Esse filme de John Ford foi uma espécie de pedidos de desculpas do cineasta para com o povo nativo dos Estados Unidos. Durante anos ele filmou filmes de western usando os indígenas como vilões e selvagens. Nesse filme ele decidiu que também iria mostrar o outro lado, o lado das nações nativas da América. O filme é assim dividido em três atos bem claros. No primeiro temos a fuga dos Cheyennes da reserva deserta e hostil para onde foram levados. No segundo ato, passado na cidade de Dodge City, há um pânico quando moradores descobrem que os índios estão chegando a na última parte vemos o desfecho, a conclusão da história.
Embora seja um filme muito bom ele se torna irregular por causa do segundo ato, em Dodge City. James Stewart aqui interpreta o xerife Wyatt Earp, mas tudo em tom de comédia, de humor, o que destoa do restante do filme. Quando eles saem em perseguição dos índios no deserto tudo parece um episódio de Corrida Maluca. Algo que quebra o ritmo sério e concentrado do restante do filme. O que diabos tinha John Ford na cabeça quando rodou esse segundo ato? Felizmente o filme retoma sua seriedade inicial na terceira e última parte, quando os indígenas chegam em um forte do exército americano. Ali eles esperam um tratamento adequado para seres humanos. Esperam que o governo americano encontre uma solução para eles. Quem se destaca nessa última parte é o veterano ator Edward G. Robinson. Ele interpreta o secretário do interior Carl Schurz, um homem justo e humano.
Então é isso. Temos aqui um filme que quase foi estragado pelo próprio John Ford na sua equivocada decisão de inserir humor em um filme com temática séria demais para esse tipo de coisa. O western assim se vale das duas partes (inicial e final) para se assumir como grande obra cinematográfica. Há elementos demais a se pensar nesse roteiro, de como o governo dos Estados Unidos foi injusto e cruel com os índios daquele país. Uma dívida história que pensando bem até hoje não foi devidamente paga!
Crepúsculo de Uma Raça (Cheyenne Autumn, Estados Unidos, 1964) Direção: John Ford / Roteiro: James R. Webb, Howard Fast / Elenco: Richard Widmark, James Stewart, Edward G. Robinson, Karl Malden, Ricardo Montalban, Carroll Baker, Sal Mineo, Dolores del Rio, Patrick Wayne, Gilbert Roland / Sinopse: O filme conta a história da fuga de um enorme grupo de índios da nação Cheyenne de uma reserva deserta dada pelo governo dos Estados Unidos. Assim que eles deixam a reserva passam a ser perseguidos pela cavalaria, dando origem a diversos confrontos e conflitos. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor direção de fotografia (William H. Clothier). Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de melhor ator coadjuvante (Gilbert Roland).
Pablo Aluísio.
ResponderExcluirCine Western
Crepúsculo de Uma Raça
Pablo Aluísio.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPablo:
ResponderExcluirPor falar em raça, vou indicar pra você a série The Godfather of Harlem. Nessa série o racismo e a busca para soluções desse inferno nos anos '60 nos EUA é mostrado de uma forma bem clara passando por Bumpy Johnson, um gangster negro sócio dos mafiosos italianos, ao mesmo tempo amigo do Malcolm X e do Martin Luther KIng e do congressista, que aprovou mais de 50 leis pela igualdade racial, Adam Clayton Powell, muito bem interpretado pelo Giancarlo Esposito, o Gus Fring de Breaking Bad, mas que aqui virou outra pessoa de tão bom ator que é.
E a cereja do bolo é que o Bumpy Johnson, o protagonista, é feito pelo grande em todos os sentidos, Forest Whitaker. Já tem duas temporadas completas. Não deixe de ver, coisa fina.
Já passou por mim essa série. Tive oportunidade de assistir, mas no último segundo deixei para depois... Com sua indicação vou tentar ver ainda nesse mês!
ResponderExcluir