sábado, 6 de agosto de 2016

Elvis Presley - Follow That Dream

E então, em 1962, Elvis Presley foi até a região turística de Crystal River, na Flórida, para rodar seu novo filme. Fugindo um pouco do habitual, Elvis agora estava trabalhando para a United Artists, através de uma pequena companhia cinematográfica chamada Mirisch Corporation. A ideia era produzir um filme leve, divertido, nada condizente com todos aqueles personagens perturbados, perigosos e rebeldes que Elvis havia interpretado nos anos 50. Depois de "Blue Hawaii" (Feitiço Havaiano) os produtores de Hollywood entenderam que era melhor vender uma imagem mais soft de Elvis. Era obviamente um claro redirecionamento em sua carreira. Nada de motoqueiros rebeldes e roqueiros com casacos de couro. Esse tempo já havia passado.

Assim Elvis interpretou um protagonista que em essência era algo bem próximo de suas próprias origens. O Toby Kwimper de Elvis era apenas um caipira de bom coração, que procurava um lugar no mundo com sua família, um bando de hillbillys. O pai de Elvis no filme era interpretado pelo bom ator Arthur O'Connell que ainda voltaria a trabalhar ao lado dele em outro de seus musicais caipiras, "Kissin Cousins" (no Brasil o filme recebeu o título nacional de "Com Caipira Não se Brinca"). O'Connell era bem requisitado na época para interpretar tipos assim, caipirões do interior. E ele era muito bom nisso, vamos reconhecer.

O filme é bom olhando-se sob um ponto de vista menos crítico. Tem uma bonita fotografia - uma das melhores em se tratando da filmografia de Mr. Presley - justamente por causa do lugar onde tudo foi filmado. Também é um filme que fugiu de estúdios fechados, preferindo o ar livre, a beleza da natureza. Em locações a produção ficou muito mais ensolarada, bonita. Elvis, bem à vontade, jovem e esbanjando simpatia acabou pegando tanto sol que seu cabelo acabou até mesmo voltando ao tom natural, loiro. O diretor Gordon Douglas (que parecia um rato de biblioteca) achou que essa imagem combinava muito bem com a proposta do roteiro e por isso persuadiu Elvis a não pintar seus cabelos de preto como sempre fazia.

Por essa época as coisas pareciam ir muito bem com Elvis. Ele estava estrelando uns três filmes em média por ano, seus discos ainda vendiam bem e não havia ainda no ar nenhum forte concorrente no campo musical. Ele ainda era o Rei absoluto das paradas de sucesso. Algo que iria mudar com a chegada dos Beatles algum tempo depois das filmagens. Isso porém ainda parecia ser um futuro distante e improvável. A trilha sonora era agradável, embora sem nenhum grande clássico no repertório. Músicas como o filme, leves e de bom astral. Eu particularmente sempre gostei muito da música tema, a própria "Follow That Dream", que tinha um ritmo ótimo, alegre, pra cima. Até "Angel", que é uma daquelas baladas que acabam se saturando um pouco com o tempo, mantém o bom nível das canções. "What a Wonderful Life" é outro atestado de boas intenções. Uma música tão otimista, tão céu azul da Flórida, jamais poderia ser encarada com maior acidez.

"I'm Not the Marrying Kind" por sua vez é pura diversão. Praticamente uma auto paródia ao próprio Elvis que na época era escolhido todos os anos como o "Solteiro mais cobiçado da América". Pois é, todas aquelas garotas queriam se casar com Elvis, famoso, rico e boa pinta... Quem poderia culpá-lo em se manter solteiro, cabeça fria e na boa vida? "A Whistling Tune" foi uma daquelas faixas que a RCA Victor não promoveu, não ajudou a divulgar e nem a fazer sucesso. Vale também pelas boas vibrações. Por fim a trilha se encerra com a boa "Sound Advice" que muitos detestam, mas que eu particularmente sempre curti muito. Enfim, esse era o Elvis em 1962... curtindo sua vida de astro de Hollywood no sol da Flórida...

Pablo Aluísio.

6 comentários:

  1. Avaliação:
    Follow That Dream ★★★★
    Angel ★★★
    What a Wonderful Life ★★★
    I'm Not the Marrying Kind ★★★
    Sound Advice ★★★

    Cotações:
    ★★★★★ Excelente
    ★★★★ Muito Bom
    ★★★ Bom
    ★★ Regular
    ★ Ruim

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  2. Esse é o único filme do Elvis que eu nunca consegui terminar de assistir. Já comecei umas três ou quatro vezes e nunca termino e, inclusive, o tenho em DVD. Não sei o que acontece.

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  3. É um dos filmes mais leves de Elvis...
    Muito fácil e rápido de assistir...

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  4. Na verdade eu não gosto muito desse filme,mas eu gosto da trilha e principalmente do Elvis dos primeiros anos depois que deu baixa no exército.
    Elvis estava muito seguro,tranquilo e cantando muito bem.
    Uma pena que principalmente depois de 1962 até o especial de 1968,por causa do direcionamento do Cel.Tom Parker e da gravadora RCA,a carreira do Elvis tenha sido tão prejudicada.
    Um verdadeiro desperdício de talento!

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  5. Cinematograficamente falando o filme não tem nada de muito relevante, a não ser a própria presença de Elvis Presley no elenco, cantando. Eu concordo plenamente com você sobre os primeiros anos da década de 60. Elvis estava ótimo, basta ouvir álbuns como "Elvis is Back" e "Something For Everybody" para entender isso. Infelizmente o Coronel Parker preferiu que Elvis ficasse gravando uma trilha sonora após a outra. Deu no que deu.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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