quarta-feira, 7 de novembro de 2007
James Bond - Roger Moore
1. Com 007 Viva e Deixe Morrer (1973)
Depois que Sean Connery resolveu abandonar de uma vez por todas o personagem do agente secreto James Bond a pergunta mais frequente passou a ser se outro ator conseguiria levar adiante a franquia. Após a saída de Connery houve uma tentativa com o modelo George Lazenby, mas definitivamente o público não gostou (embora o filme estrelado por ele fosse, em si, muito bom). Então eis que em 1973 a MGM apresentou finalmente o nome do novo James Bond, Roger Moore! Para quem conhecia os bastidores da série seu nome não foi exatamente uma novidade. A verdade é que Moore quase foi escolhido no lugar de Sean Connery no passado, mas o carisma do ator escocês falou mais alto. Agora com Connery fora do caminho começaria uma nova era nas aventuras do agente secreto mais famoso da história do cinema. Esse "Live and Let Die" porém não ficou conhecido apenas por ter sido a estreia de Roger Moore. Dois outros fatos contaram positivamente em seu favor. O primeiro foi a trilha sonora escrita e composta por Paul McCartney. Verdade seja dita, a canção tema é uma das melhores (isso se não for a melhor) de toda a filmografia Bond. Paul conseguiu como poucos capturar a essência do personagem, transformando sua canção em um hit e em um sucesso também de crítica (a ponto de ter sido indicada ao Oscar e ao Grammy). Inclusive até hoje Paul a usa em seu repertório fixo, se tornando um dos pontos altos de seus concertos mundo afora. Outro ponto que chama bastante a atenção do espectador é que nesse filme já surge o humor acentuado em primeiro plano, algo que seria a marca registrada dos filmes com Roger Moore. Claro que por ser uma estreia as coisas ainda andaram um pouco dentro da normalidade, algo que nos filmes seguintes se tornaria um pouco mais exagerado. De qualquer maneira gosto bastante desse filme e acredito que foi um dos mais felizes e bem sucedidos de todos os filmes da série. Com Roger Moore os filmes ganhariam uma nova etapa, retornando o personagem ao topo das bilheterias, para alegria dos fãs de James Bond em todo o mundo. / Com 007 Viva e Deixe Morrer (Live and Let Die, Inglaterra, 1973) Direção: Guy Hamilton / Roteiro: Tom Mankiewicz / Elenco: Roger Moore, Yaphet Kotto, Jane Seymour.
2. 007 Contra o Homem com a Pistola de Ouro (1974)
O serviço secreto inglês descobre que seu agente James Bond (Roger Moore) está na mira de um assassino profissional conhecido como Francisco Scaramanga (Christopher Lee). Suas intenções de liquidar 007 ficam óbvias após ser encontrado uma bala de ouro com o código de Bond impresso nela. Há suspeitas que o mesmo assassino tenha matado friamente o agente 002 numa missão. Para evitar maiores problemas a agência de espionagem resolve assim afastar Bond de seus serviços por um tempo. Livre de cumprir uma agenda de missões, Bond resolve então ir atrás por conta própria de Scaramanga. Como pista usa a própria bala que foi dirigido a ele. Em pouco tempo James Bond segue seu rastro em lugares tão distantes como Beirute, Hong Kong e Macau. O infame assassino profissional usa uma arma de ouro, com calibre próprio. Para Bond essa seria uma pista segura para se chegar até ele. Esse foi o segundo filme de Roger Moore como James Bond. O primeiro, "Com 007 Viva e Deixe Morrer", foi sucesso de público e crítica. Uma alívio para os produtores que temiam que a franquia chegasse ao fim com a saída de Sean Connery. Esse segundo filme não é tão bom quanto o anterior, mas inegavelmente tem seus méritos. O maior deles talvez seja a presença do ótimo ator Christopher Lee como o vilão Scaramanga. Ele é um tipo bizarro, com uma característica física incomum (tem três mamilos!) e um assistente anão tão perverso quanto o próprio. Esse papel foi interpretado pelo ator Hervé Villechaize (que ficou muito conhecido no Brasil interpretando o personagem Tatu na série "A Ilha da Fantasia", que fez bastante sucesso na TV brasileira durante os anos 70). O roteiro não tem muitos mistérios ou tramas internacionais a se revelar, se resumindo muitas vezes a ser apenas uma disputa de vida ou morte entre Bond e Scaramanga. Esse porém não é um problema exclusivo do filme em si. O livro escrito por Ian Fleming em 1965 também foi criticado por essa razão. Enfim, um bom filme da safra com Roger Moore que com ele se estabeleceria definitivamente como Bond, só deixando a série em meados da década seguinte. / 007 Contra o Homem com a Pistola de Ouro (The Man with the Golden Gun, Inglaterra, 1974) Direção: Guy Hamilton / Roteiro: Richard Maibaum, Tom Mankiewicz, baseados no livro escrito por Ian Fleming / Elenco: Roger Moore, Christopher Lee, Hervé Villechaize, Britt Ekland / Sinopse: O agente inglês James Bond (Roger Moore) passa a ser caçado pelo assassino profissional Francisco Scaramanga (Christopher Lee), dando início a uma disputa de vida e morte entre eles. Filme premiado pelo Saturn Award na categoria Best DVD / Blu-Ray Collection.
