sábado, 5 de agosto de 2017

A Canção de uma Vida

"Song One" é um pequeno filme, um drama romântico com trilha sonora indie que vai agradar aos mais jovens. A história é simples. Franny (Anne Hathaway) é uma garota americana que está no exterior pesquisando, para concluir seu doutorado. Um dia ela recebe um telefonema de sua mãe. Seu irmão mais jovem foi atropelado ao atravessar uma rua. Ele estava com fones de ouvidos e não viu quando um carro vinha em sua direção. O atropelamento foi grave. O jovem fica em coma, com poucas chances de recuperação. Franny assim decide voltar aos Estados Unidos para acompanhar sua recuperação. Ela então, por mera curiosidade, resolve seguir os últimos passos de seu irmão antes do acidente e acaba conhecendo um cantor, James Forester (Johnny Flynn). Não demora muito e ambos se descobrem apaixonados.

Apesar do tema envolvendo um jovem em coma e todo o drama que poderia vir daí, o roteiro procura seguir por um caminho mais leve, não procurando assumir tons melodramáticos demais. Assim o foco logo se desloca para o romance entre Franny e o cantor que ela conhece. Anne Hathaway com cabelos curtinhos está muito charmosa e carismática. Eu nunca a considerei bonita demais, porém aqui ela está realmente sedutora, com um charme mais ao estilo intelectual que acaba atraindo. O problema vem do seu partner romântico. O personagem do cantor James Forester é esquisito. Ele parece ser um sujeito sem jeito, algumas vezes adotando um tipo de comportamento um tanto quanto estranho. Fica complicado acreditar que ela está mesmo atraída por ele. No mais é um filme agradável, com ótima trilha sonora. Há espaço até mesmo para música brasileira, com uma versão divertida de "O Leãozinho" de Caetano Veloso. No final o roteiro abraça também um desfecho em aberto. Ideal para o público deslocado que é obviamente o alvo desse filme. Se for o seu caso, assista. Acredito que vai gostar.

A Canção de uma Vida (Song One, Estados Unidos, 2014) Direção: Kate Barker-Froyland / Roteiro: Kate Barker-Froyland / Elenco: Anne Hathaway, Johnny Flynn, Mary Steenburgen / Sinopse: Franny (Anne Hathaway) é uma estudante de doutorado que decide voltar aos Estados Unidos após um atropelamento deixar seu jovem irmão em coma. Nesse retorno ela acaba se apaixonando por um cantor de música indie, James Forester (Johnny Flynn). Filme indicado ao grande prêmio do júri do Sundance Film Festival.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Psicopata Americano

Quando assisti a esse filme pela primeira vez não gostei muito. É um tipo de roteiro asséptico, insípido, sem nenhum calor humano, sendo mais frio que uma faca de corte. Provavelmente tudo isso tenha sido proposital já que o personagem principal (interpretado por um Christian Bale bem perturbador) não sente nada mesmo. Psicopatas não conseguem sentir qualquer tipo de identificação com outro ser humano. Eles apenas matam. O curioso é que o roteiro também faz de tudo para o espectador não decifrar o que está se passando. Seria a realidade ou apenas tudo fruto da mente psicótica de seu protagonista?

O enredo gira em torno de Patrick Bateman (Christian Bale), um figurão, um alto executivo de Wall Street. Ser frio faz parte de seu trabalho. Ao lado da fachada de homem de negócios respeitável ele começa a satisfazer seus estranhos desejos. Ele só consegue sentir algum prazer em sua vida ao matar outras pessoas. E o faz com regularidade, com frequência e brutalidade. Dessa forma começa sua carreira de sangue e tripas. Embora o roteiro seja interessante (filmes sobre serial killers são sempre bons, de uma maneira em geral), esse aqui deixa a desejar justamente pela sua obsessão em ser muito "clean". Tudo parece ser bem surreal, insano, mas que não conseguiu me prender. Definitivamente não consegui mesmo gostar desse "Psicopata Americano", nem numa segunda revisão. Simplesmente não foi dessa vez também.

Psicopata Americano (Estados Unidos, Inglaterra, 2000) Direção: Mary Harron / Roteiro: Mary Harron, baseado no romance policial escrito por Bret Easton Ellis / Elenco: Christian Bale, Justin Theroux, Josh Lucas / Sinopse: American Psycho conta a estranha estória de Patrick Bateman (Christian Bale), um homem de negócios bem sucedido que começa a matar pessoas para satisfazer seus prazeres sádicos e psicóticos. Filme vencedor do Empire Awards, UK, na categoria Melhor Ator (Christian Bale).

