segunda-feira, 2 de abril de 2012

O Abrigo

Esse filme realmente mexeu comigo e olha que isso é bem raro. Achei sua trama muito bem desenvolvida, com uma sensibilidade incrível. A estória gira em torno de um jovem casal e sua pequena filha surda e muda. Ele é operário e mora em um típico subúrbio americano. Sua vida começa a mudar quando pesadelos se tornam rotina durante à noite. Depois começa a ter estranhas alucinações e pressentimentos em seu cotidiano. Nesse momento sem maiores explicações fica obcecado pelo abrigo anti tempestade de seu quintal. Em pouco tempo a obsessão foge de seu controle e ele começa a tomar atitudes fora do normal. A situação se agrava pois há um histórico de esquizofrenia em sua família. Estaria aos poucos enlouquecendo ou apenas prevendo uma catástrofe iminente?

Eu já conheço bem o trabalho do ator Michael Shannon (que aqui faz Curtis, o pai da família). Ele está muito bem em "Boardwalk Empire" onde interpreta um agente do FBI na luta contra o contrabando de bebidas durante a lei seca. É um ator muito focado, que realmente se entrega ao papel com afinco. Outro aspecto a se elogiar é o roteiro aberto. Nada é muito explicado, cabendo a cada um formar sua própria interpretação sobre os acontecimentos do filme. Profeta, louco, esquizofrênico ou apenas um ser humano no limite? Eu cheguei a algumas conclusões mas vou guardar para mim pois o mais importante nesse "O Abrigo" é cada um chegar em suas próprias teses pessoais. Recomendo, um filme intrigante e que faz pensar - algo cada vez mais raro no cinema atual.

O Abrigo (Take Shelter, Estados Unidos, 2011) Direção: Jeff Nichols / Roteiro: Jeff Nichols / Elenco: Michael Shannon, Jessica Chastain, Shea Whigham / Sinopse: Atormentado por visões do Apocalipse o jovem chefe de família Curtis (Michael Shannon) fica obcecado em construir um abrigo anti nuclear nos arredores de sua casa para proteger sua esposa e filha da catástrofe que se aproxima.

Pablo Aluísio.

domingo, 1 de abril de 2012

O Exorcista

"O Exorcista" é apontado por muitos como o melhor filme de terror já feito. A produção causou forte impacto em seu lançamento e até hoje é cultuada. De certa forma é até simples de entender essa repercussão toda que o filme atingiu. A trama da garotinha possuída por um demônio bateu fundo no inconsciente coletivo do público ocidental. Como se sabe em países onde o Cristianismo é considerado a religião predominante o diabo não é apenas um ser de ficção mas uma entidade real, de existência induvidosa. Assim o que se passa nas telas obviamente amedronta as pessoas com essa formação religiosa. Para reforçar ainda mais essa situação não podemos ignorar que embora o filme seja baseado em um livro de William Peter Blatty esse foi escrito em cima de um caso real ocorrido na Itália. A única diferença é que na história real os fatos aconteceram com um garoto e não uma garotinha como vemos nas telas. Até hoje a igreja Católica mantém um sistema de revezamento de orações no local onde ocorreram as manifestações. Não cabe aqui discutir o que causou esses eventos, se era realmente uma possessão ou um mero transtorno psicológico, o que importa é entender que "O Exorcista" levou os fatos para o universo da cultura pop, o marcando para sempre.

Outro fato digno de nota é que mesmo após tantos anos o filme, mesmo visto atualmente, não envelheceu tanto. Claro que em termos narrativos há alguns aspectos que soam datados, mas a força da trama não sofreu o pesar dos anos. Nem suas péssimas continuações atrapalharam nesse quesito. Filmes marcantes assim costumam ser tão imitados que acabam perdendo sua força original. Com "The Exorcist" não sentimos tanto essa perda. O filme continua muito bom, muito impactante e provocando medo aos que o assistem (o que no final das contas é o objetivo de todo filme de terror bom que se preze). Em conclusão "O Exorcista" realmente merece a fama e o status que tem. É um excelente momento do cinema de terror da década de 70 que se mantém firme até os dias de hoje.

O Exorcista (The Exorcist, Estados Unidos, 1973) Direção: William Friedkin / Roteiro: William Peter Blatty baseado em seu próprio livro / Elenco: Linda Blair, Max Von Sydow, Ellen Burstyn, Lee J Cobb, Jason Miller, Kitty Winn, Jack MacGowran / Sinopse: Jovem garota (Linda Blair) começa a manifestar sinais de possessão demoníaca. Para ajudá-la a Igreja envia dois padres exorcistas para combater o mal.

Pablo Aluísio.

Os Três Mosqueteiros

Alguns filmes são totalmente desnecessários. Um caso que retrata bem isso é esse "Os Três Mosqueteiros" versão 2011. O famoso livro de Alexandre Dumas já foi adaptado várias vezes no cinema e já encontrou sua versão definitiva, então tirando a ganância dos produtores pelo lucro fácil qual é a razão de se realizar um filme assim? Ser fiel ao livro certamente não foi. Essa nova versão é completamente alheia ao famoso texto. Tirando o nome dos personagens pouca coisa se assemelha ao original. Novos personagens aparecem do nada e outros simplesmente somem do mapa. Milady vira uma versão trash de Resident Evil. Incrível como até as cenas do corredor de armadilhas de Resident Evil foram descaradamente copiadas aqui (sem resultado nenhum). Milla Jojovich aliás continua realizando os mesmos filmes horrorosos de sempre. Sequer merece ser chamada de atriz. Tudo é exagerado beirando a histeria. Inventaram de colocar caravelas voadoras em cena, uma coisa pavorosa, sem graça, desproporcional ao extremo. A tentativa de imitar "Piratas do Caribe" é evidente e soa grotesca! A overdose de efeitos digitais cansam o espectador. Paris e Londres, por exemplo, foram recriados digitalmente com resultados bem ruins (nada convincentes e com cara de vídeo game).

