domingo, 12 de agosto de 2012

Salt

Evelyn Salt (Angelina Jolie) é uma agente CIA que vê seu mundo desmoronar depois de ser acusada de ser uma espiã dupla ao serviço da inteligência russa. Depois do fim do bloco comunista oriental em 1989 Hollywood ficou sem os seus vilões preferidos da guerra fria, os russos. "Salt" tenta revitalizar esse tipo de filme mas sem sucesso nenhum. Não tem mais como requentar esse prato indigesto. Outro problema grave em "Salt" é que sua trama é boba, sem sofisticação nenhuma. Quem conhece os antigos filmes de espião da guerra fria sabe que seus roteiros eram bem escritos, com tramas intrigantes e inteligentes, coisa inexistente em "Salt" que em resumo é apenas um filme de ação pela ação, sem mais nada a acrescentar. Para piorar "Salt" usa e abusa de um velho clichê das produções em Hollywood, a chamada reviravolta do roteiro. 

O espectador é levado a crer em algo para logo depois todo o jogo mudar, aqui é ainda pior pois temos uma "reviravolta da reviravolta" - o que leva o público a em determinado momento simplesmente se cansar de tentar acompanhar. Nesse momento o excesso de ação desenfreada também aborrece e o filme se torna bem chato. Na realidade toda a produção se apoia na fama e no carisma da atriz Angelina Jolie. É pouco. Angelina não está particularmente bonita, usa um figurino pouco atraente e perucas falsas e medonhas. Um mal gosto incrível. Para quem é fã apenas da Jolie celebridade certamente será uma decepção. Junte-se a isso seu pouco interesse em cena. Ela parece apenas passear pelo filme, sem qualquer tipo de envolvimento maior. Para quem abraça tantas causas mundo afora realmente essa fitinha de ação deve ter sido extremamente entediante. Ao que tudo indica o auge da carreira de Phillip Noyce ficou definitivamente para trás. Diretor de filmes interessantes nessa linha de espionagem como "Perigo Real e Imediato" e "Jogos Patrióticos" o cineasta parece ter perdido a mão para bons filmes. Talvez o fracasso de "O Santo" tenha sido a pá de cal em sua criatividade, quem sabe.

Salt (Salt, Estados Unidos, 2010) Direção: Phillip Noyce / Roteiro: Kurt Wimmer / Elenco: Angelina Jolie, Liev Schreiber, Chiwetel Ejiofor / Sinopse: Evelyn Salt (Angelina Jolie) é uma agente CIA que vê seu mundo desmoronar depois de ser acusada de ser uma espiã dupla ao serviço da inteligência russa.
  
Pablo Aluísio.

sábado, 11 de agosto de 2012

O Julgamento

Como hoje é o "Dia do Advogado" resolvi homenagear essa nobre classe de profissionais comentando esse "O Julgamento". Esse tipo de filme, conhecido como "cinema de tribunal", tem algumas regras que vira e mexe aparecem em diversos filmes. Algumas dessas regras (ou clichês se você preferir) se podem encontrar nitidamente aqui também: O advogado de defesa geralmente passa por algum problema pessoal, com a vida em frangalhos e se apega a um novo caso para readquirir sua auto estima e vontade de viver. O promotor representando o Estado geralmente é um boçal, arrogante e cheio de si que tenta de todos os modos mandar o réu para a cadeia para cumprir a pior pena possível. Por fim temos o próprio acusado, um tipo que não conseguimos saber de antemão se é inocente ou culpado e como todo bom drama de tribunal o roteiro apresenta uma trama bem intrigada, onde nada é o que aparenta ser.

"O Julgamento" segue bem a cartilha que eu coloquei aqui. O filme é correto, bem realizado mas também nada inovador. Um dos problemas que mais me incomodou foi o fato de que em um filme de 100 minutos de duração o roteirista passou exatos 90 deles tecendo uma trama complicadíssima para resolver tudo depois em apenas 10 minutos - o que convenhamos é uma temeridade. Mesmo assim para quem gosta de direito criminal pode até ser uma boa pedida, muito embora o direito americano tenha poucas coisas semelhantes ao nosso. Nos EUA é seguido o chamado "Commow Law" baseado em jurisprudência e precedentes judiciais. No Brasil seguimos o direito legislado mais de perto, inspirado no milenar direito romano continental. Em conclusão podemos qualificar "O Julgamento" como uma boa diversão, um eficiente passatempo que conta com a presença de Matthew Modine que andava tão desaparecido que cheguei até mesmo a pensar que ele já estava aposentado (como seu personagem no começo do filme). Enfim, vale a pena dar uma espiada em "O Julgamento" se você curte esse estilo cinematográfico.

