sábado, 4 de julho de 2020

Cinema Paradiso

Título no Brasil: Cinema Paradiso
Título Original: Nuovo Cinema Paradiso
Ano de Produção: 1988
País: Itália, França
Estúdio: Cristaldifilm, Les Films Ariane
Direção: Giuseppe Tornatore
Roteiro: Giuseppe Tornatore
Elenco: Philippe Noiret, Enzo Cannavale, Antonella Attil, Marco Leonardi, Agnese Nano, Salvatore Cascio

Sinopse:
Um cineasta relembra sua infância, quando se apaixonou pelos filmes e pelos cartazes no cinema de sua cidade natal. E em suas memórias ele também recorda da amizade que teve com um senhor bondoso que era o projecionista do cinema. Filme vencedor do Oscar e do Globo de Ouro na categoria de melhor filme estrangeiro.

Comentários:
O filme é uma homenagem emocional ao cinema. O diretor Giuseppe Tornatore fez uma declaração de amor ao cinema, ao mesmo tempo em que inseriu pequenos momentos nostálgicos de seu próprio passado. Assim a alma do filme se tornou muito verdadeira, porque afinal de contas seu enredo não é meramente ficcional, ao contrário disso, há elementos reais, de recordações vivas de um tempo que já não existe mais. E a nostalgia envolvida nesse sentimento também é outro fator importante nesse filme. O interessante é que o filme (produzido na década de 1980) também captou uma mudança importante, a do fechamento dos cinemas de bairro, mais populares. A própria indústria, o próprio novo meio comercial dos cinemas, acabou com aquela visão de cinema mais romântica, mais sentimental. Ficaram apenas as lembranças. E foi justamente elas que tornaram esse filme tão especial. Uma bela obra cinematográfica, um poema em forma de cinema.

Pablo Aluísio.

O Reverso da Fortuna

Título no Brasil: O Reverso da Fortuna
Título Original: Reversal of Fortune
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Sovereign Pictures
Direção: Barbet Schroeder
Roteiro: Nicholas Kazan
Elenco: Jeremy Irons, Glenn Close, Ron Silver, Annabella Sciorra, Uta Hagen, Fisher Stevens

Sinopse:
Com roteiro baseado no romance escrito por Alan M. Dershowitz, o filme "O Reverso da Fortuna" conta a história do rico e aristocrático Claus von Bulow (Irons). Acusado de tentar matar a esposa Sunny von Bulow (Glenn Close), ele se defende no tribunal de todas as acusações.

Comentários:
O forte desse filme vem de seu elenco. Jeremy Irons e Glenn Close sempre foram excelentes atores. Jeremy Irons inclusive foi premiado com o Oscar justamente por esse trabalho. De certa maneira foi a consagração de sua carreira, o ápice do reconhecimento em relação ao seu talento profissional. E ele está mesmo excepcional, em um papel que parece que foi escrito para ele. Um sujeito frio, muito educado e polido, mas com nuances de psicopatia. Aquele tipo de homem que poderia fazer literalmente qualquer coisa para alcançar seus objetivos e dentro desse aspecto poderia até mesmo se tornar um homicida. Porém no tribunal valem as evidências e as provas. A procuradoria precisa provar sua culpabilidade, enquanto ele procurar manter a sua presunção de inocência. O diretor Barbet Schroeder sempre foi um dos melhores de sua geração. Ele aqui tirou o melhor do elenco, tal como se todos fossem meras peças de xadrez de seu tabuleiro cinematográfico. Palmas para o cineasta e o ótimo elenco que compõem esse clássico do Oscar.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 3 de julho de 2020

A Vida Por Um Dólar

Pelo visto o ator Emilio Estevez tomou gosto pelo gênero western. Depois de estrelar os sucessos “Os Jovens Pistoleiros” e “Jovens Demais Para Morrer” ele voltou ao tema nesse “A Vida Por Um Dólar”. Essa é uma produção do canal TNT que tenta recriar o clima dos mais famosos filmes de western spaguetti. O próprio personagem de Estevez é sintomático nesse aspecto. Ele é um pistoleiro que vaga pelo velho oeste, sem nome e sem destino, vindo de lugar nenhum, tal como os personagens que Clint Eastwood interpretou em vários filmes. Carregando atrás de si um enorme caixão ele vai parar numa cidadezinha poeirenta onde enfrenta um grupo de bandoleiros que querem sua cabeça. Impossível não lembrar de Django e tantos outros tipos nesse estilo que povoavam os faroestes italianos. Mas não para por aí. No local ele ainda conhece um veterano da guerra civil que lhe diz que há um tesouro escondido em uma região no deserto. O ouro foi roubado de um carregamento do exército da União e sua localização exata só pode ser descoberta ao serem unidos quatros coldres de armas que juntos formam o mapa onde se encontra o tesouro. Sem pensar muito ambos partem em busca dos coldres, matando seus atuais donos, se for necessário, o que dará origem a muitos conflitos e tiroteios ao longo do filme.

