quarta-feira, 24 de maio de 2017
O Homem da Meia-Noite
Na gravação ela acabou falando coisas pessoais, algo que poderia ser usado contra o senador que tem planos de concorrer ao cargo de governador de estado. A fita acaba parando nas mãos de uma quadrilha que começa a chantagear o político. A partir daí começa uma trama de suspense onde existem vários suspeitos, mas nenhuma prova conclusiva sobre a autoria do assassinato. Uma peça chave parece ser a própria comissária de condicional de Slade, a bela e perigosa Linda Thorpe (Susan Clark). É de modo em geral um bom filme, valorizado pela boa trama. Burt Lancaster já caminhava para o final de sua carreira, mas sua presença em cena, como sempre, se mostra muito marcante. Seu personagem gosta de dizer a frase "Uma vez tira, sempre tira" para justificar sua luta para desvendar o crime. Embora seja apenas um guarda noturno ele usa de sua experiência para solucionar o caso. Tudo muito interessante. Claro que por ser da década de 70 alguns aspectos do filme estão bem datados. A trilha sonora, o figurino, até mesmo a edição da produção se mostra bem envelhecida, mas tudo isso não consegue tirar o mérito do filme que é, repito, muito bom.
O Homem da Meia-Noite (The Midnight Man, Estados Unidos, 1974) Direção: Burt Lancaster, Roland Kibbee / Roteiro: Burt Lancaster, Roland Kibbee / Elenco: Burt Lancaster, Susan Clark, Cameron Mitchell, Catherine Bach / Sinopse: Ex-policial, trabalhando como guarda noturno em uma universidade, procura desvendar a morte de uma das alunas. O que poderia haver por trás daquele assassinato sem solução?
Pablo Aluísio.
terça-feira, 23 de maio de 2017
Dominique
Título no Brasil: Dominique
Título Original: The Singing Nun
Ano de Produção: 1966
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer
Direção: Henry Koster
Roteiro: John Furia, Sally Benson
Elenco: Debbie Reynolds, Ricardo Montalban, Greer Garson
Sinopse:
A jovem freira irmã Ann (Debbie Reynolds) é transferida para um novo convento na Bélgica. Ela é uma religiosa diferente. Gosta de tocar violão, anda de lambreta e tem uma voz linda, realmente maravilhosa. Seu talento logo chama a atenção de um produtor de discos que resolve gravar um álbum inteiro gravado apenas com suas interpretações inspiradas. Em pouco tempo ela se torna uma sensação, aparecendo até mesmo em programas de TV de sucesso. Roteiro inspirado em fatos reais. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Música (Harry Sukman). Premiado pelo Laurel Awards na categoria de Melhor Musical.
Comentários:
Recentemente os cinéfilos de todo o mundo lamentaram a morte da carismática e graciosa Debbie Reynolds. Não haveria forma melhor de homenageá-la do que assistindo aos filmes menos conhecidos de sua carreira. Uma dessas obras cinematográficas é esse simpático e belo filme chamado "Dominique". O enredo é uma graça, muito leve, suave e bem intencionado. A protagonista é uma freirinha cantora, muito terna e com grande fé em Deus. Ela vai para uma nova ordem, das samaritanas, para trabalhar em uma creche para crianças. Lá todos ficam impressionados com seu grande talento como cantora e após ser descoberta por um produtor musical ela vira um hit nas paradas! Uma ótima oportunidade para a querida Debbie mostrar todo o seu talento musical. Curiosamente o título no Brasil usou o nome de um personagem secundário, um garotinho chamado Dominique, que a irmã ajuda. Com toda a boa fé do mundo ela acaba se aproximando de sua família e descobre que o menino vive em uma família infeliz, com pai alcoólatra, mãe ausente e irmã posando para revistas adultas. Um péssimo ambiente para uma criança.
Assim a religiosa tenta ajudar de todas as formas, mas sempre encontrando muitas barreiras. Dramaticamente porém o filme não vai muito além disso (e não deveria ir mesmo). Isso pela simples razão de que "The Singing Nun" tem vocação para ser um musical ao velho estilo - e não há nada de errado nisso. Em termos de bastidores duas curiosidades: Esse foi o último filme de Debbie Reynolds na Metro após cumprir um longo contrato. Ela estava querendo partir para outros desafios e achou um alívio ficar livre desse contrato. O elenco conta também com o excelente Ricardo Montalban como um padre muito simpática (e esperto) que se torna uma espécie de tutor musical da irmã Ann. Então é isso. O que temos aqui é mais um bom momento da filmografia da atriz Debbie Reynolds em um filme que poucos conhecem atualmente. Após assisti-lo você se convencerá ainda mais do grande talento dessa estrela que o mundo do cinema perdeu.