Pablo Aluísio.

Os Últimos Dias de Robin Williams

Essa é uma série de documentários do canal Discovery que procura revelar o que teria acontecido na morte de famosos, recriando suas últimas horas. Nesse episódio em especial o programa refaz os passos do ator e comediante Robin Williams antes dele se matar enforcado em sua própria casa. Com a certidão de autópsia nas mãos e depoimentos de pessoas que conviveram com Williams, vai se traçando seus últimos momentos e as razões que o levaram a cometer um ato tão extremo de desespero. A primeira impressão que tive foi de melancolia ao saber que aquele comediante com sorriso sempre aberto em seus filmes, que levava humor e diversão a milhões de espectadores, na realidade era um homem deprimido, triste e com vários problemas emocionais e de saúde.

Há mesmo um choque entre a realidade de sua vida e a imagem que o cinema construiu em sua mente por anos e anos. Uma ex-namorada confessa que Robin era um sujeito de personalidade sombria, que sequer gostava muito de estar no meio de seu público. Imaginem, aquele simpático astro de comédias na verdade era uma pessoa soturna, pouco avesso ao contato com outras pessoas. Uma grande surpresa saber de algo assim. O documentário revela como sua carreira havia entrado em declínio e como ele estava com sérios problemas financeiros, isso apesar de ter ganho verdadeiras fortunas em sua carreira em Hollywood. Também mostra que no final ele desenvolveu uma personalidade paranoica, agravada pelo diagnóstico de Mal de Parkinson e demência. Além disso havia o velho problema com a bebida e as drogas. Robin Williams foi viciado em cocaína por longos anos, algo que depois contribuiu para seus inúmeros problemas de saúde numa idade mais avançada. Um triste retrato que demole, em certo sentido, aquela simpática imagem que eu particularmente tinha dele. Assim descobrimos que aquela velha lenda do "Palhaço triste" não é tão lenda como se pensa. Em muitos casos é a pura realidade.

Autopsy: The Last Hours Of  Robin Williams (Estados Unidos, 2014) Direção: Adam Warner / Roteiro: Adam Warner / Elenco: Iain Glen, Alain Robin, Basienka Blake / Sinopse: Documentário do canal Discovery que mostra os últimos dias de vida do comediante Robin Williams. Seus problemas pessoais e o que foi revelado em sua autópsia formam um claro retrato de seus momentos finais, antes de resolver se matar em sua própria casa.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Despedida em Grande Estilo

A ideia do roteiro é bem simples. Um trio de aposentados (interpretados por Michael Caine, Morgan Freeman e Alan Arkin) decide fazer um assalto a banco. A vida deles está piorando a cada dia. A casa está sendo levada pelo banco por falta de pagamento, a aposentadoria por 30 anos de trabalho está virando pó porque a empresa que os paga está indo embora para outro país e não há perspectiva, na idade deles, de arranjar um novo emprego. Assim sem dinheiro e sem futuro eles decidem roubar o mesmo banco que está executando suas dívidas. É a velha situação explicada por um dos velhinhos: "como não temos nada a perder vamos fazer o assalto!"

O filme é um remake do final dos anos 70. Embora seja um filme de assalto a bancos não espere por nada muito sério ou tenso! (como, por exemplo, "Um Dia de Cão" que é citado no filme, com trechos sendo exibidos na TV). Esse filme na verdade é bem no estilo "family friendly", ou seja, uma produção feita para toda a família, sem violência, sem nada que vá chocar a família tradicional. Em certo sentido é uma comédia leve, que brinca com a idade dos personagens principais e sua estranha decisão de cometer um crime que exigiria muito deles. Algo nada adequado para pessoas de sua idade. O elenco, como se pode perceber, é todo de veteranos. O trio está muito bem, mas há ainda outros destaques. Christopher Lloyd aparece pouco, tem cenas esparsas, mas acaba roubando o show quando surge na tela. Ele está muito engraçado como um velho decrépito. O humor sempre foi mesmo seu forte. Outra surpresa entre os coadjuvantes vem da presença de Ann-Margret, interpretando uma velhinha bem fogosa. Então é isso, um filme para toda a família, sem nenhum tipo de stress. Não é aquele tipo de comédia que fará você vai rolar de rir, mas no final diverte. É um passatempo agradável, em suma.

