Mais um Western Spaguetti que se apóia no carisma do ator Terence Hill. Aqui ele repete seu personagem “Nobody” (“Ninguém” nos EUA, Trinity no Brasil). Trinity é um cowboy sem eira, nem beira, que vaga pelas mais poeirentas cidades dos EUA em busca de aventuras. Jeito despreocupado, boa praça, consegue tirar seus cochilos nos lugares mais improváveis, seja no meio de uma rua de pura poeira de uma cidadezinha qualquer do velho oeste, seja em um pequeno vagão prestes a cair no despenhadeiro. Sempre com roupas surradas e uma sela a tiracolo, Trinity também se mostra extremamente rápido no gatilho, capaz de proezas que desafiam até mesmo as leis da física e da natureza. Aqui em “Trinity e Seus Companheiros” ele se une a uma trupe formada por um mestiço e uma garota cujo principal objetivo se torna colocar as mãos em um carregamento de ouro pertencente a um coronel corrupto do exército americano. Para isso Trinity tem a idéia de usar seu colega como um impostor, pois fazendo-se passar pelo oficial terá acesso ao ouro que tanto cobiçam.
Como em todos os filmes de Trinity o tom é nitidamente de humor e comédia (com algumas cenas que beiram o pastelão). Terence Hill era extremamente carismático o que faz o espectador manter o interesse. A produção é boa, com direito a várias cenas rodadas no cenário natural mais famoso do western americano, o Monumenty Valley em Utah, onde John Ford realizou alguns de seus maiores clássicos. E como todo western spaguetti há também cenas rodadas no deserto da Espanha. No elenco o destaque fica por conta da participação do ator Klaus Kinski na pele do personagem Doc Foster (uma óbvia paródia ao famoso Doc Holiday dos filmes de Wyatt Earp).
Não deixa de ser curioso vê-lo em cenas de pura comédia como quando cai de um hotelzinho em cima de um pangaré que sai em disparada! O diretor do filme, Damiano Damiani, faleceu recentemente, no último dia 7 de março, aos 90 anos. Era um cineasta eclético que transitava por todos os gêneros. Para o grande público ele era mais conhecido pela sequência “Amityville 2 - A Possessão”, considerado até hoje um dos melhores filmes dessa franquia de terror. Enfim, fica a dica se você quiser matar as saudades de Trinity e seus filmes Spaguetti com muito bom humor e diversão.
Trinity e Seus Companheiros (Un Genio, Due Compari, Un Pollo, Itália, 1975) Direção: Damiano Damiani / Roteiro: Damiano Damiani, Ernesto Gastaldi / Elenco: Terence Hill, Miou-Miou, Robert Charlebois / Sinopse: Trinity (Terence Hill) se une a uma trupe para tentar colocar as mãos em um carregamento de ouro pertencente a um coronel corrupto do exército americano.
Pablo Aluísio.
Trinity e seus companheiros
ResponderExcluirPablo Aluísio.
Pablo:
ResponderExcluirO Trinity foi um produto derivado da contra cultura, da era hippie. Em vez do cowboy sério como um John Wayne, ou bem vestido e estoico como um Gary Cooper, temos um zé ninguém esfarrapado vindo direto da massa de derrotados, porém com habilidades físicas sobre humanas, podendo assim se vingar do vencedores malvados. No Brasil o Renato Aragão ensaiou fazer esse mesmo papel em "Bonga, O Vagabundo", cuja premissa é exatamente a descrita acima, apenas com a diferença que em vez do Bonga possuir habilidades com armas, ele se valia da malandragem típica do brasileiro desvalido. Pouco depois ele encarnou o Didi, o "Carlitos de apartamento", e deixou o Bonga pra lá.
Mas é isso: tudo efeito de um filosofia de vida que queria ser pacifista, mas que o dia dia exigia um tanto de energia em violência, ou malandragem. Não é mais possível fazer nada assim nos nossos dias pragmáticos e de pouco espaço para o humor contra a violência.
Excelente ponto de vista do contexto histórico do momento em que o filme foi lançado. Agora a ironia maior vem do fato de que os cowboys de verdade daquele época do velho oeste estavam mais próximos do Trinity do que dos homens virtuosos dos filmes de John Ford. Basta ver as fotos daqueles tempos. Era tempos brutais e rudes. Não havia espaço para mocinhos bem penteados.
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