Pablo Aluísio.
O Monstro da Morgue Sinistra
Título Original: The Flesh and the Fiends
Ano de Produção: 1960
País: Inglaterra
Estúdio: Triad Productions
Direção: John Gilling
Roteiro: John Gilling
Elenco: Peter Cushing, June Laverick, Donald Pleasence, Renee Houston
Sinopse:
Escócia, 1828. Na sombria e sinistra cidade de Edimburgo, um cirurgião renomado, o Dr. Robert Knox (Peter Cushing), começa a comprar corpos humanos para suas pesquisas médicas. Quando dois criminosos são executados, a infame dupla de assassinos em série Burke e Hare, o médico se apressa para comprar seus cadáveres, dando começo a uma série de eventos aterrorizantes.
Comentários:
Clássico do terror e suspense estrelado pelo sempre competente Peter Cushing. O curioso é que tudo o que se vê na tela foi baseado em fatos reais, acontecidos na Escócia, durante o século XIX. O caso ficou famoso porque envolveu a compra de corpos de dois assassinos famosos na época, os sanguinários William Burke e William Hare. O objetivo do anatomista Robert Knox (Cushing) era descobrir se alguma característica física desses homicidas explicava de alguma forma o comportamento criminoso, antissocial e violento deles. Interessante é que não faz muito tempo, assistindo a um documentário sobre a cidade de Edimburgo em um canal a cabo me deparei com a exposição dos corpos desses matadores pois eles ainda hoje são conservados na universidade de medicina do lugar. Claro que o filme não é totalmente fiel aos fatos originais pois é um filme de terror ao velho estilo, mas isso não impede de tornar tudo ainda mais instigante ao espectador. Além disso a simples presença do mestre Peter Cushing já justifica o interesse.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 22 de maio de 2017
Amar e Morrer
Em busca de respostas ele sai à procura deles e acaba conhecendo a jovem Elizabeth Kruse (Liselotte Pulver). Seu pai foi preso pelos nazistas, acusado de traição e ela vive no limite do possível naquela Alemanha prestes a ser destruída. Por mais improvável que poderia ser, diante de um cenário de grande destruição, acaba nascendo um amor entre eles. O jovem soldado e a garota abandonada à própria sorte se apaixonam e mais do que isso, se casam, antes que a licença de Graeber chegue ao fim. Como o próprio título original deixa claro, há um tempo para amar e há um tempo para morrer. Assim Douglas Sirk constrói seu grande filme de humanização dos soldados alemães. Interessante notar que todos os militares que surgem no desenrolar da trama não apresentam nenhum sinal de doutrinação nazista - algo que era disseminado na época. Ao contrário disso soam até como críticos ou cínicos em relação a tudo o que está acontecendo. Em minha forma de ver essa decisão de mudar a realidade não me pareceu muito convincente. Ficamos com aquela sensação desagradável de que estamos mesmo vendo americanos e ingleses vestidos com uniformes alemães, tentando se passar por tropas do Reich. Essa falta de imersão atrapalha o filme como um todo. Além disso não há como negar que a tão famosa mão pesada de Douglas Sirk também pesa e muito aqui. Ele criou um filme longo, pesado, até arrastado mais do que era necessário. Um pouco mais de leveza e suavidade cairiam muito bem.
Amar e Morrer (A Time to Love and a Time to Die, Estados Unidos, Alemanha Ocidental, 1958) Direção: Douglas Sirk / Roteiro: Orin Jannings, baseado no romance de Erich Maria Remarque / Elenco: John Gavin, Liselotte Pulver, Jock Mahoney / Sinopse: Soldado alemão servindo no front russo da II Grande Guerra Mundial consegue uma licença de 30 dias para retornar à sua cidade natal em busca dos pais idosos. Uma vez lá não os encontra, mas acaba conhecendo uma jovem alemã que se torna o amor de sua vida. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Som (Leslie I. Carey). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Revelação Masculina (John Gavin) e Melhor Filme - Drama.