Despedida em Grande Estilo (Going in Style, Estados Unidos, 2017) Direção: Zach Braff / Roteiro: Theodore Melfi, Edward Cannon/ Elenco: Michael Caine, Morgan Freeman, Alan Arkin, Christopher Lloyd, Matt Dillon, Ann-Margret / Sinopse: Três aposentados, sem dinheiro e sem pensão, decidem assaltar um banco, o mesmo que está executando suas casas na justiça. Eles acreditam que não têm mais nada a perder e que na pior das hipóteses teriam uma cama, um plano de saúde e um teto... na prisão! Afinal a vida não está fácil para ninguém...

Pablo Aluísio.

Hickok

Achei bem fraca essa nova versão da vida do pistoleiro Wild Bill Hickok. O melhor filme sobre ele segue sendo aquela boa produção com Jeff Bridges. Aqui temos um roteiro bem fraco, explorando a figura do lendário mito do velho oeste sem nenhuma surpresa nova. Quando o filme começa Wild Bill está lutando na guerra civil. Esqueça aquelas bem produzidas cenas de batalha. Sim, a batalha entre confederados e nortistas está lá, mais bem mal feita. Depois disso já encontramos o pistoleiro vagando pelo oeste, a esmo, em busca de trabalho ou algum serviço que lhe pague o almoço e o jantar do dia. Entre jogos, duelos em bares e conquistas amorosas de uma noite apenas, ele vai levando a vida em cima de seu cavalo, atravessando enormes distâncias.

Assim ele vai parar em Abilene, uma cidade que em determinados meses do ano vira entreposto de venda de grandes rebanhos de gado. E onde há gado há cowboys de todos os tipos, armados até os dentes, entrando em duelos nos saloons da cidade; Dessa maneira o prefeito resolve contratar um pistoleiro profissional para ser o novo xerife e Wild Bill acaba sendo o homem que ele precisava. Detalhe interessante: o prefeito é interpretado pelo veterano cantor, compositor e ator  Kris Kristofferson. Ele está bem envelhecido, com os anos bem marcados em cada ruga de seu rosto. É um veterano que merece todo o nosso respeito. Uma pena que o filme não esteja à sua altura. Já o protagonista é interpretado por um fraco Luke Hemsworth, que nem se esforça para melhorar um pouco o filme no quesito atuação. Então é isso, um filme fraco, para ser exibido em canais de TV a cabo. Sem surpresas, sem uma boa produção, esse novo filme sobre o tão temido Wild Bill Hickok é bem decepcionante. Melhor rever o filme com Jeff Bridges.

Hickok (Idem, Estados Unidos, 2017) Direção: Timothy Woodward Jr / Roteiro: Michael Lanahan / Elenco: Luke Hemsworth, Trace Adkins, Kris Kristofferson / Sinopse: Famoso pistoleiro do velho oeste, Wild Bill Hickok é escolhido para ser o novo xerife de Abilene, uma cidade que em alta temporada vira ponto de encontro de cowboys, bandoleiros e pistoleiros de todos os tipos. Manter a lei e a ordem ali não vai ser algo fácil de se fazer.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

A História Não Autorizada de Barrados no Baile

O canal a cabo Lifetime produziu e exibiu esse telefilme sobre os bastidores da série de TV "Beverly Hills, 90210" que no Brasil recebeu o título de "Barrados no Baile". Essa série adolescente passou por anos na Rede Globo e foi sucesso tanto nos Estados Unidos como aqui no Brasil. Para os jovens dos anos 90 foi até muito marcante. Os episódios giravam em torno de um grupo de estudantes de Beverly Hills. Seus dramas, namoricos, a vida na escola, etc. Nada de muito original. Fez sucesso porque afinal de contas o elenco era bem carismático e caiu nas graças do público. O sucesso foi imediato. Já nos bastidores existiam muitos problemas, principalmente relacionados com a atriz Shannen Doherty que era temperamental, briguenta e nada disciplinada, sempre chegando atrasada nas filmagens, etc.