O elenco é todo fraco. Além da já citada Milla (péssima) o filme desperdiça a presença de Christoph Waltz. Aliás o que aconteceu com ele? Só estrela bomba ultimamente. Aqui interpreta o Cardeal Richelieu mas nunca decola, está sempre apático, transparecendo aborrecimento! Desde que emplacou com "Bastardos Inglórios" parece que ele perdeu o rumo se envolvendo em projetos ruins e ridículos, um atrás do outro. Tem se equivocado em suas escolhas sistematicamente. Será a maldição do Oscar? Espero que reencontre o caminho na carreira pois é um ator talentoso. Outra decepção do elenco é o grupo de atores que interpretam os 3 mosqueteiros e D´artagnan, todos sem carisma. Logan Lerman que faz D´artagnan, por exemplo, tem rosto inexpressivo e talento inexistente! Lamentável. Os demais sequer são dignos de nota. Enfim, muita megalomania, muita pirotecnia e um resultado pífio e raso. Assim se pode definir com poucas palavras o novo "Os Três Mosqueteiros". Uma perda de tempo completa.

Os Três Mosqueteiros (The Three Musketeers, EUA, 2011) Direção: Paul W.S. Anderson / Roteiro: Andrew Davies, Alex Litvak, baseado na obra de Alexandre Dumas / Elenco: Logan Lerman, Milla Jovovich, Orlando Bloom, Matthew Macfadyen, Christoph Waltz, Luke Evans / Sinopse: Releitura do famoso livro de Alexandra Dumas retratando as aventuras de Porthos (Ray Stevenson), Athos (Luke Evans) e Aramis (Matthew Macfadyen) e o jovem D'Artagnan (Logan Lerman), os mosqueteiros do Rei.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 30 de março de 2012

12 Horas

Jill (Amanda Seyfried) é uma jovem que alega ter sido raptada e quase morta anos atrás por um serial killer de mulheres. O problema básico é que ela tem histórico de doença mental e toma remédios controlados que evitam que tenha alucinações recorrentes. Após sua irmã desaparecer Jill, desesperada, recorre à polícia mas essa não lhe dá crédito pois pensa que ela está na realidade passando por mais uma crise de alucinação e paranóia. "Gone" que ganhou o nada atrativo título de "12 Horas" no Brasil é um thriller de suspense que joga o tempo todo em cima do dilema "realidade vs alucinação" da personagem Jill. Estaria ela realmente apenas alucinando ou lutando contra um serial killer real que não a perdoa por ter fugido de suas garras anos antes? É nesse questionamento que o roteiro se apoia. Funciona? Em termos. Talvez os roteiristas tivessem maior êxito se deixassem para revelar o que realmente estaria acontecendo com Jill apenas nos momentos finais mas infelizmente muito antes disso tudo já é definido de forma a não mais deixar dúvidas no espectador. O efeito surpresa é desmontado cedo demais. O que poderia ser um grande clímax se mostra atenuado em seus efeitos. Um pouquinho de suspense a mais não faria mal ao filme em si. Abriram a caixa de Pandora antes da hora!

O argumento também, por ser batido demais, não cria muitas surpresas aos fãs de thrillers. De certo modo um dos problemas de "Gone" é esse, ele não ousa, não surpreende, é muito formulaico em suas propostas. Provavelmente um diretor mais ousado faria maravilhas com a estória mas não é o que acontece aqui. A impressão que fica é a de que o cineasta Heitor Dhalia que dirigiu o filme apenas quis entregar um produto convencional ao estúdio e nada mais. Se a direção e o roteiro não inovam o elenco também segue no banho maria. Amanda Seyfried até que não compromete com seu papel. Com olhos de mangá (grandes demais para seu rosto na minha opinião) a atriz se não disponibiliza uma grande interpretação pelo menos não leva tudo a perder. Esse "Gone" não vai acrescentar muito em sua filmografia mas pelo menos fica como uma experiência nova já que não me lembro de vê-la em nada parecido com esse filme. Se ela vai se tornar uma estrela nos próximos anos ou se vai desaparecer realmente não sei, de qualquer forma não será "Gone" que a levará ao primeiro time em Hollywood.

12 horas (Gone, Estados Unidos, 2012) Direção: Heitor Dhalia / Roteiro: Allison Burnett / Elenco: Amanda Seyfried, Jennifer Carpenter, Wes Bentley / Sinopse: Jill (Amanda Seyfried) é uma jovem que alega ter sido raptada e quase morta anos atrás por um seriel killer de mulheres. O problema básico é que ela tem histórico de doença mental e toma remédios controlados que evitam que tenha alucinações recorrentes. Após sua irmã desaparecer ela desesperada recorre à polícia mas essa não lhe dá crédito pois pensa que ela está na realidade passando por mais uma crise de alucinação e paranóia.

Pablo Aluísio.