3. 007 - O Espião Que Me Amava (1977)
Nessa terceira aventura de Roger Moore como James Bond, o agente inglês 007, ele precisa desvendar uma grande conspiração internacional envolvendo submarinos nucleares das grandes potências, tramas de espionagem e, é claro, um novo envolvimento amoroso com uma agente russa da temida KGB. Esse filme da franquia oficial acabou ficando conhecido por várias cenas marcantes, porém hoje em dia é mais recordado por trazer a bela atriz Barbara Bach como a Major Anya Amasova, uma agente do serviço secreto soviético. É curioso que em plena guerra fria os filmes de Bond tenham investido em uma Bondgirl vermelha, comunista e assassina. A atriz Barbara Bach na época era casada com o ex-Beatle Ringo Starr, o que não diminuiu os rumores de que ela havia se envolvido com Roger Moore durante as filmagens. Outro aspecto sempre lembrado desse filme foi o fato de aparecer pela primeira vez na franquia o vilão Jaws, interpretado pelo ator (e gigante) Richard Kiel. Ele era bem cartunesco em cena, conseguindo as maiores proezas (como mastigar fios de alta tensão) e fez tanto sucesso que acabou voltando no filme seguinte. Por fim um fato curioso: esse filme de James Bond conseguiu a proeza de ser indicado em três categorias do Oscar, Melhor Direção de Arte (Ken Adam e Peter Lamont), Melhor Trilha Sonora Incidental (Marvin Hamlisch) e Melhor Música original ("Nobody Does It Better", de autoria de Marvin Hamlisch e Carole Bayer Sager). Também arrancou duas indicações ao Globo de Ouro nessas mesmas últimas categorias. Não é de se admirar que com tantas músicas românticas bonitas tenha sido considerado o filme mais romântico de James Bond com Roger Moore. / 007 - O Espião Que Me Amava (Inglaterra, Estados Unidos,1977) Direção: Lewis Gilbert / Roteiro: Christopher Wood, Richard Maibaum / Elenco: Roger Moore, Barbara Bach, Curd Jürgens.
4. 007 Contra o Foguete da Morte (1979)
O Agente James Bond (Roger Moore) é enviado pelo serviço secreto para investigar um suposto plano internacional envolvendo armas espaciais. No meio das investigações acaba descobrindo que se trata de algo bem maior do que se pensava, um projeto visando dar origem a um verdadeiro genocídio no planeta Terra. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais. É uma pena que logo o filme em que James Bond veio ao Brasil seja considerado um dos piores da franquia. A intenção seria modernizar o personagem, o colocando no meio de um enredo que lembrava até mesmo o grande marco de bilheteria da época, "Guerra Nas Estrelas". O problema é que o tiro saiu pela culatra. O enredo não ajuda em nada, os efeitos especiais revistos hoje em dia parecem completamente toscos e sem noção (apesar de terem sido indicados ao Oscar na época) e Roger Moore... bem, ele continuou sendo Roger Moore, fanfarrão até dizer chega, cheio de piadinhas e cenas supostamente cômicas que só estragam o resultado final. Jamais parece levar algo à sério durante todo o filme. De certa forma "Moonraker" serve apenas como uma forma de demonstrar que em plenos anos 70 o personagem perdia cada vez mais força e relevância. De bom mesmo apenas algumas boas sequências de ação, uma delas com o famoso vilão Jaws (interpretado pelo ator Richard Kiel, um grandalhão recentemente falecido) que luta com Bond nos bondinhos do Rio de Janeiro, imagine você! No geral não há muito por onde ir, "007 Contra o Foguete da Morte" é de fato muito ruim mesmo. Pelo jeito o Brasil fez mal a 007, Um James Bond para esquecer. / 007 Contra o Foguete da Morte (Moonraker, Estados Unidos, 1979) Direção: Lewis Gilbert / Roteiro: Christopher Wood / Elenco: Roger Moore, Lois Chiles, Michael Lonsdale.
5. 007 - Somente Para Seus Olhos (1981)
Um embarcação da frota britânica afunda e com isso uma importante arma secreta desaparece de forma misteriosa. Para investigar o paradeiro dela o serviço de inteligência real envia o agente 007, James Bond (Roger Moore), para dar solução a todo o mistério, pois caso a arma caia em mãos inimigas o mundo correrá um grande risco. Filme indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria Melhor Canção Original (Bill Conti e Michael Leeson pela música "For Your Eyes Only"). Quinto filme de Roger Moore na pele de James Bond. O ator segurou as pontas por duas décadas, de 1973 (quando realizou o primeiro filme com o personagem em "Com 007 Viva e Deixe Morrer") até 1985 (quando se despediu de Bond em "007 - Na Mira dos Assassinos"). Esse "007 - Somente Para Seus Olhos" seria seu antepenúltimo filme como o mais famoso agente inglês do cinema. Por essa época os produtores já se movimentavam para dar um novo fôlego para as aventuras de 007. Roger Moore já estava ficando velho para o papel e seu estilo, mais escrachado, quase indo para a galhofa completa, estava minando a credibilidade do personagem como herói de ação. Revisto hoje em dia muito dos filmes de Moore se tornam anacrônicos, datados, pouco atrativos, justamente por trilhar muitas vezes o caminho da auto paródia. Claro que Roger Moore foi importante dentro da franquia, principalmente após Sean Connery decidir abandonar os filmes de Bond, mas também trouxe um certo desgaste para a série de uma forma em geral. Não gosto muito desse filme em particular pois acho que teve uma das mais fracas produções, embora algumas cenas - como a perseguição na neve e o ataque de tubarões - tenham algum valor. A música tema também é bonita, embora ande esquecida. Em suma, um Bond de rotina na era de Roger Moore. / 007 - Somente Para Seus Olhos (Inglaterra, Estados Unidos,1981) Direção: John Glen / Roteiro: Richard Maibaum, Michael G. Wilson / Elenco: Roger Moore, Carole Bouquet, Topol.