Pablo Aluísio.
Escândalo na Sociedade
O roteiro desse filme foi baseado em um best-seller escrito pelo romancista Harold Robbins. Quem conhece a obra desse escritor sabe bem do que se trata. Geralmente Robbins utilizava-se de dramas baseados em pessoas comuns, que acabavam trilhando o caminho do crime e da violência por circunstâncias inesperadas que vão surgindo em suas vidas. Vários de seus livros ganharam adaptações bem sucedidas no cinema, como por exemplo, "Balada Sangrenta", filme dirigido por Michael Curtiz, estrelada pelo cantor Elvis Presley, naquele que foi considerado o melhor filme de sua carreira. O western "Nevada Smith" com Steve McQueen também foi uma adaptação de um livro escrito por Robbins. Enfim, seus textos acabaram dando origem a excelentes filmes.
Outro grande atrativo desse drama familiar vem do elenco que é liderado por duas excepcionais atrizes. A primeira delas é a grande dama do cinema americano Bette Davis. A atriz tinha uma presença e uma personalidade que enchiam a tela. O seu papel nesse filme é muito adequado para sua forma de atuar. Ela interpreta a matriarca da família Hayden, uma mulher poderosa da alta sociedade que viveu praticamente toda a sua vida baseada apenas em status e aparência social. Perante a sociedade em geral todos os membros de sua linha familiar tinham que surgir de forma impecável. Só que sua filha, no fundo uma rebelde diante de toda essa futilidade, acaba colocando praticamente tudo a perder. Susan Hayward também está excelente. Ela morreria muito jovem ainda, de câncer, e esse acabou sendo um dos seus últimos filmes. Sua personagem, a de uma mulher frustrada que não consegue segurar seus impulsos, é uma das melhores de toda a sua carreira. No geral temos aqui um grande filme, valorizado enormemente por essas duas maravilhosas atrizes. Esse filme assim está mais do que recomendado aos admiradores do cinema clássico americano.
Escândalo na Sociedade (Where Love Has Gone, Estados Unidos, 1964) Direção: Edward Dmytryk / Roteiro: John Michael Hayes, baseado na obra de Harold Robbins / Elenco: Bette Davis, Susan Hayward, Mike Connors / Sinopse: Gerald Hayden (Bette Davis) e Valerie Hayden (Susan Hayward), mãe e filha da alta sociedade de San Francisco, possuem um relacionamento conturbado por diferenças de opiniões e personalidade. Com os anos os atritos se tornam ainda mais fortes e tudo desaba quando a neta adolescente mata um homem no ateliê de sua própria mãe, dando origem a uma tragédia e a um escândalo de grandes proporções. Filme indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Música ("Where Love Has Gone" de Van Heusen e Sammy Cahn).
Pablo Aluísio.
domingo, 21 de maio de 2017
A Sedutora Madame Bovary
Título no Brasil: A Sedutora Madame Bovary
Título Original: Madame Bovary
Ano de Produção: 1949
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Vincente Minnelli
Roteiro: Robert Ardrey
Elenco: Jennifer Jones, James Mason, Van Heflin, Louis Jourdan
Sinopse:
Baseado no romance de Gustave Flaubert o filme "A Sedutora Madame Bovary" conta a história da jovem Emma (Jennifer Jones). Órfã, ela é criada em um convento. Quando chega na idade de se casar ela acaba se interessando pelo médico de província Charles Bovary (Van Heflin). Ele não é dos profissionais mais brilhantes, porém constrói um lar para si e sua esposa. Os primeiros anos de casamento são relativamente felizes, até que Emma, agora Madame Bovary, começa a se interessar por outros homens, mais ricos e poderosos. Ela anseia pelos grandes salões de baile, pelos luxos da aristocracia e pela riqueza, coisas que seu esforçado marido não consegue lhe dar. Filme indicado ao Oscar de Melhor Direção de Arte (Cedric Gibbons e Jack Martin Smith).
