quinta-feira, 9 de maio de 2019

Vingança a Sangue-Frio

Esse filme é um remake de uma produção sueca chamada "O Cidadão do Ano", que inclusive já comentei aqui no blog. Os americanos remodelaram um pouco seu roteiro, acrescentando inclusive coisas novas, mas a espinha dorsal da história segue sendo basicamente a mesma. O ator Liam Neeson interpreta um trabalhador comum, homem honesto, que ganha a vida limpando as rodovias da neve que cai na região. Um dia ele é informado de uma tragédia. Seu único filho é encontrado morto. A polícia diz que ele sofreu uma overdose de heroína, mas obviamente isso não condiz com a verdade. O velho pai sai para investigar sozinho e descobre que o filho na verdade foi morto por traficantes que o confundiram com outro rapaz de sua idade. Então basicamente o filme vira um conto de vingança, com o personagem de Liam Neeson fazendo justiça com as próprias mãos.

Seria apenas mais um filme com esse temática batida se o roteiro não optasse por também trazer pitadas de humor negro nas cenas. Após cada bandido morto surgem cruzes sinalizando a passagem do sujeito dessa para melhor. Só que as mortes simplesmente não param e tudo fica sadicamente engraçado! O filme original se passava em um lugar inóspito, no norte da Suécia, com muito gelo e nevascas. Mesmo a história sendo agora ambientada nos Estados Unidos o diretor Hans Petter Moland decidiu manter a mesma ambientação. Acertou em cheio já que o enredo pede mesmo por uma certa desolação, um certo sentimento de perda e desilusão e todo aquele deserto branco cai muito bem na forma como o protagonista passa a se comportar, se tornando exatamente isso, um assassino de sangue-frio, algo nada condizente com seu título recém conquistado de o cidadão do ano na pequena cidade nevada. Por fim uma dica para quem curte séries. No papel de uma policial surge a atriz  Emmy Rossum que interpreta a Fiona em "Shameless". Não deixa de ser um atrativo a mais para quem quiser conferir esse novo filme de ação estrelado pelo Liam Neeson.

Vingança a Sangue-Frio (Cold Pursuit, Estados Unidos, 2019) Direção: Hans Petter Moland / Roteiro: Frank Baldwin, Kim Fupz Aakeson, baseados no roteiro original do filme "O Cidadão do Ano" ('Kraftidioten', Suécia, 2014) / Elenco: Liam Neeson, Laura Dern, Micheál Richardson, Emmy Rossum, Tom Bateman / Sinopse: Após a morte de seu filho, o pai, homem honesto e trabalhador, decide descobrir por conta própria o que realmente aconteceu. Acaba descobrindo que o filho foi morto por engano por traficantes de drogas. Assim parte para sua vingança pessoal.

Pablo Aluísio.

A Máscara do Zorro

Título no Brasil: A Máscara do Zorro
Título Original: The Mask of Zorro
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: TriStar Pictures, Amblin Entertainment
Direção: Martin Campbell
Roteiro: Ted Elliott
Elenco: Antonio Banderas, Anthony Hopkins, Catherine Zeta-Jones
  
Sinopse:
Após passar décadas defendendo os injustiçados e oprimidos da Califórnia sob domínio espanhol no século XIX, o velho veterano Don Diego de la Vega (Anthony Hopkins) decide passar o seu legado de Zorro para um jovem chamado Alejandro Murrieta (Antonio Banderas), uma transição complicada já que embora seja um ótimo espadachim, sua personalidade é muito diferente da do Zorro original. Filme indicado aos Oscars de Melhor Som e Melhores Efeitos Especiais.