Mulher-Gato

Agora que a trilogia de Batman chega ao fim nos cinemas que tal recordar esse "Mulher-Gato"? Curioso mas a DC Comics parece não ter muita sorte em adaptações de seus personagens para o cinema. Tirando o próprio Batman pouca coisa se salva realmente. Até mesmo um dos personagens mais populares da editora, "O Lanterna Verde", naufragou recentemente em termos de público e crítica. Resta esperar que o novo filme do Superman mantenha a chama acessa, uma vez que o último parece não ter agradado nem ao estúdio e nem ao público em geral. Esse "Mulher-Gato" por outro lado é praticamente uma unanimidade. Massacrado pela crítica e esnobado pelo público o filme parecia ser um túmulo para a divertida personagem do universo Batman. Mas afinal o que deu errado? Acredito que o erro começou na própria escalação da atriz Halle Berry para viver a ladra felina. A verdade é que para o grande público a personagem ainda estava muito associado à bela Michelle Pfeiffer, que interpretou de forma muito sensual a Catwoman no segundo filme da trilogia original de Batman. Roupas, maneirismos, atuação, tudo remetia a Michelle. Aceitar Halle Berry não foi fácil. Para piorar a atuação dela aqui não é nada inspirada. A atriz confunde o tempo todo sensualidade com vulgaridade, o que não acontecia com Pfeiffer.

Para piorar ainda mais o roteiro era derivativo e nada inteligente. Nada justifica essas adaptações de quadrinhos ao cinema terem roteiros tão bobocas! Basta copiar alguns enredos de algumas edições ao estilo Graphic Novel para se ter boas estórias e bons argumentos, haja vista o alto nível que essas publicações alcançaram. Ao invés disso o estúdio contratou uma equipe de roteiristas que criaram uma das estórias mais bobocas que já foram vistas no cinema. A Warner também teve sua grande parcela de culpa no fracasso do filme. Investiu muito dinheiro em uma produção complicada, com o marketing errado e com estrelas como Sharon Stone (já decadente) criando problemas o tempo todo no set. O resultado de tantos equívocos surgiu depois nas bilheterias. O filme naufragou, não conseguindo sequer recuperar o dinheiro de seu custo de produção. Executivos foram demitidos e criou-se uma dúvida sobre a própria viabilidade de se trazer Batman de volta às telas. Conclusão: não basta apenas injetar muito dinheiro numa adaptação de quadrinhos, pensando em retorno certo. Esse público é muito antenado com a cultura pop e sabe muito bem o que presta e não presta em termos de transposição de seus personagens para a tela grande. Por tudo o que aconteceu depois com Batman a Warner parece ter entendido direitinho a lição.

Mulher-Gato (Catwoman, Estados Unidos, 2004) Direção: Pitof / Roteiro: John D. Brancato, Michael Ferris, Mike Ferris, John Rogers / Elenco: Halle Berry, Sharon Stone, Benjamin Bratt, Lambert Wilson, Alex Borstein, John Cassini / Sinopse: Adaptação para o cinema da personagem Mulher-Gato, famosa vilã do universo de quadrinhos de Batman.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Império do Sol

Na década de 80 Steven Spielberg colecionou um grande sucesso atrás do outro, não apenas como diretor mas também como produtor. Embora aclamado pelo público a crítica especializada começou a qualificar o cineasta de "Peter Pan", um diretor que não conseguia crescer, que não conseguia realizar bons filmes com temática adulta. A primeira tentativa de ser levado à sério como autor de películas relevantes aconteceu com 1985 com o filme "A Cor Púrpura". Embora bem realizado, focando na sempre importante questão racial, o filme não conseguiu trazer o tão almejado reconhecimento. Indicado a 11 prêmios da Academia a produção conseguiu sair da noite de premiações de mãos vazias. Mesmo derrotado Steven Spielberg não desistiu da idéia de conquistar o Oscar de Melhor filme e direção. Sua segunda tentativa nesse sentido foi com esse "Império do Sol". A estória se passa na II Guerra Mundial e se vale das recordações de um garoto que vivenciou um dos períodos mais sangrentos da história mundial recente. 

Em termos de produção "O Império do Sol" é tecnicamente perfeito. Excelente reconstituição de época, muito luxo e pompa em um filme com ótima direção de arte. O Calcanhar de Aquiles porém surge em um roteiro vacilante que nunca consegue alcançar seus principais objetivos. O enredo tem falhas, inclusive de ritmo, que acaba tornando o filme pesado, sem leveza. O personagem do garotinho também não contribui. Pouco carismático ele acabou sendo interpretado pelo menos carismático ainda Christian Bale (ele mesmo, o Batman dos futuros filmes de Christopher Nolan). Imerso em um mundo caótico com roteiro pouco consistente, "O Império do Sol" foi uma das mais mal sucedidas tentativas de Spielberg em alcançar sua estatueta dourada de melhor diretor e filme. Apesar do lançamento massivo e do marketing agressivo o filme não conseguiu despertar interesse no público fazendo com que o filme passasse longe de se tornar um campeão de bilheteria. Para piorar a crítica torceu o nariz e não deu um bom veredito para o resultado final. Pior aconteceu no Oscar. A Academia ignorou a produção e lhe deu apenas indicações puramente técnicas, nenhuma importante. Spielberg certamente ficou decepcionado mas não desistiu. Ele voltaria a perseguir seu prêmio e seria justamente com outra produção também passada na II Guerra Mundial, mas essa é uma outra história... 

Império do Sol (Empire Of The Sun, Estados Unidos, 1987) Direção: Steven Spielberg / Roteiro: Menno Meyjes, Tom Stoppard / Elenco: Christian Bale, John Malkovich, Miranda Richardson, Nigel Havers, Joe Pantoliano, Ben Stiller / Sinopse: Jim (Christian Bale) é um garotinho de 11 anos que se perde de seus pais durante a segunda guerra mundial na cidade de Xangai, nas vésperas da invasão japonesa à região.

Pablo Aluísio.