6. 007 Contra Octopussy (1983)
Após a morte de um importante agente, um plano criminoso que envolve falsificação de obras de arte é descoberto. James Bond (Roger Moore) é designado para o caso mas acaba descobrindo algo maior, envolvendo até mesmo o uso de armas nucleares para dominar toda a Europa. No centro de tudo o agente inglês acaba se deparando com a perigosa contrabandista Octopussy (Maud Adams), que está disposta a tirar 007 de seu caminho. Filme indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy Horror Films nas categorias Melhor Filme e Melhor Atriz Coadjuvante (Maud Adams). Mais um filme de James Bond na era Roger Moore que será exibido essa semana pela TV a cabo brasileira. "Octopussy" é um dos mais conhecidos filmes com Moore e também um dos mais bem sucedidos de bilheteria - o que deu uma sobrevida ao ator na pele do agente secreto inglês. Mesmo com a boa recepção do público, a crítica achou que as palhaçadas (literalmente falando) em cima do personagem já tinham passado do limite. Existem cenas tão absurdas que acabam transformando o filme numa auto paródia de humor involuntário. Como se não bastasse ainda temos que encarar Bond dando uma de Jim das Selvas em momento tão sem graça como constrangedor. De bom mesmo apenas as boas locações na Índia - com destaque para o famoso Taj Mahal, além da produção bem mais caprichada e bem realizada do que a do filme anterior. Também merecem destaque algumas boas cenas de ação, entre elas aquela em que Bond pilota o que é chamado de menor jato do mundo (uma geringonça que mais parece um ultraleve turbinado) e outra, quando fica pendurado no teto de um avião em pleno vôo (um maravilhoso trabalho do dublê do filme). Esse seria o penúltimo filme de Moore no papel, algo que para muitos deveria ser o último. De qualquer maneira, como é um Bond da franquia oficial (pois o filme de Sean Connery estava saindo nesse mesmo ano nos cinemas para disputar nas bilheterias), vale a pena ser assistido por pelo menos uma vez na vida, afinal os fãs de 007 não deixariam passar mais essa aventura em branco. / 007 Contra Octopussy (Estados Unidos, 1983) Direção: John Glen / Roteiro: George MacDonald Fraser, Richard Maibaum / Elenco: Roger Moore, Maud Adams, Louis Jourdan
7. 007 - Na Mira dos Assassinos (1985)
É o último filme de Roger Moore como James Bond. Assistindo realmente chegamos na conclusão que era o fim da linha para Moore. Ele já estava velho demais para bancar o agente inglês (sinais da idade estão em toda parte, até seu pescoço, por exemplo, que mostra claros sinais da passagem do tempo). Além disso ele surge usando um cabelo estranho, de cor nada natural, bem artificial. Roger Moore foi um bom ator para a franquia. Ele nunca se levava muito à sério, seu filmes sempre tinham um lado de chanchada bem diferente dos que foram feitos por Sean Connery que apresentavam uma postura mais séria com o personagem. O roteiro é baseado em um pequeno conto de Ian Fleming publicado em 1960 (praticamente todos seus livros já tinham sido adaptados e por isso tiveram que apelar para pequenos textos deixados pelo autor). Para completar a trama misturaram com outros filmes de James Bond e o resultado de tanta mistura surge em cena. O filme não é ruim, tanto que anos depois o próprio Roger Moore confessou ser esse seu filme preferido com o personagem, mas a sensação de Deja Vu é muito forte. Os vilões são bacanas - o antagonista de Bond, o industrial Zorin, é interpretado por um Christopher Walken com peruca loira totalmente fake (o que torna tudo ainda mais divertido). Ele está totalmente sem freios em cena! Já a vilã é feita por uma estranha Grace Jones (ok, seu tipo exótico era bem curioso mas não tem como negar que ela era uma péssima, péssima atriz, daquelas que não conseguem falar uma linha de diálogo com veracidade). A trilha sonora é assinada pelo grupo Duran Duran (grupo extremamente popular na década de 1980). O interessante é que em seu último trabalho como o agente inglês as antigas galhofas que faziam parte dos filmes com Roger Moore são deixadas de lado. "007 Na Mira dos Assassinos" é bem mais sisudo e menos galhofeiro do que os outros filmes feitos por ele mas mantém o interesse por causa de algumas cenas legais (como as feitas na Torre Eiffel em Paris e na Ponte de São Francisco). Claro que a trama é uma bobagem, mas releve! Vale a curtição de se ver (ou rever). / 007 Na Mira dos Assassinos (A View to a Kill, EUA / UK, 1985) Direção: John Glen / Roteiro: Richard Maibaum, Michael G. Wilson / Elenco: Roger Moore, Tanya Roberts, Christopher Walken, Grace Jones, Patrick Macnee, Fiona Fullerton, Desmond Llewelyn, Robert Brown./ Sinopse: James Bond (Roger Moore) é o agente do serviço secreto inglês que tem que enfrentar o industrial Max Zorin (Christopher Walken), um empresário francês que planeja provocar um grande terremoto para destruir o Vale do Silício, na Califórnia, se tornando assim o único a explorar o mercado de tecnologia.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 6 de novembro de 2007
O Grande Segredo
Gary Cooper foi um dos grandes astros de Hollywood nos anos dourados do cinema americano. Como cinéfilo sempre me interessei em assistir filmes antigos e clássicos e Cooper sempre despertou minha atenção em especial. Isso é fácil de explicar porque quanto mais raro se torna a filmografia de um ator do passado mais me interesso em sua carreira e em conhecer seus filmes. Gary Cooper se enquadra perfeitamente nessa situação. Embora tenha feito mais de cem filmes em sua longa carreira em Hollywood raros são os títulos disponíveis do ator para assistir no Brasil. Como todo grande astro ele tinha grande prestígio entre os fãs de cinema no passado, porém o que se percebe é que o fato de ter morrido há quase cinquenta anos dificulta e muito o acesso aos seus filmes. Tirando seus grandes sucessos (como o clássico do Western Matar ou Morrer ou então Sargento York), que foram regularmente lançados por aqui, nada mais se encontra.