Comentários:
O romance Madame Bovary foi publicado originalmente em 1857. Na época que chegou pela primeira vez ao público foi considerada uma obra escandalosa. Seu autor Gustave Flaubert foi acusado de ser um escritor imoral por ter simpatia por sua protagonista, uma mulher fútil, interesseira, perdulária e infiel. A personagem trazia todos esses defeitos, mas ao mesmo tempo Flaubert parecia ter uma insuspeita dose de admiração por ela em seu texto. Essa situação acabou sendo aproveitada logo no começo dessa versão. Em uma das primeiras cenas vemos o autor do livro, aqui interpretado por um ainda bem jovem James Mason, no banco do réus, respondendo pela suposta imoralidade de sua obra. Ao se defender ele começa então a narrar a história de Bovary, dando início a um longo flashback onde toda o enredo do filme se desenvolve. Assisti a muitas adaptações cinematográficas desse romance, inclusive a mais recente de 2014 com Mia Wasikowska no papel principal. O diferencial desse clássico é que ele foi dirigido pelo mestre Vincente Minnelli, considerado um dos maiores diretores de cinema de todos os tempos. Realmente ele realizou um filme muito bonito de se assistir, com ótimos figurinos, um roteiro que procura ser o mais fiel possível ao livro de Gustave Flaubert e uma dose de dramaticidade, que era bem comum em filmes românticos e dramáticos da época.
A escolha da atriz Jennifer Jones também foi bastante acertada, muito embora a personagem Bovary fosse bem mais jovem do que sua intérprete. Ela desfila um ótimo figurino em cena, pois Bovary era uma consumidora compulsiva e voraz de todos os luxos, arruinando financeiramente seu bem intencionado marido. Embora o final se entregue ao moralismo reinante na sociedade, o fato é que o autor do romance quis provar de forma indireta que nem todas as pessoas são essencialmente más por um ou outro deslize de cunho moral. Na verdade a vida seria complexa demais para se enquadrar em meras convenções sociais. Bovary certamente errou em muitos momentos de sua vida, mas olhando-se sob uma perspectiva mais crítica podemos considerá-la também vítima de uma mentalidade de futilidades e superficialidades, tão comuns em certos setores da sociedade. Sob esse ponto de vista não será tão fácil assim condená-la. Dito isso, deixo aqui a indicação de mais um bom filme, valorizado não apenas por sua boa direção, elenco inspirado e roteiro conciso, mas também pelo próprio conteúdo do romance de Gustave Flaubert. Está mais do que indicado aos cinéfilos.
Pablo Aluísio.
King Kong
Título Original: King Kong
Ano de Produção: 1933
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Radio Pictures
Direção: Merian C. Cooper, Ernest B. Schoedsack
Roteiro: James Ashmore Creelman, Ruth Rose
Elenco: Fay Wray, Robert Armstrong, Bruce Cabot, Frank Reicher, Noble Johnson, Steve Clemente
Sinopse:
Uma equipe de cinema vai até uma distante e isolada ilha no Pacífico Sul e descobre que lá existe um imenso gorila, um animal colossal, de natureza pré-histórica. Eles então decidem levar o exótico primata (agora chamado de King Kong) para Nova Iorque com a intenção de explorar comercialmente sua exibição em shows pagos, mas a ideia acaba dando muito errada quando King Kong consegue se livrar de suas correntes, trazendo caos e devastação na grande cidade. Tudo acaba no alto do Empire State, em uma luta épica.
Comentários:
Em breve teremos mais uma versão da imortal história de King Kong chegando aos cinemas em todo o mundo. Foram muitas as versões ao longo de todos esses anos, algumas boas, marcantes e outras nem tanto assim. Todas elas devem inspiração a esse primeiro filme lançado na década de 1930 que já trazia todos os elementos que iriam estar presentes em todos os filmes posteriores. Obviamente que uma produção como essa que, em poucos anos completará cem anos de seu lançamento, está certamente datada, principalmente em termos de efeitos especiais, mas é impossível negar o charme atemporal dessa produção. O King Kong original não passava de um pequeno boneco, pouco maior do que uma mão humana, que era manipulado em seus movimentos usando a conhecida técnica de Stop motion, onde lentamente todos os movimentos eram filmados quadro a quadro! O resultado é dos melhores e dos mais nostálgicos. Há alguns anos o filme foi restaurado por modernas técnicas e enviado para o Congresso americano para preservação. Um claro sinal de que o filme, apesar de ser uma pura fita pop, também tem seus inegáveis valores históricos. Um momento em que o cinema entendeu que poderia ser pura diversão, sem ter nada de errado nisso.