Um Novo Despertar

Walter Black (Mel Gibson) é um bem sucedido executivo que sofre uma profunda crise existencial e depressiva. Incapaz de lidar com os aspectos de sua vida por si próprio acaba adotando um fantoche de castor para falar e agir por ele, para espanto de todos à sua volta. É a forma nada comum que encontra para conseguir superar essa terrível fase de sua vida emocional e pessoal. "The Beaver" é um filme muito extremo. A ideia central é extrema por si só. Fica complicado aceitar o fato de um homem adulto só falar através de um fantoche de Castor mesmo com o argumento de que essa seria uma forma de tratamento de uma depressão severa. O enredo só não naufraga completamente por causa de Mel Gibson e das subtramas (em especial a que envolve o filho de Gibson no filme). O desempenho do ex Mad Max é o primeiro grande trunfo de "The Beaver" O ator está especialmente inspirado pois ficamos realmente comovidos com sua situação mental. Há cenas excelentes como a que ele tenta se separar do puppet, embora devo confessar que naquele momento pensei um pouco em Chuck de "Brinquedo Assassino"! Gibson é um ator talentoso, obviamente ele só fez o filme por causa da grande amizade que nutre com a diretora Jodie Foster com quem se tornou muito próximo no set de filmagem de "Maverick" mas mesmo assim se sai excepcionalmente bem em cena. A amizade de ambos passa também para a tela.

A outra coisa que segura as pontas aqui é o relacionamento do filho do personagem principal e sua paixão adolescente (a linda e maravilhosa - e cada vez mais bonita - Jennifer Lawrence). Bela e carismática essa atriz está despontando para o estrelado após o sucesso de "Jogos Vorazes". Já Jodie Foster, a diretora, deveria ter explorado mais sua personagem na trama. Do jeito que ficou achei a atriz um tanto quanto desperdiçada em cena, isso decorreu muito provavelmente pelo fato de que combinar direção e atuação em um mesmo projeto exigem demais do profissional. Assim Jodie se empenhou muito mais atrás da câmeras do que diante delas. É compreensível. Enfim se fosse resumir "The Beaver" diria que é não só um filme sobre depressão mas também um filme deprimido. Provavelmente vá tocar mais de perto as pessoas que já passaram por essa doença. Para o resto dos espectadores o filme pode soar melancólico e triste demais. De qualquer forma recomendo, sendo você depressivo ou não!

Um Novo Despertar (The Beaver, Estados Unidos, 2010) Diretora: Jodie Foster / Roteiro: Kyle Killen / Elenco: Mel Gibson, Jennifer Lawrence, Anton Yelchin, Jodie Foster, Paul Hodge / Sinopse: Walter Black (Mel Gibson) é um bem sucedido executivo que sofre uma profunda crise existencial e depressiva. Incapaz de lidar com os aspectos de sua vida por si próprio acaba adotando um fantoche de castor para falar e agir por ele, para espanto de todos à sua volta. É a forma nada comum que encontra para conseguir superar essa terrível fase de sua vida emocional e pessoal.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Plano de Fuga

Americano (Mel Gibson) é um assaltante de bancos que é preso na fronteira com o México após ser perseguido pela polícia norte-americana. Enviado a uma prisão mexicana ele tenta sobreviver a um ambiente hostil, perigoso e violento. Esse "Plano de Fuga" é a volta de Gibson aos filmes de ação. Como todos sabem o ator vive um verdadeiro inferno astral em sua vida privada se envolvendo em escândalos, polêmicas e confusões. Após falar mal dos judeus ele foi colocado de molho pelos grandes estúdios. Embora seja um nome forte na indústria e seja considerado um bom cineasta, Gibson ao tomar atitudes anti-semitas acabou mexendo com pessoas muito influentes em Hollywood, uma vez que a grande maioria dos estúdios de cinema pertence a grupos judeus. Inviabilizado de seguir em frente nessas companhias Gibson resolveu bancar seus próprios filmes, se tornando produtor deles. Como é dono da Icon Productions o ator resolveu seguir em frente. Esse "Plano de Fuga" foi feito assim, com dinheiro do próprio bolso de Mel Gibson.

A boa notícia é que o filme é realmente bom. O roteiro (escrito pelo próprio Gibson) é redondinho, ágil e eficiente. O filme se passa praticamente todo dentro de um presídio mexicano. Assim como acontece em nosso sistema penitenciário os presídios mexicanos são caóticos. Crianças passeiam tranquilamente entre as celas, prostitutas praticamente moram dentro do local e drogas e armas passam de mão em mão com a conivência dos guardas (que fazem de tudo para não atrapalhar a vida dos presos!). Nesse ambiente o personagem de Gibson (que não tem nome pois o omite desde o momento que é encarcerado) joga com as peças que tem. Manipula um chefão local e tenta recuperar o dinheiro roubado que foi parar nas mãos de policias corruptos. Além disso tenta ajudar uma detenta e seu filho que está nas garras de uma quadrilha de tráfico de órgãos humanos. Para quem sentia saudades dos filmes de ação de Mel Gibson esse "Plano de Fuga" é uma boa pedida. Em nenhum momento aborrece e no final acaba divertindo. Um bom thriller que como passatempo funciona muito bem.

Plano de Fuga (Get The Gringo, Estados Unidos, 2012) Diretor: Adrian Grunberg / Roteiro: Mel Gibson, Adrian Grunberg, Stacy Perskie / Elenco: Mel Gibson, Peter Stormare, Dean Norris / Sinopse: Americano é preso na fronteira com o México após ser perseguido pela polícia americana. Enviado a uma prisão mexicana ele tenta sobreviver a um ambiente hostil perigoso e violento.

Pablo Aluísio.

