terça-feira, 12 de dezembro de 2017
Emboscada Heróica
Esse personagem histórico de fato existiu. Ele ajudou o exército confederado em diversas ocasiões, inclusive em operações militares importantes, porém não era considerado oficialmente um membro dos exércitos do sul. O General Lee, comandante supremo dos confederados, por exemplo, considerava ele um bandido e um quadrilheiro, tamanha era a brutalidade que ele espalhava por onde passava. Lee estava certo. Quantrill formou um bando composto basicamente por assassinos e ladrões, a tal ponto que os irmãos James (incluindo o infame Jesse James) fez parte por longo período de seu bando. A lógica de Quantrill era saquear e roubar as populações civis indefesas de pequenas cidades que dessem apoio aos exércitos da União durante a Guerra Civil Americana. Ele espalhava terror e cometia crimes de guerra sem ressentimento. Essa brutalidade acabou trazendo ao grupo a denominação de "gorilas" por causa da extrema violência que praticavam. Tudo isso porém é posto um tanto de lado nesse filme pois como eu escrevi não era a intenção do filme em ir fundo nessa questão histórica. Assim o que acaba sobrando de tudo isso é uma fita rápida, movimentada e com boas cenas de ação. Nada muito além desse limite, que diga-se de passagem era justamente o que pretendia os produtores do filme. Vale pela diversão.
Emboscada Heróica (Quantrill's Raiders, Estados Unidos, 1958) Direção: Edward Bernds / Roteiro: Polly James / Elenco: Steve Cochran, Diane Brewster, Leo Gordon / Sinopse: Um capitão do exército confederado se faz passar por vendedor de cavalos para as tropas da União enquanto conspira com o famoso bandoleiro Quantrill para destruir um importante depósito de armas do exército ianque. Roteiro parcialmente baseado em fatos reais.
Pablo Aluísio.
Shalako
Título no Brasil: Shalako
Título Original: Shalako
Ano de Produção: 1968
País: Inglaterra, Alemanha
Estúdio: Palomar Pictures International
Direção: Edward Dmytryk
Roteiro: James Griffith, baseado no livro de Louis L'Amour
Elenco: Sean Connery, Brigitte Bardot, Stephen Boyd
Sinopse:
Um grupo de nobres europeus resolve fazer uma viagem pelo velho oeste, uma espécie de sáfari na América. A intenção é conhecer aquela região selvagem para caçar animais exóticos como leões da montanha e carneiros de chifres. Durante a jornada acabam entrando inadvertidamente em uma reserva Apache. Os brancos não são bem-vindos naquele lugar desde que os nativos firmaram um tratado com o exército americano e por essa razão começam a ser caçados pelos guerreiros da tribo. Apenas o ex-coronel do exército Carlin "Shalako" (Sean Connery) poderá salva a vida daqueles viajantes. Com vasta experiência de sobrevivência no deserto adquirida por anos de serviço militar ele tentará salvar todas aquelas pessoas da morte certa.
Comentários:
Embora Sean Connery tenha atuado em mais de 90 filmes ao longo de sua carreira ele praticamente não trabalhou em faroestes. Uma exceção foi esse "Shalako", uma produção européia com jeitão de filme americano que tentou lançar a atriz Brigite Bardot dentro daquele mercado cinematográfico. A atriz que era um ícone de beleza e fama na época não levava jeito com a língua inglesa e por essa razão estava confinada e interpretar estrangeiras de passagem pela América. É o caso dessa sua personagem nesse filme. Ela é uma condessa em busca de um bom casamento. Para isso acaba participando da expedição patrocinada por um rico barão inglês. Todos vão para o oeste americano em busca de aventuras e diversão, mas tudo o que encontram pela frente são nativos selvagens e hostis. No meio do deserto começam a ser literalmente caçados por Apaches. Apenas a ajuda de um ex-militar veterano que vive de caçar búfalos chamado Shalako poderá garantir que não sejam mortos. Sean Connery dá vida ao protagonista, um sujeito que se veste como Daniel Boone que tenta sobreviver naquelas terras áridas. Embora se chame Moses Carlin ele acaba adotando o nome que os Índios lhe deram: Shalako! Como todo nome índigena esse também tinha um significado, "Aquele que traz chuvas", já que sempre que entrava nas reservas apaches havia sinais de chuva por vir. Como era de esperar com Connery e Bardot em um mesmo filme os roteiristas logo trataram de criar um improvável romance entre eles.
