domingo, 10 de julho de 2011

Johnny Preston - Running Bear

Chegou ao topo de Billboard Hot 100 em janeiro de 1960. Foi o primeiro de cinco singles de sucesso do cantor a chegar no topo da parada inglesa, todas lançadas em 1960. A música foi composta por `Big Bopper`, famoso DJ do surgimento do rock americano que morreu em fevereiro de 1959 no mesmo acidente fatal que matou também os cantores Buddy Holly e Ritchie Valens. Esse é tipo de sucesso completamente fast food que hoje em dia soa completamente datado - principalmente pelo acompanhamento vocal que imita sons de tribos americanas nativas (pelo menos daquelas que surgiam nos filmes de faroeste da época!).

A letra também não ajudava muito pois era uma grande bobagem. Mesmo assim caiu nas graças do público! O Johnny Preston, para falar a verdade, era mais um daquela enorme lista de artistas que surgiram no vácuo deixado por Elvis Presley quando foi servir o exército. As gravadoras na época entenderam (de forma equivocada aliás) que tudo o que era necessário para se criar um superstar como Elvis era encontrar um jovem boa pinta, com uma boa voz, para estourar nas paradas. Tudo bem que em certos momentos o "plano" deu certo mas o fato é que esses astros fabricados desapareciam tão rapidamente quanto surgiam.

Basta ver o caso desse texano John Preston Courville! Ele foi encontrado meio ao acaso. "Running Bear" foi um estouro de vendas, rompendo a incrível marca de mais de um milhão de singles vendidos mas depois disso sua estrela foi aos poucos se apagando. No final de 1960, mesmo tendo alcançado cinco bons sucessos na parada, ele literalmente sumiu do mapa! Quando morreu em 2011 (com mais de setenta anos) já estava literalmente esquecido. Uma prova que a indústria fonográfica sempre foi descartável, usando e depois jogando fora um incrível número de artistas, cantores, grupos e compositores. Bastava um single não vender muito bem, para que o "futuro astro do amanhã" fosse descartado sem maiores problemas.

Assim as gravadoras iam atrás do próximo "Rei" e depois de um tempo repetiam a mesma estratégia. Quando a primeira geração do rock americano foi dispersa esse processo se acentuou bastante, principalmente na virada das décadas de 1950 e 1960. Por isso a década de 80 não fez tanto jus assim ao título de "a década das bandas de um sucesso só". Essa coisa de rotatividade no mundo da música já vinha de muito tempo atrás.

Pablo Aluísio.

Bill Haley & His Comets - Rockin' the Oldies

Mais um álbum do assim chamado "Glenn Miller do Rock". Gosto bastante desse disco, principalmente pela proposta de Haley de fazer releituras de antigas canções, em um processo que lembrava inclusive seus hits mais recentes como "Shake, Rattle and Roll" e "See You Later Alligator". Seria o primeiro de três lançamentos de Bill Haley que procuravam seguir temas ou conceitos na seleção musical. Seria uma espécie de predecessor dos famosos álbuns conceituais da década de 1960? Olhando sob um ponto de vista bem imparcial essa seria uma afirmação positiva, sim, Bill Haley foi o primeiro roqueiro da história a "amarrar" várias músicas sob um plano, um conceito de trabalho, podemos dizer assim. Curiosamente, apesar da temática inteligente e da ousadia do artista e do produtor (o ótimo Milt Gabler) o lançamento não foi muito bem acolhido pelo público. Também pudera, os garotos roqueiros da época, um monte de teddy boys, provavelmente não estavam interessados em canções antigas, mesmo que viessem sob um rótulo completamente novo e inovador.