Quando interpretou Billy The Kid nos filmes citados acima, Emilio Estevez surgia em cena bastante carismático e pulsante, mas seu personagem aqui em “A Vida Por Um Dólar” é o extremo oposto disso. Sorumbático e monossilábico não consegue criar maior vínculo com o espectador. Some-se a isso as inúmeros cenas inverossímeis que vão se sucedendo. De fato o pistoleiro que interpreta parece ser imune a balas, andando sem problemas no meio de uma chuva delas, sem sofrer o menor arranhão. Em contrapartida consegue liquidar um alto número de inimigos sem grande esforço. Tirando as devidas proporções ele soa como um Rambo do velho oeste. Com isso o filme adota um teor completamente fora da realidade, tal como os mais exagerados spaguettis da década de 60.

A trama em busca do ouro enterrado também não traz maiores surpresas. Na cidade onde chegam descobrem que a fortuna está debaixo do altar de uma pequena igreja onde um padre (interpretado por Joaquim de Almeida) tenta proteger a humilde comunidade de um bando de bandidos locais. Dessa forma o roteiro surge como uma verdadeira miscelânea de vários e vários outros westerns que já conhecemos bem. Como não tem muita originalidade seu interesse decai. A partir de certo ponto os conflitos, duelos e tiroteios começam a aborrecer ao invés de divertir. O pistoleiro encarnado por Emilio Estevez mais parece um acrobata com armas do que um cowboy em busca de vingança. Ele dá pulos, saltos, piruetas, tudo no meio de intenso fogo cruzado. Assim o filme acaba virando uma sátira – e não das mais inspiradas e inteligentes. Se estiver com vontade de ver algo assim prefira os originais italianos. Certamente será bem melhor. Esse aqui só ficou mesmo na boa intenção.

A Vida Por Um Dólar (Dollar for the Dead, Estados Unidos, 1998) Direção: Gene Quintano / Roteiro:  Gene Quintano / Elenco: Emilio Estevez, William Forsythe, Jordi Mollà, Joaquim de Almeida / Sinopse: um veterano da guerra civil e um pistoleiro sem nome resolvem partir juntos em busca do paradeiro de um tesouro roubado que foi enterrado após a guerra civil. No caminho terão que enfrentar vários bandos que também desejam tomar posse do tesouro perdido.

Pablo Aluísio.

Rango

Rango (voz de Johnny Depp) é um réptil de estimação que após um acidente vai parar numa estrada no meio do deserto. Lutando pela sobrevivência chega em uma cidadezinha habitada por pequenos animais como ele. Todos são controlados por um poderoso manda chuva local que detém o bem mais precioso de lá: a água! Gostei do resultado dessa animação Rango. Tive algumas reservas, mas penso que são mais tópicas. Tecnicamente, como não poderia deixar de ser, a animação é muito bem feita. Curiosamente não existem personagens "fofinhos", pois todos são, em maior ou menor grau, baseados em animais exóticos, que geralmente não aparecem com frequência no cinema americano. Um exemplo é o próprio Rango, um lagarto, camaleão ou seja lá o que ele for. O roteiro é bem bolado mas achei uma certa semelhança entre o argumento desse filme e o de "Vida de Inseto" da Pixar. Ambos trazem personagens que, com ares de teatralidade, acabam enganando uma cidade inteira os levando a pensar que eles são "protetores" ou "justiceiros", que vão lhe salvar do perigo eminente. No fundo são apenas "farsantes" bem intencionados.

De qualquer forma o que me fez mesmo gostar de Rango são as várias citações e referências aos clássicos filmes de western. Não é segredo para ninguém que sou fã do gênero, então ver todos aqueles personagens e cenas que nada mais são do que homenagens aos grandes flmes de faroeste me fez manter ainda mais o interesse no que viria a acontecer. A estorinha obviamente é bobinha, derivativa, mas mesmo assim mantive a atenção. Enfim, Rango é um ótimo passatempo para a criançada e servirá até mesmo para apresentar os pequenos aos ícones dos antigos bang bangs. Só por isso já vale a pena.