Comentários:
Apesar do bom elenco, da produção caprichada e do roteiro que muitas vezes valoriza o aspecto mais fanfarrão do personagem, jamais consegui gostar plenamente dessa nova franquia envolvendo o lendário Zorro. A ideia de revitalizar o espadachim mais famoso do cinema partiu de Steven Spielberg em pessoa. Durante muito tempo ele realmente teve a intenção de dirigir o filme, o que fez com que nomes importantes como Anthony Hopkins assinassem contrato para participar do filme. O projeto porém parecia nunca ir em frente, sendo sucessivamente adiado ao longo de três anos. Na última hora porém Spielberg desistiu da empreitada. Ele alegou que estava com a agenda cheia demais, envolvido com dois outros filmes e que por essa razão seria impossível dirigir um terceiro. Resolveu então escolher o diretor Martin Campbell para dirigir o filme. Depois de assistir o resultado final penso que Spielberg realmente caiu fora por causa do fraco argumento e do tom mais farsesco que esse roteiro abraça. Em poucas palavras ele não quis assinar esse projeto. Realmente há muitos problemas, alguns deles impossíveis de se ignorar. A começar pelo elenco. Definitivamente Antonio Banderas exagerou nas caras e bocas, estragando com isso o próprio personagem Zorro que em sua atuação acabou virando um bufão, um retrato desbotado dos grandes atores que deram vida ao Zorro no passado. Ele parece estar convencido que faz parte de uma comédia pastelão! No meio de tantas escolhas equivocadas apenas a presença de Hopkins, como o Don Diego de la Vega original, já envelhecido e aposentado, e a beleza de Catherine Zeta-Jones salvam o filme do desastre completo.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Homem-Aranha no Aranhaverso

A Sony e a Marvel até pensaram em fazer um filme convencional com esse roteiro. Porém pensando melhor acharam que seria mais seguro produzir uma animação. Os riscos seriam menores. Acabou dando certo. De fato achei esse roteiro bem anárquico e tenho sérias dúvidas se as crianças vão entender bem esses conceitos de universos e dimensões paralelas. O que podemos concluir é que pelas bilheterias alcançadas (algo em torno de 250 milhões de dólares) o projeto como um todo foi bem sucedido. Particularmente gostei do resultado. É uma animação bem produzida, com ótimas sacadas de humor em seu texto. Nunca se leva muito à sério e isso é um aspecto positivo. Como já escrevi há um certo anarquismo no enredo, misturando diversos personagens do Homem-Aranha, todos vivendo em universos paralelos que acabam se encontrando por causa de um evento físico feito por um criminoso.

E assim temos uma garota-aranha, um Homem-Aranha do passado, dublado por Nicolas Cage, que parece viver em um filme cult de cinema clássico, uma garotinha e seu robô-aranha, que parecem ter saídos de um anime japonês e até mesmo um bizarro Aranha-Porquinho que saiu diretamente de um cartoon. Até o Peter Parker não é o que estamos acostumados a encontrar, mas sim um homem mais velho, até com barriga, que tenta reconstruir as coisas que deram errado em sua vida! O personagem principal é um garotinho negro chamado Miles Morales. Ele mora em Nova Iorque, é filho de um policial e acaba sendo picado por uma aranha radioativa. Nada muito diferente das origens do Homem-Aranha tradicional que conhecemos. No fundo ele é um personagem criado pela Marvel para dar sequência em sua política de diversidade. É apenas mediano, mas até que cumpre seu objetivo de ser o fio condutor da narrativa. Enfim, no geral temos aqui uma boa animação, divertida e cheia de boas ideias. Não sei se a criançada vai pegar todas as referências, mas para um público mais adolescente a coisa toda vai funcionar muito bem.

Homem-Aranha no Aranhaverso (Spider-Man: Into the Spider-Verse, Estados Unidos, 2018) Direção: Bob Persichetti, Peter Ramsey / Roteiro: Phil Lord, Rodney Rothman / Elenco: Shameik Moore, Jake Johnson, Hailee Steinfeld, Lily Tomlin, Nicolas Cage, Chris Pine / Sinopse: Um garotinho negro de Nova Iorque é picado por uma aranha radioativa e começa a desenvolver todos os poderes do Homem-Aranha original. Filme premiado pelo Oscar na categoria de Melhor Animação.

Pablo Aluísio.

Maligno

Esse filme de terror e suspense foi lançado recentemente nos cinemas brasileiros, mas em poucas salas. O enredo vai parecer um pouco familiar para quem gosta do gênero, principalmente para os fãs de "A Profecia" e até mesmo de "O Brinquedo Assassino". Aqui temos o personagem do garotinho Miles (Jackson Robert Scott). A não ser por sua inteligência, que parece acima da média, ele parece ser um menino normal, como todos os outros de sua idade. Até que um dia ele começa a apresentar um comportamento sádico. Ele mata o cão da casa e depois é pego pela mãe sussurrando palavras de ódio em húngaro! O que estaria por trás desse seu estranho comportamento?