O Julgamento (The Trial, Estados Unidos, 2010) Direção: Gary Wheeler / Roteiro: Gary Wheeler, Mark Freiburger / Elenco: Matthew Modine, Nikki Deloach, Robert Forster / Sinopse: Mac (Matthew Modine) é um advogado idealista que se vê envolvido em um complexo caso criminal.

Pablo Aluísio.

Bobby Darin

Bobby Darin foi diferente em quase tudo. De origem muito humilde logo na infância recebeu um terrível diagnóstico de problema cardíaco que iria mudar praticamente toda a sua vida. O médico avisou que ele tinha uma rara e grave condição em seu coração e que por isso não teria muitos anos de vida pela frente. Sem nada a perder Darin largou os estudos e procurou se dedicar à sua grande paixão: a música! Fã confesso de Frank Sinatra, Bobby procurou seguir os passos de seu ídolo. Em uma época em que o Rock batia as portas do sucesso Bobby resolveu trilhar um caminho diferente, se apegando ao estilo de Sinatra e cia. Aprendeu a tocar vários instrumentos e em 1956 conseguiu assinar com a gravadora Decca. Embora a assinatura de seu primeiro contrato tenha sido um momento de grande felicidade pessoal para ele o fato é que sua passagem por lá foi decepcionante. Ele não conseguiu abrir seu espaço e ficou praticamente na mesma, sem qualquer esforço da empresa em divulgar seu trabalho.

Assim abandonou a Decca e partiu para outros desafios. Em pouco tempo conseguiu ser aceito na Atlantic Records. Aqui ele finalmente conseguiria seu primeiro êxito comercial. Deixando o estilo de Sinatra de lado, Bobby resolveu imitar a vocalização de Elvis na gravação de "Splish Splash". Era uma canção chiclete, feita para os jovens transviados que andavam de moto e tinham o cabelo cheio de brilhantina. A música caiu no gosto da juventude roqueira e assim Bobby Darin finalmente conseguiu atingir a estupenda marca de um milhão de cópias vendidas desse single - um sucesso que surpreenderia até mesmo ele! De fato, a canção fez tanto sucesso que ganhou até uma famosa regravação brasileira na voz de Roberto Carlos (em pleno auge da Jovem Guarda). Com os números de "Splish Splash" finalmente Bobby começou a dirigir sua carreira no rumo que queria. Em 1959 gravou "Dream Lover" uma balada romântica juvenil que também despontou nas paradas de sucesso. "Mack The Knife", seria a próxima. Essa já era no estilo de Sinatra, e apesar disso também logo se tornou campeão de vendas . Estampado nas principais revistas, se apresentando nos melhores programas de TV, logo Bobby foi premiado pelo Grammy como artista revelação em 1960. Para quem havia começado por baixo Bobby estava no topo de seu sucesso como cantor. Mas o melhor estava por vir. Nesse mesmo ano ele gravou aquele que seria seu maior hit, a música que o definiria para sempre: "Beyond The Sea", uma versão americana para uma canção francesa de linda melodia. A canção explodiu em vendas.