O curioso é que Connery já estava passando da idade de posar de galã romântico e mesmo não estando muito à vontade nessa função até que acabou não se saindo muito mal. Bardot continuava linda, porém já com os primeiros sinais da idade chegando (embora estivesse apenas com 35 anos na época!). O roteiro do filme é até bem tradicional, sem maiores novidades. Basicamente é um jogo de vida ou morte no meio do deserto entre Apaches e os turistas europeus. Há também um bando de bandidos que roubam esses estrangeiros e também entram no meio desse jogo de gato e rato. Em praticamente três atos o filme tem uma conclusão muito boa, nas montanhas, quando Connery resolve levar os viajantes para o topo de platô no meio do deserto em busca de água. Além da escalada (o que já garante ótimas cenas de ação) há ainda um duelo de lanças entre Connery e um Apache no alto da colina (sem dúvida uma boa cena de luta, bem coreografada e executada). Tudo garantindo aquele clima de diversão e aventura bem típico dos filmes da época. A lamentar apenas o fato de que esse seria o último faroeste de Sean Connery que ao que tudo indica não gostou muito da experiência de filmar em um deserto como aquele (que apesar de parecer ser o deserto da Califórnia era na verdade a região de Andalucía, na Espanha, onde vários westerns spaghettis foram filmados).
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 11 de dezembro de 2017
Bandoleiros do Arizona
O problema é que o antigo bando de Quantrill volta a se reunir, agora sob liderança do bandoleiro Montana (George Keymas). Para destruir de uma vez por todas com a ameaça um grupo de homens da lei chamado Arizona Raiders resolve ir atrás dos criminosos, mas dessa vez com antigos membros da velha quadrilha de Quantrill, entre eles o próprio Clint. Esse é basicamente o trama central desse bom faroeste B estrelado pelo ator Audie Murphy. A produção é modesta, mas bem realizada. Há um uso muito interessante de cenários naturais dos desertos próximos a Cortaro no Arizona, com antigas ruínas espanholas de cidades que estavam abandonadas quando o filme foi feito. O interessante é que esse acabou sendo um dos últimos filmes da carreira de Murphy (ele só trabalharia em mais cinco produções depois dessa). O ator tinha vários traumas de guerra e problemas psicológicos que contribuíram para o fim prematuro de sua vida com apenas 46 anos de idade. Para seus fãs (e no Brasil existe uma boa quantidade deles) fica a dica desse bom western onde tudo parece se encaixar muito bem.
Bandoleiros do Arizona (Arizona Raider, EUA, 1965) Direção: William Witney / Roteiro: Alex Gottlieb, Mary Willingham / Elenco: Audie Murphy, Michael Dante, Ben Cooper, George Keymas / Sinopse: Clint (Murphy) é um ex-bandoleiro renegado da quadrilha de William Quantrill que é recrutado pelos homens da lei do grupo Arizona Raiders para caçar no meio do deserto antigos membros da quadrilha que fez parte no passado.
Pablo Aluísio.
