domingo, 8 de março de 2009

Elvis Presley - Elv1s 30 #1 Hits (2002)

"Velharias, mas de ouro!", foi assim que John Lennon uma vez se referiu a algumas antigas canções dos Beatles. Sem dúvida essa frase se encaixa perfeitamente para definir essas músicas deste CD especial. Depois de anos ouvindo tudo sobre Elvis como takes alternativos, shows, bootlegs, versões inéditas, voltar para ouvir essas canções foi antes de tudo um momento de nostalgia. Todo fã de Elvis deve ter começado a gostar do cantor ouvindo justamente essas faixas, as mais conhecidas, as oficiais. E também as de maior sucesso. O público brasileiro vai sentir a ausência de músicas que fizeram enorme sucesso no Brasil e que não estão aqui, como "Kiss me Quick" ou "Sylvia". Mas acontece que esse CD traz apenas as mais tocadas nos EUA e Inglaterra. Um artista como Elvis, de fama internacional, não poderia e jamais poderá ser resumido em um único CD. Cada país tem suas faixas preferidas, cada povo elegeu músicas diferentes para amar e isso, é óbvio, aconteceu com o mais internacional de todos os cantores, Elvis Presley. Provavelmente o fã médio de Elvis no Brasil (digo o mais comum, não o mais ligado ao Rei, nem muito menos o expert) não conheça, nem nunca tenha ouvido "Cryng in The Chapel" ou "In the Guetto". Mas, sentiu a falta daquela ou de outra que não está aqui entre as trinta. Mas isso é inevitável. De qualquer forma, poderíamos imaginar mais uns dez CDs de Elvis apenas com seus momentos imperdíveis, pois o legado de Elvis Presley é imenso, nunca será resumido em uma caixa de CDs, ainda mais em apenas um título. Ouvir novamente Elvis, trazido de novo à tona pela tecnologia só vem confirmar uma coisa: Elvis é ótimo, seja em um vinil cheio de chiados, em um 78 RPM de cera ou em um CD tinindo de novo. A Arte de Elvis é que é relevante, em qualquer tempo e de qualquer forma. Mas chega de papo, vamos dissecar agora para você o CD "Elvis number one Hits" ou "As velharias douradas de um Rei":

Heartbreak Hotel (Axton / Durden / Presley) — O primeiro grande sucesso de Elvis em nível nacional foi lançado em Janeiro de 1956 com "I was the one" no lado B alcançando o primeiro lugar na parada americana e européia. A música foi escrita especialmente para ele e se tornou uma de suas marcas registradas. Foi gravada em 10 de janeiro de 1956 no estúdios da RCA em Nashville. Foi gravada na primeira sessão de Elvis na RCA. Para tentar reproduzir o som das gravações da Sun Records, o engenheiro Bob Ferris construiu uma câmara no prédio do novo estúdio, buscando eco de telhas e vidro. Inacreditáveis as guitarras acústica e elétrica de Chet Atkins e Scotty Moore na gravação. A companhia de discos a considerou "um desastre", imprópria para tocar no rádio. Cinco semanas depois, tornava-se seu primeiro hit número 1 Como ficou: A gravação ficou muito mais "limpa". Alguns fãs mais antigos afirmaram que o "eco da Sun", marca registrada das primeiras músicas de Elvis, também foi eliminado, de forma equivocada. Mas, de qualquer forma a canção ganhou mais nitidez, sem sombra de dúvida. (Nota 8,5)

Don't be Cruel (Presley / Blackwell) - Lançado em um single juntamente com "Hound Dog". Elvis em diversas entrevistas nos anos cinqüenta afirmou ser esta a sua música preferida. Seu produtor na Sun Records, Sam Philips, declarou: "...Não gostei de Heartbreak Hotel, mas quando ouvi Don't be Cruel eu pensei comigo mesmo: Agora eles descobriram o que fazer com o talento de Elvis". Foi lançada em julho de 1956 atingindo o primeiro lugar rapidamente. Foi durante a apresentação desta música que Elvis foi censurado no Ed Sullivan Show pois os produtores do programa resolveram só o mostrar da cintura para cima! Sem dúvida este ato simbolizou todo o moralismo da sociedade americana dos anos 50. "Don't be Cruel" foi gravada em 2 de julho de 1956 em Nova Iorque. Finalmente o single Hound Dog / Don´t Be Cruel foi lançado em 13 de julho de 1956 e ganhou ouro quase na mesma semana Como ficou: A nova mixagem não acrescentou muito, pois a gravação original sempre foi muito boa, felizmente eles não mexeram no equilíbrio Elvis x banda. (Nota 9,0)

Hound Dog (Jerry Leiber / Mike Stoller) — Sem dúvida uma das mais conhecidas músicas de Elvis. Originalmente foi lançada por Willie "Big Mama" Thornton em 1953. A Versão de Elvis surgiu como lado B do single "Don't Be Cruel" alcançando o primeiro lugar nas paradas em julho de 1956. Foi uma das mais difíceis de gravar levando Elvis e seu grupo a produzir mais de trinta takes!. Finalmente Elvis se deu por satisfeito escolhendo uma das versões como definitiva. Elvis a apresentou no programa de Milton Berle na TV americana numa das melhores performances de sua vida. Foi gravada em 2 de julho de 1956 nos estúdios da RCA em Nova Iorque. Anos depois Stoller se manifestou: "Hound Dog foi feita para ser cantada por uma mulher...mas a versão de Elvis ficou tão legal que ninguém se tocou sobre isso. Elvis conhecia a versão original de Big Mama Thornton, mas só optou por cantá-la após ouvir a versão de Freddie and The Bellboys em Las Vegas, em maio de 56. Antes de gravar a canção, Elvis já a havia cantado duas vezes na TV. Quando chegou a hora de gravá-la, precisaram executá-la 31 vezes para obter a versão perfeita" Como ficou: O mesmo comentário feito a "Don't be Cruel" se aplica aqui, até mesmo porque ambas as canções foram gravadas nas mesmas sessões. A Master original foi respeitada, enfim. (Nota 9,0)