Com tantos sucessos Bobby acabou seguindo os passos de Elvis e Sinatra e logo estava no cinema tentando emplacar na carreira de ator. Participou de alguns sucessos de bilheteria inclusive "Quando Setembro Vier" onde acabou conhecendo a atriz Sandra Dee. Se casaram rapidamente (ele tinha pressa em tudo pois sabia que havia uma contagem regressiva contra ele) mas o casamento infelizmente não foi feliz. Bobby Darin era infiel e começou a beber em excesso na mesma proporção que sua carreira musical ia lentamente se apagando. Sua esposa Sandra Dee também tinha problemas com alcoolismo, aliada a traumas de infância que tornavam a convivência diária muito complicada. Se a vida pessoal não ia bem na profissional as coisas começavam a sair dos trilhos. Seus singles não conseguiam mais alcançar boas vendas, derrapando nas paradas. Desiludido brigou com a gravadora e tentou se lançar como artista independente. Não deu muito certo. Em meio a brigas com a esposa e com as gravadoras ainda fez uma tentativa de levantar uma carreira política ao lado de Bobby Kennedy. A iniciativa foi por água abaixo com o assassinato desse numa convenção em 1968. Com fracassos comerciais, sem conseguir encontrar um lugar para gravar seus discos, Bobby foi ficando cada vez mais encurralado. Em 1973 ele já aparentava ser um velho mas só tinha 37 anos. Tentou um revival com shows mas os resultados foram decepcionantes. Após ter uma infecção hospitalar seu coração enfraqueceu. Sua situação de saúde se agravou e em dezembro desse mesmo ano morreu, após uma vida intensa onde ele procurou aproveitar ao máximo o tempo que lhe restara.

Apesar da carreira efêmera, Bobby e suas canções hoje passam por um revisionismo. Muitos críticos tem despertado para seu grande talento vocal. Bobby passeava bem tanto no estilo da velha escola (Sinatra, Dean Martin) como pelo Rock´n´Roll que nascia naquele momento (Elvis, Pat Boone, etc). Era um artista versátil. Sua obra musical renasceu recentemente, CDs com o melhor de seu repertório estão sendo lançados, com todo o material restaurado usando dos recursos da tecnologia atual. Até mesmo sua vida pessoal gerou frutos recentes. Sua biografia acabou virando um belo filme com Kevin Spacey no papel principal, chamado "Uma Vida Sem limites" (Beyond The Sea). Na época em que surgiu para o sucesso muitos disseram que Bobby era um cantor descartável, que em poucos anos seria completamente esquecido. Os anos porém demonstraram o contrário..

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Lanterna Verde

Título no Brasil: Lanterna Verde
Título Original: Green Lantern
Ano de Produção: 2011
País: Estados Unidos
Estúdio:  Warner Bros
Direção: Martin Campbell
Roteiro: Greg Berlanti, Michael Green
Elenco: Ryan Reynolds, Blake Lively, Peter Sarsgaard
  
Sinopse:
Adaptação para o cinema do famoso personagem das histórias em quadrinhos da DC Comics: Lanterna Verde. Hal Jordan (Ryan Reynolds) é um sujeito comum que acaba caindo em uma situação completamente extraordinária. Ele é escolhido para integrar a tropa dos Lanternas Verdes, seres espaciais que lutam pelo bem de todos os habitantes do universo conhecido. Filme indicado ao ASCAP Film and Television Music Awards.

Comentários:
Ok, sem mais delongas vamos aos fatos: Lanterna Verde é fraco demais. O filme tem muitos, muitos problemas. Eu acredito que uma das coisas mais importantes que devem existir em um filme de super heróis é o chamado clima! Clima é a apresentação do personagem, a introdução em sua mitologia, é fazer o espectador se sentir dentro da estória (de preferência com uma trilha sonora marcante). Pois bem, "Lanterna Verde" não tem clima nenhum. Nos sete minutos iniciais do filme a mitologia do personagem é literalmente vomitada em cima do espectador. Nada é bem explicado, tudo é jogado - em poucos minutos somos apresentados aos tais guardiões do universo e no máximo cinco minutos depois o Hal se torna o Lanterna Verde - tudo sem envolvimento, nem ambientação, mal feito, um horror! 

O filme tem um visual estranho - tudo muito kitsch e exagerado! O vilão deveria ser supostamente um dos grandes atrativos do filme mas ele é tão vazio, só não consegue mesmo ser mais sem conteúdo do que o próprio personagem principal - que praticamente não tem nenhuma história pessoal, nenhum passado, nada (no máximo o filme coloca alguns flashbacks toscos mostrando a morte de seu pai mas é só). O resto do filme é uma porcaria enorme. Ryan Reynolds é péssimo, péssimo, péssimo. Impossível crer que todo um setor do universo seria destinado a um idiota daqueles. O personagem se revela um tolo, boboca, imbecil completo, que não transmite nenhum tipo de identidade com o espectador. Além disso seus trejeitos dão uma impressão que debaixo da roupa verde existe um rapaz louco para sair dançando em boates tecno! Uma palhaçada sem tamanho! Tudo muito mal interpretado e mostrado. Enfim, poucas vezes assisti um filme de super herói tão ruim como esse. Com um canastrão em cena e uma caracterização equivocada tudo afunda de forma monumental! É seguramente uma das mais infelizes adaptações de quadrinhos que já tive o desprazer de assistir, não restam mais dúvidas que é o "lanterna" dos filmes baseados em quadrinhos. É ruim de doer... fuja para outro universo e não veja esse abacaxi cósmico!