A história de tudo o que aconteceu na série é por si só já muito interessante. Pena que esse telefilme seja tão fraquinho. A produção é pobre, sem maiores recursos e a direção praticamente nem existe. Algumas atrizes são bem parecidas com as originais da série, como por exemplo, Abbie Cobb que tem uma semelhança assustadora com a jovem Jennie Garth nos anos 90. Já os atores que interpretam Luke Perry e Jason Priestley nem com muita boa vontade conseguem convencer, uma vez que são muito ruins e nada parecidos com os da série. Outra coisa que incomoda é que certas cenas são encaradas como se estivéssemos assistindo a uma comédia bobinha, como quando Shannen bate o carro do amigo de elenco. Esse caso foi bem explorado na época como um exemplo do comportamento estranho e bizarro da atriz, mas aqui tudo é encarado de forma muito tolinha. Assim não há muito o que salvar. Quem sabe algum dia um grande estúdio de Hollywood resolva contar essa história com produção, elenco, direção em um filme classe A. Já que por enquanto essa produção da Lifetime só serve mesmo para passar no próprio canal, em uma tarde preguiçosa sem ter muito o que fazer.

A História Não Autorizada de Barrados no Baile (The Unauthorized Beverly Hills, 90210 Story, Estados Unidos, 2015) Direção: Vanessa Parise / Roteiro: Jeffrey Roda / Elenco: Dan Castellaneta, Abbie Cobb, Samantha Munro / Sinopse: Esse telefilme conta os bastidores da série "Barrados no Baile", grande sucesso da TV nos anos 90, mostrando as brigas, discussões e problemas que envolvia o elenco jovem.

Pablo Aluísio.

Watchmen: O Filme

A Rede Globo vai exibir hoje o filme "Watchmen" no Corujão. É uma boa oportunidade de rever essa produção baseada na obra prima de Alan Moore. Devo dizer que nunca li os quadrinhos originais, que os especialistas em nona arte consideram um dos melhores de todos os tempos. De qualquer forma fica claro desde o começo que Moore quis fazer uma crítica mordaz ao mundo dos quadrinhos de super-heróis. Praticamente todos os personagens são baseados em heróis famosos, tanto da DC Comics como da Marvel. A ironia disso tudo é saber que apesar de Moore tentar demolir esse universo tudo o que ele conseguiu no final das contas foi criar mais uma galeria de super-heróis para a indústria americana dos quadrinhos explorar! Ironia das ironias mesmo...

A estória se passa em um universo bem diferente. São os anos 80 e um grupo de heróis começam a ser perseguidos e mortos. A maioria deles estavam aposentados, então fica a pergunta: quem estaria por trás dos crimes? Um detetive de rosto desfigurado chamado Rorschach e um herói chamado Coruja (que obviamente é uma sátira ao próprio Batman) começam a investigar. No caminho a vida deles corre perigo. Basicamente é isso. O curioso é que essa produção tem um clima noir inegável. Alan Moore (que como sempre acontece não gostou da adaptação para o cinema de sua criação) obviamente se inspirou nos antigos filmes dos anos 40 e 50. Por fim outro grande atrativo dessa produção é sua direção de arte, muito diferente e elegante. Essa aliás sempre foi uma marca registrada do diretor Zack Snyder que sempre procurou ser bem autoral, mesmo quando o material original não havia sido criado por ele. Assim deixamos a dica desse filme baseado em quadrinhos bem original e estranho. Você provavelmente vai gostar.

Watchmen: O Filme (Watchmen, Estados Unidos, 2009) Direção: Zack Snyder / Roteiro: David Hayter, Alex Tse / Elenco: Jackie Earle Haley, Patrick Wilson, Carla Gugino / Sinopse: Filme baseado na obra do consagrado autor de quadrinhos Alan Moore. Em um mundo sujo e violento um grupo de heróis aposentados começa a ser caçado por um desconhecido vilão. O Coruja e Rorschach começam então a investigar o que estaria acontecendo. Filme premiado pela Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films nas categorias de Melhor Figurino, Melhor Edição em DVD e Melhor Filme de Fantasia do Ano.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

As Sufragistas

Título no Brasil: As Sufragistas
Título Original: Suffragette
Ano de Produção: 2015
País: Inglaterra
Estúdio: Ruby Films, Pathé Pictures
Direção: Sarah Gavron
Roteiro: Abi Morgan
Elenco: Carey Mulligan, Meryl Streep, Helena Bonham Carter, Anne-Marie Duff, Grace Stottor, Ben Whishaw

Sinopse:
Inglaterra. Começo do século XX. Maud Watts (Carey Mulligan) é uma jovem trabalhadora de uma lavanderia em Londres que resolve entrar no movimento das sufragistas, mulheres que lutavam por direitos iguais aos dos homens da época, entre eles o direito de votar e ser votada, algo que deu origem a muitos conflitos com o governo da época. Filme premiado pelo British Independent Film Awards.