Uma Nação em Marcha
Título no Brasil: Uma Nação em Marcha
Título Original: Wells Fargo
Ano de Produção: 1937
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Frank Lloyd
Roteiro: Paul Schofield, Gerald Geraghty
Elenco: Joel McCrea, Bob Burns, Frances Dee
Sinopse:
Ramsay MacKay (Joel McCrea) é um empregado da empresa Wells Fargo Express cuja principal atividade econômica é levar correspondência e cargas entre as duas costas americanas. Seu trabalho não é tão fácil como parece pois ele precisa vencer longas distâncias, viagens e jornadas penosas, tudo para entregar as encomendas na hora certa, no momento exato. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Som (baseado no sistema sonoro inovador da época, chamado de Paramount SSD).
Comentários:
Faroeste muito antigo que conta uma história que sinceramente falando será pouco atrativo para os dias atuais. O personagem principal interpretado pelo ator Joel McCrea é basicamente um empregado de uma empresa privada que fatura levando encomendas e correspondências entre as costas leste e oeste dos Estados Unidos. Então o McCrea basicamente interpreta um carteiro? Tirando as devidas proporções é justamente isso. Hoje em dia enviar uma mensagem é a coisa mais banal do mundo, está a distância de um click no computador, mas no século XIX era praticamente uma aventura pois as cartas físicas tinham que atravessar grandes distâncias, geralmente passando por regiões hostis. O roteiro porém não se leva completamente à sério, longe disso, há todo um clima bem humorado que vai de ponta a ponta do filme.
Para suavizar ainda mais Joel McCrea se apaixona por uma donzela, se declarando em galanteios românticos (nem todos muito convincentes). Como ainda era jovem (e tinha uma belo penteado, ou seja, bem antes de ficar careca) até que consegue convencer um pouquinho como galã sentimental, mas no geral nada é muito bem desenvolvido. O filme só se destaca mesmo por alguns aspectos da produção como uma bem detalhada réplica da San Francisco daqueles tempos, um vilarejo ainda, antes da chegada de milhares de imigrantes que iriam mudar a imagem da cidade, a transformando numa das metrópoles mais desenvolvidas da América. Outro fato que ajuda a manter o interesse é o fato de que o enredo explora praticamente toda a vida do protagonista, desde os primeiros tempos até sua velhice. Nesse meio termo explode a guerra civil, ele se casa e depois se separa da esposa (ela supostamente estaria apoiando os sulistas por causa da morte do próprio irmão no campo de batalha) tudo caminhando para o final quando ocorre a grande redenção entre eles. Poderia ser bem melhor, porém os roteiristas só estavam dispostos a ir até um certo limite. Mesmo assim, sendo menos do que poderia ser, ainda é um western que vale a pena ser ao menos conhecido.
Pablo Aluísio.
domingo, 10 de dezembro de 2017
Bone Tomahawk
Não há nada de errado nisso. Apenas podemos lamentar ele não ter realizado mais incursões no velho oeste. Dito isso temos que dar os devidos créditos para essa nova produção. Ela foi escrita e dirigida por S. Craig Zahler, um novato, que apenas agora assina sua primeira direção. Mais ligado ao cinema independente ele foi de tudo um pouco, desde roteirista até diretor de fotografia de alguns filmes menores. Aqui ele pretendeu em parte realizar um filme ao velho estilo, mas que fosse também atraente para o público mais jovem. A receita que encontrou para unir essas duas coisas foi escrever um enredo que embora fosse um western tradicional, também explorasse elementos de filmes de terror.
O resultado é bom. Há uma tensão constante, muita aridez (inclusive em termos técnicos com quase completa ausência de trilha sonora incidental, por exemplo), além de uma trama que me remeteu imediatamente a velhos clássicos com o mito John Wayne. Todo filme de western que explore a jornada de busca de um grupo de homens em salvar inocentes raptados me faz lembrar de produções como "Rastros de Ódio". Claro que digo isso levando em conta todas as devidas proporções, afinal de contas não é qualquer obra cinematográfica que pode sequer ser comparado a essa obra prima imortal. As semelhanças se restringem a parte do enredo e não ao filme em si, como um todo. Outro destaque que faz valer a pena assitir ao filme vem do elenco.