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Clamor do Sexo

Dizem que o primeiro amor de uma mulher é o mais marcante em toda sua vida. Não importa que ela venha no futuro se casar com outro homem, o que importa para a psique feminina é a figura idealizada que ela cria em sua mente quando se apaixona pela primeira vez em sua vida. Clamor do Sexo trata justamente desse tema. Na estória acompanhamos a paixão adolescente entre Bud (Warren Beatty) e Dean Loomis (Natalie Wood). Ela faz parte de uma família classe média e ele é filho de um rico magnata do petróleo. Ambos são perdidamente apaixonados um pelo outro mas não podem consumar esse amor por causa das pressões familiares e sociais. Além da pressão em seu relacionamento o jovem Bud Stamper ainda tem que lidar com seu pai que quer que ele seja perfeito em tudo, na escola, no lar e nos esportes. Sua irmã por outro lado é a ovelha negra da família, sempre envergonhando seus pais. No meio desse turbilhão, muito pressionado, o romance dos jovens adolescentes finalmente entra em colapso o que trará sérias conseqüências para ela, inclusive em termos mentais. Em profunda depressão a garota não consegue mais sair de casa, nem se interessar mais em seus estudos. Sem saída é internada em uma instituição para tratamento psicológico. Só muitos anos depois quando reencontrar o amor de sua juventude, o primeiro grande amor de sua vida, ela compreenderá totalmente o sentido de tudo pelo que passou.

Clamor do Sexo foi dirigido pelo grande diretor Elia Kazan. É uma fita de tema bem mais ameno que seus outros trabalhos. Não há grandes teses em jogo no seu argumento, nem questões políticas profundas como sempre foi do feitio desse cineasta. Nessa produção Kazan apenas tenta entender a força do amor que nasce na flor da idade, quando os jovens desabrocham para a paixão. Entender os mecanismos que controlam as emoções nessa fase da vida certamente não é uma coisa simples, de fácil entendimento. Kazan assim se debruça sobre essa questão e tenta entender a força desses sentimentos quando somos jovens e intensos (inclusive em relação ao amor e ao afeto). O elenco é formado por Natalie Wood, muito jovem e bonita, mostrando que finalmente havia conseguido fazer a transição de atriz mirim para intérprete adulta e Warren Beatty, também extremamente jovial (e inexperiente em cena). Aliás não deixa de ser curioso ver Beatty tão pouco à vontade em cena, o que no final das contas encaixou bem no filme pois o seu personagem Bud é um jovem que também se sente deslocado, sem saber direito que rumo tomar na vida. A estória se passa na década de 1920 nos momentos que antecedem a quebra da bolsa de Nova Iorque e a produção se mostra muito rica e detalhista nos mínimos detalhes, resultando tudo em muito bom gosto. Enfim, Clamor do Sexo é um estudo da alma humana no momento em que as emoções estão mais fortes por causa da explosão hormonal pelo qual passam os adolescentes e parece comprovar em seu final a antiga máxima que afirma: “O primeiro amor a gente nunca esquece”.

Clamor do Sexo (Splendor in the Grass, Estados Unidos, 1961) Direção: Elia Kazan / Roteiro: William Inge / Elenco: Natalie Wood, Warren Beatty, Pat Hingle / Sinopse: Wilma Dean Loomis (Natalie Wood) é completamente apaixonada por seu namorado, o jovem Bud Stamper (Warren Beatty) mas não pode satisfazer ele plenamente por causa das convenções morais e socias da época. Após o rompimento ela entra em profunda depressão que só será curada muitos anos depois quando finalmente resolve reencontrar o antigo amor de sua vida.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Amen