Love Me Tender (Presley / Matson) - Música título de seu primeiro longa Metragem que no Brasil recebeu o nome de "Ama-me Com Ternura". O titulo original do filme era "The Reno Brothers" mas com a ascensão do Rei resolveu-se mudar o titulo para aproveitar o sucesso do cantor. A estória se passa durante o final da guerra civil norte americana e trata da delicada disputa de uma mulher por dois irmãos. A trilha foi lançada em um compacto duplo com "We're Gonna Move", "Let Me" e "Poor Boy" todas de autoria de Elvis Presley e Vera Matson. Era o inicio de uma carreira cinematográfica que iria contar com mais de trinta filmes. "Love Me Tender" foi gravada em Agosto de 1956 nos estúdios I da 20th Century Fox em Hollywood. Ele não contou com sua banda tradicional e sim músicos determinados pelo estúdio cinematográfico da Fox. Elvis produziu Love me Tender durante sua primeira sessão de gravações na Costa Oeste, em agosto de 1956. Ele apresentou a canção no The Ed Sullivan Show, em 9 de setembro. Provavelmente, este foi o primeiro disco da história a ter 1 milhão de cópias pré vendidas, graças à expectativa gerada em torno de seu lançamento. Como ficou: Para falar a verdade esperava muito mais de "Love Me Tender" neste CD. Eles não conseguiram deixar a música 100% límpida. Um incômodo chiado permanece, o mesmo de todas as outras versões anteriores. A música é clássica, acima de todas esses percalços, mas sua média cai por causa das expectativas não realizadas. (Nota 7,0)

Too Much (Rosenberg / Weinman) - Música título de um single lançado em janeiro de 1957 com "Playing for Keeps" alcançando o primeiro lugar nas paradas americanas. O disco foi lançado num momento em que Elvis estava sendo muito visado pela mídia norte americana por causa das polêmicas apresentações dele no Ed Sullivan Show e nos programas de Milton Berle e Steve Allen. Foi gravada em 2 de setembro de 1956 juntamente com as músicas que fizeram parte do segundo disco do cantor "Elvis". Como ficou: Melhora sensível, mas sem surpreender. Felizmente novamente não colocaram a voz de Elvis na frente de sua banda, o que é muito errado com essas remixagens. Elvis queria que sua voz fosse envolvida pelo conjunto e não que fosse destacada. Pelo respeito leva uma boa nota. (Nota 9,0)

All Shook Up (Elvis Presley / Blackwell) — Esta canção alcançou tamanho sucesso quando lançada que se tornou parte do vocabulário da juventude norte americana da época. Elvis alcança uma das mais brilhantes interpretações de sua vida resultando num dos singles mais vendidos de sua carreira. A canção chegou a Elvis através de Steve Sholes, seu produtor na RCA Victor. O single alcançou o primeiro lugar da parada da revista Billboard em março de 1957 tendo sido gravada em 12 de janeiro do mesmo ano nos estúdios Radio Recorders em Hollywood. Esta canção foi gravada primeiramente como I´m All Shook Up por David Hill, na Aladdin Records. Elvis gravou fazendo percussão na parte de trás do violão. O single ficou durante nove semanas no topo das paradas dos EUA, seu maior tempo consecutivo como número 1. Também foi seu primeiro número 1 na Inglaterra. Como ficou: A melhora aqui é bem sentida, pois a gravação de All Shook Up sempre foi problemática, com muito "abafamento". É sem dúvida a melhor mixagem dessa canção, a equalização foi mantida e os chiados retirados. A melhor do disco, nos faz redescobrir toda a beleza da música. (Nota 10)

Teddy Bear (Mann / Lowe) - No auge do sucesso de Elvis correu um boato que ele adorava ursinhos de pelúcia, apesar de não ser verdade o boato ganhou força e de um momento para o outro o cantor se viu num mar de bichinhos dados pelos seus fãs. Para aproveitar esta história foi composto este grande sucesso que alcançou o primeiro lugar da parada de singles da Revista Billboard com "Loving You" no lado B. Este compacto simples foi lançado em junho de 1957. "Teddy Bear", por sua vez, foi gravada nos estúdios Radio Recorders em 24 de janeiro de 1957. O "Teddy" do ursinho é uma homenagem ao presidente americano Theodore Roosevelt. Ainda é uma das mais queridas músicas de Elvis principalmente pelas mulheres. É a representante no CD da trilha do filme "Loving You" (a mulher que eu amo, 1957). Como ficou: A master sempre foi muito bem gravada, por isso nem toda a tecnologia do mundo iria melhorá-la. Não se melhora o que por si já é perfeita. No mais é outro bom momento desse CD. (Nota 9,0)

Jailhouse Rock (Jerry Leiber / Mike Stoller) - Música título do terceiro filme estrelado por Elvis que no Brasil recebeu o nome de "O Prisioneiro do Rock", sendo que sua trilha foi lançada em um Compacto Duplo em outubro de 1957. Foi ainda lançada como single em setembro de 1957 com "Treat Me Nice" no lado B. O Sucesso foi imediato e o single chegou ao primeiro lugar na parada americana. A cena do filme em que Elvis apresenta esta canção é considerado o melhor momento do cantor no cinema. Leiber e Stoller afirmaram posteriormente que sua intenção era "...imitar o som de pedras quebrando" o que de certa forma foi conseguido. Foi gravado em 30 de abril de 1957 nos estúdios Radio Recorders em Hollywood. Assim Elvis ignorou a intenção satírica dos autores (Jerry Leiber e Mike Stoller) e interpretou a canção com fúria. Jailhouse Rock foi o primeiro single da história a ir direto para o topo das paradas no Reino Unido. Como ficou: Ficou bem melhor com essa nova "roupagem". As melhoras foram sensíveis e em muitos casos imperceptíveis, mas que no conjunto se revela superior às anteriores. (Nota 9,0)

Don't (J.Leiber/M.Stoller) - Esta é especial! Uma das melhores baladas românticas de todos os tempos escrita pelos maravilhosos Leiber e Stoller. Elvis sem dúvida se superou nestas sessões pois ao lado de seus músicos gravou os maiores sucessos da época. "Don't" foi gravada em 6 de Setembro de 1957 nas mesmas sessões que deram origem ao disco "Elvis Christmas Album". Foi lançada como título de um single em Janeiro de 1958 atingindo rapidamente o primeiro lugar nas paradas. É desta forma considerada uma das grandes baladas de Elvis, com temática adolescente. Como ficou: Outra canção que sempre trouxe problemas, principalmente por ser muito mal equalizada. Mas aqui eles melhoraram todas as nuances e corrigiram seus defeitos. Novamente a tecnologia veio para melhorar outra obra prima. Destaque que vale o preço do CD. (Nota 10)

Hard Headed Woman (Claude DeMetrius) - Esta foi lançada em single junto com "Dont Ask me Why" em Junho de 1958 atingindo o segundo lugar na parada da revista Billboard e o primeiro na Inglaterra. Trata-se de um Rock'n'Roll rápido com um acompanhamento de metais que se sobressaem no conjunto. Foi gravada no dia 15 de janeiro de 1958. Aqui está um caso raro no mundo da música, um exemplo perfeito de "Jazz-Rock". Como ficou: Como faz parte de "King Creole" (Balada sangrenta, 1958) o número de instrumentos é bem maior que o normal. Mas a remixagem foi bastante correta. Nem mexeu e muito menos a estragou. Ficou básica e na média o que em se tratando de algumas outras versões aqui é um mérito respeitável. (Nota 8,5)