Bobagem dos jovens, o disco é tão dançante como qualquer outro de Haley. A faixa que abre o disco, uma versão de um antigo clássico do  bandleader Larry Clinton chamada "The Dipsy Doodle", tem um balanço irresistível, com ótimo arranjo. As paradinhas e os ótimos solos de guitarra e sax são até hoje muito atuais e empolgantes. Rock ´n` Roll de primeira qualidade. "You Can't Stop Me From Dreaming" vai pelo mesmo caminho. Outra que usa e abusa das paradinhas típicas da primeira geração do rock americano. O piano se mostra mais presente, forte até! Grande arranjo em uma versão saborosa. Em "Apple Blossom Time" o destaque vai para o contrabaixo ao velho estilo (aqueles mesmo que você está pensando, enormes, pesadões, que tomavam quase todo o palco). A melodia é tão simpática que o ouvinte não pode deixar de se encantar. A fórmula "letra - solos de sax e guitarra - refrão pegajoso - e clímax para cima" se repete, o que não deixa de ser algo saborosamente nostálgico. O disco segue nesse esquema musical até se encerrar com a ótima "I'm Gonna Sit Right Down and Write Myself a Letter", muito embora aqui já sintamos um certo cansaço na interpretação do cantor. Se a intenção do velho Bill era demonstrar que o novo gênero chamado Rock ´n´ Roll poderia ser adaptado para qualquer tipo de standart da música americana, ele certamente comprovou seu ponto de vista.

Bill Haley & His Comets - Rockin' the Oldies (1957)
The Dipsy Doodle
You Can't Stop Me from Dreaming
Apple Blossom Time
Moon Over Miami
Is it True What They Say About Dixie?
Carolina in the Morning
Miss You
Please Don't Talk About Me When I'm Gone
Ain't Misbehavin'
One Sweet Letter from You
I'm Gonna Sit Right Down and Write Myself a Letter
Somebody Else is Taking My Place

Pablo Aluísio e Erick Steve.

sábado, 9 de julho de 2011

Gene Vincent And The Blue Caps - Hound Dog / Be-Bop-A-Lula

O Gene Vincent foi uma das figuras mais curiosas da história do rock americano. Era um autêntico Teddy Boy, sem preocupação nenhuma em parecer mais inteligente do que era. Não fazia média, não posava de intelectual e não estava nem aí para o que pensavam dele. Também não estava lá muito preocupado em ser original demais. Seu grande sucesso, "Be-Bop-A-Lula", era praticamente uma paródia do estilo de cantar de Elvis Presley (até a mãe do próprio Elvis o confundiu quando ouviu pela primeira vez a música no rádio). Ao lado dos Blue Caps (agora entendeu de onde vem o nome "Renato e Seus Blue Caps"?), o jovem cantor se tornou um grande sucesso no momento mais febril do nascimento do rock nos Estados Unidos. Suas perfomances também eram bem agitadas, sem regras, antecipando de certa forma a atitude que seria copiada anos depois pelo movimento punk na Inglaterra (aliás é bom salientar que os roqueiros americanos dos anos 50 eram ídolos da garotada punk que iria tentar ressuscitar o velho espírito rocker daquela época nos anos 70).

O que temos aqui nesse EP é um registro ao vivo de Gene Vincent se apresentando no programa de rádio do DJ Alan Freed em agosto de 1956. O que se ouve é um som sujo mesmo, praticamente trash, bem ao gosto dos roqueiros mais rebeldes e insanos dos anos 50. Gene Vincent ao lado de seus Blue Caps apresentam duas canções. A primeira, para surpresa geral, é o grande sucesso de Elvis Presley, a conhecida "Hound Dog". Escrita por Leiber e Stoller e imortalizada pelo Rei do Rock, aqui temos um som bem mais cru e visceral. Gene e seu grupo mais parece uma banda de garagem para falar a verdade (e isso não é nada mal, vamos esclarecer). Depois, no lado B, ele volta ao palco para estraçalhar com seu maior hit, a imortal "Be-Bop-A-Lula" que seria regravada por praticamente todos os grandes nomes do rock mundial nos anos que viriam (era inclusive uma das preferidas de John Lennon). Gene parece chutar algo no meio da faixa, provavelmente o microfone, só para você ter uma ideia do caos completo que eram seus shows! Mais punk rocker do que isso, impossível!

Pablo Aluísio.