A realidade é que existe uma lacuna enorme de títulos pois quase 90% de sua obra cinematográfica permanece inédita em nosso país. Então foi com grande satisfação que recentemente tive a oportunidade de assistir um de seus filmes menos conhecidos. Trata-se de O Grande Segredo, filme de espionagem de 1946, lançado logo após o final da II Grande Guerra Mundial. O interessante dessa película é que aqui Cooper foi dirigido por um dos grandes diretores da história do cinema, Fritz Lang. Só por essa razão o filme já seria extremamente curioso, para não dizer obrigatório. Confesso que pouco sabia sobre o roteiro, a repercussão ou a importância desse momento de Cooper no cinema, que para minha surpresa foi quase que completamente esquecido.
O astro, que sempre se dava melhor em filmes de Western aqui faz um papel bem atípico em sua carreira, interpretando um cientista recrutado pelo órgão governamental de inteligência norte-americano. Sua missão é tentar resgatar uma importante cientista que poderia ser usada pelos alemães para a construção da bomba atômica nazista. O filme tem ótimo desenvolvimento e diálogos. Cooper está bem contido em sua interpretação. Geralmente ele interpretava o tipo caladão e tímido, porém virtuoso ao extremo. Aqui ele troca o rifle pelo giz. Não deixa de ser engraçada a cena em que ele aparece fazendo cálculos para "passar o tempo"! O filme é pura diversão e deve ter empolgado bastante os militares recém chegados na volta ao lar depois do fim da Guerra.
Se tenho uma crítica a fazer em relação ao filme é em razão de seu final, que lembra bastante o epílogo do clássico Casablanca. Mas isso é de menor importância. O que realmente importa é que isso em nada comprometeu a ótima experiência de conhecer mais um filme da extensa - e bastante desconhecida - filmografia do mito Gary Cooper. Agora com o surgimento do Blu Ray bem que as produtoras poderiam olhar com mais atenção a quase completa ausência de filmes de Cooper no mercado brasileiro. Os admiradores da época de ouro de Hollywood agradeceriam bastante.
O Grande Segredo (Cloak and Dagger, Estados Unidos, 1946) Direção: Fritz Lang / Roteiro: Albert Maltz, Ring Lardner Jr./ Elenco: Gary Cooper, Robert Alda, Lilli Palmer / Sinopse: Gary Cooper interpreta um cientista recrutado pelo órgão governamental de inteligência norte-americana. Sua missão é tentar resgatar uma importante cientista que poderia ser usada pelos alemães para a construção da bomba atômica nazista.
Pablo Aluísio.
Fuga de Sobibor
Em determinado momento da guerra ele chegou na conclusão de que campos de concentração como Auschwitz não davam mais certo. Essa coisa de manter uma multidão de prisioneiros judeus estava custando muito caro para os cofres da Alemanha nazista. Assim criou-se o conceito de campos menores como Sobibor. Praticamente não passavam de paradas de trens com câmaras de gás. Os prisioneiros desciam dos trens e eram selecionados. Homens com capacidade de trabalho eram poupados da morte. Mulheres, crianças e idosos eram exterminados imediatamente. Não havia comida e nem instalações para todas essas pessoas. Assim dentro de uma mentalidade de barbárie absoluta os judeus eram enviados diretamente para as câmaras de gás para morte imediata.
No fim do filme descobrimos que Sobibor foi destruída em parte antes do fim da guerra. Era um crime contra a humanidade sem precedentes. Himmler mandou destruir as câmaras de gás, colocando no mesmo lugar uma floresta de pinheiros. Não adiantou esconder seus crimes de guerra porque nesse local houve uma das mais bem sucedidas fugas em massa da história (algo que é a base do roteiro do filme). Mais de 300 prisioneiros ganharam a liberdade, depois de um bem sucedido plano de matar os oficiais da SS, para que os soldados ucranianos do campo ficassem sem comando, levando os prisioneiros a fugirem pelo próprio portão da frente da prisão! O testemunho desses prisioneiros provou o que havia acontecido em Sobibor. Os nazistas não conseguiram apagar isso da história.
Acredito que um filme como esse tem uma importância vital pois nos últimos anos surgiram vários autores revisionistas da história negando inclusive a existência dessas câmeras de gás, como essas que existiam em Sobibor. Essas pessoas - algumas até historiadores com diploma - prestam um grande mal para a história em geral. Ao negarem esse passado tenebroso corre-se o risco de repeti-lo. As novas gerações, tão afundadas em sua busca pelo hedonismo completo, correm o risco de não conhecerem os horrores do holocausto. Por isso um filme como "Fuga de Sobibor" deveria ser exibido em escolas e instituições de ensino. É uma lição de história para nunca mais se esquecer.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
Mestres do Passado: Vincent Price e Christopher Lee
A Hammer era uma produtora inglesa que não contava com muitos recursos financeiros mas compensava isso com muita imaginação e estilo. Um exemplo é "Drácula: O Perfil do Diabo" que assisti essa semana. O filme é um dos menos conhecidos da longa linhagem que foi estrelada por Christopher Lee, mas traz todas as características que fizeram da Hammer uma das produtoras mais cultuadas pelos fãs de terror até hoje. O roteiro é simples e mostra Drácula, renascido novamente após ser destruído no filme anterior (pensou que era apenas o Jason que não morria em seus filmes?) e que agora tem que retornar ao seu castelo o mais rápido possível mas é impedido porque um padre teria exorcizado sua entrada. O argumento nesse caso é o que menos importa. O interessante é admirar a direção de arte dos estúdios Hammer e o capricho que eles tinham na produção. Até mesmo a falta de efeitos especiais conta a favor. Como não havia técnica desenvolvida naquela época tudo era superado com ideias bem boladas e imagens bem editadas.