One Night (Bartholomew/King) - A Versão original desta canção foi lançada por Smiley Lewis em 1956 pelo selo Imperial. A Versão de Elvis se tornou um grande sucesso. Ele a utilizou também dez anos depois no memorável NBC Special em 1968 (Comeback Special). A letra mais uma vez foi considerada ofensiva o que fez a produção mudá-la de forma a torná-la mais aceitável. A versão com a letra completa foi lançada muitos anos depois como "One Night a Sin". "One Night" chegou ao quarto lugar nas paradas em Outubro de 1957 nos EUA e ao topo na terra dos Beatles. Para aplacar a sanha dos censores, essa música teve um verso mudado. Em vez de "One night of sin is what I´m not praying for" (Uma noite de pecado é para o que não estou pagando), ele cantou "One night with you is what I´m now praying for" (Uma noite com você é pelo que estou rezando agora). Ainda assim, foi considerada escandalosa. Como ficou: Não era bem o que eu esperava, esperava bem mais na verdade. Mas ficou ok. Nada demais e no geral seguiu as diretrizes básicas da master. (Nota 8,5)

A Fool Such As I (B.Trader) - Lançada originalmente em 1952 por Hank Snow pela RCA. Balada romântica excepcional que marcou toda uma época! A vocalização dos Jordanaires se faz presente de forma maravilhosa pois ecoa em harmonia com a voz do Rei. Elvis chegou a concorrer a um Grammy de "Melhor canção do ano" por esta música. Ela foi gravada no dia 10 de junho de 1958 contando com as preciosas colaborações de Chet Atkins na guitarra (Ele iria se tornar o produtor de Elvis nos anos sessenta), Floyd Cramer no piano e Buddy Harmon nos bongôs. Como ficou: Houve uma mudança significativa aqui, e não para melhor. Para falar a verdade a nova mixagem pode ser classificada como "desastrosa". A primeira versão foi produzida pelo próprio Elvis, com clara intenção de instrumentos e voz bem misturados, sem predominar nenhum deles sobre os demais. E o que fizeram? colocaram a voz de Elvis em destaque, os instrumentos, principalmente a guitarra de Scotty Moore sobressair sobre o resto da banda e o acompanhamento vocal dos Jordanaires praticamente sumiu, o que na versão original era destaque aqui simplesmente ficou inaudível. Exemplo de como não se mexer em algo que não se domina. (nota 2,0)

A Big Hunk O'Love (Schroder/Wyche) - Primeiro lugar em Junho de 1959. Esta acabou se tornando parte do repertório fixo do cantor nos anos setenta, porém como sempre a sua versão "anos 50" é bem superior a seu arranjo "70s", ouça a versão no LP "Aloha From Hawaii" de 1973. Elvis Presley a gravou em 10 de junho de 1958 em Nashville. Gravada durante o engajamento de Elvis na campanha militar, na Alemanha, quando estava de passagem por Nashville de licença. Como ficou: Não entendo. Porque detonaram "A Fool Such As I" e fizeram tudo certo aqui? As gravações foram das mesmas sessões e no entanto aqui foi respeitado a versão "clássica" e na anterior simplesmente destruíram o equilíbrio vocal x banda. Vai merecer boa nota por ter mantido o devido respeito. (nota 9,0)

Stuck On You (Schroder/McFarland) - Canção título do primeiro single lançado por Elvis após seu retorno aos Estados Unidos em 1960. Elvis a apresentou no especial de TV "welcome Elvis" apresentado por Frank Sinatra, mais conhecido como "the voice". Na ocasião Presley fez um dueto com Mr.Sinatra no medley "Witchcraft / Love Me Tender". Interessante salientar que nos anos 50 Sinatra afirmara "O Rock'n'Roll é um ritmo cantado e escutado por cretinos". Bem, Sinatra nunca foi conhecido por sua eloqüência mesmo, mas pelo talento dele a gente perdoa. Na volta a Nashville, em 1960, ele gravou essa canção num estilo diferente, mas que, em apenas alguns dias vendeu 1,4 milhão de discos. Como ficou: Esse é um caso em que a nova mixagem melhorou e muito a versão master original. Ficou muito mais presente a parte instrumental, assim como o acompanhamento vocal dos Jordadnaires. Excelente. (Nota 10)

It's Now Or Never (Schroder/Gold) - Versão em língua inglesa para a conhecida canção napolitana "O Sole Mio" (que fez parte da trilha da novela "Terra Nostra"). "O Sole Mio" foi gravada por inúmeros artistas ao longo da história, sendo que em 1899 ela ganhou o festival Napolitano Piedigrota, considerado um dos mais importantes da Europa. A Primeira versão em língua inglesa foi gravada por Tony Martin em 1949 com o título de "There's no Tomorrow". Em 1960 Elvis Presley gravou sua versão que se tornou um de seus maiores sucessos alcançando o primeiro lugar em Agosto de 1960. Gravada pouco mais de uma semana após Stuck on You, vendeu 10 milhões de discos do single mundo afora. É um dos maiores sucessos do cantor. Como ficou: It's Now or Never sempre foi uma gravação muito boa. Como regra geral as melhoras daqui em diante são altamente relevantes, até porque desse ponto em diante as masters originais foram produzidas nos anos 60, com melhor qualidade técnica. (Nota 10)

Are You Lonesome Tonight? (Turk/Handman) - Outra versão de Presley para uma música do início do século XX. "Are you Lonesome Tonight ?" foi grande sucesso na era do cinema mudo com o cantor Al Jolson (Que iria estrelar o primeiro filme falado da história "O Cantor de Jazz") em 1926. Em 1959 surgiria outra versão com Jaye P. Morgan pela própria RCA. Finalmente a versão de Presley foi gravada no dia 4 de Abril de 1960 e lançada em Novembro do mesmo ano se tornando mais uma música de "the pelvis" a atingir o Primeiro lugar entre os mais vendidos. Bela balada gravada originalmente por Vaughn DeLeath, em 1927, cuja versão definitiva e mais famosa acabou sendo mesmo a de Elvis. Como ficou: A voz de Elvis realmente recebeu um tratamento altamente digno. As mais significativas mudanças são percebidas na parte falada, onde realmente se nota a grande qualidade técnica realizada pela RCA BMG. (Nota 10)