Comentários:
Bom filme. A história é baseada em fatos reais, embora a protagonista interpretada pela atriz Carey Mulligan seja ficcional. Parece até mentira, mas até o século XX as mulheres não podiam votar e nem serem votadas, ou seja, não tinham direitos políticos. Esse quadro só mudou quando um grupo de inglesas resolveu formar um movimento em prol dessa causa. Inicialmente elas optaram por protestos pacíficos, porém com a forte repressão decidiram adotar um estilo mais radical de reivindicação , com direito a atos de desobediência civil e até violência pelas ruas londrinas. Carey Mulligan está bem sofrida no filme, sempre com rosto de exausta e cansada pela vida. Trabalhando em condições absurdamente duras ela tenta criar seu filho com muitas dificuldades. Quando ela entra no movimento começam os problemas legais, inclusive seu envio para a prisão, algo que acabou com seu casamento. O curioso é que a sua personagem era uma jovem bem convencional da época, indo parar no meio das sufragistas quase por acaso. Já Meryl Streep tem um pequeno papel, embora importante dentro da história. Ela interpreta uma líder sufragista conhecida como senhora Pankhurst. Ela tem apenas duas cenas no filme, o que certamente deixará um pouco decepcionados aqueles que assistiram ao filme por causa de sua presença. Por fim um aspecto curioso: a direção e o roteiro foram entregues para mulheres. Não poderia ser diferente por causa da mensagem principal do filme. Em suma, uma boa produção para se conhecer melhor essa história que mudou os rumos da Inglaterra e do mundo nas décadas seguintes.

Pablo Aluísio.

Z - A Cidade Perdida

Título no Brasil: Z - A Cidade Perdida
Título Original: The Lost City of Z
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Amazon Studios
Direção: James Gray
Roteiro: James Gray, David Grann
Elenco: Charlie Hunnam, Robert Pattinson, Sienna Miller, Tom Holland, Angus Macfadyen, Edward Ashley

Sinopse:
O major Percy Fawcett (Charlie Hunnam) do exército inglês é enviado para uma missão na selva amazônica. Apesar dos inúmeros perigos envolvido nessa expedição ele acaba se encantando pela região. Mais do que isso, acaba encontrando cerâmica antiga, que supostamente teria pertencido a uma civilização antiga. Disposto a voltar ele acaba organizando uma nova expedição, dessa vez em busca da cidade perdida que ele passa a denominar de Z.

Comentários:
É um filme que se propõe a ser uma aventura ao velho estilo. A estória se passa nas primeiras décadas do século XX quando esse explorador chamado Percy Fawcett viajou pela primeira vez para a América do Sul. Sua expedição deveria delimitar com precisão a fronteira entre Brasil e Bolívia que havia se tornado uma questão internacional. O Reino Unido, agindo na posição de árbitro, deveria colocar um fim a essa crise diplomática. Uma vez na selva, Fawcett acabaria descobrindo resquícios e indícios da existência de uma civilização antiga. Ele dominou essa possibilidade de Z, a cidade perdida na floresta, e iria sair em sua busca até o fim de seus dias. Seria a tão falada cidade perdida que vinha sendo procurado desde a chegada dos primeiros colonizadores. Olhando-se sob um ponto de vista pragmático essa seria uma nova versão para a velha lenda de El Dorado, a cidade de ouro e prata, engolida pela selva. Claro que a possibilidade de se descobrir algo assim, a glória envolvida nisso, iria consumir Fawcett através dos anos, se tornando uma verdadeira obsessão pessoal. E como toda obsessão essa também iria terminar mal.

