O cineasta Douglas Sirk era alemão, o que explica em grande parte o fato dele ter dirigido essa adaptação do romance da escritora Erich Maria Remarque. O que vemos aqui é uma tentativa de humanizar o soldado alemão que lutou durante a II Guerra Mundial. Ao invés de ser apenas associado ao III Reich e às atrocidades comandadas pelo ditador Adolf Hitler, o que é apresentado ao espectador é a história de um soldado comum do exército da Alemanha que retorna para casa após dois longos anos lutando no território russo. Seu nome é Ernst Graeber (John Gavin) e tudo o que ele deseja é rever seus pais. O problema é que a cidade natal deles está sob intenso bombardeio americano. As casas e os prédios estão sendo destruídos de forma impiedosa. A outrora bela cidade germânica agora está sendo castigada todos os dias. No meio dos escombros ele não consegue localizar seus pais, que muito provavelmente já deviam estar mortos naquela altura, por causa da violência das bombas.
Em busca de respostas ele sai à procura deles e acaba conhecendo a jovem Elizabeth Kruse (Liselotte Pulver). Seu pai foi preso pelos nazistas, acusado de traição e ela vive no limite do possível naquela Alemanha prestes a ser destruída. Por mais improvável que poderia ser, diante de um cenário de grande destruição, acaba nascendo um amor entre eles. O jovem soldado e a garota abandonada à própria sorte se apaixonam e mais do que isso, se casam, antes que a licença de Graeber chegue ao fim. Como o próprio título original deixa claro, há um tempo para amar e há um tempo para morrer. Assim Douglas Sirk constrói seu grande filme de humanização dos soldados alemães. Interessante notar que todos os militares que surgem no desenrolar da trama não apresentam nenhum sinal de doutrinação nazista - algo que era disseminado na época. Ao contrário disso soam até como críticos ou cínicos em relação a tudo o que está acontecendo. Em minha forma de ver essa decisão de mudar a realidade não me pareceu muito convincente. Ficamos com aquela sensação desagradável de que estamos mesmo vendo americanos e ingleses vestidos com uniformes alemães, tentando se passar por tropas do Reich. Essa falta de imersão atrapalha o filme como um todo. Além disso não há como negar que a tão famosa mão pesada de Douglas Sirk também pesa e muito aqui. Ele criou um filme longo, pesado, até arrastado mais do que era necessário. Um pouco mais de leveza e suavidade cairiam muito bem.
Amar e Morrer (A Time to Love and a Time to Die, Estados Unidos, Alemanha Ocidental, 1958) Direção: Douglas Sirk / Roteiro: Orin Jannings, baseado no romance de Erich Maria Remarque / Elenco: John Gavin, Liselotte Pulver, Jock Mahoney / Sinopse: Soldado alemão servindo no front russo da II Grande Guerra Mundial consegue uma licença de 30 dias para retornar à sua cidade natal em busca dos pais idosos. Uma vez lá não os encontra, mas acaba conhecendo uma jovem alemã que se torna o amor de sua vida. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Som (Leslie I. Carey). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Revelação Masculina (John Gavin) e Melhor Filme - Drama.
Pablo Aluísio.
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