Além de Kurt Russell temos o retorno de outra estrela dos anos 80. Poucos vão perceber sua presença, mas lá no meio dos atores surge discretamente a atriz Sean Young vivendo a personagem Mrs. Porter. Sean Young foi uma das atrizes mais badaladas da década de 80. Ela trabalhou em clássicos daquela era como "Wall Street - Poder e Cobiça", "Duna", "Sem Saída" e principalmente "Blade Runner, o Caçador de Androides" onde interpretou a icônica Rachael. Sua imagem assustadora e sensual ao mesmo tempo ficou na mente dos fãs de cinema daquela época. Sua carreira entrou em decadência por causa de problemas sérios de saúde que enfrentou por longos anos. Sua presença no elenco foi uma sugestão do próprio Kurt Russell que resolveu lhe ajudar nesse retorno. Em suma, não deixe de conferir. Um western moderno, dos dias atuais, com um sabor nostálgico de um passado glorioso e distante.
Pablo Aluísio.
Domador de Motins
Depois de muito rodar ele acaba parando em sua terra natal, a pequena Fort Worth, no mesmo Texas que um dia deixou para tentar o começo de uma nova vida. Seu retorno acaba também trazendo problemas. Sua antiga namorada (e amor de sua vida) está para casar com o seu melhor amigo. Para piorar tudo, a presença de alguém disposto a publicar um jornal na cidade logo desperta ódios, principalmente dos bandidos e malfeitores da região. A liberdade de imprensa já existia nos Estados Unidos naqueles tempos pioneiros, porém não eram poucos os jornalistas que acabavam sendo mortos por aquilo que escreviam. Afinal de contas o oeste ainda era selvagem.
O interessante é que o personagem de Scott evita a todo custo em voltar a usar as armas. Ele acredita sinceramente que o poder das palavras é mais forte e imponente do que o poder das armas de fogo. Sua relutância em voltar ao velho estilo - de acertar todas as rivalidades com um cano fumegante - logo o deixa vulnerável contra os facínoras de Fort Worth. Ele só muda de ideia mesmo quando seu sócio é morto covardemente na própria sede do jornal Fort Worth Star que dirige. A partir daí não sobra outra alternativa. O velho e bom Randolph Scott então resolve acertar as contas ao velho estilo, em duelos face a face (algo que certamente fez a festa dos fãs do ator na época).
Embora seja um western bem na média do que Scott era acostumado a estrelar - ou seja, uma fita B, mas com muito bom gosto e com todos os elementos necessários presentes - o que mais me chamou a atenção nesse filme foi o bom roteiro, com inúmeras reviravoltas envolvendo todos os personagens. Ora Scott pensa contar com seu velho amigo, ora descobre que está entrando em uma verdadeira cilada, com traição à vista. E para não faltar nada mesmo, o filme ainda traz ótimas sequências de ação, como a corrida em direção a uma locomotiva em chamas e uma grande sequência de acerto de contas de Scott com todos os vilões do filme. Em suma, um faroeste para fã do gênero nenhum colocar defeito. Scott era realmente muito eficiente nesse tipo de produção. Bons tempos aqueles.
Domador de Motins (Fort Worth, EUA, 1951) Direção: Edwin L. Marin / Roteiro: John Twist / Elenco: Randolph Scott, David Brian, Phyllis Thaxter / Sinopse: Após viajar numa caravana em que um garotinho morre esmagado depois do estouro incontrolável de uma manada, o cowboy e jornalista Ned Britt (Scott) decide voltar para sua terra natal, Fort Worth. Lá reencontra o grande amor de seu passado e seu antigo melhor amigo, Blair Lunsford (David Brian), um homem que se tornou extremamente rico, com ambições políticas. O problema é que ele parece ter enriquecido através de métodos ilegais e ilícitos. Será que a amizade entre Ned e Blair sobreviverá agora que tudo parece ter mudado na velha cidade?