Pablo Aluísio.
sábado, 20 de maio de 2017
A Morte Não Manda Aviso
Título Original: The Quiller Memorandum
Ano de Produção: 1966
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: 20th Century Fox
Direção: Michael Anderson
Roteiro: Trevor Dudley Smith, Harold Pinter
Elenco: George Segal, Alec Guinness, Max von Sydow, Senta Berger, George Sanders
Sinopse:
Cortina de ferro, em pleno auge da guerra fria. Depois do assassinato de uma agente inglês em Berlim, um novo agente chamado Quiller (George Segal) é enviado para investigar. Segundo seu superior no departamento de inteligência, o comandante Pol (Alec Guinness), há um grupo de neonazistas operando na cidade alemã. Eles seriam liderador por uma figura misteriosa e desconhecida, que usaria o codinome Oktober (Max von Sydow). Caberá então a Quiller descobrir onde atua e como se coordena essa organização de criminosos nazistas. Filme indicado ao BAFTA Awards nas categorias de Melhor Roteiro Adaptado (Harold Pinter), Melhor Edição (Frederick Wilson) e Melhor Direção de Arte (Maurice Carter).
Comentários:
As adaptações dos livros de James Bond ao cinema fizeram escola. Depois delas um nova onda de filmes inspirados no famoso agente inglês foi lançado nos cinemas durante a década de 1960. Tentando pegar carona no sucesso de 007 tivemos filmes como esse "The Quiller Memorandum" estreando nas telas. É, como se pode perceber, mais um filme de espionagem, com agentes britânicos tentando colocar as mãos em um líder de uma verdadeira seita de neonazistas no pós-guerra em Berlim. Nada é muito discutido sobre o fato da ideologia nazista ter sobrevivido ao caos do fim da II Guerra Mundial. O que parece ter interessado mais aos realizadores do filme foi justamente o clima de mistério e suspense que atravessa todo o enredo. No elenco há dois excepcionais atores em papéis secundários. O primeiro deles é o grande Sir Alec Guinness, que interpreta o chefe do setor de inteligência inglesa em Berlim. Ele tem poucas cenas, praticamente apenas duas, mas como sempre rouba o show, dando um ar um tanto afetado ao seu personagem. Max von Sydow, outro fabuloso talento, é o vilão do filme. Usando uma postura de fina elegância, bons modos e educação prussiana, ele se mostra a melhor coisa do filme, tanto em termos de atuação, como de personagem. Curiosamente o protagonista, o agente Quiller interpretado por George Segal, é fraco, uma mera imitação pálida de Bond. Melhor para o espectador é prestar atenção na beldade austríaca Senta Berger. Ele é uma nazista charmosa e sensual que seduz o agente britânico, o manipulando completamente. Com um roteiro extremamente simples ao meu ver (onde o agente apenas localiza o esconderijo dos criminosos, é feito refém e tenta sobreviver), o filme "The Quiller Memorandum" não chegou a me impressionar. Tem boa fotografia, um elenco de apoio acima da média, mas no plano geral não consegue ser uma grande obra prima do gênero espionagem internacional. No fundo é apenas uma boa fita para diversão e esquecimento logo em seguida. Não passou definitivamente no teste do tempo.
Pablo Aluísio.
Amante do Seu Marido
Título Original: Ex-Lady
Ano de Produção: 1933
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Robert Florey
Roteiro: David Boehm, Edith Fitzgerald
Elenco: Bette Davis, Gene Raymond, Frank McHugh, Monroe Owsley, Claire Dodd
Sinopse:
Helen Bauer (Bette Davis) é uma artista bem sucedida que nem quer ouvir falar em casamento. Para ela o matrimônio, com papel passado na frente do juiz ou do padre, acaba matando o romance. Ela gosta do compositor Don Peterson (Gene Raymond) e sente que, um dia, quem sabe, pode vir até mesmo a se casar com ele. O que Helen não quer é pressão e nem pressa para subir ao altar, mas acaba mudando de ideia quando aparece uma concorrente, a bela e doce Peggy Smith (Kay Strozzi) que também está de olho em seu futuro marido!