Eddie Cochran

Eddie Cochran é outro herói esquecido entre os pioneiros do rock americano. O cantor e compositor foi responsável (e muito) pela bela e diferenciada sonoridade que o rock iria sofrer a partir dos anos 1960. Suas músicas eram particularmente apreciadas por causa das ótimas melodias que Eddie incorporava em seus rocks. Excelente guitarrista, ele procurava não apenas pelo som mais cru do rock ´n´ roll da época mas também trazer algo a mais, como riffs inspirados e solos bem trabalhados em suas gravações. Isso faria toda a diferença do mundo e o imortalizariam nos anos que viriam. Tragicamente Eddie não teve tempo de desfrutar de sua própria influência no mundo musical pois morreu muito jovem, em um acidente de trânsito em Londres. Na ocasião estava ao lado do amigo Gene Vincent e de sua namorada, a também escritora de canções, Sharon Sheeley. Ambos sobreviveram ao desastre mas Eddie não. Ele só tinha 22 anos de idade ao morrer.

Eddie Cochran - Summertime Blues
Se formos fazer um balanço das gravações que Eddie Cochram nos deixou chegaremos facilmente a mais de uma dezena de faixas clássicas, entre elas "Twenty-Flight Rock", "Weekend", "Nervous Breakdown", "C'mon Everybody", "Somethin' Else", "My Way", "Weekend" e "Three Steps to Heaven". Seu grande momento porém veio mesmo com "Summertime Blues", até hoje lembrada como uma das maiores canções de rock de todos os tempos. Lançada em 1958 virou um sucesso instantâneo. Composta apenas por Eddie (que deu uma parceria simbólica para seu empresário, Jerry Capehart), a canção era de fato muito marcante. Com ecos que nos lembram de Elvis Presley na Sun Records e solos de guitarra à la Chuck Berry, é de fato um rockabilly fenomenal. A letra soava também incrivelmente interessante para uma época em que os rocks primitivos não primavam muito por esse aspecto. Era uma crônica bem humorada sobre as dificuldades de um adolescente nos anos 50, que queria sair com a namoradinha mas encontrava um monte de problemas, com o patrão, e até com o seu próprio pai! Sobrava até mesmo críticas ao sistema eleitoral americano na última estrofe. Anos depois da morte de Eddie Cochran, o co-autor da canção explicaria sua essência ao dizer:  "Havia um monte de músicas sobre o verão, mas nenhum sobre as dificuldades do verão." Temos que convir que em sua singeleza ele foi simplesmente perfeito e definitivo.

Eddie Cochran - Somethin' else

O roqueiro Eddie Cochran teve uma vida breve, mas deixou grandes gravações. Na verdade ele ainda hoje é considerado um dos mais importantes nomes da primeira geração do rock. Essa gravação Somethin' else nem é tão lembrada, mas ela foi importante por causa do Skiffle inglês. Para muitos essa foi a primeira do novo gênero que iria se tornar extremamente popular entre os jovens britânicos nos anos 50 (até John Lennon e Paul McCartney tiveram sua própria banda de Skiffle chamada The Quarrymen!). A ideia de Eddie foi simples. Aqui temos um rock bem cru, com instrumentos básicos, dando um sabor de música de garagem para a gravação. Era exatamente o que os jovens "Teddy Boys" ingleses procuravam. A identidade foi imediata. Eddie era realmente um jovem gênio em sua música.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Chubby Checker - The Twist

Fala-se muito hoje em dia que os cantores e grupos musicais atuais não consegue fazer mais de um ou dois sucessos. Bom, para os críticos de plantão é bom informar que nos anos 50 e 60 também era assim. Tirando os grandes nomes o que existia era uma infinidade de artistas que não conseguia se consolidar na carreira, fazendo sucesso com poucas canções para depois desaparecerem do mapa. Com Chubby Checker foi exatamente assim.

Ele protagonizou o surgimento da dança mais popular da época - o Twist - e depois de mais um ou outro hit viu sua carreira se esvaziar. Na verdade o Twist era uma daquelas danças esquisitas dos 60´s que caiu no gosto do público. Obviamente era uma bobagem adolescente - como o bambolê - mas é a tal coisa, os anos acabam transformando até mesmo o fútil em clássico. A dança se chamava twist porque para se dançar bem o ritmo o sujeito tinha que se contorcer todo, imitando os movimentos de um tornado ou furação - imagine só que grande bobeirinha!