Rango (Rango, Estados Unidos, 2011) Direção: Gore Verbinski / Roteiro: John Logan, John Logan / Elenco: Johnny Depp, Isla Fisher, Timothy Olyphant / Sinopse: Rango (voz de Johnny Depp) é um réptil de estimação que após um acidente vai parar numa estrada no meio do deserto. Lutando pela sobrevivência vai parar em uma cidadezinha habitada por pequenos animais como ele. Todos são controlados por um poderoso manda chuva local que detém o bem mais precioso de lá: a água! Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Animação.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 2 de julho de 2020

Busca Sangrenta

Título no Brasil: Busca Sangrenta
Título Original: Red Hill
Ano de Produção: 2010
País: Austrália
Estúdio: Wolf Creek Pictures
Direção: Patrick Hughes
Roteiro: Patrick Hughes
Elenco: Ryan Kwanten, Steve Bisley, Tommy Lewis, Christopher Davis, Richard Sutherland, John Brumpton

Sinopse:
Um jovem auziliar de xerife é transferido para uma delegacia no interior do Austrália. Um lugar bem pacato e tranquilo. Só que a paz logo chega ao final quando um foragido da prisão decide se vingar do xerife que o prendeu anos atrás. Ele não vai parar, até matar todos os homens da lei da cidade.

Comentários:
Uma espécie de western australiano moderno. Assim podemos definir esse filme. Aliás a Austrália, com seu interior deserto e inóspito, tem mesmo o cenário natural para esse tipo de produção. O roteiro procura seguir bem de perto o estilo dos filmes antigos americanos, embora todo o enredo se passe nos dias atuais. A estrutura é bem de acordo com os filmes de faroeste mais tradicionais, copiando inclusive certos clichês que hoje em dia soam bem batidos, como o tema da vingança, a figura do xerife corrupto, o bandido que na verdade foi injustiçado no passado e por aí vai. Essa companhia cinematográfica inclusive é mais conhecida pelos filmes de terror austraiianos, que são bem conceituados entre os fãs desse gênero. Agora eles apostam um pouco mais em outros estilos. Para finalizar vale a pena destacar a figura do vilão. Com o rosto deformado, ele não deixa barato quando retorna para a vingança contra os policiais. Tal como se fosse um Rambo australiano, ele sai colecionando corpos por onde passa. Essa saga de sangue e morte é a melhor coisa desse filme.

Pablo Aluísio.

Coração Selvagem

Título no Brasil: Coração Selvagem
Título Original: Wild at Heart
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: PolyGram Filmed Entertainment
Direção: David Lynch
Roteiro: David Lynch
Elenco: Nicolas Cage, Laura Dern, Willem Dafoe, Diane Ladd, Isabella Rossellini, Harry Dean Stanton

Sinopse:
Baseado no romance escrito por Barry Gifford, o filme "Coração Selvagem" conta a história do casal formado por Sailor Ripley (Nicolas Cage) e Lula (Laura Dern). A mãe odeia o namorado da filha Lula e contrata os tipos mais bizarros para matar Sailor. Filme indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria de melhor atriz coadjuvante (Diane Ladd). Também indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator coadjuvante (Willem Dafoe), melhores efeitos sonoros e melhor trilha sonora incidental (Angelo Badalamenti). Filme premiado no Cannes Film Festival.

Comentários:
Como diria um amigo, esse é do tempo em que os filmes de Nicolas Cage eram bons. Imagine nos dias de hoje um filme estrelado pelo Cage sendo premiado em Cannes! Não tem a menor chance disso acontecer. Pois é, nessa criação de David Lynch (ele dirigiu e assinou o roteiro do filme) somos convidados a conhecer o lado mais kitsch e brega de uma América decadente, onde os antigos valores morais já não significavam nada. A bela jovem do passado hoje namora um cara doidão. A mãe contrata assassinos profissionais para dar cabo do tal sujeito e a moralidade e a suposa ética do povo americano desce pelo ralo. O curioso é que David Lynch sempre quis mostrar com esse filme o lado mais brega dos Estados Unidos, inclusive no que se tratava de figurinos, maquiagens, etc. Tanto que ele pegou atrizes que eram símbolos sexuais na época, como Isabella Rossellini, e as enfeiou com tintas baratas de cabelos loiros, etc. Claro que tudo isso resultou em um desfile de breguice, o que deu um charme a mais ao filme. Por fim cabe elogiar ainda a trilha sonora incidental composta por Angelo Badalamenti. Os temas se tornaram até mesmo sucessos nas rádios da época. Basta ouvir que você reconhecerá as músicas imediatamente.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Superman - Entre a Foice e o Martelo

Título no Brasil: Superman - Entre a Foice e o Martelo
Título Original: Superman - Red Son
Ano de Produção: 2020
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Sam Liu
Roteiro: J.M. DeMatteis, Mark Millar
Elenco: Jason Isaacs, Amy Acker, Diedrich Bader, Vanessa Marshall, Phil Morris, Paul Williams

Sinopse:
Nesse universo paralelo o Superman é criado dentro da União Soviética, com os valores e princípios do comunismo. Quando cresce e se torna um super-herói, precisa enfrentar a ideologia capitalista. E a situação fica ainda pior quando Lex Luthor se torna presidente dos Estados Unidos.