Platoon

Quando era apenas um jovem entusiasmado pela honra de servir ao seu país, Oliver Stone se alistou no exército norte-americano na mesma época em que se agravava a Guerra do Vietnã. Voluntário, idealista, Stone iria encontrar nas selvas asiáticas o oposto do que ansiava: tropas despreparadas, negros e pobres, oficiais sem direção, abuso de drogas e muita indisciplina. Um caos. Mergulhado no meio do inferno daquele conflito ele conseguiu sobreviver, saindo ileso do campo de batalha. De volta aos EUA resolveu exorcizar tudo o que passou escrevendo o roteiro desse "Platoon". Apesar de tudo o filme não é integralmente autobiográfico como muitos pensam. Stone certamente tirou muito de sua experiência pessoal e inseriu no texto porém ao mesmo tempo criou personagens totalmente de ficção para dar suporte dramático ao enredo. O que se vê nas telas é um choque. O cinema americano já havia mostrado o horror dessa guerra insana e inglória antes, principalmente em "Apocalypse Now", a obra prima de Francis Ford Coppola, mas "Platoon" vinha para inaugurar um novo ciclo. 

Depois de seu sucesso de público e crítica os estúdios correram atrás e produziram diversas fitas cujo tema girava em torno da intervenção americana naquele país sem importância do sudeste asiático. Depois que Stone visitou as selvas em "Platoon" outros grandes cineastas seguiram pelo mesmo caminho como Stanley Kubrick e o ótimo "Nascido Para Matar". O enredo de "Platoon" gira em torno de Chris (Charlie Sheen), jovem americano que se alistou voluntariamente no exército por puro patriotismo. Enviado para o Vietnã ele sente na própria carne a decadência das forças armadas de seu país. Lá encontra dois sargentos que são opostos entre si. Barnes (Tom Berenger) é um sujeito linha dura, beirando às raias da insanidade causada pela guerra. Do outro lado surge o bondoso Elias (Willem Dafoe), cuja força moral ainda traz um mínimo de dignidade ao seu pelotão. Tentando sobreviver um dia de cada vez Chris aos poucos começa a entender a sordidez das operações, a desumanidade e o universo caótico em que se encontra. "Platoon" foi visto na época de seu lançamento como um acerto de contas da arte cinematográfica com o conflito perdido pelos americanos. A Academia reconheceu a importância do filme e o indicou a sete Oscar, tendo vencido quatro (Melhor filme, diretor, som, montagem). Visto hoje em dia o filme ainda soa bastante relevante dando fundamento ao seu lema publicitário: "O Inferno existe e se chama Guerra".  

Platoon (Platoon, Estados Unidos, 1986) Direção: Oliver Stone / Roteiro: Oliver Stone / Elenco: Charlie Sheen, Willem Dafoe, Tom Berenger, Forest Whitaker, Kevin Dillon, Johnny Depp / Sinopse: Chris (Charlie Sheen) é um jovem americano que decide se alistar no exército na época da guerra do Vietnã. O que presenciará no front irá mudá-lo pelo resto de sua vida.  Filme premiado com o Oscar na categoria de melhor filme.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 27 de março de 2012

Uma Linda Mulher

A história da realização desse filme é bem curiosa. Pouca gente se recorda mas quando “Uma Linda Mulher” chegou aos cinemas ninguém acreditava no filme – nem o estúdio que o produziu. E por que isso aconteceu? Simples, na época de seu lançamento o filme foi considerado literalmente um “tapa buraco” de datas. A Touchstone não esperava lucrar nada com ele, apenas não queria ter prejuízo. O roteiro foi considerado açucarado demais pelos executivos mas seria possível produzir um filme de orçamento pequeno para ser lançado em uma data morta dentro do calendário de estréias. Além disso nenhuma grande estrela seria contratada para fazer o filme. Para o papel masculino escalaram o decadente Richard Gere, naquela altura da carreira com vários fracassos comerciais sucessivos na carreira. Para o papel da jovem prostituta arranjaram uma novata, com poucos filmes no curriculum, Julia Roberts. Os planos da Touchstone (braço adulto da Disney) eram simples: um lançamento discreto nos cinemas, em poucas salas e depois um trabalho melhor de divulgação quando o filme chegasse no mercado de vídeo – naquele momento em franca expansão.

O que aconteceu depois que “Uma Linda Mulher” chegou nos cinemas surpreendeu a todos. O filme estourou nas bilheterias. Com custo estimado em 14 milhões de dólares o filme recuperou seu investimento em praticamente 3 dias. Depois com o boca a boca o filme simplesmente se tornou um grande hit não apenas no mercado americano mas no mundo todo. A Disney foi pega de surpresa pelo crescente interesse pelo filme – nem cópias suficientes tinham para atender a demanda. Em pouco tempo o filme, um dos mais lucrativos da história, rompeu a barreira dos 400 milhões de dólares, gerando um lucro absurdo ao estúdio. Qual é o segredo de seu imenso sucesso? Até hoje se debate sobre isso. Talvez seu enredo ao estilo conto de fadas tenha caído no gosto popular justamente pela falta de produções nesse estilo mais suave e sonhador. O casal de atores também contribuiu e muito para o sucesso do longa. Richard Gere assumiu seus cabelos grisalhos (algo que iria se tornar sua marca registrada) e Julia Roberts surgia muito espontânea e carismática em seu complicado papel de profissional do sexo. No final todos saíram ganhando e muito. Gere voltou a ser um nome quente para os produtores. Julia Roberts se tornou rapidamente a queridinha do estúdio, se tornando a nova estrela de Hollywood e o diretor Garry Marshall se tornou procurado pelos grandes astros (infelizmente ele nunca mais repetiria o sucesso desse filme). Sobrou até para o veterano cantor Roy Orbison que renasceu das cinzas com seu antigo sucesso “Oh Pretty Woman” voltando para as paradas de sucessos. Enfim, entender o que agrada ou não ao público é uma das tarefas mais complicadas que existem e “Uma Linda Mulher” veio para confirmar justamente isso.