Wooden Heart (adapt:Kaempfert/Wise/Weisman) - A melhor música de todo o disco "G.I.Blues". É baseada na canção folclórica Alemã "Muss I Denn". A cena que Elvis a apresenta no filme (com as marionetes) é a melhor parte de toda a película. A canção foi lançada em compacto na Alemanha e no restante da Europa alcançando um tremendo sucesso. O Single norte-americano com "Wooden Heart" só foi lançado no final de 1964, ou seja, quatro anos depois!!! É digno de nota a ótima adaptação do maestro alemão Bert Kaempfert e o acordeonista Jimmie Haskiell. Ela foi gravada no dia 27 de Abril nos estúdios Radio Recorders em Hollywood. Como ficou: Que Pena! O que fizeram com Wooden Heart? A versão do CD da trilha de "G.I.Blues" (saudades de um pracinha, 1960) é bem melhor, sem nenhuma mixagem nova. Aqui se nota, com tristeza, a má qualidade desta versão, abaixo de qualquer expectativa, esperava mais, bem mais. Em uma palavra: decepção. (Nota 2,0)

Surrender (Pomus/Schuman) - Outra versão de uma canção italiana vencedora do Festival Napolitano de Piedigrotta no ano de 1909. "Torna a Sorriento", seu título original, foi gravada pelo cantor Mario Lanza em 1951 pela RCA. Presley era grande Fã de Lanza o que justifica a gravação desta música. Assim como aconteceu com "It's Now or Never" esta canção se tornou líder das paradas quando foi lançada em Fevereiro de 1962. Elvis aqui esbanja seu poderio vocal numa interpretação que deixaria o velho Lanza orgulhoso. Assim como It´s now or never, foi reescrita de uma canção italiana para um grande sucesso, Torna a Sorrento, que até Dean Martin havia gravado. Como ficou: "Surrender" está linda, acima de qualquer crítica. Altamente bem equilibrada, principalmente na parte final onde Elvis Lanza nos brinda com seu poderio vocal. (Nota 10)

(Marie's the Name) His Latest Flame (Pomus/Schuman) - Priscilla Presley relata em seu livro "Elvis & Eu" (Elvis and Me, Ed. Rocco, 1985) que pensou seriamente que Elvis estava envolvido com uma garota chamada "Marie" quando esta canção foi lançada. Isto reflete bem o pensamento juvenil da garota de 14 anos que se apaixonou por Presley em 1958 e que iria se casar com ele em 1967. Priscilla, que era filha de um oficial da Força Aérea, conheceu Elvis quando ele servia o exército Americano na Alemanha. Foi uma paixão avassaladora entre ambos, tanto que Elvis nunca iria se recuperar de seu divórcio em 1973 quando Priscilla o abandonou. Foi o lado A de um single com Little Sister e as rádios dos EUA tiveram problemas em promover as duas canções, que competiam entre si e acabaram alcançando apenas as 4ª e 5ª posições, respectivamente, nas paradas americanas. Mas alcançou o topo no Reino Unido. Como ficou: Outra que sempre foi muito bem gravada. É o típico caso em que tudo o que os engenheiros da gravadora deveriam fazer é nada fazer. "Se mexer piora". (Nota 10)

Can't Help Falling In Love (Peretti/Creatore/Weiss) -- Canção baseada em "Plaisir d'Ámor" do compositor francês de origem alemã Jean Paul Martini. A versão de Presley foi muito feliz pois foi muito bem adaptada. O maior sucesso do filme. Quando foi lançada em Single em Novembro de 1961 alcançou um enorme sucesso de vendas. Nos anos setenta ela seria utilizada como desfecho de todos os seus shows. Nos anos 90 o grupo UB40 faria uma nova versão de grande sucesso. Parte da trilha sonora do filme Blue Hawaii. O álbum ficou durante incríveis 20 semanas no nº 1 e vendeu mais de 2 milhões de exemplares. Como ficou: Linda, dispensa maiores comentários, muito superior a qualquer outra versão. Essa é a versão oficial da trilha de "Blue Hawaii" (Feitiço Havaiano, 1961) em minha opinião sempre foi insuperável, principalmente por seu arranjo primoroso. (Nota 10)

Good Luck Charm (Schroder/Gold) - Esta canção foi a última de Elvis até "Suspicious Minds" a alcançar o primeiro lugar entre os singles mais vendidos da parada americana. Isto reflete de certa forma a dificuldade no qual Elvis iria passar até 1969 quando ele voltaria de novo ao topo. Entre as causas desta "maré baixa" enfrentada por Elvis estavam a má qualidade de suas trilhas de filmes aliados à crescente concorrência da invasão britânica (Beatles e Rolling Stones). Gravado em Nashville, este pop típico dos 60 foi finalizado em apenas quatro tentativas. A última tornou-se um single, com Anything That´s Part of You no lado B Como ficou: Exemplo de boa mudança. A guitarra de Scotty Moore, antes bastante ofuscada, aqui se faz mais presente. Os vocais idem. Em suma, mudança para melhor. (Nota 8,0)

She's Not You (Pomus/Stoller/Leiber) - Uma rara parceria entre Leiber & Stoller e o compositor Pomus. O Resultado infelizmente não fez jus ao talento das partes envolvidas. Esta é uma canção de Presley que envelheceu o que de certa forma não aconteceu com a maioria das canções de Elvis. Ela foi lançada em Agosto de 1962 com "Just tell Her Jim Said Hello" no lado B. Como ficou: Interessante. Essa música sempre foi considerada mal gravada. Mas agora ganha sua chance de ter uma versão melhor. E é o que acontece, renasceu de anos de descuido. Agora está bastante modificada e melhorada. (Nota 8,0)

Return To Sender (Blackwell / Scotty) - O grande sucesso do filme "Girls, Girls, Girls" (Garotas e mais garotas, 1962). Foi lançado como lado principal de um single de grande sucesso. Chegou ao segundo lugar nas paradas americanas e ao topo nas britânicas. Aqui Elvis homenageia o estilo do cantor de soul Jackie Wilson. Inclusive na cena em que ele canta esta música ele faz questão de usar os mesmos movimentos de Wilson. Um fato curioso e engraçado: Uma vez em Las Vegas um sujeito jogou um sapato no palco, Elvis que não perdia uma piada, pegou o sapato e jogou de volta cantando "Return to Sender" (de volta ao remetente). A plateia foi ao delírio. Em tempo: a música é de autoria do guitarrista Scotty Moore. Como ficou: Dançante, essa é a prova de falhas. A voz de Elvis ficou um pouco destacada demais, mas não chega a comprometer o resultado final. (Nota 8,5)