Comentários:
Eu não conhecia o material original. No Brasil essa história em quadrinhos foi lançada numa edição encadernada, de luxo. E devo dizer que o arco narrativo é muito bem bolado. Tudo parte de uma premissa bem interessante. O que teria acontecido se o Superman fosse criado dentro da sociedade soviética? Quais seriam seus ideais? Ele seria um seguidor das ideias de Karl Marx? Claro, lidar com ideologias políticas sempre é algo complicado. Porém esse Superman vermelho, comunista, forjado na foice e martelo da bandeira soviética, me pareceu mais do que curioso. Ele luta praticamente pelos mesmos ideais do Superman tradicional, por mais estranho que isso possa parecer. E quando descobre as atrocidades do camarada Stálin fica totalmente decepcionado com tudo. A cena dele dando fim ao infame ditador é algo para entrar na história dos super-heróis da DC. Outro aspecto que vai dar um nó na cabeça dos fãs do herói é o romance entre Luthor e Lois Lane. Eles são apaixonados! E o que dizer de um Batman moscovita que age como um terrorista subversivo? Realmente é um universo paralelo dentro da mitologia do Superman. Por fim algo que achei escelente: toda a história se passa nas décadas de 1950 e 1960, assim os roteiristas aproveitam fatos históricos reais para encaixar nesse enredo. A fusão ficção e história acabou gerando uma explosão de imaginação e criatividade. Muito, muito bom. Gostei muito dessa animação que ousou ir além da Superman que todos conhecemos.

Pablo Aluísio.

The Beatles: Eight Days a Week - The Touring Years

"The Beatles: Eight Days a Week - The Touring Years", esse é o nome desse novo documentário sobre os Beatles. É a tal coisa, se você gosta da fase da Beatlemania, não há nada mais recomendado para assistir. Claro que tudo já foi visto e revisto, inclusive em outros documentários, mas aqui pelo menos temos uma edição mais ágil, mais moderna. Nos documentários anteriores (incluindo aí o Anthology) não havia um trabalho de edição tão bem feito como esse. Além disso a direção de Ron Howard é muito boa, colocando e situando o espectador dentro da história do grupo, mostrando as datas em que os discos foram lançados e os shows realizados. Como se trata de um documentário que procura mostrar a vida na estrada dos Beatles, tudo é mais centrado mesmo nos concertos. Por essa razão quando os Beatles lançam o disco Sgt Peppers e param de fazer shows o documentário dá uma pausa enorme na história do grupo, só voltando a focar neles novamente no "concerto" improvisado que eles fizeram no alto do edifício da Apple.

E por falar em Apple, como se trata de um lançamento oficial dessa companhia, que até hoje gerencia os direitos do quarteto, em certos momentos tudo vai parecer um pouco chapa branca demais. As coisas negativas envolvendo os Beatles, as brigas, os processos judiciais, são ignorados. Nem tudo porém é negativo. Esse selo de coisa oficial tem outro ponto bem positivo: o uso sem restrições das músicas dos Beatles, algo que em um documentário sobre o conjunto se torna essencial. Eu me recordo que alguns documentários sobre a banda que foram lançados no Brasil em VHS, ainda nos anos 80, não tinham esse tipo de licença. Assim o espectador tinha que encarar um filme sobre o grupo sem suas músicas. Dureza! Agora não, toda a maravilhosa obra musical deles é fartamente usada para deleite dos fãs da boa música, até porque os Beatles se tornaram eternos por sua música e nada mais.

The Beatles - Eight Days a Week (Eight Days a Week, Estados Unidos, Inglaterra, 2016) Direção: Ron Howard / Roteiro: Mark Monroe, P.G. Morgan / Estúdio: Apple Corps / Elenco: Paul McCartney, Ringo Starr, John Lennon, George Harrison, George Martin, Larry Kane / Sinopse: Documentário que resgata o auge da Beatlemania, quando John, Paul, George e Ringo, os Beatles, chegaram nos Estados Unidos para suas primeiras turnês internacionais. Fotos, imagens raras e toda a histeria dos fãs para os que curtem o grupo musical de rock mais popular de todos os tempos. Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Documentário.

Pablo Aluísio.