A primeira vez que assisti "Fuga de Sobibor" foi na TV aberta, durante os anos 80. Na realidade essa é uma minissérie que de tempos em tempos era reprisada pelo SBT. Depois acabou sendo lançada no mercado de vídeo (ainda nos tempos do VHS) como filme, com nova edição e montagem. Sempre considerei um grande filme de guerra, principalmente por mostrar a luta dos prisioneiros nesse campo de extermínio nazista. Eu me recordei dessa produção ao ler alguns trechos da biografia do líder nazista Heinrich Luitpold Himmler.
Em determinado momento da guerra ele chegou na conclusão de que campos de concentração como Auschwitz não davam mais certo. Essa coisa de manter uma multidão de prisioneiros judeus estava custando muito caro para os cofres da Alemanha nazista. Assim criou-se o conceito de campos menores como Sobibor. Praticamente não passavam de paradas de trens com câmaras de gás. Os prisioneiros desciam dos trens e eram selecionados. Homens com capacidade de trabalho eram poupados da morte. Mulheres, crianças e idosos eram exterminados imediatamente. Não havia comida e nem instalações para todas essas pessoas. Assim dentro de uma mentalidade de barbárie absoluta os judeus eram enviados diretamente para as câmaras de gás para morte imediata.
No fim do filme descobrimos que Sobibor foi destruída em parte antes do fim da guerra. Era um crime contra a humanidade sem precedentes. Himmler mandou destruir as câmaras de gás, colocando no mesmo lugar uma floresta de pinheiros. Não adiantou esconder seus crimes de guerra porque nesse local houve uma das mais bem sucedidas fugas em massa da história (algo que é a base do roteiro do filme). Mais de 300 prisioneiros ganharam a liberdade, depois de um bem sucedido plano de matar os oficiais da SS, para que os soldados ucranianos do campo ficassem sem comando, levando os prisioneiros a fugirem pelo próprio portão da frente da prisão! O testemunho desses prisioneiros provou o que havia acontecido em Sobibor. Os nazistas não conseguiram apagar isso da história.
Acredito que um filme como esse tem uma importância vital pois nos últimos anos surgiram vários autores revisionistas da história negando inclusive a existência dessas câmeras de gás, como essas que existiam em Sobibor. Essas pessoas - algumas até historiadores com diploma - prestam um grande mal para a história em geral. Ao negarem esse passado tenebroso corre-se o risco de repeti-lo. As novas gerações, tão afundadas em sua busca pelo hedonismo completo, correm o risco de não conhecerem os horrores do holocausto. Por isso um filme como "Fuga de Sobibor" deveria ser exibido em escolas e instituições de ensino. É uma lição de história para nunca mais se esquecer.
Pablo Aluísio.