O roteiro revela tudo logo na primeira metade do filme, mas mesmo assim consegue manter o interesse do espectador. A figura de um menino que na verdade tem interesses maquiavélicos não é necessariamente uma novidade no cinema. A vingança por algo acontecido em vidas passadas também não. A originalidade vem da boa direção de Nicholas McCarthy, que conseguiu realizar um bom filme de terror mesmo com elementos já batidos, já bem velhos. Os personagens da mãe, do pai e do garotinho são bem desenvolvidos, fazendo com que o público entre na rotina deles, passe a se importar com a família. Mesmo quando surgem cenas mais fortes, diria sensacionalistas, ainda assim o roteiro consegue se segurar em um bom patamar de qualidade. Não há sustos gratuitos e nem apelações desnecessárias. No quadro geral gostei do resultado final. Obviamente os produtores deixaram uma porta aberta no final, para quem sabe dar continuidade a uma sequência, mas se isso não acontecer não fará grande diferença. O filme vale por si mesmo e pela interessante história que conta.

Maligno (The Prodigy, Estados Unidos, 2019) Direção: Nicholas McCarthy / Roteiro: Jeff Buhler / Elenco: Taylor Schilling, Jackson Robert Scott, Peter Mooney / Sinopse: Garoto aparentemente normal passa a desenvolver um estranho comportamento, supostamente relacionado a personalidade de um serial killer morto pela polícia no mesmo ano em que ele nasceu.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 7 de maio de 2019

Rambo - Programado Para Matar

"Rambo - Programado Para Matar" ou "Rambo I", como acabou ficando conhecido, foi provavelmente o segundo filme mais importante da carreira de Sylvester Stallone. Não que fosse tão bem escrito como Rocky, mas seu sucesso popular e o fato de ter sido um ícone dos filmes de guerra dos anos 80 o colocam em um patamar impossível de ignorar.  Agora, o mais curioso de tudo é que esse filme não foi assim um estrondo espetacular em seu lançamento original. Claro, fez sucesso, mas não foi um marco absoluto. Apenas com a chegada de "Rambo II" nas telas é que o primeiro filme acabou sendo relançado nos cinemas, criando assim uma excelente bilheteria. O fato é que o filme também não pode ser encarado como pura ação. Há um subtexto importante em seu roteiro. A história mostra bem o preconceito que muitos veteranos do Vietnã enfrentaram quando voltaram para casa. Eles foram considerados derrotados, vagabundos, homens que decepcionaram sua pátria e o escudo de invencibilidade que cercava os militares americanos na época. Isso pegou muito mal dentro dos setores mais conservadores do país. De repente esses veteranos se tornaram párias!

O John Rambo interpretado por Stallone é assim um homem que não tem para aonde ir. Ele foi forjado na guerra e na vida civil se torna alguém sem valor ou utilidade. Quando chega numa cidadezinha passa logo a ser hostilizado pelo boçal chefe de polícia. Ele "não quer problemas" e por isso resolve dar um "corretivo" em Rambo. Ora, péssima ideia. Com seu treinamento ponta de linha o sujeito acaba se tornando uma máquina de combate, colocando a cidade sob seus pés. Nos filmes seguintes Rambo iria se tornar cada vez mais poderoso, um "exército de um homem só" imbatível. Ora, é bem isso mesmo que o cinema dos anos 80 estava esperando. Acabou virando um filão de ouro do cinema americano naquela década.

Rambo - Programado Para Matar (First Blood, Estados Unidos, 1982) Estúdio: Carolco Pictures / Direção: Ted Kotchef / Roteiro: Sylvester Stallone, Michael Kozoll, William Sackheim / Elenco: Sylvester Stallone, Richard Crenna, Brian Dennehy, David Caruso, Bill McKinney, Jack Starrett ; Sinopse: John Rambo (Stallone) é um veterano que volta para os Estados Unidos após o fim da guerra, mas só encontra violência e desrespeito por seu passado.

Pablo Aluísio.

Mad Max 2: A Caçada Continua

Então você gosta de filmes que se passam em um mundo pós-apocalíptico? Ora, então tem que necessariamente conhecer os filmes que deram origem a isso tudo. São os filmes do Louco Max, ou como conhecemos aqui no Brasil, Mad Max. São filmes violentos, pesados e com enredos simples. Cativaram o público por causa da originalidade de mostrar um mundo devastado, primitivo e novamente selvagem, mostrando o lado mais sórdido do ser humano, onde ele se torna capaz de tudo, matar, roubar, apenas para colocar as mãos em alguns litros de gasolina (afinal o que seria mais importante em um mundo destruído como aquele?)