A interpretação de Christopher Lee no papel de Drácula é outro destaque. Longe dos vampiros românticos da atualidade o Drácula da Hammer não tinha nada de cavalheiresco ou nobre, era apenas um monstro de capa, que nem pensava duas vezes em puxar o cabelo das mulheres quando achava necessário! Também não era de muito bate papo, Lee inclusive mal fala durante toda a projeção, apenas o mínimo necessário, geralmente dando ordens aos seus servos. Pois é, quem te viu e quem te vê, os vampiros do passado não davam moleza nenhuma para as suas partners em cena. Embora ele novamente vá atrás de sua "amada imortal" também nesse filme, o faz sem nenhum gesto de romantismo ou galanteio. Simplesmente a enfeitiça e tenta levar a donzela para seu castelo no alto da montanha, demonstrando que o velho conde de bobo não tinha nada...
E por falar em interpretação não poderia deixar de citar um dos grandes mestres do terror: Vincent Price. Ontem assisti um de seus clássicos: "A Casa dos Maus Espiritos"! Ao contrário do Drácula monossilábico de Lee, o personagem de Vincent Price nesse filme esbanja elegância e sofisticação. Fazendo o papel de um milionário que convoca um estranho grupo para passar a noite em uma casa assombrada ao preço de dez mil dólares, Price demonstra como era um ótimo ator, mesmo nas produções mais simples. O filme, que foi dirigido pelo ótimo William Castle, tem um roteiro cheio de humor negro. Para quem gosta certamente encontrará um prato cheio, inclusive em seu próprio título pois ao final descobrimos quem são realmente os tais "maus espíritos"! Com desenvolvimento rápido e esperto o filme fez grande sucesso de bilheteria e inspirou vários clássicos que viriam, como o próprio Psicose de Hitchcock. Seu roteiro é tão interessante que o filme acabou ganhando um remake intitulado "A Casa na Colina", que não chega nem aos pés do original. Também convenhamos o mestre Vincent Price carrega o filme nas costas e é responsável direto por seu grande êxito. Enfim, duas amostras de uma época em que os filmes de terror tinham um charme inigualável. Morra de inveja Robert Pattinson...
Pablo Aluísio.
O Superman dos anos 50
Recentemente o filme Hollywoodland retratou muito bem esse aspecto. Nele somos apresentados à história de George Reeves em Hollywood. Um ator de segundo escalão que, para sobreviver, teve que encarnar o personagem de quadrinhos na TV. Embora hoje estrelar um filme ou um seriado sobre Superman seja considerado a sorte grande para qualquer ator, nos anos 50 isso era simplesmente o fim da picada, o mais baixo que um aspirante ao estrelado poderia chegar. Para Reeves (cujo sobrenome é extremamente parecido com o de outro ator que também interpretou o homem de aço, Christopher Reeve), fazer um seriado para crianças nos anos 50 era o símbolo máximo do fracasso de sua carreira.
Embaixo da fantasia havia um homem que escondia vários problemas em sua vida particular. Sempre em busca de bons papéis George Reeves não pensou duas vezes ao se envolver com a mulher do vice presidente da MGM, Toni Mannix. Se envolvendo romanticamente com uma mulher mais velha, porém poderosa dentro do Star System em Hollywood, Reeves procurava chegar nas melhores produções do cinema na época. Até conseguiu, ao fazer uma ponta em A um Passo da Eternidade, mas parou por aí. Como todo ator que um dia chegou a interpretar um ícone da cultura pop, como Superman, ele ficou marcado para sempre pelo papel, o que tornava extremamente difícil ser levado a sério em outros papéis. Com o cancelamento do seriado o que era previsível aconteceu: Reeves ficou sem trabalho, passando por dificuldades financeiras.
Em 1959, segundo relatos oficiais, George Reeves se matou com um tiro. Sua morte porém sempre gerou dúvidas entre a imprensa e a comunidade em Hollywood. Será que realmente cometeu suicídio? Ao se envolver com uma mulher de um figurão da MGM Reeves também mexeu em um vespeiro. As teorias são muitas: para alguns o que aconteceu realmente foi homicídio, não se sabe cometido pelo vice presidente da MGM ou por sua esposa, que havia sido trocada por George Reeves por uma mulher mais jovem. A verdade provavelmente jamais será descoberta.
O filme Hollywoodland, estrelado por Ben Afleck (provavelmente em seu primeiro papel não canastrão em anos) e Adrien Brody, é uma pequena obra prima que deve ser descoberta. Retrata como poucos a hipocrisia reinante no círculo das grandes estrelas na capital do cinema durante os anos 50. Mostra o sórdido jogo de interesses existente por baixo da luzes das marquises de cinema, o uso de favores sexuais em troca de bons papéis, a verdade sobre os astros da época que não se faziam de rogados para chegar ao topo da carreira. Recentemente vários livros estão surgindo no mercado mostrando o verdadeiro lado obscuro de muitos mitos da época, como Marilyn Monroe e Clark Gable, desmascarando o jogo sujo da indústria cinematográfica dos Estados Unidos. Certamente esse não era exclusividade apenas do ator que um dia foi mais rápido que uma bala e mais veloz do que um trem.