Uma Linda Mulher (Pretty Woman, Estados Unidos, 1990) Direção: Garry Marshall / Roteiro: J.F. Lawton / Elenco: Richard Gere, Julia Roberts, Jason Alexander,  Ralph Bellamy / Sinopse: Edward Lewis (Richard Gere) é um grande executivo, milionário e bem sucedido. Após contratar os serviços de uma acompanhante, a jovem  Vivian Ward (Julia Roberts) acaba se apaixonando por ela. Apesar de todos os preconceitos sociais envolvidos resolve levar em frente seu romance, ouvindo a voz de seu coração.

Pablo Aluísio..

Blitz

Brant (Jason Statham) é um policial inglês que sai no encalço de um serial killer que caça e mata policiais em serviço. Esqueça as bobagens que o Jason Statham rodou nos Estados Unidos. Esse policial britânico filmado nas ruas menos encantadoras (para não dizer sinistras) de Londres é bem mais interessante. Como eu já disse os filmes ingleses desse ator são bem melhores (como esquecer, por exemplo, sua boa fase ao lado do diretor Guy Ritchie?). Pois é. Em Blitz o Jason interpreta um tira cabeça quente de uma delegacia Londrina. O diferencial é que sendo casca grossa ao extremo ele está sendo investigado pelo próprio departamento por violência em serviço. Isso não o impede de ter que trabalhar ao lado de um recém transferido policial para seu distrito para investigar e prender "Blitz", um serial killer especializado em matar policiais.

Até aí nada de muito diferente a não ser o fato de seu novo parceiro ser um gay assumido! Imaginem a situação. Agora, o grande mérito do filme é que mesmo o personagem sendo homossexual (em boa atuação de Paddy Considine) ele em momento algum se mostra afetado e nem afeminado mas sim como um profissional competente que se tornará vital no desfecho do filme. Por isso o fato dele ser gay não vira em nenhum momento um problema ou um estigma dentro do roteiro, o que mostra bom senso por parte dos realizadores. Enfim, "Blitz" é eficiente, bom divertimento e não é agressivo com a inteligência dos espectadores. Uma boa opção do moderno cinema policial inglês.

Blitz (Blitz, Inglaterra, 2011) Direção: Elliott Lester / Roteiro: Nathan Parker baseado na obra de Ken Bruen / Elenco: Jason Statham, Paddy Considine, Aidan Gillen / Sinopse: Brant (Jason Statham) é um policial inglês que sai no encalço de um serial killer especializado em matar policiais.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 26 de março de 2012

John Carter

John Carter (Taylor Kitsch) é um ex-capitão do exército confederado que passa os dias em busca de uma caverna que segunda a lenda de certas tribos nativas era completamente revestida de ouro. Após vários anos de busca ele acaba descobrindo o local mas para sua surpresa também encontra um portal dimensional que o transporta até o planeta vizinho, Marte. Lá encontra uma guerra entre povos e civilizações diversas. Sem querer acaba se envolvendo diretamente no conflito dos marcianos e se apaixona por uma linda princesa. John Carter foi uma ousada aposta dos estúdios Disney que investiu na produção do filme a bagatela de 250 milhões de dólares! Tanto dinheiro investido demandava uma bilheteria robusta para que o estúdio começasse a auferir lucros. Assim a Disney investiu pesado em marketing e não poupou esforços na divulgação do longa. Tudo foi em vão. John Carter naufragou nas bilheterias causando um prejuízo tão grande que até o presidente executivo do estúdio foi mandado para o olho da rua. Tentando pegar carona em filmes semelhantes como Avatar a produção não conseguiu atrair o público e foi praticamente ignorado. Mas afinal o que deu errado?

John Carter é baseado em um personagem do escritor Edgar Rice Burroughs, o mesmo criador do mitológico herói Tarzan. Os problemas começam aí. John Carter é um personagem de segundo escalão dentro da obra de Burroughs, pouco conhecido, escrito há muito tempo. Ao contrário de Tarzan que já tem seu nome consolidado nos cinemas há décadas, Carter é praticamente um desconhecido. Fora isso suas aventuras poderiam ser bem interessantes quando foram escritas naquela época mas hoje em dia dificilmente um jovem que frequenta cinemas vai se interessar por um sujeito que vai brigar com marcianos lá no planeta vermelho! Tudo soa muito bobo atualmente temos que admitir. Como se já não bastasse o fato do material que deu origem ao filme não ser muito bom ainda temos que nos deparar com um filme que em essência não tem nada a dizer. Muito longo, muito espalhafatoso mas sem roteiro, sem carisma e o pior de tudo, bem chato. Em certos momentos me lembrou Duna. John Carter cai na monotonia várias vezes fruto de sua duração excessiva e desnecessária. É muita duração para pouca estória. Os efeitos especiais como não poderiam deixar de ser são de primeira linha mas isso pouco importa diante de um filme vazio, sem nada a dizer. Muito provavelmente John Carter vá interessar apenas aos garotos mais jovens de no máximo 12 anos de idade. Acima disso vai ser complicado agradar. De certa forma seu fracasso comercial foi merecido, o filme realmente não vale a pena.