Esse segundo filme da série é bem mais produzido do que o primeiro (que hoje em dia se parece mais com um filme amador!). Aqui há mais cuidados com figurinos, máquinas possantes (e mortais), além de maquiagem, efeitos especiais, etc. Claro, passados tantos anos algumas coisas ficaram datadas. O vilão, por exemplo, parece uma versão do Jason de "Sexta-feita 13", mas faça como os carros envenenados do mundo de Max e passe por cima desse tipo de coisa. Curta o filme não apenas pela ação desenfreada, como também por sua importância histórica. Afinal esses filmes que ainda hoje são lançados, com o mundo em ruínas, nada mais são do que novas versões para as boas e velhas aventuras violentas de Mad Max.

Mad Max 2 - A Caçada Continua (Mad Max 2, Austrália / EUA, 1982) Direção: George Miller / Roteiro: George Miller, Terry Hayes / Elenco: Mel Gibson, Vernon Wells, Bruce Spence, Michael Preston, Max Phipps / Sinopse: Mad Max (Mel Gibson) se vê envolvido numa luta pela sobrevivência em um deserto hostil pós apocalipse, onde todos lutam para colocar as mãos em uma refinaria isolada e perdida no meio do nada absoluto. Filme vencedor do prêmio da Australian Film Institute na categoria de Melhor Direção.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de maio de 2019

O Despertar de Um Assassino

É baseado em uma ótima graphic novel que por sua vez foi escrito através das recordações de um amigo de Jeff Dahmer. Quem foi ele? Um dos mais infames psicopatas dos Estados Unidos, um homem capaz de atos de pura selvageria alucinada, ao ponto inclusive de praticar canibalismo com restos mortais de suas vítimas. Seus crimes horrendos porém não estão no filme. O que encontramos aqui são flashs de sua adolescência, nos anos 70. Ele se parece com qualquer outro estudante de sua escola, um pouco diferente em pequenos aspectos que também por si só não explicariam o assassino cruel que se tornou. É apenas um jovem tentando ganhar aceitação entre colegas de sua idade. Nada diferente de outros jovens como ele.

No meio disso porém já começam a aparecer certos sintomas de sua psicopatia que iria lhe dominar dentro de alguns anos. A obsessão em recolher animais mortos, por exemplo, já era um claro sinal de que alguma coisa não ia bem em sua mente. Seu comportamento um pouco errático, que iria se agravar nos anos seguintes, também deixam pistas. Há uma cena, já no final, quando o próprio amigo de Dahmer percebe que há algo errado no ar, que mostra bem isso. Ele dá uma desculpa qualquer para se afastar dele, ou seja, seu sexto sentido indicou que ele estava de alguma forma em perigo. Escapou de se tornar uma de suas primeiras vítimas. Enfim, assista ao filme pelo que ele revela nas entrelinhas. Afinal um serial killer não nasce da noite para o dia. É, ao contrário disso, um longo processo que vai se criando com o passar dos anos. O começo da loucura assassina de Dahmer está aqui! É um filme assustador por contar uma história que realmente aconteceu.

O Despertar de Um Assassino (My Friend Dahmer, Estados Unidos, 2017) Direção: Marc Meyers / Roteiro: Marc Meyers, John Backderf / Elenco: Ross Lynch, Alex Wolff, Anne Heche  / Sinopse: O filme conta a adolescência do assassino serial Jeff Dahmer. Sua história antes dos terríveis crimes que iria cometer em sua fase adulta.

Pablo Aluísio.

I Am the Night

Terminei de assistir a essa minissérie. Ela é baseada nas memórias de Fauna Hodel, neta de George Hodel, o principal suspeito da morte de Elizabeth Short, no caso da Dália Negra. Ela era uma atriz que também fazia programas com homens mais velhos em Los Angeles. Seu corpo foi encontrado brutalmente mutilado em uma das ruas da cidade. O Dr. George Hodel era conhecido por sua clínica de abortos clandestinos, onde atendia figurões de Hollywood. Um homem rico e obcecado pelo mundo das artes, ele parecia sofrer de sérios transtornos psiquiátricos, entre eles uma insuspeita psicopatia. Embora nunca tenha sido condenado pelo assassinato, tudo leva a crer que ele foi mesmo o autor do horrível crime, uma vez que a forma como o corpo de Short foi colocado no chão, serrado ao meio, sugeria um quadro de arte surrealista. Algo completamente bizarro!