(You're The) Devil In The Disguise (Giant / Baum / Kaye) - Sempre foi considerada meio bobinha e tal, foi gravada em uma sessão em 1963, como uma forma do cantor se afastar um pouco das trilhas sonoras. Apesar de tudo fez sucesso, chegando ao terceiro lugar nos Estados Unidos e ao primeiro na Inglaterra. Fez parte do disco "Elvis Gold Records vol.4". Foi usada este ano para o filme "Lilo & Stitch" e se adaptou muito bem aos planos da Disney. Um fato curioso sobre essa música: depois de 11 de setembro, um grupo de rádios dos EUA resolveu retirar certas canções de suas programações por serem ofensivas ao momento que o país enfrentava, por mais incrível que possa parecer essa estava na lista pela simples razão de ter "devil" em seu título! absurdo total. Como Ficou: Já havia sido restaurada antes e por isso não houve mudanças significativas, praticamente ficando na mesma. (Nota 8,0)

Crying In The Chapel (Artie Glenn) - Escrita por Artie Glenn em 1953 com apenas 16 anos de idade. Chegou ao primeiro lugar nas paradas R&B com o obscuro grupo Sonny Till and the Orioles. Em 1953 esta música explodiu nas paradas nas vozes de Rex Allen e June Valli. A versão de Elvis foi gravada em 1960. Se tornou um single de enorme sucesso em 1965. O sucesso foi tamanho que o single com "I believe in the man in the Sky" (canção do disco "His Hand In Mine") no lado B chegou ao primeiro lugar na parada britânica. Devido a toda esta repercussão a canção foi incluída no disco para ajudar em sua promoção. Como ficou: Ficou bom demais. Quem conhece a canção através do "His Hand In Mine" não sabe o que está perdendo. A voz de Elvis está excelente, dá para ouvir os mínimos detalhes. 10 com louvor! (Nota 10)

In The Guetto (Mac Davis) - Em meio ao furacão que foi os anos sessenta Elvis lançaria esta música que trazia um conteúdo político em sua letra. A Guerra do Vietnã, a revolução sexual e a luta dos negros contra o preconceito racial (luta pelos direitos civis) eram alguns dos fatos que estavam na ordem do dia. Elvis Presley não poderia ficar à margem de tudo isso. Em uma entrevista coletiva o repórter perguntou a Elvis: "Está tentando mudar sua imagem com temas tipo "In The Guetto"? Elvis respondeu: "Não. 'Guetto' é uma grande música e simplesmente não poderia dispensá-la após tê-la escutado". "In The Guetto" foi lançada em abril de 69 como single alcançando o terceiro lugar das paradas dos EEUU e topo no Reino Unido. Sem dúvida a mais política das canções de Elvis, escrita por Mac Davis. Como ficou: Melhorou muito, principalmente em sua introdução. O dedilhado do violão está mais presente e vivo, assim como o coro feminino. Destaque também para o arranjo de orquestra. (Nota 10)

Suspicious Minds (Mark James) - O grande sucesso de Elvis no final dos anos sessenta. O single "Suspicious Minds" ocupou a primeira posição no hit parade mundial quando foi lançado. A canção em si é muito bem arranjada e faz parte das maravilhosas sessões de Elvis em Memphis no American Studios. Elvis aqui conta com ótimo material composto por Mark James, que iria se tornar um de seus principais compositores nos anos 70 ao lado de Dennis Linde, Tony Joe White, Joe South, Jerry Reed e Mac Davis. Em 2001, depois de mais de 30 anos, esta canção voltou às charts da Inglaterra. Reconhecida como a mais bela balada de Elvis. O single estreou na 77ª posição e subiu 40 lugares em apenas uma semana. Depois de oito semanas, tornou-se o primeiro nº 1 de Elvis nos EUA, reconciliando-o com o sucesso. Como ficou: Essa, como todas as outras do CD é a versão oficial que saiu em single. "Suspicious Minds" é acima de qualquer juízo de valor que se possa fazer, é um desses momentos ímpares. Nada restou para melhorar, ela está aqui como foi concebida: simplesmente intocável e perfeita. (Nota 10)

The Wonder of You (Baker Knight) - Sucesso do cantor Ray Peterson em 1959. A versão de Elvis Presley foi título de um single lançado em Abril de 1970 junto com "Mama Like the Roses" (esta gravada em Memphis em 1969). O single chegou ao nono lugar nos EUA e primeiro na Inglaterra, resultando em mais um disco de ouro na carreira do cantor. Bela canção que representa muito bem o tipo de trabalho que Elvis Presley fazia em sua volta ao palcos no final dos anos 60 e começo dos anos 70. Foi muito utilizada em seus primeiros shows, mas depois foi deixada de lado pelo próprio Elvis, principalmente a partir de 1972. Como ficou: Essa é a versão do single, pouco conhecida no Brasil, onde todos tem mais afinidade com a versão do disco "On Stage". Prefiro também a versão do disco, mas aqui tudo está bem correto. (Nota 8,5)

Burning Love (Dennis Linde) - Um dos grandes sucessos de Elvis em sua carreira. Foi lançado inicialmente como single em agosto de 1972, com "It's a matter of Time" no lado B e se tornou o seu compacto simples mais vendidos dos anos 70. Tamanho o sucesso, que o coronel Parker, inventou o disco "Burning Love and Hits from his movies", que lançado em outubro de 72 se tornou também um êxito. Elvis, por sua vez, mandou confeccionar uma roupa especial, toda vermelha, chamada "Burning Love" que ele usou pela primeira vez na cidade de El Paso. O cantor estava na fossa, tinha acabado de se separar em março de 1972. Portanto, ele não queria gravar essa música alegre. Era o único a não acreditar no sucesso desse rock elétrico. Acabou virando o maior sucesso de Elvis nos anos 70. Como ficou: Ficou ótima, a mixagem deu uma geral e o resultado foi muito bom. A única diferença a se notar talvez seja em relação ao coro vocal, aqui mais discreto que nas outras versões. No mais é uma delícia queimar em seu embalo. (Nota 10)

Way Down (Martine) - Essa música fez parte do último disco de Elvis Presley, intitulado "Moody Blue". Gravada na "Sala das Selvas" em Graceland, quando Elvis já não tinha mais saco para ir para Nashville. Grande sucesso de Elvis que quando foi lançado como single em Julho de 1977 chegou ao primeiro lugar nas paradas britânicas. Conta com ótimo arranjo e maravilhoso acompanhamento do cantor J.D.Summer. Foi gravada no dia 29 de outubro de 1976 em Graceland. Como ficou: Rockabilly temporão, essa música foi gravada nos anos 70, em uma época já bastante avançada em termos técnicos, por isso nada a acrescentar, continua a mesma. Melhoraram um pouco no vozeirão de J.D. Summer. Divertida, acima de tudo. E pensar que ela foi gravada em Graceland... (Nota 8,0)