Pablo Aluísio.
sábado, 9 de dezembro de 2017
Os Cowboys
Ontem aproveitei o fim de noite para rever o faroeste "Os Cowboys". O western foi estrelado pelo maior mito americano do gênero, o imortal John Wayne. Em uma carreira longa e produtiva o veterano ator incorporou como poucos o símbolo do pioneiro americano rumo a um velho oeste selvagem, perigoso e violento. Nesse filme em particular temos uma variação bem interessante de seu tipo habitual. Ao invés de ser um membro da cavalaria enfrentando tribos de nativos hostis, o ator interpretou um velho rancheiro que precisa levar seu gado até a Califórnia. Sem homens para contratar (pois estão todos nas montanhas na chamada busca ao ouro) ele não vê outra alternativa a não ser contratar um bando de guris, garotos de escola mesmo, para lhe ajudar a tocar a boiada durante a viagem, atravessando as longas planícies áridas do oeste americano. O roteiro, baseado na novela escrita por William Dale Jennings, parte justamente dessa premissa para construir todo o enredo do filme. De um lado temos um velho cowboy, veterano da guerra civil, já calejado pelos anos, com muita experiência de vida. Do outro um bando de meninos que acabam se espelhando nele para crescer, se tornando enfim homens de verdade.
Curioso é que se fosse lançado hoje em dia "Os Cowboys" poderia muito bem criar problemas com o politicamente correto que impera nos dias atuais. Afinal de contas o personagem de John Wayne recruta todos aqueles garotos para um trabalho duro, arriscado. Hoje algo assim seria visto com reservas certamente. No caminho os meninos tomam conhecimento de aspectos da vida adulta como bebidas (imagine a confusão que isso iria dar) e até mulheres de vida fácil!!! Numa das cenas mais interessantes dois dos adolescentes encontram uma carruagem cheia de mulheres, coristas que vão se apresentar nos saloons do velho oeste. Elas se apresentam praticamente despidas, pois estão tomando banho em um rio da região. Claro que pela pouca idade eles até se assustam com a desenvoltura das moças que acabam achando eles tão bonitinhos, montados em seus cavalos, até parecendo cowboys de verdade! Tal cena certamente iria chocar para os padrões conservadores dos dias atuais. Conheço pessoas que ficariam escandalizadas com algo desse tipo!
O roteiro porém não se limita a isso. Há a questão racial também. O cozinheiro do grupo é Jebediah Nightlinger (Roscoe Lee Browne), um senhor negro, que chegou a também lutar na guerra civil e que agora ganha a vida cozinhando em caravanas. Os meninos que agora trabalham para o personagem de Wayne jamais tinham visto um negro antes! Numa das melhores cenas eles perguntam ao velho Jebediah se ele é igual aos outros homens (no caso, os brancos). O velho que já presenciou tantos momentos movidos pelo racismo acaba virando o jogo, contando uma velha lenda envolvendo seu pai, ao qual seria um velho guerreiro mouro em um mundo das mil e uma noites - o que obviamente acaba encantando todos aqueles jovens. Roscoe era um grande ator e nesse monólogo em particular prova bem isso. No final ele acaba liderando o bando de meninos em um momento crucial da trama, mostrando que a amizade e o respeito sempre vencem qualquer tipo de barreira racial que venha a existir entre brancos e negros.
Por fim, além da garotada, outro fato marcou muito esse "Os Cowboys". Encurralados e cercados por bandidos o personagem de John Wayne acaba sendo morto de forma covarde (pelas costas) pelo vilão Long Hair (Bruce Dern). Eu me recordo que quando assisti a esse filme pela primeira vez, ainda adolescente e nos anos 80, ao lado de meu pai, ele ficou visivelmente chocado e perturbado por ver o seu herói Wayne tombar em cena! Afinal John Wayne não poderia jamais morrer em seus próprios filmes, era um absurdo! O fato porém foi que esse tipo de situação veio muito bem a calhar pois trouxe a dose de realismo que faltava em sua carreira. Afinal o típico personagem de John Wayne poderia ser um bravo, um homem íntegro e honesto, representando tudo o que de valioso havia do homem do velho oeste americano, mas certamente não poderia ser imortal também! Por essas e outras é que esse "Os Cowboys" é da fato um filme tão marcante e inesquecível. Um ótimo western que todos os cinéfilos precisam ter em sua coleção.