Esse filme é bom, principalmente pelo resgate histórico dessa era em que os europeus se lançaram em regiões inóspitas e inabitadas em busca de reinos lendários e perdidos. Havia uma certa inocência romântica envolvida nisso. A história mostrada no filme é real, baseada na história verídica desse explorador britânico nas selvas da América do Sul. Tudo muito interessante. A questão é que o corte final deixou a produção com uma duração excessiva. São duas horas e vinte minutos de metragem, o que vai cansar certos espectadores. Além disso o filme explora não uma, mas três expedições diferentes, realizadas em momentos diferentes da vida de Fawcett. Esse aspecto do enredo certamente quebra o ritmo de aventura que se tenta trazer ao filme em certos momentos. Mesmo assim, com essas eventuais falhas o filme ainda se sustenta e pode ser considerado um bom momento na carreira do ator Charlie Hunnam no cinema. Logo ele que vem colecionando problemas nessa transição da carreira, saindo das séries de TV para os filmes de cinema. Não tem sido fácil, ainda mais depois do fracasso comercial de "Rei Arthur". A boa notícia é saber que pelo menos aqui temos um roteiro mais pé no chão, contando uma história real, nada fantasiosa, mas igualmente interessante. Spoiler com informações históricas: Em 1952 o sertanista brasileiro Orlando Villas Bôas localizou os supostos restos mortais de Percy Fawcett. Conforme havia se suspeitado por anos ele havia sido realmente morto por nativos da tribo Kalapalo. Essa descoberta viria para colocar um fim no mistério da morte do explorador, que já durava décadas.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Victoria - Primeira temporada

A TV britânica traz todos os anos novas séries, todas caracterizadas por desfilar uma elegância e sofisticação que não se encontra nas séries americanas. Esse canal ITV é um dos melhores, realçando ainda mais esse tipo de característica. Depois do grande sucesso de "Downton Abbey" temos mais uma série produzida na mesma linha, só que ao invés de mostrar uma família aristocrática aqui o destaque vai para a história de uma das grandes rainhas da Inglaterra, Victoria. Ela deu nome a todo um período da história britânica (que passou a ser conhecida como Era Vitoriana), mas na série o que vemos é uma jovem de 18 anos, muito inexperiente, que se vê de repente na linha de sucessão do trono inglês.

Após a morte de seu tio ("O Rei está morto, viva o Rei!") a jovem Alexandrina assume a coroa. Ela assume o nome dinástico Victoria e começa seu reinado. No começa sua inexperiência e pouca idade começam a atrapalhar, como era previsível. Pequenas intrigas palacianas, principalmente uma fofoca envolvendo seu padrasto, acabam minando de certa maneira a sua popularidade entre os súditos. Os próprios nobres não estão muito convencidos que aquela jovenzinha pode um dia se tornar uma grande rainha. A monarquia entra assim em um momento delicado de sua história.

A rainha é interpretada pela atriz Jenna Coleman, nascida em Blackpool. No começo das filmagens os produtores até mesmo cogitaram escalar uma americana para o papel, mas seria demais para a cabeça dos ingleses ver uma ianque interpretando uma das mais queridas monarcas de sua história. Sabiamente voltaram atrás e escolheram uma atriz carismática, de nacionalidade certa, para dar vida à Victoria. Bonita, até parecida fisicamente com a rainha em seus anos de juventude, gostei muito de seu trabalho de atuação. Quem rouba as atenções porém no quesito atuação é o ator Rufus Sewell. Ele interpreta o primeiro ministro, Lord Melbourne, um político experiente, mais velho, que acaba se tornando o braço direito da jovem rainha (ela inclusive chega a nutrir uma paixão disfarçada por ele!). Enfim, desde o primeiro episódio já percebemos que essa série é realmente acima da média, para acompanhar com a devida atenção.

Victoria (Inglaterra, 2016) Direção: Oliver Blackburn, Sandra Goldbacher, Lisa James Larsson / Roteiro: Daisy Goodwin, A.N. Wilson, Guy Andrews / Elenco: Jenna Coleman, Rufus Sewell, Daniela Holtz, Adrian Schiller / Sinopse: O filme mostra os primeiros anos de reinado da Rainha Victoria (Coleman). Após a morte de seu tio, o Rei, ela se torna a nova Rainha da Inglaterra, com apenas 18 anos de idade. No começo nem seus próprios súditos, nobres em geral, conseguem confiar em seu sucesso como a nova monarca, mas aos poucos Victoria vai demonstrando seu valor no trono do império britânico.