Depois que o single estourou em vendas Chubby Checker lançou o segundo single, uma outra variação da mesma canção e da mesma dança, chamada "Let's Twist Again". Apesar de também ter feito sucesso não conseguiu atingir o mesmo número de cópias vendidas do primeiro compacto. Há quem diga que essa segunda música é bem melhor que a primeira mas a verdade pura e simples é que ambas eram bobagens jovens sem grande relevância para o mundo da música. O Rock ´n´ Roll verdadeiro estava praticamente soterrado e isso abriu espaço para esse tipo de música, bem escapista em essência. E o Chubby Checker, o que aconteceu com ele? Bom, ele soube aproveitar seus dois minutos de fama.

Certamente nunca mais conseguiu chegar nem perto do seu grande sucesso comercial, mas conseguiu viver da música. Ao longo dos anos foi vivendo de apresentações nostálgicas, do tipo "saudades dos anos 60". Tentou inovar, procurando seguir os passos dos novos conjuntos britânicos como os Beatles mas não deu. Não era a praia dele e os jovens o consideravam apenas um tiozinho estranho tentando capitalizar em cima de regravações como "Back in the USSR" do álbum branco. Na verdade Chubby Checker pode se dar por satisfeito por ter feito uma canção tão popular! Para ele está certamente de bom tamanho.

Pablo Aluísio.

Little Richard

Little Richard - Here´s Little Richard (1957)
Procurem conhecer bem a capa desse disco. Agora imaginem seu impacto na sociedade racista dos Estados Unidos da década de 1950. Um negro, nada discreto, com a boca escancarada, cheia de dentes, gritando de forma estridente! Mais “Little Richard” do que isso impossível! A capa de “Here´s Little Richard” é certamente uma das mais ousadas e provocadoras da história do Rock! E vai bem de acordo com a trajetória dessa figura fantástica da primeira geração de roqueiros americanos. Poucos artistas viveram de forma tão intensa o espírito do Rock quanto Little Richard. Ele por si só já era um poço de escândalos e contradições! Negro, desafiava a sociedade da época com roupas luxuosas, espalhafatosas e berrantes! Alucinado, gritava a plenos pulmões sua música despudorada, embora na época os negros fossem tão reprimidos que mal podiam abrir a boca sem autorização dos brancos. Profundamente religioso conseguia ser ao mesmo tempo um homossexual sem pudores, escandalizando a todos por onde passava. Cristão agia de forma pouco modesta e humilde, se auto intitulando o “maior roqueiro da América”!  No fundo Little Richard era mesmo uma figuraça!
  
Esse foi o primeiro álbum da carreira do roqueiro e só tem clássicos! É incrível mas basta ler a lista das músicas para se ter uma noção da quantidade de grandes clássicos da história do rock presentes aqui: “Tutti Frutti”, “Ready Teddy”,  "Slippin' and Slidin', Long Tall Sally", "Rip It Up", “Jenny, Jenny” entre outras. É muito standart para um álbum só! E o mais incrível de tudo é saber que a grande maioria dessas canções foram compostas pelo próprio Richard Penniman (o nome real do cantor). Realmente impressionante. Como não era dado a modéstias, Little Richard trabalhou ao lado de uma super banda com mais de 20 músicos ao longo de todos aqueles anos. O selo era pequeno, uma pequena gravadora especializada em música negra chamada Specialty Records, mas isso não impediu o disco de vender muito naquele mesmo ano. Claro que muitas das canções já tinham chegado antes no mercado no formato single mas isso não retira o impacto desse primeiro álbum de Little Richard. Era de certa forma uma apoteose de tudo o que ele vinha produzindo até então. Um retrato perfeito de um artista marcante que se tornou um ícone naqueles anos pioneiros do Rock americano. “Here´s Little Richard” é de fato um item obrigatório na coleção de qualquer roqueiro que se preze!

Little Richard - Here´s Little Richard (1957)
Tutti Frutti / True Fine Mama / Can't Believe You Wanna Leave / Ready Teddy    / Baby / Slippin' and Slidin' / Long Tall Sally / Miss Ann / Oh Why? / Rip It Up / Jenny, Jenny / She's Got It.