Comentários:
Qualquer filme que seja estrelado pela grande diva do cinema clássico Bette Davis certamente valerá a pena! Esse aqui, por exemplo, não passa de uma espécie de comédia romântica, com roteiro que critica os costumes dos relacionamentos amorosos de sua época. Não há nada de muito relevante nele, pois é um filme para pura diversão. Isso porém não quer dizer que não tenha méritos. Um deles é explorar a figura de uma mulher independente e dona de si e seu destino em plenos anos 1930, onde ainda havia forte pressão no papel da mulher que deveria se casar e ter filhos. Bette interpreta uma mulher moderna, dos novos tempos, que não está muito preocupada com isso. Seu figurino, seus penteados e suas atitudes são pura Belle Époque! Um tempo em que se procurava por mudanças, para não existir mais tanta repressão moralista! Um momento em que as mulheres finalmente procuravam seguir por seus próprios caminhos. E isso não acontecia apenas nas telas, mas nos bastidores também. A atriz Bette Davis exigiu um salário melhor (ela ganhava menos do que o ator que tinha um papel secundário no filme!) e acabou assinando um contrato muito vantajoso com os estúdios da Warner. Davis, que nunca foi de fazer concessões, acabou assim abrindo um caminho importante em Hollywood para a valorização das mulheres dentro da indústria cinematográfica.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 19 de maio de 2017
Tokyo Joe
Título no Brasil: Tokyo Joe
Título Original: Tokyo Joe
Ano de Produção: 1949
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Stuart Heisler
Roteiro: Steve Fisher, Walter Doniger
Elenco: Humphrey Bogart, Alexander Knox, Florence Marly, Sessue Hayakawa
Sinopse:
No Japão do pós guerra, o ex-coronel americano Joseph 'Joe' Barrett (Humphrey Bogart) retorna a Tóquio para reabrir seu antigo Night Club chamado Tokyo Joe. Durante anos Barrett viveu no Japão, porém com a guerra ele teve que ir embora. Agora ele reencontra a cidade, completamente modificada pelos anos de bombardeios. Reabrir seu clube noturno porém não será tão fácil por causa da burocracia. Assim ele acaba pedindo ajuda a um chefão da máfia japonesa, o Barão Kimura (Sessue Hayakawa), decisão da qual irá amargamente se arrepender depois.
Comentários:
"Tokyo Joe" é um misto de drama e aventura que tenta mostrar um pouco do Japão após o fim da Segunda Guerra Mundial. Depois da derrota na guerra para os países aliados, o Japão precisou se reerguer literalmente das ruínas. Com um governo provisório americano as cidades lentamente foram se recuperando. É nesse cenário que o personagem de Bogart tenta também reabrir seu night club. Ele que viveu por anos no Japão procura por seus velhos amigos e pelo amor de sua vida, a cantora Trina Pechinkov (Florence Marly), que para sua decepção agora está casada com outro homem, um advogado bem sucedido. Joe' Barrett porém parece bem decidido a não apenas reabrir seu estabelecimento, como também reconquistar a mulher que sempre amou, Trina. Essa é interpretada pela bonita atriz Tcheca Florence Marly, com sua típica beleza exótica do leste europeu. Joe também resolve começar em um novo ramo de negócios, no transporte aéreo de cargas, mas nesse novo trabalho acaba caindo nas garras da máfia japonesa, ao ter que trazer criminosos procurados da Coreia para o Japão.
O interessante em "Tokyo Joe" é que podemos perceber nitidamente que o filme transita entre dois gêneros bem claros. Na primeira metade do filme temos um pouco de drama e romance, com a volta de Joe ao Japão e as dificuldades dele recomeçar sua vida. Na segunda e última parte o filme se direciona mais para o lado do filme de suspense e policial, com Joe tentando sobreviver à péssima ideia de ter firmado um pacto com um chefão mafioso. A cena final, com direito a tiros e mortes, acaba tentando unir todos os estilos, levando Bogart a uma cena bem melodramática. No saldo final é um filme interessante dentro da filmografia do sempre excelente Bogart, porém essa indefinição entre os gêneros o prejudica um pouco, não se sabendo para que lado a produção realmente vai seguir. Diria assim que entre o comercial e o dramático, o filme acabou não se decidindo por nenhum caminho, ficando dessa maneira apenas nas boas intenções.
Pablo Aluísio.