Kurt Gerstein (Ulrich Tukur) se considera um bom pai de família e um bom cristão. Químico de formação ele logo arranja uma função pública e se torna responsável pelo setor de controle de epidemias e higiene do Estado alemão. Tudo estaria indo bem em sua vida se não fosse por dois detalhes: Ele é promovido na carreira e passa a fazer parte da temida tropa de elite do Terceiro Reich, a SS. Também é designado pelo alto escalão alemão para atuar nos campos de concentração em uma situação que desconhecia completamente: o extermínio em massa de judeus sob ordens de seu comandante imediato, o segundo mais poderoso homem da Alemanha naquele momento, Heinrich Himmler. Como conciliar sua fé cristã em uma situação tão terrível e limite como o assassinato em massa de mulheres e crianças nos chamados campos da morte nazistas? Em profunda crise de consciência Gerstein procura por ajuda, primeiro em sua congregação religiosa protestante, mas sem êxito porque não consegue nenhum apoio. Desesperado então parte em busca do apoio do Vaticano que em sua visão seria a única instituição naquele momento que poderia denunciar as barbaridades cometidas pelo regime nazista. Sinceramente falando 

"Amen" foi um dos melhores filmes que já assisti tratando sobre a questão do holocausto sob o ponto de vista religioso. O roteiro foi baseado na história real de Kurt Gerstein, um tenente da SS, que tentou de todas as formas denunciar o holocausto que presenciou como químico responsável pelas câmeras de gás no campo de Auschwitz. Sua história de redenção é mais tocante do que a de Oskar Schindler pois Gerstein era um homem de confiança dos grupos de extermínio do regime alemão. Mesmo assim ouviu a voz de sua consciência e fez de tudo para que os crimes se tornassem públicos. Poucas pessoas sabiam tanto quanto ele da real situação. Seu relatório sobre as atrocidades nazistas inclusive foi a base probatória utilizada para condenar os principais líderes nazistas durante o julgamento de Nuremberg. Fácil constatar sua importância para todos os acontecimentos que cercaram a morte de milhões de pessoas sob às ordens dos nazistas. Outro aspecto muito louvável de "Amen" é sua denúncia sobre a omissão do Vaticano durante o holocausto. O Papa Pio XII é mostrado no filme como um homem de pouca fibra, beirando a covardia, que preferiu se omitir publicamente sobre os crimes que tinha conhecimento do que fazer algo como, por exemplo, chamar a atenção do mundo para a morte de milhões de pessoas inocentes. Sua atitude de omissão deliberada durante a deportação e morte de milhões de judeus é ainda hoje uma das maiores manchas negras na história da Igreja Católica. "Amen" é certamente um dos melhores trabalhos do genial Costa-Gavras, um cineasta de obras primas politizadas e conscientes que sempre tem muito a dizer em seus filmes. Por isso "Amen" é mais do que recomendado, é obrigatório.  

Amen (Amen, França, Alemanha, Romênia, 2002) Direção: Costa-Gavras / Roteiro: Costa-Gavras, Jean-Claude Grumberg / Elenco: Ulrich Tukur, Mathieu Kassovitz, Ulrich Mühe / Sinopse: Kurt Gerstein (Ulrich Tukur) é um oficial da SS que estremecido pelos crimes terríveis cometidos em campos de concentração da Alemanha Nazista procura denunciar de todas as formas as barbaridades que presenciou. Em busca de apoio vai até o Vaticano mas é recebido com desdém e desconfiança pelos alto clero romano que resolve tomar uma postura de não envolvimento e omissão para com a morte de milhões de pessoas inocentes em campos de extermínio nazistas.  

Pablo Aluísio.

Dylan Dog e as Criaturas da Noite

Dylan Dog (Brandon Routh) é um detetive diferente que se especializou em casos envolvendo o mundo sobrenatural. Ao lado de seu parceiro Groucho ele vai ao submundo do crime para desvendar mais um caso completamente fora do comum. "Dylan Dog e as Criaturas da Noite" é mais uma adaptação de histórias em quadrinhos. Devo esclarecer que não conheço o material original mas notei grande semelhança entre esse personagem e "Constantine". Ambos são filmes direcionados a um determinado público e passeiam em um mundo de realismo fantástico, habitado por vampiros, lobisomens, mortos vivos, demônios e tudo mais que a imaginação possa pensar. Assim como aconteceu no filme "Constantine" acredito que a maior falha desse "Dylan Dog" seja a escolha do elenco. Brandon Routh está apático no papel do personagem central. Sua atuação é totalmente sem inspiração, medíocre para falar a verdade. Além disso não se envolve, não empolga, uma chatice só. A impressão que tive foi que depois de "Superman" o ator perdeu o interesse em produções como essa.

