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sexta-feira, 3 de julho de 2020

A Vida Por Um Dólar

Pelo visto o ator Emilio Estevez tomou gosto pelo gênero western. Depois de estrelar os sucessos “Os Jovens Pistoleiros” e “Jovens Demais Para Morrer” ele voltou ao tema nesse “A Vida Por Um Dólar”. Essa é uma produção do canal TNT que tenta recriar o clima dos mais famosos filmes de western spaguetti. O próprio personagem de Estevez é sintomático nesse aspecto. Ele é um pistoleiro que vaga pelo velho oeste, sem nome e sem destino, vindo de lugar nenhum, tal como os personagens que Clint Eastwood interpretou em vários filmes. Carregando atrás de si um enorme caixão ele vai parar numa cidadezinha poeirenta onde enfrenta um grupo de bandoleiros que querem sua cabeça. Impossível não lembrar de Django e tantos outros tipos nesse estilo que povoavam os faroestes italianos. Mas não para por aí. No local ele ainda conhece um veterano da guerra civil que lhe diz que há um tesouro escondido em uma região no deserto. O ouro foi roubado de um carregamento do exército da União e sua localização exata só pode ser descoberta ao serem unidos quatros coldres de armas que juntos formam o mapa onde se encontra o tesouro. Sem pensar muito ambos partem em busca dos coldres, matando seus atuais donos, se for necessário, o que dará origem a muitos conflitos e tiroteios ao longo do filme.

Quando interpretou Billy The Kid nos filmes citados acima, Emilio Estevez surgia em cena bastante carismático e pulsante, mas seu personagem aqui em “A Vida Por Um Dólar” é o extremo oposto disso. Sorumbático e monossilábico não consegue criar maior vínculo com o espectador. Some-se a isso as inúmeros cenas inverossímeis que vão se sucedendo. De fato o pistoleiro que interpreta parece ser imune a balas, andando sem problemas no meio de uma chuva delas, sem sofrer o menor arranhão. Em contrapartida consegue liquidar um alto número de inimigos sem grande esforço. Tirando as devidas proporções ele soa como um Rambo do velho oeste. Com isso o filme adota um teor completamente fora da realidade, tal como os mais exagerados spaguettis da década de 60.

A trama em busca do ouro enterrado também não traz maiores surpresas. Na cidade onde chegam descobrem que a fortuna está debaixo do altar de uma pequena igreja onde um padre (interpretado por Joaquim de Almeida) tenta proteger a humilde comunidade de um bando de bandidos locais. Dessa forma o roteiro surge como uma verdadeira miscelânea de vários e vários outros westerns que já conhecemos bem. Como não tem muita originalidade seu interesse decai. A partir de certo ponto os conflitos, duelos e tiroteios começam a aborrecer ao invés de divertir. O pistoleiro encarnado por Emilio Estevez mais parece um acrobata com armas do que um cowboy em busca de vingança. Ele dá pulos, saltos, piruetas, tudo no meio de intenso fogo cruzado. Assim o filme acaba virando uma sátira – e não das mais inspiradas e inteligentes. Se estiver com vontade de ver algo assim prefira os originais italianos. Certamente será bem melhor. Esse aqui só ficou mesmo na boa intenção.

A Vida Por Um Dólar (Dollar for the Dead, Estados Unidos, 1998) Direção: Gene Quintano / Roteiro:  Gene Quintano / Elenco: Emilio Estevez, William Forsythe, Jordi Mollà, Joaquim de Almeida / Sinopse: um veterano da guerra civil e um pistoleiro sem nome resolvem partir juntos em busca do paradeiro de um tesouro roubado que foi enterrado após a guerra civil. No caminho terão que enfrentar vários bandos que também desejam tomar posse do tesouro perdido.

Pablo Aluísio.