Little Richard - Little Richard (1958)
Segundo álbum da carreira de Richard Penniman (Little Richard para os mais chegados). Sem favor algum eu considero esse um dos melhores discos de Rock ´n´ Roll de todos os tempos. Basta passar os olhos na seleção musical - só clássicos, de ponta a ponta! O disco abre com a maravilhosa "Keep A Knockin'" que consegue em seus poucos minutos de duração resumir tudo o que significava a música de Richard naqueles loucos anos. Sua vocalização não encontrava similar em nenhum outro artista da época e seu jeito abusado e fora dos padrões combinava perfeitamente com o espírito rebelde do novo estilo musical que nascia. "Good Golly, Miss Molly" é outro hino, sempre presente em qualquer coletânea de rock da primeira geração. Uma composição com força, energia e muita vibração. A letra é um barato! O arranjo é simplesmente sensacional e Richard destrói no piano, literalmente "martelando" seu instrumento. Curiosamente ele também tinha a mania de tocar com os pés (Jerry Lee Lewis, outro pioneiro dessa geração, também tinha esse maneirismo). "The Girl Can't Help It" também é uma das minhas preferidas. Essa foi usada no cinema, como tema principal do filme "Sabes o Que Quero", uma comédia musical dos anos 50 que até hoje mantém seu charme intacto.

Já "Hey-Hey-Hey-Hey" foi gravada por ninguém menos do que os Beatles - Paul McCartney era um fã incondicional de Little Richard, a ponto inclusive de levar seu ídolo para a Inglaterra para participar de sua turnê em 1965. Por fim, fechando com chave de ouro temos nada mais, nada menos do que "Lucille"!!! Fala sério... nunca mais Little Richard faria um disco com tantos sucessos imortais como esse aqui. É uma verdade aula do verdadeiro rock ´n´ roll. Infelizmente esse foi o auge do cantor e também seu último grande momento. Ele tinha um conflito muito grande entre sua música profana e seu sentimento religioso. Adorava cantar seus rocks estridentes mas também sentia que aquele tipo de ritmo não combinava bem com sua fé evangélica. Assim em pouco tempo Richard deixaria o bravo rock de lado para abraçar de vez uma vida religiosa, se limitando a tocar música gospel na igreja onde pregava - sim, ele virou um pastor e dos bons! Não tem problema, cada um sabe o que é melhor para si, além do mais vamos convir que após gravar um disco como esse Little Richard já tinha garantido seu lugar, não no céu, mas sim no panteão dos grandes roqueiros de todos os tempos. Amém!

Little Richard - Little Richard (1958)
Keep A Knockin / By the Light of the Silvery Moon / Send Me Some Lovin' / I'll Never Let You Go (Boo Hoo Hoo Hoo) / Heeby-Jeebies / All Around the World / Good Golly, Miss Molly / Baby Face / Hey-Hey-Hey-Hey / Ooh! My Soul / The Girl Can't Help It / Lucille.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Ray Charles - Hit The Road Jack

Ray Charles era cego mas não era bobo! Ao longo de sua vida colecionou uma infinidade de namoradas, amantes, esposas e aventuras. Se a mulher bobeasse caía na conversa do Ray. Não era raro ele ter mais de um caso com suas próprias vocalistas, algumas vezes com mais de uma, e tudo debaixo do nariz da própria esposa. Para um sujeito tão galinha não era de se admirar que de vez em quando ele levasse um toco de algumas de suas garotas que ficavam fartas de suas lorotas sem fim! E foi justamente numa ocasião dessas, quando uma delas cansada da galinhagem de Ray lhe disse a gíria "Hit The Road Jack" (algo como "Caia fora Jack!") que Ray teve a brilhante ideia de gravar essa irresistível canção de autoria do bluesman Percy Mayfield. Ele acrescentou mais pimenta no caldeirão e criou uma obra prima. Embora tenha uma origem pouco nobre, o fato é que "Hit The Road Jack" é um dos maiores clássicos gravados por Charles - um sucesso estrondoso que até hoje toca nas rádios e todo mundo conhece de cor e salteado.

