Isso de fato é o que ficou da dita história oficial. Cabe agora indagar até que ponto tudo não passou de um mito.
Quem realmente eram Marilyn Monroe e JFK? O que os moveu a entrarem num dos relacionamentos mais controvertidos e debatidos da história? O que realmente aconteceu? Quais foram os efeitos trágicos desse romance? O caso deles até hoje é tratado oficialmente como mero “boato”. A biblioteca de JFK (John F. Kennedy Libraty and Museum) afirma até hoje “ignorar” qualquer tipo de envolvimento do presidente com a atriz. Essa também é a postura oficial da família Kennedy até os dias atuais. Para essas pessoas que vivem do legado do nome Kennedy tudo não passou de um boato espalhado pelos inimigos do presidente. Nada aconteceu de fato. JFK mal conhecia a atriz e a viu de forma esporádica e casual durante alguns eventos sociais e isso é tudo. Se trata apenas de um dos “não romances” mais comentados da história americana. Kennedy segundo essa visão era um exemplar pai de família que dedicava todas as suas horas livres para os dois filhos e sua amada esposa, Jacqueline Kennedy. Qualquer coisa fora dessa visão é mera especulação criada para macular a memória do saudoso líder americano.
Recentemente o jornalista francês François Forestier lançou o livro "Marilyn e JFK" sobre o famoso romance. Um dos grandes erros do livro é que Forestier não consegue manter uma postura imparcial em relação aos personagens retratados. Para falar a verdade ele parece odiar Marilyn e Kennedy na mesma intensidade. O autor não consegue sequer ter uma visão positiva sobre ambos, tudo é negativo, com sinais de rancor e raiva. A Marilyn que surge de suas páginas é manipuladora, interesseira, pouco inteligente e até mesmo suja (François não perde a chance de sempre dizer que ela não gostava de tomar banho). Sua visão de Kennedy não é menos negativa e apelativa. O presidente é retratado como um tarado, um maníaco sexual, um sujeito sem qualquer mérito pessoal cuja administração em sua ótica foi quase um milagre pois não havia tempo de ser presidente ao se envolver com tantas mulheres ao mesmo tempo. Quanta bobagem!
Foi Robert Kennedy o indicado pelo presidente para informar a Marilyn Monroe que tudo estaria acabado entre eles. John Kennedy havia sido informado que Monroe estava saindo na mesma época com um dos mafiosos do grupo de Sam Giancana, justamente um chefão que ele próprio e seu irmão queriam mandar para a cadeia. Namorar uma atriz que dividia os lençóis com um dos membros da gangue Giancana era demais até para Kennedy. O problema é que o tiro acabou saindo pela culatra e Bob acabou se envolvendo ele mesmo com Marilyn. Naquela altura Procurador Federal, marido e pai de vários filhos, o sensato Bob jogou o juízo pela janela e acabou se enroscando com a diva. Imaginem o teor explosivo de algo assim vazar para a imprensa.
O fato é que Marilyn há tempos vinha mostrando sinais de desequilíbrio em relação aos Kennedy. Ao se ver rejeitada por John e depois por Bob o sonho de virar esposa de um figurão da família veio abaixo. A partir daí surgem as várias e várias teorias de conspiração. Para os mais radicais Monroe ameaçou contar tudo para a imprensa e apavorados Bob e John teriam armado um complô para tirá-la de circulação. Será verdade? Quem pode afirmar algo com certeza? Absolutamente ninguém. Como sabemos histórias envolvendo ricos e poderosos nunca são contados de forma completa, tudo é propositalmente obscurecido por sombras e falsas informações. O assunto até hoje parece incomodar, mesmo passado meio século dos eventos. O tema acabou dando origem a uma literatura própria, aonde convivem obras sérias com bobagens (como o livro de Forestier). No meio desse pântano de evidências só resta ao leitor procurar um fundo de verdade nesse material farto e confuso. Se algo vai ser encontrado algum dia não sabemos, só nos resta mesmo tentar chegar o mais perto possível do que efetivamente aconteceu.
Pablo Aluísio.