segunda-feira, 9 de maio de 2016

Capitão América: Guerra Civil

Eu já ando um tanto saturado de filmes com super-heróis de quadrinhos. Não é questão de gostar mais da Marvel ou da DC Comics, a questão é outra. Acho que esse gênero já anda sem novidades há tempos. Essas são palavras ao vento porque enquanto os filmes renderem bilhões de dólares eles continuarão a serem produzidos. Cinema é indústria e indústria precisa de receitas e lucros. Tudo bem, nada contra. O cinema comercial precisa existir para que filmes mais artísticos sejam realizados. Pois bem, mesmo com essa opinião formada, diria até má vontade, confesso que ainda consegui me divertir com esse Civil War.

Não, eu não li nenhuma revista da saga Civil War nos quadrinhos. Sei porém de antemão que a trama desenvolvido foi infinitamente mais complexa, com dezenas de outros personagens que simplesmente foram ignorados no filme. É normal, como condensar uma trama extensa, cheia de detalhes, em apenas uma película cinematográfica de duas horas e meia de duração? É impossível. Por isso os roteiristas passaram a tesoura sem dó. Personagens foram descartados e a longa estória mostrada nos quadrinhos foi reduzida a uma fac-símile, um resumão do que foi usado nas revistas. É o preço a se pagar em toda adaptação, seja em relação a livros, seja em relação a HQs.

Como não sou expert em quadrinhos entrei no cinema sem saber de muita coisa a não ser que os Vingadores iriam rachar ao meio, sendo um grupo formado liderado pelo Homem de Ferro e outro pelo Capitão América. Esse formato de enredo onde os super-heróis acabam quebrando o pau entre si mesmos é indiscutivelmente bem sucedido nas bancas. E isso vale para as duas maiores editoras. Se o Superman pode sair no braço com o Batman, porque a turma da Marvel não pode fazer o mesmo? É uma ideia até muito simplista e diria até boba, coisa de adolescente, mas que no final das contas funciona muito bem. De quebra ainda traz a participação do Homem-Aranha numa canja. Assim tudo se torna mesmo irresistível para quem é fã desses personagens.

Dito isso devo dizer que o roteiro de "Captain America: Civil War" não é nenhuma maravilha e começa muito mal. Há excesso de personagens, situações e subtramas. A primeira meia hora do filme é dispersa demais, pouco objetiva, mal escrita, complicada e confusa (pelo menos para quem nunca leu os gibis). O roteiro se mostra vacilante, mal arranjado e sem rumo a seguir. As coisas só melhoram mesmo quando os roteiristas finalmente resolvem enxugar tudo o que vinha acontecendo de forma um tanto aleatória na trama. Sim, há um tratado internacional que quer colocar freios nos Vingadores. Sim, eles não concordam em assinar ou não o tal tratado e sim, eles quebram o pau por essa razão. Quem diria que uma questão de direito internacional público iria ser o estopim dessa guerra entre eles? O resto é curtir a briga entre Homem de Ferro e Capitão América e todos os demais super-heróis (com a sentida ausência do Hulk no meio da briga!).

Assim o filme se revela um pouco problemático, mas ao mesmo tempo divertido, bem pipoca. As lutas andam cada vez mais bem coreografadas e os efeitos especiais são classe A. Em termos de narrativa a única coisa que achei bem esquisito foi a ausência de um vilão melhor, mais bem resolvido. Filme de super-herói sem um vilão bacana - e igualmente espalhafatoso - quase nunca funciona muito bem. De qualquer maneira se você estiver em busca de pura diversão, daquelas bem escapistas, "Civil War" pode funcionar que é uma beleza. Só não vá esperar por cinema como sétima arte. Aqui o que vale mesmo são os sopapos e a pipoca. Uma overdose pop sem culpas. Todo o resto é mero detalhe secundário.

Capitão América: Guerra Civil (Captain America: Civil War, EUA, 2016) Direção: Anthony Russo, Joe Russo / Roteiro: Christopher Markus, Stephen McFeely / Elenco: Chris Evans, Robert Downey Jr., Scarlett Johansson, Don Cheadle, Jeremy Renner, Elizabeth Olsen, Paul Rudd, Emily VanCamp / Sinopse: O grupo de super-heróis dos Vingadores racha ao meio quando um tratado internacional é ratificado por centenas de países ao redor do mundo colocando um freio em suas atividades. O Homem de Ferro concorda com as novas medidas, mas o Capitão América se recusa a concordar com ele. Assim duas equipes antagônicas são formadas dentro dos Vingadores e elas logo entram em conflito.

Pablo Aluísio. 

4 comentários:

  1. Avaliação:
    Direção: ★★★
    Elenco: ★★★
    Produção: ★★★★
    Roteiro: ★★
    Cotação Geral: ★★★
    Nota Geral: 7.8

    Cotações:
    ★★★★★ Excelente
    ★★★★ Muito Bom
    ★★★ Bom
    ★★ Regular
    ★ Ruim

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  2. "O cinema comercial precisa existir para que filmes mais artísticos sejam realizados"
    Você tem toda razão, tanto que falavam isso na cara do Elvis quando lhe davam lixo comercial para ganhar dinheiro com sua imagem e assim financiar bons filmes com outros atores considerados mais talentosos que o Elvis. É a indústria implacável esmagando o ser humano impiedosamente. Nossa!, eu sou comunista e não sabia.

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  3. O caso de Elvis no cinema foi bem estranho. O normal é que atores comecem a carreira em filmes ruins que depois de um tempo vão melhorando em termos de qualidade. Com Elvis foi o contrário. Os primeiros filmes dele foram bons, depois a coisa toda desandou e ele começou a estrelar uma série inacreditável de porcarias.

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