Pablo Aluísio.
domingo, 4 de novembro de 2007
Brigitte Bardot
Além do título (que foi mais do que merecido), Bardot também foi se destacando ao longo dos anos por manter uma vida sentimental livre de amarras e moralismos, se tornando uma mulher de seu tempo, independente e moderna. Como atriz sempre causou controvérsias. Para muitos críticos ela seria apenas uma mulher bela que conquistava o público apenas por sua beleza. Para outros havia realmente um talento nato embaixo de sua estética fenomenal.
Além do cinema Bardot também ficou conhecida por sua luta em defesa dos direitos dos animais. Ela esteve sempre presente em todas as propostas de projetos de lei do parlamento francês que procurava manter e garantir os direitos de todas as espécies animais, o que fez com que ganhasse alguns desafetos dentro da imprensa. Esses sempre procuram explorar o fato de que Bardot envelheceu, perdendo sua exuberante beleza, o que não deixa de ser uma covardia e um despautério, pois todos os seres humanos um dia vão também envelhecer.
Sobre isso a atriz certa vez disparou a um jornalista que estava lhe perturbando: "Se eu ainda aparentasse ter 20 anos alguma coisa estaria errada comigo não é mesmo? Eu tenho rugas, e daí?". Depois mais filosoficamente falou: "Sim, muitas vezes é triste envelhecer, porém é muito bom amadurecer".
Hoje em dia Bardot segue em sua luta pelos animais abandonados, doentes e contra a caça de espécies em extinção como as baleias. Sobre isso ela nunca recusou declarações a imprensa. Questionada porque dava tanto de seu tempo em prol dos animais ela explicou: "Quando se é capaz de lutar por animais, também se é capaz de lutar por crianças ou idosos. Não há bons ou maus combates, existe somente o sofrimento dos mais fracos, que não podem se defender." Por essas e outras decisões corajosas e certas deixamos aqui nossos parabéns para essa que foi um verdadeiro mito da sétima arte. Como gostam de lembrar seus fãs: BB Forever!
Pablo Aluísio.
Gene Wilder
O ator nasceu em uma família de imigrantes judeus nos Estados Unidos. Não havia qualquer tipo de tradição familiar no mundo das artes, mas Wilder, um grande fã de cinema e teatro, decidiu bem jovem que queria ser um ator dramático, como Marlon Brando que admirava desde a juventude. Assim ele começou a procurar escolas de arte dramática em Milwaukee, onde nasceu. As oportunidades porém era poucas e raras. Além disso, mesmo que se formasse em alguma universidade ou escola da região para ser ator não haveria mesmo muitas oportunidades de trabalho em sua terra natal. Era preciso ir embora atrás de seus sonhos. Sua saída seria ir morar em Nova Iorque onde estavam as melhores escolas de formação de atores dos Estados Unidos.
Na grande cidade Wilder conseguiu ser aceito no prestigiado Actors Studio, a mesma escola de arte dramática que Marlon Brando havia estudado vinte anos antes. Pelo visto seus planos de se tornar um grande ator estavam dando muito certo. Porém nas aulas seus professores descobriram que o grande talento de Wilder não vinha dos textos dramáticos, mas sim do humor. Ele tinha um grande talento para a comédia, além disso suas feições (com grandes e expressivos olhos) pareciam adequados para personagens que exploravam essa característica. Precisando trabalhar e convencido dos argumentos de seus mestres Wilder resolveu então apostar nessa linha de atuação. Ele seria comediante.
Sob um ponto de vista crítico Wilder realmente teve muita sorte na carreira. Logo em um de seus primeiros filmes, o clássico "Bonnie e Clyde - Uma Rajada de Balas", ele teve uma pequena, mas marcante participação, que logo chamou a atenção dos produtores de Hollywood. Sua amizade pessoal com a atriz Anne Bancroft também lhe ajudou muito. Esposa do diretor Mel Brooks, Anne conseguiu que Gene fosse escalado para outro filme marcante da época, a adaptação para o cinema do clássico teatral "Primavera Para Hitler". O sucesso de público e crítica abriu ainda mais as portas da indústria para Wilder que a partir daí teria a fase mais bem sucedida de toda a sua carreira. Por esse filme também ganhou sua primeira indicação ao Oscar, um feito e tanto para alguém que mal começara a atuar no cinema.
"A Fantástica Fábrica de Chocolate" de Mel Stuart acabou transformando Wilder em um astro. O filme, uma fábula divertida e ao mesmo tempo delicada e emocional, sobre um pobre jovem que conseguia tirar a sorte grande ao achar um convite para conhecer a famosa fábrica de chocolates de sua cidade natal, mudando sua vida para sempre, é ainda hoje considerado um dos melhores filmes já realizados no gênero. Wilder tinha um carinho muito especial pelo filme, sempre destacando que aquele havia sido realmente um ponto de mudança completa em sua filmografia.
Depois de dar vida ao inesquecível Willy Wonka, Wilder deu prosseguimento em sua excelente e muito produtiva parceria ao lado do diretor Mel Brooks, que o adotou como ator símbolo de seus filmes. Ao lado do cineasta, Wilder rodou grandes sucessos de público e crítica como "Banzé no Oeste" (uma divertida sátira ao western americano) e "O Jovem Frankenstein" (outra sátira, só que dirigida aos filmes de terror). Esse último filme aliás trouxe uma surpresa e tanto para Wilder quando acabou sendo indicado ao Oscar por seu roteiro (que ajudou a escrever junto ao diretor Brooks). E ele não pararia por aí. Com Woody Allen rodou uma participação impagável em "Tudo o Que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo E Tinha Medo de Perguntar", uma das melhores comédias do diretor.