John Carter (John Carter, Estados Unidos, 2012) Direção: Andrew Stanton / Roteiro: Andrew Stanton, Mark Andrews, Michael Chabon baseado no livro A Princess of Mars de Edgar Rice Burroughs / Elenco: Taylor Kitsch, Lynn Collins, Willem Dafoe / Sinopse: John Carter (Taylor Kitsch) é um ex capitão do exército confederado que passa os dias em busca de uma caverna que segunda a lenda de certas tribos nativas era completamente revestida de ouro. Após vários anos de busca ele acaba descobrindo o local mas para sua surpresa também encontra um portal dimensional que o transporta até o planeta vizinho, Marte.

Pablo Aluísio.

Guerra Nas Estrelas

A saga "Star Wars" teve início quando na segunda metade da década de 70 surgiu esse filme nos cinemas americanos. É curioso porque "Guerra nas Estrelas" foi considerado inovador e revolucionário em sua época mas olhando bem veremos que não é bem assim. Na verdade essa produção era de certa forma uma releitura dos antigos filmes de ficção da década de 50, época considerada de ouro para o gênero. Já nos anos 70 a chamada "ficção de aventura", categoria no qual se enquadra "Star Wars", era considerada uma coisa fora de moda, ultrapassada. Como então George Lucas conseguiu requentar uma velha fórmula dando ares de coisa nova, revolucionária? Basicamente por dois motivos: Primeiro porque soube revitalizar antigos mitos e deu a eles todo um design renovado, com efeitos especiais (esses sim) realmente revolucionários. A mitologia do jovem escolhido para enfrentar um império do mal não é novo, faz parte de muitas estórias contadas ao longo da civilização, o que mudou aqui realmente foi a roupagem nova e moderna. George Lucas nesse sentido foi realmente genial. A segunda questão que fez "Star Wars" ser o sucesso que foi se baseia no resgate do cinema como diversão pura, algo que havia sido deixado de lado naqueles anos. 

Os filmes de maneira em geral procuravam mostrar problemas sociais, dramas profundos, questões pertinentes. Com "Star Wars" não havia essa preocupação, o filme era diversão pela diversão apenas. O público que lotou os cinemas para assistir "Guerra Nas Estrelas" queria apenas se divertir e o filme de George Lucas era perfeito para isso. Quando a Fox deu autorização para a realização do filme mal sabia o que estava por vir. George Lucas era praticamente um novato com apenas um sucesso em sua filmografia, a comédia nostálgica "American Grafitti" e nada mais. No elenco não havia nenhuma grande estrela a não ser o veterano Alec Guiness, às portas de sua aposentadoria. Fora isso havia um carpinteiro (Harrison Ford), uma beldade filha de celebridades (Carrie Fisher) e um desconhecido no papel central (Mark Hamill). De orçamento apertado ninguém no set sabia que estaria naquele momento revolucionando nada. Em uma de suas biografias ficamos sabendo, por exemplo, que Alec Guiness não conseguia entender nada do que se passava na estória, apenas declamava suas falas por puro profissionalismo. O resultado final porém deixou todos surpresos, exceto talvez George Lucas que sabia estar usando de uma fórmula antiga mas que ainda poderia cair nas graças do público. Olhando para trás podemos entender que "Guerra nas Estrelas" também se tornou um divisor de águas. A partir de seu sucesso o cinema americano começou a sofrer um processo de juvenilização de suas produções. Na década de 70 imperava no cinema os grandes filmes de temáticas dramáticas como "O Poderoso Chefão", "Taxi Driver", etc. Depois de "Star Wars" os estúdios começaram a investir em filmes para um público mais jovem, infanto-juvenil. Não é para menos que os anos que viriam seriam os dourados para diretores ao estilo "Peter Pan" como Steven Spielberg e o próprio George Lucas. Se isso foi bom ou ruim já é tema para outra discussão. De qualquer modo "Star Wars" é um marco na história do cinema. Um filme que realmente revolucionou o modo de se fazer cinema nas décadas seguintes.  

Guerra Nas Estrelas (Star Wars, Estados Unidos, 1977) Direção: George Lucas / Roteiro: George Lucas / Elenco: Mark Hamill, Harrison Ford, Alec Guiness, Carrie Fisher, Peter Cushing, Anthony Daniels, Kenny Baker, David Prowse / Sinopse: Luke Skywalker (Mark Hamill) é um jovem habitante de um planeta distante que parte em uma aventura contra um império do mal comandado pelo lado negro da força.  

Pablo Aluísio.

domingo, 25 de março de 2012

O Garoto de Liverpool

John Winston Lennon(Aaron Johnson) é um adolescente vivendo na cidade portuária de Liverpool. Seu pai abandonou a casa e sua mãe é uma pessoa com problemas emocionais e financeiros. Sem estrutura familiar sólida o jovem vai morar na casa de sua tia Mimi que sozinha enfrenta os problemas típicos da juventude de seu sobrinho problemático. Ao lado de alguns amigos de escola resolve criar um grupo de Skiffle para tocar nas festinhas locais. A idéia de "Nowhere Boy" é mostrar John Lennon ainda na adolescência, com todos os seus problemas familiares que os fãs dos Beatles já conhecem bem (criado pela tia, tendo que enfrentar um segundo casamento da mãe e o abandono por parte de seu pai, um marinheiro que simplesmente o abandonou da noite para o dia) . No meio dessa vida caótica o jovem John alimenta um sonho distante de viver de sua música. A vida pessoal de John Lennon certamente daria material não apenas para um filme mas para vários. Sua vida pessoal foi muito interessante e em termos dramáticos não há o que reclamar pois em certos aspectos sua vida privada e familiar foi realmente um drama de Douglas Sirk.

