais o alcoolismo se agravou e Clift encontrou muitos problemas em seguir em frente na profissão. Após ficar quatro anos sem aparecer no cinema ele resolveu voltar, dessa vez para aquele que seria seu último filme na carreira, uma produção francesa e alemã que captou os últimos momentos desse grande ator no cinema. Os filmes de espionagem estavam na moda por causa do sucesso arrebatador da série James Bond então foi quase natural o aproveitamento de Clift, mesmo em ruínas, para estrelar essa tentativa um tanto mal sucedida de tentar repetir sob uma verniz mais séria o tema da espionagem durante a chamada guerra fria. Ele surge em cena muito magro e abatido, praticamente curvado, obviamente passando um aspecto bem doentio, o que poderá certamente chocar seus fãs, principalmente aqueles mais acostumados com seus primeiros filmes, onde interpretava galãs românticos ou trágicos.

Aqui em seu último papel Montgomery Clift interpreta o professor James Bower, um renomado físico que é recrutado pela CIA para ir até a Europa com o objetivo de ajudar na busca de um cientista russo que se tornou peça vital dentro do jogo de espionagem entre americanos e soviéticos. A trama se passa no auge da chamada guerra fria, bem na fronteira entre as duas Alemanhas, na região que foi apelidada pelo primeiro ministro inglês Winston Churchill de “Cortina de Ferro”. O enredo foi retirado do sucesso editorial “The Spy”, também conhecido como 'L'Espion', escrito pelo autor Paul Thomas. Clift, já com a saúde bastante abalada, passou por dificuldades para terminar o filme.

Muito abatido, sem energia, enfrentou seu último trabalho com muita dignidade mas também com muito sacrifício. Em determinado momento cogitou abandonar as filmagens por não aguentar mais se manter sóbrio, requisito necessário para cumprir o contrato que havia assinado. A crítica por sua vez não gostou muito do resultado. O fato da produção ser europeia, com ritmo devagar e características bem diferenciadas da indústria americana, fizeram com que a produção também fosse ignorada pelo público.  Clift não viveria muito após o lançamento do filme vindo a falecer em julho de 1966 em Nova Iorque. O cinema perdia assim um dos mais talentosos atores de sua história.

Talvez Seja Melhor Assim (L'espion, The Defector, Alemanha, França, 1966) Direção: Raoul Lévy / Roteiro: Robert Guenette, Raoul Lévy / Elenco: Montgomery Clift, Hardy Krüger, Roddy McDowall / Sinopse: Pacato professor de física é envolvido numa complexa rede de espionagem que tenciona levar para o ocidente um renomado cientista russo bem no auge da chamada guerra fria entre Estados Unidos e União Soviética.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Um Favor Muito Especial

Rock Hudson começou sua carreira na Universal realizando alguns filmes de western e de guerra, mas encontrou seu caminho mesmo ao estrelar vários dramas, em especial os dirigidos por Douglas Sirk, em que interpretava geralmente galãs românticos e idealistas. No final da década de 1950 Rock acabou encontrando outro filão para os seus filmes, a das comédias românticas. Depois do enorme sucesso de “Confidências à Meia Noite”, “Volta Meu Amor” e “Não Me Mande Flores”, todos ao lado da cantora e atriz Doris Day, Rock percebeu que havia ali um público sempre interessado em vê-lo nesse tipo de produção. Assim Rock começou a aparecer em uma sucessão de filmes que seguiam essa mesma fórmula. Aliás quantas vezes um ator pode repetir o mesmo papel em filmes diferentes? Bom, Rock Hudson provou que muitas vezes. Esse "Um Favor Muito Especial" é praticamente um remake de seu maior sucesso, "Confidências à Meia Noite". O argumento é basicamente o mesmo: Playboy mulherengo tenta conquistar uma mulher bem sucedida profissionalmente que não se importa em se casar ou ter filhos. Para isso ele finge ser uma outra pessoa para ganhar sua simpatia e confiança.

Aqui no caso Rock finge ser um paciente pois o seu alvo é uma psicóloga (interpretada pela fraca atriz Leslie Caron). O único diferencial desse para "Pillow Talk" é que aqui o romance conta com o incentivo do pai da senhorita, vivido pelo veterano ator francês Charles Boyer (sem muito o que fazer em cena). O filme não foi bem nas bilheterias, o que era relativamente fácil de se explicar pois no fundo era mais do mesmo, sendo que bem menos engraçado do que os filmes que Rock Hudson fez ao lado de Doris Day. O público provavelmente cansou de ver o mesmo filme - só que com outro título. Em decorrência Rock deixaria a Universal um ano depois do lançamento dessa produção, após seu contrato ter acabado e o estúdio não mostrar mais interesse em tê-lo sob exclusividade. Então é isso, "Um Favor Muito Especial" nada mais é do que um prato requentado só que com muito menos sabor. Não acrescentou nada na ótima filmografia de Rock Hudson.

Um Favor Muito Especial (A Very Special Favor, Estados Unidos, 1965) Direção: Michael Gordon / Roteiro: Stanley Shapiro, Nate Monaster / Elenco: Rock Hudson, Leslie Caron, Charles Boyer / Sinopse: Playboy se finge de paciente para conquistar uma psicóloga que não quer se casar e nem se envolver em um romance mais sério. Tudo realizado para atender a um favor especial do pai da senhorita que não deseja que ela se torne uma solteirona.

Pablo Aluísio.