Gene Wilder também se aventurou na direção com ótimos resultados. Dirigiu filmes tão interessantes como "O Irmão mais Esperto de Sherlock Holmes" (ótima brincadeira com o famoso personagem detetive) e "A Dama de Vermelho" (provavelmente seu filme mais lembrado como diretor, aproveitando a beleza da atriz Kelly LeBrock). Depois de mais uma divertida comédia, "Lua de Mel Assombrada", Wilder resolve se afastar do cinema, devastado pela morte da esposa por um agressivo câncer.
Depois dessa tragédia pessoal o ator passou por momentos complicados em sua vida pessoal, desenvolvendo uma depressão que o acompanhou por muitos anos. Só aceitou voltar a trabalhar em pequenos projetos, comédias menos pretensiosas, geralmente ao lado do amigo e comediante Richard Pryor. São dessa fase fitas como "Cegos, Surdos e Loucos!" e "Um Sem Juízo, Outro Sem Razão". Nenhum desses filmes era exatamente um clássico, mas serviam para deixar Wilder em cartaz, trabalhando. Em 1991 Wilder deixou o cinema para sempre, só voltando a atuar em pequenas participações eventuais e esporádicas em séries e pequenos telefilmes. O ator considerava concluída sua carreira. Ela já havia feito (e muito) pela sétima arte. Disso certamente ninguém iria discordar.
Pablo Aluísio.
sábado, 3 de novembro de 2007
Olivia de Havilland
Quando era apenas uma colegial, Olivia começou a fazer peças de teatro, obviamente sempre incentivada pela mãe. Assim ela acabou chamando a atenção dos estúdios Warner. Um contrato lhe foi oferecido e a partir daí a vida de Olivia de Havilland mudou para sempre. A adaptação para o cinema da peça "Sonho de uma Noite de Verão" se tornou seu primeiro grande filme em 1935. Logo depois desse sucesso a Warner a escalou para atuar ao lado do ídolo de aventuras Errol Flynn em "Capitão Blood", um grande sucesso de bilheteria. Tão certo dariam juntos que a Warner a colocaria para atuar novamente ao lado de Flynn em "A Carga da Cavalaria Ligeira", "As Aventuras de Robin Hood" e "O Intrépido General Custer", entre outros. Muitos desses filmes foram dirigidos por Michael Curtiz, que sabia do potencial da jovem estrela. Curiosamente conforme os anos foram passando Olivia de Havilland começou a se aborrecer com os excessos de Flynn, até que finalmente decidiu que não iria mais atuar ao seu lado, algo que desagradou muito a direção da Warner Bros.
Essa pequena briga abriu espaço para que ela também trabalhasse em outros estúdios. Assim em 1939 Olivia participou do elenco estelar de um dos maiores filmes da história de Hollywood. Produzido pela MGM, "...E O Vento Levou" se tornou um filme inesquecível. Com o sucesso monumental ela finalmente teve a liberdade na carreira para interpretar grandes personagens em diversos filmes, fugindo da fórmula de mocinha em perigo que havia repetido inúmeras vezes ao lado de Errol Flynn em seus filmes de aventura, de piratas com muitas lutas de espada. Esses filmes faziam sucesso, tinham ótima bilheteria, mas Olivia acreditava que eles não abriam muita margem para ela ser reconhecida como uma grande atriz, uma dama da interpretação dramática.
Assim ela partiu em busca de bons roteiros e acabou obtendo êxito também nessa nova fase melodramática de sua carreira. Ao todo ela foi indicada cinco vezes ao Oscar, vencendo em duas ocasiões, com os filmes "Tarde Demais" de 1948 onde atuou ao lado de Montgomery Clift e "Só Resta Uma Lágrima" drama sentimental de 1946. Também foi indicada por "A Cova da Serpente", "A Porta de Ouro" e "...E O Vento Levou". Curiosamente ela parecia ter uma rivalidade ferrenha em relação a prêmios com a própria irmã, Joan Fontaine, o que rendia ótimas piadas e material para reportagens de fofocas de Hollywood na época.
No total ela atuaria em mais de 60 filmes, sendo que em 1988 resolveu se despedir de sua carreira com o telefilme "The Woman He Loved" que contava a história do rei Edward VIII que abdicou do trono inglês para se casar com uma americana divorciada. O fato é que ela já vinha trabalhando muito raramente desde a década de 1960, quando suas atuações foram ficando cada vez mais raras. Aos poucos ela resolveu deixar o glamour de Hollywood para se dedicar a sua família. Ela dizia que o cinema americano havia perdido seu charme com o passar dos anos. Desde então ela procurou evitar surgir em público, com algumas exceções - entre elas no Oscar de 2003. Aos 100 anos de idade Olivia agradeceu de coração as inúmeras homenagens que recebeu. Sem dúvida hoje em dia ela pode ser considerada um dos grandes mitos ainda vivos da era de ouro do cinema clássico.
Pablo Aluísio.
Yul Brynner
Depois de cinco anos nova mudança, dessa vez para a França. Em Paris Yuli se interessou no mundo das artes. Ele começou como artista de circo, músico, pintor e depois encontrou um bom emprego como radialista numa estação francesa que passava um programa apenas com músicas russas e eslavas. Era uma programação voltada exclusivamente para imigrantes russos. Sua boa voz e postura o fez ser convidado para fazer o programa da Voz da América em russo na cidade de Nova Iorque. Ir para os Estados Unidos lhe pareceu uma boa ideia e assim ele resolveu embarcar nessa aventura. Mal sabia que uma nova vida lhe esperava na América.