O resto do filme também não me agradou. Excessivamente mal escrito, em nenhum momento encontramos espasmos de originalidade. Até a narração em off é batida, muito clichê. A tentativa de usar esse recurso, que era muito popular em antigos filmes de detetives ao estilo noir, aqui naufraga completamente. A mistura indigesta de tantos monstros também soa repetitiva e infantil. A direção de arte é fraca - os lobisomens em cena são ridículos e o monstro do final não consegue ser convincente e nem passar medo ao espectador! Enfim, mais uma bobagem descartável que prova de forma definitiva que não basta apenas transpor quadrinhos para o cinema, tem que ter talento para isso.

Dylan Dog e as Criaturas da Noite (Dylan Dog: Dead of Night, Estados Unidos, 2010) Direção: Kevin Munroe / Roteiro: Thomas Dean Donnelly, Joshua Oppenheimer / Elenco: Brandon Routh, Sam Huntington, Peter Stormare, Taye Diggs, Anita Briem, Kimberly Whalen / Sinopse: Dylan Dog (Brandon Routh) é um detetive diferente que se especializou em casos envolvendo o mundo sobrenatural. Ao lado de seu parceiro Groucho ele vai ao submundo do crime para desvendar mais um caso completamente fora do comum.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Meu Amigo Harvey

Elwood P. Dowd (James Stewart) é um beberrão simpático e agradável que afirma conviver e conversar com um coelho gigante de 1.90m de altura chamado Harvey. Alarmadas sua irmã e sua sobrinha decidem internar Dowd em uma instituição psiquiátrica o que dará origem a inúmeras confusões envolvendo todos. “Meu Amigo Harvey” é um dos mais divertidos filmes da carreira de James Stewart. O argumento inusitado e ímpar foi baseado numa famosa peça teatral americana escrita por Mary Chase. Muito popular na época a peça chegou a ganhar o Pullitzer, um dos mais importantes prêmios da literatura norte-americana. Curiosamente o texto brinca com a existência ou não de Harvey. Em certos momentos o pobre Dowd parece apenas um biruta qualquer mas logo após vários traços da existência real de Harvey surgem em cena, brincando com a tênue linha que separa insanos de sóbrios. O fato do ser imaginário Harvey ser um coelho gigante também atrai muito a criançada e o filme leve e divertido certamente vai agradar a todas as faixas de idade.

James Stewart está maravilhoso no papel do lunático Dowd. Sua caracterização chega a ter um tom muito poético e delicado e a verdade sobre Harvey vai sendo desvendada aos poucos ao longo do filme. Até que ponto a realidade é mais interessante do que a fantasia? E qual é o problema de um adulto afirmar que tem um amigo imaginário em forma de coelho gigante se ele não faz mal a ninguém, pelo contrário, ajuda ao próximo sempre que é preciso? O roteiro levanta muitas questões interessantes além dessas e no final ficamos com um sorriso simpático no rosto, tal a leveza do desenrolar da trama do filme. “Meu Amigo Harvey” foi dirigido pelo cineasta alemão radicado nos Estados Unidos Henry Koster. Seu olhar europeu contribuiu muito para o resultado final transformando Harvey em um dos personagens mais simpáticos do cinema americano e isso mesmo nunca aparecendo em cena. Para os que gostam de lirismo e diversão o filme é mais do que recomendado.

Meu Amigo Harvey (Harvey, Estados Unidos, 1950) Direção: Henry Koster / Roteiro: Mary Chase, Oscar Brodney, Myles Connolly baseados na peça de Mary Chase / Elenco: James Stewart, Josephine Hull, Peggy Dow, Charles Drake, Cecil Kellaway, Victoria Horne, Harvey / Sinopse: Elwood P. Dowd (James Stewart) é um beberrão simpático e agradável que afirma conviver e conversar com um coelho gigante de 1.90m de altura chamado Harvey. Alarmadas sua irmã e sua sobrinha decidem internar Dowd em uma instituição psiquiátrica o que dará origem a inúmeras confusões envolvendo todos.

Pablo Aluísio.