Os Cowboys (The Cowboys, EUA, 1972) Direção: Mark Rydell / Roteiro: William Dale Jennings, Irving Ravetch / Elenco: John Wayne, Roscoe Lee Browne, Bruce Dern / Sinopse: Em plena corrida do ouro nas montanhas, o rancheiro Wil Andersen (John Wayne) acaba ficando sem cowboys para tocar seu gado do Colorado até a Califórnia onde os animais serão vendidos. Para resolver seu problema de mão de obra Andersen acaba tomando uma decisão radical: contratar um grupo de garotos para realizar a longa jornada oeste adentro.
Pablo Aluísio.
Spirit - O Corcel Indomável
Título Original: Spirit - Stallion of the Cimarron
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: DreamWorks Animation
Direção: Kelly Asbury, Lorna Cook
Roteiro: John Fusco
Elenco: Matt Damon, James Cromwell, Daniel Studi
Sinopse:
Um garanhão selvagem chamado Spirit (Matt Damon) é capturado por seres humanos e levado para uma incrível aventura de muita emoção e perigos. Aos poucos ele vai perdendo a vontade de resistir ao treinamento imposto por seus novos donos, sem no entanto perder a vontade de reconquistar novamente sua tão amada liberdade. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Animação (Jeffrey Katzenberg). Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Canção ("Here I Am" de Hans Zimmer, Bryan Adams e Gretchen Peters). Vencedor de quatro prêmios no Annie Awards, considerado o Oscar da animação.
Comentários:
Desde que criou seu próprio estúdio, a DreamWorks, Steven Spielberg determinou aos seus executivos que dessem especial atenção para o mundo da animação. Isso se deveu não apenas aos números envolvidos nesse mercado (onde giram milhões e até bilhões de dólares em bilheteria), mas também para o fator prestígio. Todo grande estúdio de Hollywood que se preze precisa ter um bem elaborado departamento de animação. Pois bem, aqui está mais uma tentativa por parte de Spielberg em fincar posições no competitivo mundo da animação do cinema americano. O filme, como era de se esperar, é tecnicamente muito bem realizado. Além disso aposta numa proposta diferente, diria até mesmo mais clássica, explorando o velho oeste americano. Os protagonistas são cavalos e os humanos meros coadjuvantes. Gostei bastante do resultado final. É de um bom gosto à toda prova. Pena que não teve muita apelação ao público jovem dos dias de hoje o que resultou em uma bilheteria meramente morna. Em termos de elenco quem se destaca no quesito dublagem é o ator Matt Damon, dando vida ao personagem Spirit. É de se surpreender sua boa caracterização pois essa foi sua primeira experiência na area. Enfim, fica a recomendação de um western diferente, uma animação com o selo de qualidade de Steven Spielberg.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 8 de dezembro de 2017
Uma Mente Brilhante
Verdade ou fruto de sua cabeça? O roteirista Akiva Goldsman joga o tempo todo com as duas possibilidades, dando um verdadeiro nó na cabeça dos espectadores. O filme só não é melhor porque o cineasta Ron Howard sempre foi muito convencional, nunca indo para caminhos mais desafiantes. Ele sempre preferiu mesmo o feijão com arroz do dia a dia. Sem esse tipo de coragem o filme acaba perdendo um pouco, até porque o diretor parece nunca estar à altura do roteiro, esse realmente acima da média, muito bem escrito. Fico imaginando um material como esse nas mãos de um Stanley Kubrick, por exemplo. Seria definitivamente uma das maiores obras primas da história do cinema.