A Little Less Conversation (Mac Davis / Strange) - Uma canção obscura dentro da discografia de Elvis, fez parte do filme "Live a Little, Love a Little" (Viva um pouquinho, Ame um pouquinho, 1968) no final dos anos 60. No Brasil ela só foi lançada uma única vez, e mesmo assim em 1971 no também cavernoso disco "Almost in Love". Isso mudou radicalmente quando o DJXL resolveu fazer um remix em cima da música. Bingo! Com o apoio da Nike que a colocou em um de seus comerciais durante a Copa do Mundo 2002, a música se tornou um tremendo sucesso chegando ao primeiro lugar em inúmeros países. Foi a canção que comandou a verdadeira "Elvismania" que tomou conta do planeta em 2002. Como ficou: Um caso típico de "Frankestein Musical" no bom sentido. As alterações foram positivas, a canção apesar de não ter feito sucesso nenhum quando ela foi lançada em 1968, é muito boa. A essência básica foi mantida, ou seja, muita alegria e embalo. Mas, chega de papo, um pouco menos de conversa e um pouco mais de ação, por favor! Tá esperando o quê? Vai logo comprar o Elvis Number one Hits. Obs: As Notas dadas se referem às mudanças introduzidas pela nova tecnologia e não às canções em si.

Pablo Aluísio.

sábado, 7 de março de 2009

Elvis Presley - Caixa Vermelha

No final da década de 80 chegou nas lojas brasileiras uma caixa com 5 LPs intitulada simplesmente "Elvis Presley" (para alguns ela ficou conhecida apenas como "A caixa vermelha de Elvis"). Essa coleção era 100% brasileira e sua idéia partiu do presidente do fã clube SPEPS, Marcelo Costa. O box vinha ao mercado com o objetivo de suprir uma lacuna existente no Brasil na época. Embora em 1982 a RCA aqui em nosso país tenha relançado vários LPs de Elvis na série Pure Gold (com foco em discos dos anos 50 e trilhas sonoras) o fato era que muitos desses discos não ficaram em catálogo por muito tempo, sumindo rapidamente das lojas. Assim em 1989 havia uma escassez enorme de títulos de Elvis Presley à disposição do consumidor brasileiro. De fato não chegava nem a dez o número de títulos do cantor em nosso mercado e geralmente eram sempre os mesmos (Disco de Ouro, Elvis 10 anos de Saudades da Som Livre, Elvis in Concert, Moody Blue e alguns poucos outros que eram encontrados esporadicamente em lojas especializadas ou grandes magazines).

É bom lembrar que nessa época ainda não havia a Internet e o CD ainda era uma tecnologia disponível para poucos. Para falar a verdade a "caixa vermelha" foi o último suspiro do bom e velho vinil no Brasil. O formato já estava com os dias contados mas mesmo assim ainda respirava. A seleção musical era certeira e feita para agradar ao fã médio de Elvis Presley no Brasil. Dividido em cinco temas (anos 50, anos 60, anos 70, Inéditas no Brasil e Grandes Sucessos no Brasil) o caprichado trabalho acabou marcando época em nosso país. A direção de arte era bonita, com encarte interno explicativo sobre a importância de cada faixa com texto do próprio Marcelo Costa e o produto era muito bem acabado. Obviamente o preço era salgado o que fez muito fã juntar por alguns meses para adquirir esse pequeno sonho de consumo.

Para os fãs de longa data a caixa tinha pelo menos um grande atrativo, o LP 4 denominado "Inéditas no Brasil". Embora nem todas fossem inéditas mesmo, como por exemplo "High Heel Sneakers " que já havia sido lançada por aqui no álbum "Reconsider Baby" em 1985 o fato era que a intenção de agradar ao fã mais conceituado era muito bem-vinda. Aqui é bom abrir um parêntese para elogiar a atitude da BMG / RCA Brasil. Cientes de que ninguém conhece mais a história do ídolo do que seus próprios fãs a gravadora indicou um admirador do quilate de Marcelo para selecionar várias faixas que permaneciam fora de alcance do fã de Elvis no Brasil. Hoje em dia com a distância de um click de algumas dessas músicas fica até complicado para o jovem entender a importância dessas canções serem lançadas para o mercado nacional. Imaginar que músicas como "A Mess of Blues", lançada no começo dos anos 60, ainda permanecia inédita em nosso país era algo realmente espantoso. Na era do vinil não havia outra alternativa. E aí podemos perceber o grande legado de pessoas como o Marcelo que trouxeram esse tipo de material para o fã comum.

Porém contra o avanço da tecnologia não há defesa. O mundo avançou muito na virada da década de 80 para a 90. O CD se popularizou, ganhou o espaço do antigo disco de vinil e em pouco tempo a caixa vermelha se tornaria obsoleta. O vinil morreria e a Internet romperia com esse tipo de limitação, pois o fã de Elvis teria acesso a qualquer canção na hora que quisesse, sem rodeios. De qualquer forma deve-se reconhecer a importância desse box, único no mundo, dentro da discografia brasileira de Elvis Presley. Em tempos mais românticos ter uma coleção dessas em casa era seguramente uma grande aquisição do saudoso astro. No tempo da máquina de escrever e do disco de vinil "Elvis Presley" realmente reinou em nossas prateleiras. Bons tempos.

Elvis Presley (1989) - DISCO 01 ANOS 50 - That's All Right / Good Rockin' Tonight / Heart Break Hotel / Money Honey / Blue Sued Shoes / Tutti Frutti / Hound Dog / Don't Be Cruel (To A Hearth That's True) / Love Me / Readdy Teddy / (Let Me Be Yoyr) Teddy Bear / All Shook Up / (You're So Square) Baby, I Don't Care / Lawdy Miss Clawdy / I Got Stung / Loving You / King Creole / Hard Hearded Woman / A Big Hunk Of Love - DISCO 02 - ANOS 60 - Stuck On You / Can't Help Falling In Love / Return To Sender / Little Sister / C1mon Everybody / Guitar Man / Too Much Monkey Business / Big Boss Man / Almost In Love / U. S. Male / Edge Of Reality / Rubberneckin' / Memories / If I Can Dream / In The Ghetto DISCO 03 - ANOS 70 - Polk Salad Annie / The Wonder Of You / Let It Be Me (Je T'appartiens) / I've Lost You / Patch It Up / The Impossible Dream (The Quyest) / Raised On Rock / Always On My Mind / Promised Land / Trouble / Hurt / Way Down / Moody Blue - DISCO 04 - INÉDITAS NO BRASIL - Ain't That Loving You Baby / A Mess Of Blues / Fools Fall In Love / High Heel Sneakers / All I Needed Was The Rain / Wonderful WQorld / Let's Be Friends / Kentucky Rain / It's Only Love / Snowbird / The First Time Ever I Saw Your Face / Life / Vosom Of Abraham / Good Time Charlie's Got The Blues - DISCO 05 - GRANDES SUCESSOS NO BRASIL Love Me Tender / Jailhouse Rock / Are You Lonesome Tonight? / No More / It's Now Or Never / Kiss Me Quick / Suspicious Mind / Sweet Caroline / Bridge Over Troubled Water / Sylvia / Burning Love / My Boy / My Way.