Episódios Comentados:

Victoria 1.02 - Ladies in Waiting
Segundo episódio dessa ótima série que conta a história da Rainha Victoria da Inglaterra. Aqui temos uma aula de como funcionava o sistema de monarquia constitucional do Reino Unido. O primeiro ministro Lord Melbourne (Rufus Sewell) perde o apoio do parlamento. Com isso deve ser substituído por um novo gabinete, um novo governo. O problema é que a jovem rainha tem em Lord M um verdadeiro amigo. Ela ainda é muito inexperiente (com apenas 18 anos de idade) para compreender bem como o jogo político funciona. Isso acaba criando um impasse, onde a rainha não parece muito disposta a ceder às decisões do parlamento. Um fato curioso é que assim como acontece na série "Downton Abbey", os roteiros procuram explorar a vida dos personagens da alta nobreza e também dos empregados do palácio. Curiosamente descobrimos aqui que o Palácio real tinha um sério problema com ratos, o que colocava a própria monarca numa situação de perigo. Seus gritos quando vê um rato acaba sendo usado por conspiradores para tentar derrubá-la, uma vez que tentam ligar o comportamento exagerado de Victoria com seu avô, que morreu louco! Puro jogo sujo de bastidores. Enfim, mais um ótimo episódio. A série foi confirmada recentemente para uma segunda temporada na Inglaterra e esse é uma excelente notícia, uma vez que o programa é realmente dos melhores. Além disso o longo reinado dessa rainha renderia facilmente várias temporadas. / Victoria 1.02 - Ladies in Waiting (Inglaterra, 2016) Direção: Tom Vaughan / Roteiro: Daisy Goodwin / Elenco: Jenna Coleman, Rufus Sewell, Peter Firth, Peter Bowles.

Victoria 1.03 - Brocket Hall
Domingo é um bom momento para colocar as séries em dia (ou pelo menos tentar isso!). Assisti ao terceiro episódio da primeira temporada de Victoria chamado "Brocket Hall". A jovem rainha (que subiu ao trono com apenas 18 anos de idade) segue sendo apaixonada por seu primeiro ministro, um homem bem mais velho e divorciado. Um escândalo na corte. O coração porém tem suas próprias razões e ela se declara ao Lord M, só para ser elegantemente rejeitada! Poucas vezes vi um "fora" tão elegante como aquele, com muita sutileza e metáforas ao mundo natural. Ter classe é para poucos mesmo! Outro bom momento desse episódio ocorre quando a Rainha Victoria precisa enfrentar sua primeira rebelião. Um grupo autodenominado cartista exige direitos, inclusive o direito ao voto. Nos tempos de Elizabeth I todos seriam presos, decapitados e esquartejados, mas a nova monarca acredita que isso é brutal demais e nada civilizado. Assim os deportam para a distante Austrália onde possam cumprir suas penas. Essa série segue sendo uma das melhores coisas da TV britânica, Impossível não se encantar também com o carisma da atriz Jenna Coleman. / Victoria 1.03 - Brocket Hall (Inglaterra, 2016) Direção: Tom Vaughan / Roteiro: Daisy Goodwin / Elenco: Jenna Coleman, Rufus Sewell, Peter Firth, Peter Bowles.

Victoria 1.04 - The Clockwork Prince
Nesse fim de semana assisti a mais dois episódios da série "Victoria" do canal ITV. Os dois episódios mostram a aproximação da Rainha com seu primo, o Príncipe Albert, e a consumação desse relacionamento. Em "The Clockwork Prince" Victoria ainda está muito fixada na ideia de ter um caso com seu primeiro ministro, que ela ama em segredo. Ele porém era bem mais velho do que ela, divorciado, quarentão. Um consorte nada apropriado. Assim, como era de praxe, ela acabou sendo levada a um casamento de conveniência, mais de acordo com as regras da nobreza.  No começo ela não gosta muito de Albert. Ele é um pouco rude, meio afetado, nada simpático. Victoria chega mesmo a dizer que eles jamais dariam certo. Incompatíveis... O mais estranho é que aos pouquinhos ela vai se chegando, criando uma certa simpatia por ele. Além disso o seu amado Lord M a rejeita, por várias razões. Então só sobra mesmo partir para outra. Já que Albert estava por perto não seria má ideia tentar algo. Quem sabe daria certo... / Victoria 1.04 - The Clockwork Prince (Inglaterra, 2017) Direção: Sandra Goldbacher / Roteiro: Daisy Goodwin / Elenco: Jenna Coleman, Tom Hughes, David Oakes / Estúdio: Mammoth Screen, Independent Television (ITV)