A letra é das mais simples, basicamente uma mulher literalmente mandando seu amante embora para nunca mais voltar e ele respondendo com cinismo e irreverência singulares - "Agora, amor, ouça, amor, não me trate assim". O mais divertido de tudo é que quando Ray Charles foi apresentar a música pela primeira vez na TV americana ele estava tendo um caso com duas de suas vocalistas e o clima de "cachorrada" na apresentação ficou mais do que claro para quem assistiu. Ray aliás se segura para não cair na gargalhada, tal o clima de nonsense que se instala. Nesse mesmo dia nos bastidores o clima esquentou e o barraco se instalou completamente nos camarins do cantor! Imagine a baixaria! Para a gravadora ABC por outro lado isso não tinha a menor importância. Eles não estavam interessados em histórias de alcova mas em lucros! Lançado em single em outubro de 1961 a canção estourou nas paradas chegando ao primeiro lugar da cobiçada lista Billboard Hot 100, a principal da indústria fonográfica americana. No lado B a também interessante "The Danger Zone". Em suma, o que temos aqui é um sucesso memorável de um dos maiores nomes da música americana. E agora, pode cair fora Jack...

Pablo Aluísio

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Louis Armstrong - What a Wonderful World

Com os Estados Unidos afundando cada vez mais na lama da Guerra do Vietnã surgiu nas lojas em Outubro de 1968 esse modesto single do cantor Louis Armstrong. A letra de um lirismo e mensagem positiva fora do comum contrastava enormemente com o quadro político e social que a América vivia naquele momento conturbado de sua história. Havia a tensão racial latente, principalmente em estados sulistas, uma forte oposição à intervenção dos Estados Unidos no distante Vietnã, a morte de jovens soldados americanos nas selvas daquele país e um clima de que a democracia americana estava fraquejando diante dos interesses do complexo militar.

Diante de tudo isso não é de se admirar que o pessimismo tomasse conta de tantos setores. Para Louis Armstrong sua nação estava perdendo a esperança no futuro, na busca de um mundo melhor. Ele procurava por uma mensagem positiva, de fé e confiança de que as coisas iriam melhorar. Assim quando os autores Bob Thiele e George David Weiss lhe apresentaram a canção em uma mesa de bar em New Orleans, Armstrong se convenceu de que tinha encontrado o que tanto procurava.

"What a Wonderful World" é uma das mais belas canções da música americana de todos os tempos. Essa afirmação pode até soar um pouco banal para alguns mas não tenho receio de reforçar isso. O cantor com seu timbre de voz inconfundível dá um sabor todo especial ao resultado final. A letra, que naquela época foi inclusive acusada de ser pueril e ingênua demais, hoje em dia soa como um antídoto contra os pessimistas e alarmistas de plantão. Apesar de todas as ótimas intenções de Louis Armstrong em seu lançamento o fato é que o clima era tão pesado nos Estados Unidos naquela época que a canção foi praticamente ignorada nas paradas. O single vendeu uma quantidade de cópias irrisória e mesmo Louis Armstrong fazendo força para promovê-la as coisas comercialmente não foram bem nem para ele e nem para a canção.

Na Inglaterra e Austrália porém ela se tornou um sucesso. Os britânicos de uma maneira em geral conseguiram captar melhor a mensagem subliminar que a música trazia. De uma forma ou outra o tempo é senhor de tudo. Muitos anos depois da morte de Louis Armstrong a música finalmente encontraria o caminho da consagração em seu país natal. Ao ser colocada na trilha sonora do ótimo filme "Bom Dia Vietnã" a canção finalmente estourou nas paradas de sucesso americanas. Um reconhecimento tardio, é verdade, mas muito merecido. No final das contas o grande Louis Armstrong e sua sensibilidade sobre o mundo ao seu redor, tinha toda a razão.

What a Wonderful World (Thiele - Weiss) - I see trees of green... red roses too / I see em bloom... for me and for you / And I think to myself... what a wonderful world. / I see skies of blue... clouds of white / Bright blessed days... dark sacred nights /  And I think to myself...what a wonderful world /  The colors of a rainbow... so pretty ..in the sky / Are also on the faces... of people going by / I see friends shaking hands... sayin.. how do you do /  They're really sayin... I love you /  I hear babies cry... I watch them grow / They'll learn much more... than I'll never know / And I think to myself... what a wonderful world / The colors of a rainbow... so pretty in the sky / Are there on the faces... of people going by / I see friends shaking hands... sayin how do you do / They're really sayin... I love you / I hear babies cry... I watch them grow / you know their gonna learn / A whole lot more than I'll never know / And I think to myself...what a wonderful world / Yes I think to myself ... what a wonderful world.

Pablo Aluísio.