Eu certamente não sou a pessoa mais indicada para escrever sobre Prince. Eu nunca fui de acompanhar sua carreira e nem de comprar seus discos. Claro que como um jovem que viveu parte de sua adolescência na década de 80 eu sabia muito bem quem foi o Prince, seus sucessos mais óbvios e sua postura nos palcos. Por isso esse singelo texto vai ser mais sobre minhas impressões superficiais sobre esse artista do que uma análise mais cuidadosa de sua importância musical.
Como se sabe ele faleceu ontem, ainda relativamente jovem, de causas não devidamente esclarecidas. De uma maneira em geral eu sempre associei o Prince a outro astro da mesma época em que ele viveu seu auge: Michael Jackson. Penso que não sou o único a fazer essa associação. Os caminhos deles cruzaram muitas vezes ao longo de suas carreiras. Ainda que fosse um grande e talentoso instrumentista, Prince entendeu que a performance de palco era algo essencial para fazer sucesso. Por isso criou sua própria mise-en-scène em seus concertos. Embora negasse isso o fato é que seu estilo de ser e interpretar se baseava bastante no que Jackson fazia, afinal ele não era apenas o Rei do Pop, mas também dos clips e do visual. Nos anos 80 a imagem era tudo! Assim Prince adotou figurinos vitorianos, bem kitsch, que se tornaram sua marca registrada. Outra coisa que me chamava a atenção eram suas guitarras. Todas com formatos bem diferenciados. Causava um grande impacto para quem o via se apresentando ao vivo. Eram instrumentos diferentes e bem bonitos.
Depois que Prince estourou também no Brasil com o grande sucesso de Purple Rain, todos pensavam que ele iria entrar numa disputa música a música nas paradas de sucesso com Michael Jackson. E de fato Prince conseguiu excelentes números comerciais em termos de vendas de discos. Porém ao contrário de Jackson ele teve uma espécie de surto em determinado momento de sua trajetória. Brigou com a gravadora, virou um recluso e resolveu que iria abolir seu próprio nome Prince. Ao invés disso adotou um símbolo para lhe identificar. Começou a gravar discos bem estranhos, com material que não mais fazia sucesso e assim foi desaparecendo da grande mídia. Para quem prestava pouca atenção nele a coisa só piorou. Ele desapareceu do radar. Nos anos seguintes ouvi falar muito pouco dele. Geralmente quando ouvia seu nome ele vinha acompanhando da pergunta: "Por onde anda o Prince?" A impressão é que havia caído em um ostracismo enorme. Ele não emplacava mais sucessos, sumiu das rádios e dos programas de TV o que me fez pensar seriamente que ele tinha se aposentado da música.
Parecia que iria se tornar uma daquelas estrelas típicas dos anos 80 que surgiam, faziam algum sucesso e depois sumiam para sempre. E de fato passei muitos anos sem ouvir falar nele. Só de vez em quando via alguma reportagem sobre Prince em revistas, pena que não eram revistas de música, mas de fofocas. Ele geralmente surgia namorando alguma sub celebridade (como Carmem Electra), ou então tendo um namorico com uma adolescente brasileira (quando esteve aqui na década de 90). Fora isso, nada. Só há algumas semanas o Prince pareceu voltar à mídia ao passar mal durante um de seus últimos shows. Seu avião inclusive teve que retornar porque ele estava em péssimo estado. É isso. Infelizmente Prince para mim foi apenas um cantor de sucesso dos anos 80 que depois desapareceu por um longo período. Dizem que nesse hiato gravou grandes discos experimentais. Infelizmente não os ouvi. Para mim ele sempre será o performático com guitarra vitoriana tocando "Purple Rain" e nada muito além disso. Pensando bem até que está de bom tamanho.
Pablo Aluísio.
Music! - Pablo Aluísio
ResponderExcluirPrince (1958 - 2016)
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Pablo, se você se lembrar da estória do fimme Purple Rain, ela era sobre um artista que só faz músicas não comerciais e que só agrada ao seu próprio senso estético e que finalmente se rende e toca um música da sua guitarrista e da sua tecladista,que é a Purple Rain, e finalmente "vence" e vira pop.
ResponderExcluirBom, se pensarmos no que você escreveu acima, o Prince fez essa viagem ao contrario. Tinha um pop de altíssima qualidade que vendia muito e passou a fazer uma música que talvez até seja genial, pois ele era muito capacitado, mas pouco palatável ao gosto médio dos consumidores de música no geral.
Um cara que consegue, na década de "80, um contrato de 100 milhões de dólares com a gigante Warner e depois arruma uma briga com essa mesma gravadora dizendo que estava sendo escravizado não é muito bom da cabeça.
Ele queria ser aquele tipo de artista puro, que não se vendia ao lado mais comercial da carreira. Sobre isso o John Lennon disse certa vez que esse tipo de pensamento era bem comum, mas que na verdade não passava de um velho preconceito na mente de certos artistas. O comercial nem sempre é ruim ou destituído de valor. O inverso também é verdadeiro. Nem tudo que é alternativo presta.
ResponderExcluirPoie é; se não se vendia, porque se vendeu por 100 milhões de dólares? Pra depois ficar louco? Parece o Elvis no cinema na década de "60.
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