Pablo Aluísio

Elvis Presley - The Great Performances (1990)

De tempos em tempos a imagem de Elvis Presley passa por manobras de marketing visando sua modernização e revitalização, tudo com o objetivo de torná-la mais adequada para as novas gerações. Uma dessas "modernizações" aconteceu no começo dos anos 1990. O projeto foi denominado "Elvis - The Great Performances" e incluía um álbum (com linda direção de arte), uma coleção de vídeos lançados em VHS e clips utilizando de todas as modernas linguagens típicas da MTV. Os vídeos eram bem corretos. Eram dois volumes (o terceiro só foi lançado posteriormente) e trazia imagens raras de Elvis na TV durante os anos 50. O conteúdo desses dois especiais (com narração de George Klein) mostrava bem a disposição da EPE (empresa que controlava a imagem de Elvis) em aproveitar ao máximo o visual e estilo do cantor em seus anos iniciais em detrimento das outras fases de Elvis (a saber, anos 60 e 70).

Assim somos apresentados ao Elvis que virou a cultura popular ao avesso: jovem, rebolativo e revolucionário. Dos anos 60 o documentário apenas aproveita um pequeno trecho de Elvis cantando "Return to Sender". Um tanto quanto constrangido o texto informava que Elvis havia feito filmes nitidamente fracos naquela década mas que quando possível ele tentava trazer uma sonoridade melhor, aproveitando o estilo de seus ídolos da juventude, como Jackie Wilson, por exemplo. Depois disso o documentário dava um salto enorme pulando do NBC para algumas cenas esparsas do On Tour finalmente mostrando em clip Elvis ao piano executando "Unchained Melody". Certamente o material não era muito exaustivo no que se relacionava à biografia e carreira de Elvis Presley, mas em tempos de vacas magras era muito bem vindo, principalmente pela oportunidade de ter em casa cenas tão preciosas como Elvis dançando "Hound Dog" ou sendo censurado em sua performance de "Don´t Be Cruel"

Se a parte visual do material ficava um pouco a desejar o disco com a trilha sonora do documentário era bem melhor. A começar pela primeira canção, a tão falada (e tão pouco conhecida na época) "My Happiness". Foi através desse vinil inclusive que tive a oportunidade de ouvir pela primeira vez aquele que era considerado o primeiro registro da voz de Elvis em disco. A lenda todos conhecem: Elvis queria dar de presente para sua mãe um disquinho de presente por seu aniversário. A realidade claro não era bem essa. Elvis queria mesmo ser descoberto, a data de gravação do disco não coincide com o aniversário de Gladys Presley e afinal de contas o desapontamento por parte de Elvis ao não encontrar Sam Phillips durante a gravação do acetato demonstrava bem qual era sua real intenção. De qualquer forma não importa a veracidade da história mas sim que depois de longos anos desaparecida finalmente "My Happiness" chegava ao mercado americano em escala comercial. Hoje em dia obviamente esse título já não tem tanta relevância pois os futuros lançamentos foram paulatinamente superando sua importância mas de qualquer forma vale o registro de seu surgimento na discografia de Elvis Presley.

Elvis Presley - The Great Performances (1990)
1. My Happiness
2. That's All Right
3. Shake, Rattle & Roll/Flip, Flop & Fly
4. Heartbreak Hotel
5. Blue Suede Shoes
6. Ready Teddy
7. Don't Be Cruel
8. Teddy Bear
9. Got A Lot Of Livin' To Do
10. Jailhouse Rock
11. Treat Me Nice
12. King Creole
13. Trouble
14. Fame And Fortune
15. Return To Sender
16. Always On My Mind
17. American Trilogy
18. If I Can Dream
19. Unchained Melody
20. Memories

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Elvis Presley - Elvis 50th Anniversary (1985)

Outro álbum curioso lançado em 1985 foi esse "Elvis 50th Anniversary" que tem nome de disco gringo mas é brasileiríssimo. O disco na verdade nasceu da bem-vinda colaboração entre a representante da gravadora BMG em nosso país e fãs brasileiros do cantor. O disco teve a seleção musical e notas escritos por José Roberto Verta e a colaboração muito especial de Marcelo Costa. Para quem não sabe ou não conheceu o Marcelo foi um dos fãs mais ativos de Elvis no Brasil, sempre divulgando a obra do cantor em livros, revistas e na TV. Recentemente falecido ele foi durante muitos anos a pessoa que comandou um prestigiado fã clube brasileiro o SPEPS (São Paulo Elvis Presley Society) que além de prezar pelo bom nome de Elvis no Brasil também promovia eventos de caridade.

O disco em si não traz grandes novidades, basicamente é outra coletânea para iniciados muito embora tenha uma seleção musical bem mais rica que outras da mesma época. No lado A o álbum vinha com cinco grandes sucessos de Elvis e duas surpresas para os fãs. A primeira era um take raro e inédito em nosso país de "Blue Moon of Kentucky". Essa versão era curiosa pois trazia gravada a própria voz de Sam Phillips tentando corrigir e animar os "Blue Moon Boys" em estúdio. Na nota explicativa da contracapa do disco era informado aos consumidores que o take trazia "um tratamento mais lento do que a versão original lançada pela RCA". A segunda boa surpresa era outra versão inédita em nosso país, uma versão ao vivo em Las Vegas em que Elvis perdia o controle e ria se parar, dando gostosas gargalhadas. A nota do disco erra ao localizar a gravação no ano de 1970, pois sabemos que ela foi gravada em 1969 tendo inclusive o show completo sendo lançado pelo selo FTD no título "All Shook Up". É um pequeno deslize de informação mas plenamente justificado pelo fato do disco ter sido lançado há mais de 25 anos quando esse tipo de informação não era comum.

