Sempre muito elogiado, o último filme de Elvis nos anos 50, o famoso King Creole (Balada Sangrenta, no Brasil) merece algumas reflexões adicionais. Não nego que seja um filme muito bom, entretanto afirmar que estaria no mesmo patamar de alguns filmes de Marlon Brando ou até mesmo do ídolo de Elvis, James Dean, já me soa um pouco exagerado.
Perceba que inicialmente foi um roteiro escrito justamente para os dois rebeldes máximos de Hollywood naquela década. Só que Brando recusou o papel afirmando que já tinha passado da idade (e ele tinha razão sobre isso) e James Dean, que parecia condenado logo no começo de sua carreira a interpretar jovens encucados e confusos, morreu antes de aceitar o papel. Assim o roteiro ficou órfão e a Paramount Pictures entendeu que Elvis poderia ser uma boa opção. O roqueiro rebolador de cabelos de brilhantina poderia salvar aquele projeto.
Não me entenda mal, acredito que Elvis não se saiu mal, mas vamos falar a verdade dos fatos, ele novamente foi salvo por sua música. Se o filme fosse inteiramente dramático, como originalmente foi concebido, penso que Elvis estaria em apuros. Ele não era ator profissional, apenas enganava bem e tinha boa presença de cena, mas na real não era Marlon Brando e nem James Dean. Havia um Actors Studio de distância entre eles!
Além disso o filme, apesar de seus inegáveis méritos artísticos, não foge muito da fórmula dos chamados filmes de Elvis. O que isso quer dizer? Bom, tem muitas cenas musicais, duas mulheres disputando seu coração (sendo uma mais jovem boazinha e uma mais velha, do tipo mulher fatal) e claro um vilão, aqui sendo interpretado pelo Walter Matthau, que convenceu bem como mafioso, mas que fez sua carreira praticamente toda interpretando rabugentos em filmes cômicos. Brando é que se consagrou como o mais perfeito padrinho das famílias da cosa nostra.
Então é isso. Michael Curtiz teve sua experiência diferenciada e Elvis também teve a chance de ser Brando Dean por um dia. Um filme mais do que interessante para quem aprecia a história do cinema, mas ainda longe dos grandes filmes de Hollywood em sua era de ouro.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley
ResponderExcluirPablo Aluísio.
Concordo em gênero, número e grau: é apenas o melhor filme do Elvis, e isso está longe de ser a oitava maravilha do mundo. O próprio Michael Curtis já havia feito coisa muito, mas muito melhor.
ResponderExcluirExatamente e essa mesma equipe técnica de King Creole voltaria a trabalhar muitas vezes com Elvis naqueles filmes bem adocicados dos anos 60. A única diferença era a saída do diretor Curtiz.
ResponderExcluir