Trabalhando como locutor ele tinha muito tempo livre que aproveitou para aprender uma nova profissão: a de ator de teatro. Nova Iorque tinha um cenário teatral muito rico, principalmente na Broadway, e Yuli percebeu que poderia vencer nesse meio. Trocou o nome para Yul Brynner e foi à luta em busca de papéis na cidade. Tirou a sorte grande ao estrelar a peça "O Rei e Eu", grande sucesso na Broadway. Como artista nato convenceu plenamente e arrancou elogios por sua atuação como o Rei Mongkut de Sião.
A partir daí as portas de Hollywood lhe foram abertas. Embora tenha atuado em algumas séries e teleteatros, sua estreia nas telas de cinema foi considerada arrebatadora. Uma versão de "O Rei e Eu", dirigida por Walter Lang, com Deborah Kerr no elenco, se tornou também um grande sucesso de público e crítica. O filme foi premiado em cinco categorias no Oscar, inclusive a de Melhor Ator para Brynner, o que o transformou em astro precocemente. Mal atuava em seu primeiro filme e já se firmara entre os grandes nomes da capital do cinema americano.
Por causa de seu tipo físico, bem oriental e exótico, além do domínio de várias línguas, o astro viu sua carreira decolar, principalmente estrelando épicos históricos e bíblicos. Interpretou o grande faraó Ramsés II em "Os Dez Mandamentos", o General Sergei Pavlovich Bounine em "Anastácia, A Princesa Esquecida" e Dmitri Karamazov em "Os Irmãos Karamazov". Como se isso não bastasse brilhou ainda como o Rei Salomão no clássico "Salomão e a Rainha de Sabá". Hollywood parecia aos seus pés nessa fase de grande sucesso comercial e artístico.
Seu grande sucesso de bilheteria porém viria em um faroeste. Interpretando o pistoleiro vestido de negro Chris Larabee Adams em "Sete Homens e um Destino", Brynner viu seu cachê ficar entre os 10 mais caros de Hollywood. Depois vieram novos filmes, de gêneros bem variados, passando por aventuras de capa e espada, dramas sensíveis e até mesmo uma estranha ficção onde interpretava um cowboy robô chamada "Westworld - Onde Ninguém Tem Alma". No total atuou em mais de 45 filmes ao longo da carreira.
Fumante inveterado acabou contraindo um agressivo câncer de pulmão. Para conscientizar a geração mais jovem resolveu gravar um depoimento nos últimos dias de vida em que declamava o seguinte texto: "Quando vocês estiverem assistindo a essa fita já terei partido desse mundo. Poderia ter vivido com saúde ainda por muito anos pela frente não fosse o maldito vício que tive ao longo da minha vida pelo fumo. O cigarro me trouxe um câncer do qual não conseguirei sobreviver. Por isso aconselho aos mais jovens que nunca fumem. Aos que fumam aconselho que parem imediatamente. Digo isso porque eu não desejaria ao meu pior inimigo as dores que estou sofrendo. Não quero que ninguém passe por aquilo que estou passando". Ele morreria dez dias depois de gravar esse depoimento, em outubro de 1985, aos 65 anos de idade.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 2 de novembro de 2007
Ronald Reagan - De Hollywood para a Casa Branca
Reagan sentia-se feliz simplesmente pelo feito de conseguir trabalhar naquilo que amava pois desde jovem ele era um cinéfilo apaixonado pela sétima arte. No começo o ator ganhou papéis por causa de sua altura e sua pinta de galã. Ele próprio não se considerava um grande ator pois de certa maneira até concordava com os críticos que diziam que ele não passava de um canastrão esforçado, mas isso era o de menos. Só o fato de ser um ator já o deixava feliz. Por essa época ele mal poderia acreditar que iria atuar em mais de 80 filmes ao longo de sua carreira. Era realmente algo inacreditável para quem chegara na capital do cinema sem grandes ambições a não ser aparecer em alguns filmes para mostrar aos seus amigos em sua terra natal.
Aos poucos melhores personagens foram surgindo principalmente depois que passou a contar com o apoio dos diretores de elenco da Warner Bros. Reagan sempre procurava interpretar o americano tradicional nas telas. Suas escolhas se revelaram perfeitas e muito bem sucedidas. A partir de "A Estrada de Santa Fé" Reagan finalmente encontrou o caminho do sucesso, interpretando o lendário General Custer da Sétima Cavalaria. Depois desse filme Reagan fez uma sucessão de filmes de faroeste e guerra, sempre intercalados. Ora surgia no velho oeste, ora nos campos de batalha. Seu nome foi ficando popular, mas não a ponto de o transformar em um astro de primeira grandeza. De certa maneira a partir dos anos 50 Reagan foi percebendo que sua carreira se resumia a ser um coadjuvante de luxo.
Assim o mundo da política lhe parecia muito promissor. Ele era filiado ao Partido Republicano e com o tempo foi abrindo espaço para si mesmo. Se tornou, ainda bastante jovem, o Presidente da Academia de Hollywood. Seus esforços ajudaram na consolidação do Oscar como fenômeno da mídia e não apenas como um prêmio restrito aos profissionais da área. Confiante que poderia vencer nas urnas ele lançou-se candidato a vários cargos, tendo o seu auge quando venceu as eleições para governador da Califórnia. Ali Reagan pensava ter atingido o auge de sua vida como político. Se candidatar a presidente era algo impensável, mas Reagan pagou para ver! E não é que ele foi realmente eleito! E não apenas uma vez, mas duas! Fez um bom governo, sempre lembrado pela estabilidade na economia e no crescimento de seu país. Quem diria que aquele ator nem tão conhecido de filmes B chegaria tão longe...
Pablo Aluísio.