A série porém não entra diretamente nos eventos do famoso crime e sim na figura de Fauna, uma mocinha criada por uma mãe adotiva negra que passa a procurar por seus pais verdadeiros. Acaba indo parar no covil de George Hodel, que era seu avô. A partir de certo ponto ela se une ao repórter investigativo Jay Singletary (Chris Pine). Eu gostei dos episódios, achei todos bem produzidos, porém devo antecipar que quem for atraído pelo famoso caso da Dália Negra vai ficar um pouco decepcionado. Acontece que aquele crime nada mais é do que um ponto secundário na trama, um evento apenas mencionado algumas vezes. No geral o que temos é Pike apanhando em todos os episódios (seja de bandidos, seja da polícia) e a estranha e conturbada vida familiar de Fauna. Nada mais. Não me arrependo em ter assistido a todos os episódios, achei tudo de bom gosto, porém ainda falta uma série bem focada em Elizabeth Short, quem sabe contando um pouco de sua vida antes do horrível crime de que foi vítima. Também seria muito interessante uma série assim.

I Am the Night (Estados Unidos, 2019) Direção: Carl Franklin, Patty Jenkins, Victoria Mahoney / Roteiro: Sam Sheridan, Monica Beletsky / Elenco: Chris Pine, India Eisley, Jefferson Mays, Connie Nielsen / Sinopse: Minissérie baseada nas memórias de Fauna Hodel, neta do Dr. George Hodel, principal acusado de ter assassinado a jovem atriz Dália Negra em Los Angeles, na década de 1940.

Pablo Aluísio.

domingo, 5 de maio de 2019

Vingadores: Ultimato

Esse filme chegou mais cedo do que eu esperava. Pensei que ainda iria demorar uns dois anos para chegar nas telas. Pelo visto a Marvel tem pressa mesmo, lançando seus filmes em ritmo industrial. De qualquer forma deu certo. A produção já acumulou mais de 2.5 bilhões de dólares nas bilheterias. É o maior sucesso do ano, lutando agora para passar "Avatar" que está ainda na sua frente na lista das maiores bilheterias dos últimos anos. Resta esperar para ver o que vai acontecer nas próximas semanas. Bom, deixando esse aspecto comercial de lado o que mais me intrigava era saber como os roteiristas iriam desfazer o nó do filme anterior, onde muitos personagens importantes tinham virado pó, isso literalmente falando. Confesso que não achei grande coisa a solução encontrada. O roteiro parte para o bom e velho argumento da volta no tempo. A coisa fica tão evidente que os próprios roteiristas colocaram duas piadinhas com "De Volta Para o Futuro", já sabendo de antemão que iriam fazer uma ligação com esse famoso filme dos anos 80. A lógica é muito parecida realmente, apesar do papo furado da física quântica, algo que também já está virando uma muleta narrativa recorrente em roteiros mais recentes.

Assim o resultado, ao meu ver, ficou um pouco prejudicado, pois a viagem no tempo não deixa de ser algo bem manjando no universo pop. A despeito disso porém não posso deixar de admitir que em suas quase 3 horas de duração o filme diverte e funciona muito bem como aquilo que sempre foi, uma mera transposição bem realizada do universo dos quadrinhos para o cinema. Os elementos são bem trabalhados, encaixados na trama. Pode ser que se você perdeu algum filme da Marvel nesses últimos anos venha a se perder com tantas idas e vindas no tempo. Porém isso é o de menos. A estrutura narrativa funciona bem, tem bom ritmo e desenvolvimento.

Não é a maior maravilha cinematográfica do mundo como querem fazer crer alguns fãs de quadrinhos, mas funciona perfeitamente bem. É um produto pop de qualidade. Agora, temos que admitir também que um velho problema se repete aqui. Desde sempre qualquer filme com muitos personagens e muitos atores em cena acaba criando um subaproveitamento deles - tantos dos atores como dos heróis. Isso se repete nesse filme. É tanto super-herói em cena que poucos são desenvolvidos com cuidado. Fica aquela sensação de que muitos são apenas coadjuvantes de luxo. Mesmo assim repito que o filme agrada e diverte. Nesse mundo de tantos heróis da Marvel já está de bom tamanho.