Apesar disso e de "O Garoto de Liverpool" ser bem feito e digno o roteiro tem lá seus problemas. O garoto que faz Paul McCartney, por exemplo, é sem expressão e fraco. Muito distante da personalidade cativante e forte do grande companheiro de John nos Beatles. Outro personagem muito mal focalizado é o grande amigo de John, Stu Stutclif, uma pessoa extremamente presente em sua vida pessoal que aqui perdeu totalmente a importância. John era mais próximo de Stu do que de qualquer outra pessoa nessa fase de sua vida. O roteiro negligenciar isso é certamente uma grande falha. Apesar desses deslizes o filme pode vir a agradar aos fãs dos Beatles, muito embora nem tudo o que apareça no filme também seja verídico. Há uma certa dose de liberdades históricas que o diretor tomou que soam incômodas. Por exemplo, John nunca agrediu Paul no enterro de sua mãe, também nunca existiu a cena em que John é barrado na porta do Cavern durante uma noite de bebedeiras. Enfim, tem seus erros e acertos mas em momento algum consegue ser melhor do que "Os Cinco Rapazes de Liverpool" que tem tema semelhante mas é muito mais bem interpretado e produzido. Aquele sim é um grande filme sobre a vida de Jonn e dos Beatles em sua fase inicial. De qualquer forma fica a dica para os fãs.

O Garoto de Liverpool (Nowhere Boy, Estados Unidos, 2009) Direção: Sam Taylor-Wood / Roteiro: Matt Greenhalgh / Elenco: Aaron Johnson, Kristin Scott Thomas, Anne-Marie Duff / Sinopse: John Winston Lennon(Aaron Johnson) é um adolescente vivendo na sua cidade natal de Liverpool. Seu pai abandonou a casa e sua mãe é uma pessoa com problemas emocionais. Sem estrutura familiar sólida o jovem vai viver na casa de sua tia Mimi que sozinha enfrenta os problemas típicos da juventude de seu sobrinho problemático. Ao lado de alguns amigos de escola resolve criar então um grupo de Skiffle para tocar nas festinhas locais.

Pablo Aluísio.

Superman

Na iminência da destruição de seu planeta Kripton, Jor-El (Marlon Brando) decide enviar seu filho recém nascido para um planeta distante chamado Terra nos confins do universo. Assim começa a aventura de Superman, um dos super-heróis mais populares e influentes da cultura pop. Para aquele que é considerado o primeiro grande personagem do universo de quadrinhos a Warner resolveu caprichar na realização desse filme. A publicidade de Superman garantia que o espectador iria acreditar que o homem poderia voar. Depois do lançamento ninguém mais tinha dúvidas sobre isso. Superman é até hoje uma das melhores adaptações já feitas de quadrinhos para o cinema. A produção classe A acerta em praticamente todos os aspectos: elenco, direção, efeitos especiais e roteiro. Poucas vezes na história do cinema se viu um filme em que tantos elementos se encaixavam tão perfeitamente. Os efeitos especiais certamente envelheceram pois foram feitos em uma época em que não havia ainda efeitos digitais. Mesmo assim visto atualmente temos que admitir que se tornaram bem charmosos, além de dar um status cult para a produção em si. As cenas em que Superman voa pela primeira vez, por exemplo, não perderam impacto mesmo nos dias de hoje. 

Além de visualmente deslumbrante Superman ainda contava com uma trilha sonora imortal que até hoje emociona. A música tema composta por John Williams ainda soa poderosa e evocativa, mesmo após tantos anos. O elenco de Superman é formidável a começar pela escolha de Christopher Reeve para interpretar o personagem título. Eu costumo dizer que não basta ter apenas a estampa, o porte físico de Superman para se sair bem nesse papel. Tem que ser bom ator e a razão é simples: para interpretar Clark Kent o ator tem que ser versátil. Por isso tantos fracassaram. Nessa questão Christopher Reeve foi brilhante pois atuou maravilhosamente bem tanto na pele do super-herói quanto na pele de seu alter ego, o jornalista tímido e atrapalhado Clark Kent. Outro destaque sempre lembrado desse filme é a presença do mito Marlon Brando. Fazendo o papel do pai de Superman ele rouba a parte inicial do filme. Curiosamente Brando quase não embarca nessa aventura pelo cachê absurdo que cobrou. Após analisar bem o estúdio entendeu que ter Marlon Brando no elenco não tinha preço pois ele certamente traria muito prestígio para o filme como um todo. Foi contratado e mais uma vez arrasou em cena. Como se não bastasse a presença desses dois maravilhosos profissionais o filme ainda contava com um elenco de apoio simplesmente incrível: Gene Hackman e o veterano Glenn Ford (na pele do pai terrestre de Kent). Em breve teremos mais uma adaptação do personagem para as telas, novamente pelos estúdios Warner e novamente contando com uma produção milionária. Será que vai conseguir superar esse filme definitivo sobre o homem de aço? Eu duvido muito. Algumas produções são simplesmente definitivas como essa. Nota 10 com louvor. 

Superman - O Filme (Superman, Estados Unidos, 1978) Direção: Richard Donner / Roteiro: Mario Puzo, David Newman, Leslie Newman, Robert Benton baseados no personagem criado por Jerry Siegel e Joe Shuster / Elenco: Christopher Reeve, Marlon Brando, Gene Hackman, Glenn Ford, Margot Kidder, Susannah York, Terence Stamp / Sinopse: "Superman" de 1978 conta as origens do personagem tão popular do universo de quadrinhos. Nascido em Kripton adquire super poderes em nosso planeta. Um ícone da cultura pop em excelente produção dos estúdios Warner. 

Pablo Aluísio.