Do jeito que ficou está OK, mas como sempre gosto de dizer, poderia ser bem melhor. De uma maneira ou outra o filme acabou se consagrando no Oscar com quatro importantes prêmios: Melhor direção (para Howard, um exagero!), Melhor Atriz Coadjuvante (Jennifer Connelly, a garota de "Labirinto" que cresceu e virou uma boa atriz), Melhor Roteiro (O prêmio mais merecido da noite) e Melhor Filme (achei um pouco forçado). Russell Crowe também foi indicado ao Oscar como Melhor Ator, mas não levou, naquela que foi a chance mais desperdiçada de sua carreira. Nunca mais ele voltaria a concorrer, mostrando que foi mesmo uma chance de ouro que ele perdeu de levantar a estatueta. Em conclusão considero um bom filme, com aquele tipo de roteiro que anda cada vez mais raro nos dias atuais. Muitos vão dizer que é tudo bem inconclusivo no final das contas, porém penso diferente, sendo esse aspecto uma das qualidades mais louváveis de seu texto.
Uma Mente Brilhante (A Beautiful Mind, Estados Unidos, Inglaterra, 2001) Direção: Ron Howard / Roteiro: Akiva Goldsman, baseado no livro escrito por Sylvia Nasar / Elenco: Russell Crowe, Ed Harris, Jennifer Connelly, Christopher Plummer, Paul Bettany, Josh Lucas/ Sinopse: John Nash (Russell Crowe) é um gênio da Matemática que é procurado pelo governo americano para trabalhar na decifração de códigos de países inimigos. Em pouco tempo Nash começa a temer por sua vida, pois o que parecem ser agentes do governo, começam a persegui-lo, colocando em risco sua vida. Seria verdade ou apenas fruto de sua mente perturbada? Filme indicado também ao Oscar nas categorias de Melhor Edição (Mike Hill, Daniel P. Hanley), Melhor Maguiagem (Greg Cannom, Colleen Callaghan) e Melhor Música (James Horner). Vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Ator - Drama (Russell Crowe), Melhor Atriz - Drama (Jennifer Connelly) e Melhor Roteiro (Akiva Goldsman).
Pablo Aluísio.
A Guerra de Hart
"Hart's War" como se vê parte de uma boa premissa, um enredo interessante. Tem um bom elenco de apoio que conta, dentre outros, com um jovem Colin Farrell, ainda no começo da carreira e tentando se encontrar na profissão de ator. Dito isso também encontramos problemas. Um tribunal do jurí, mesmo feito nas circunstâncias do filme, em uma situação excepcional e fora do comum, jamais poderia ser encarado como algo que estivesse sob controle de um estudante de Direito de segundo ano. É inverossímil. Não haveria conhecimento jurídico para entrar numa situação dessas, seria mesmo um desastre. De qualquer maneira se você conseguir ignorar essa falha de lógica pode ser que ainda vá se divertir. Interessante lembrar também que não foram poucos os que acusaram o filme na época de seu lançamento de ser lento e em muitos aspectos chato. Quem diria que um dia alguém iria reclamar de lentidão em um filme estrelado por Bruce Willis, o rei da metralhadora dos filmes de ação...
A Guerra de Hart (Hart's War, Estados Unidos, 2002) Direção: Gregory Hoblit / Roteiro: Billy Ray, baseado na novela escrita por John Katzenbach / Elenco: Bruce Willis, Colin Farrell, Terrence Howard / Sinopse: O Coronel William A. McNamara (Bruce Willis), um militar de formação ainda muito restrita de Direito, acaba aceitando a incumbência de defender um jovem negro acusado de assassinato. Filme premiado no Shanghai International Film Festival na categoria de Melhor Ator (Colin Farrell).
Pablo Aluísio.