Vingadores: Ultimato (Avengers: Endgame, Estados Unidos, 2019) Direção: Anthony Russo, Joe Russo / Roteiro:  Christopher Markus, Stephen McFeely / Elenco: Robert Downey Jr., Chris Evans, Josh Brolin, Mark Ruffalo, Chris Hemsworth, Scarlett Johansson, Jeremy Renner, Gwyneth Paltrow, Don Cheadle, Paul Rudd, Benedict Cumberbatch, Brie Larson, Tom Holland, Chris Pratt, Michael Douglas, Robert Redford, Samuel L. Jackson / Sinopse: Para desfazer o mal causado pelo vilão Thanos, os vingadores decidem voltar no tempo para impedir que ele consiga as Joias do infinito que lhe dará um poder supremo sobre todo o universo.

Pablo Aluísio.

Cemitério Maldito

Eu tive o privilégio de assistir no cinema ao primeiro filme baseado nesse livro de Stephen King. Ao contrário do que muitos disseram na época, eu gostei do resultado final. Agora temos esse novo remake. Para os fãs de King é importante salientar que o roteiro toma várias liberdades ao livro que lhe deu origem. Nenhuma dessas mudanças atrapalha o filme em nada. São bem pontuais e em minha opinião bem colocadas. O mais radical foi mesmo a mudança do final, que é bem diferente, um tanto pessimista e sinistro, nada condizente com o que foi pensado por Stephen King nas páginas de seu livro de terror. Mesmo essa mudança achei adequada. Muita gente não vai gostar, mas fugindo do que é convencional, do clichê "final feliz", temos aqui uma novidade que já vale o ingresso do cinema.

No mais, temos mais fidelidade ao livro de King. A premissa básica segue a mesma. Uma família (pai, mãe e dois filhos) decide se mudar para uma cidadezinha do Maine em busca de uma qualidade de vida melhor. A nova casa fica dentro de um vasto bosque. Nele há, quase no quintal da casa, um cemitério de animais. Acima desse lugar não muito bem-vindo, há ainda uma região pouco visitada, dita como maldita desde os tempos em que nativos passaram por lá. É nesse campo que as melhores cenas do filme vão se desenvolver. Quando o gatinho da família é atropelado na rodovia o vizinho leva o animal para esse lugar. E eis que após passar uma noite por lá ele retorna. Agora imaginem quando a garotinha, que o pai tanto ama, também morre atropelada! Como diz o cartaz do filme "Muitas vezes estar morto é melhor".

Por falar em garotinha, aqui temos outra mudança que vai ser sentida pelos leitores do livro de Stephen King. Aqui a menina é que é morta na estrada, não seu irmãozinho mais jovem. Solução mais adequada para o mundo de hoje. A pequena atriz Jeté Laurence trabalha muito bem e convence na tela. Eu pessoalmente achei uma opção muito melhor. No filme dos anos 80 os roteiristas seguiram mais de perto ao livro, porém o resultado cinematográfico ficou pior. Aliás devo dizer que esse filme é muito melhor do que o primeiro, o original. O roteiro tem mais elementos, que são bem mais trabalhados pelo texto. Até mesmo detalhes, como a procissão dos meninos levando um animal morto, acrescentam muito ao resultado final. A dupla de diretores está de parabéns. Some isso tudo ao fato de termos um gênio da literatura como fonte primária do filme e você terá uma ótima diversão do gênero. Assista sem receios, vai valer bastante a pena.

Cemitério Maldito (Pet Sematary, Estados Unidos, 2019) Direção: Kevin Kölsch, Dennis Widmyer / Roteiro: Matt Greenberg, baseado no livro de Stephen King / Elenco: Jason Clarke, Jeté Laurence, Amy Seimetz, John Lithgow / Sinopse: Após a morte da filha numa rodovia, um pai desesperado decide trazê-la de volta à vida. Isso se dará levando a garotinha até um lugar maldito, localizado além do cemitério de animais. Uma região amaldiçoada, que trará violência e desespero para toda a família.

Pablo Aluísio.