Victoria 1.05 - An Ordinary Woman
O quinto episódio chamado "An Ordinary Woman" já mostra o casamento real. Os preparativos, a recepção, a cerimônia... É interessante que ficamos sabendo que o príncipe Albert acabou criando caso, já que ele queria que ficasse acertado sobre uma "mesada" que receberia da coroa. Além disso exigia um título de nobreza adequado para ele. Só que surgem outros problemas também no parlamento. Alguns membros desse poder passam a questionar a nacionalidade alemã do príncipe! Afinal a rainha da Inglaterra ter um marido alemão poderia trazer problemas futuros, inclusive diplomáticos. Pior é que não se sabe se Albert seria anglicano, como exigia a lei. Alguns parlamentares chegam inclusive a considerar a hipótese dele ser um católico! Pois é, um casamento real naqueles tempos não era apenas uma questão de amor e paixão. Havia muita política, religião e tradição envolvidos. É de se admirar que no meio de tanta coisa ainda houvesse espaço para a paixão, pura e simples. / Victoria 1.05 - An Ordinary Woman (Inglaterra, 2017) Direção: Sandra Goldbacher / Roteiro: Daisy Goodwin / Elenco: Jenna Coleman, Tom Hughes, David Oakes / Estúdio: Mammoth Screen, Independent Television (ITV).

Victoria 2.02 - The Green-Eyed Monster
Mais um excelente episódio da série inglesa "Victoria" que conta a história da rainha que marcou toda uma era dentro do império britânico. Aqui encontramos a monarca com problemas bem comuns a qualquer casamento, mesmo entre os plebeus do reino. Procurando por um lugar na corte, o príncipe consorte Albert (Tom Hughes) acaba se envolvendo ainda mais com determinadas organizações reais, entre elas o instituto de estatística de Londres que acaba desenvolvendo uma espécie de máquina de fazer cálculos complexos (um antepassado do moderno computador que conhecemos hoje em dia). Sentindo-se deixada de lado a rainha começa a ter ciúmes disso (o tal monstro de olhos verdes que dá nome ao episódio). Numa cena muito curiosa a rainha Victoria (Jenna Coleman) acaba confundindo o número pi com a palavra pie (torta, em inglês). A cena ficou muito divertida, porém obviamente será apreciada mais por quem domina os nuances da língua inglesa. Outro fato marcante desse episódio é a volta do Lord Melbourne à corte. A série desde o começo investiu nesse amor platônica da monarca em relação ao seu primeiro ministro, mas esse é um fato histórico em aberto. Ainda não há como comprovar que ela realmente o tenha amado. A filha de Victoria editou seus diários após seu falecimento, fazendo com que seus sentimentos escritos fossem apagados da história. Uma enorme pena, sem dúvida! / Victoria 2.02 - The Green-Eyed Monster (Inglaterra, 2017) Direção: Lisa James Larsson / Roteiro: Daisy Goodwin, A.N. Wilson / Elenco: Jenna Coleman, Tom Hughes, Andrew Bicknell.

Victoria 2.09 - Comfort and Joy
Esse é o último episódio da segunda temporada. É um especial de natal com uma hora e meia de duração. Obviamente para aproveitar os festejos natalinos o enredo mostra o primeiro natal de Victoria e Albert em que o princípe alemão resolveu trazer o estilo tradicional da festa de sua terra natal para a Inglaterra. Esse é um detalhe histórico real e importante. De fato foi mesmo o casal real que tornou popular o natal tal como conhecemos hoje, com árvores de natal, presentes, etc. Essa forma de celebrar o Natal era completamente desconhecida pelos ingleses, embora já fosse tradicional nos ducados germânicos. Antes de Victoria e Albert o Natal era uma festa tradicionalmente religiosa, celebrada nas igrejas. Essa cultura natalina hoje tão disseminada deve-se mesmo a esse casal imperial, inclusive no episódio vemos a consternação dos empregados e demais membros da família real com os "devaneios" de Albert - imagine colocar uma árvore dentro de casa! Jenna Coleman continua uma gracinha e um dos principais motivos para acompanhar a série. Carismática e boa atriz ela realiza, com sucesso, essa repaginação de uma das monarcas mais marcantes da história britânica. / Victoria 2.09 - Comfort and Joy (EUA, 2017) Estúdio: Mammoth Screen / Direção: Jim Loach / Roteiro: Daisy Goodwin, A.N. Wilson / Elenco: Jenna Coleman, Tom Hughes, Zaris-Angel Hator, Derek Ezenagu, Leon Stewart, Catherine Steadman.

Pablo Aluísio.