O lado B também seguia basicamente o mesmo estilo do lado A. Vários sucessos abrindo e no final duas canções inéditas em nosso país. Uma delas era "Separate Ways". Por que "versão inédita"? Porque a canção nunca havia sido lançada no Brasil até aquela data, issso havia acontecido porque o single original de 1972 (com "Always On My Mind") também havia passado batido em nosso país. Por essa razão a nota explicativa no álbum fazia questão de informar que ali estava uma autêntica canção "muito rara no Brasil". Em uma era pré-internet realmente só os colecionadores mais deslocados tinham conseguido comprar o compacto simples americano. Por fim o disco fechava com uma versão caseira de Suppose, Essa versão eu devo dizer que realmente era bem rara, uma verdadeira novidade até mesmo para os fãs mais conceituados. Para falar a verdade essa "Suppose" domiciliar (foi gravada em Graceland) segue bem inacessível até os dias de hoje pois saiu em pouquissimos títulos, mesmo americanos. Enfim, o álbum brasileiro que comemorou em nosso país os 50 anos de aniversário de Elvis Presley foi bem digno, bem interessante. Ele ficou pouco tempo em catálogo e não foi reeditado em versão digital (disc laser) mas mesmo assim celebrou dignamente essa data em nosso país, não a deixando passar em branco nas lojas de discos.

Elvis Presley - Elvis 50th Anniversary (1985)
1. Blue Suede Shoes
2. Love Me Tender
3. Jailhouse Rock
4. King Creole
5. Tutti Frutti
6. (You're So Square) Baby I Don't Care
7. Blue Moon Of Kentucky
8. Are You Lonesome Tonight
9. Bridge Over Troubled Water
10. Suspicious Minds
11. Burning Love
12. My Way
13. Sweet Caroline
14. Sylvia
15. Seperate Ways
16. Suppose

Pablo Aluísio.

Elvis Presley -The Best Of Elvis - Good Rockin´ Tonight

Mais um álbum exclusivo da discografia brasileira. Foi um LP importante para Elvis no Brasil pois na época havia poucos títulos em catálogo por aqui (Elvis Disco de Ouro e Elvis in Concert eram um dos poucos títulos que se encontravam facilmente nas lojas). Também teve sua seleção musical feita em colaboração com fãs clubes nacionais (em especial o SPEPS) e uma boa campanha de marketing vinculada no canal SBT. Em termos de direção de arte se trata realmente de um produto bem acabado e caprichado - capa bonita, dupla, com belas fotos de Elvis em seu interior e cuidado técnico mais detalhado do que de costume.

Pessoalmente o disco em si nunca chamou muito a minha atenção. Nessa época eu já tinha tido acesso a praticamente toda a discografia oficial americana de Elvis e por isso lançamentos como esse não me causavam maior interesse. Obviamente na época do mercado de vinis ter um disco assim à disposição dos consumidores era bem importante, tanto que acabou levando as músicas de Elvis para muitos admiradores novos. Com certeza alguns deles levaram à frente seu gosto pela música do cantor, indo, por exemplo, atrás de outros títulos nacionais. "The Best of Elvis", como o próprio nome sugere, procurava trazer o que havia de melhor na carreira do astro em todas as suas fases. Pelo menos isso era o que sugeria sua denominação aos consumidores. Olhando a lista das canções porém percebemos que os idealizadores do álbum não foram tão previsiveis como era de supor. Há sim vários medalhões da carreira de Presley, tais como "Love Me Tender", "Jailhouse Rock", "Always On My Mind" etc mas no meio delas também vamos encontrar várlos "Lados B", canções pouco conhecidos e nem um pouco manjadas por aqui. Nessa categoria estaria "Down in The Alley", "Never Ending" e outras músicas dos anos 60 e 70 que nunca sequer tinham sido lançadas no Brasil como "I´m Leaving".

Esse LP seria bem sucedido comercialmente, tanto que daria origem a outros da mesma série e ganharia também sua versão digital, em laser disc. De certa forma veio para ocupar o espaço do velho e cansado "Elvis Disco de Ouro" nas prateleiras das lojas de discos pelo Brasil afora. Obviamente não teve um reinado de tanta duração quanto o anterior, até mesmo porque com a chegada da internet a própria indústria musical sofreria forte abalo e a obra de Elvis em sua íntegra ficaria à disposição do internauta sem a necessidade de passar por títulos como esse, que em pouco tempo ficariam completamente obsoletos com o novo modelo. De qualquer forma fica como curiosidade de um tempo onde fãs e a indústria se uniram para tentar renovar o catálogo musical de Elvis Presley em nosso país.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Elvis Presley - Reconsider Baby (1985)

Depois que Elvis Presley morreu a gravadora que detinha seus direitos ficou meio à deriva, sem saber direito o que fazer com o catálogo que tinha em mãos. O maior exemplo disso são as muitas coletâneas de sucesso que chegaram ao mercado, sendo que 99% delas não tinham nada a oferecer em termos de material inédito ou de qualidade. Eram basicamente formadas por reprises dos grandes sucessos de Elvis, muitas delas sem nenhuma novidade. Eu que vivenciei esse período fui chegando na equivocada conclusão que não havia mais nada em arquivo que fosse relevante e muito provavelmente não tinha sobrado material inédito do cantor. Nem é preciso dizer o quanto isso me entristecia e me aborrecia. O fato porém é que a partir de meados dos anos 80 uma suave brisa de mudanças na discografia de Elvis foi chegando. Um exemplo é esse "Reconsider Baby" disco que comprei na época de seu lançamento, ainda em vinil (foi aliás esse título um dos primeiros a chegar em laser disc naquele mesmo ano no Brasil, uma novidade absoluta no nosso mercado).

Ao lado do material reprise de sempre, "Reconsider Baby" trazia algumas novidades bem interessantes aos admiradores, a começar pela inspirada direção de arte. É fato que muitos discos da velha guarda de Elvis não tinham um cuidado maior em termos de capa e arte final. Pois bem, esse Reconsider Baby não tinha apenas uma capa bonita e com feeling blueseiro (a tônica do disco em si) mas também uma contracapa rica em textos, fotos e informações, o que já deixava o fã comum com água na boca. Em termos de fotos duas imagens bem raras (na época) de Elvis em seus shows pelo vizinho Canadá nos anos 50. Mas não ficava por aí. Ao lado de cada canção um belo trabalho de pesquisa especificando data de gravação, versões originais (e seus cantores devidamente creditados), posição nas charts e os discos de Elvis nas quais as canções foram originalmente lançadas no mercado. Para o fã atual de Elvis isso pode até mesmo soar como banal mas não nos anos 80 onde todo tipo de informação técnica sobre Elvis era algo bem raro de se encontrar, principalmente nos próprios discos do cantor. Para completar o que por si já era muito bom O LP ainda trazia um ótimo texto do autor Peter Guralnick fazendo um estudo da influência do Blues na carreira de Elvis Presley. Simplesmente fantástico!

Reconsider Baby é um disco conceitual. Os idealizadores de seu lançamento resolveram juntar o que havia de mais relevante no gênero blues dentro da carreira de Elvis para compor uma coletânia diferente, bem organizada e coesa. Obviamente ausências são sentidas na seleção musical mas isso não tira o mérito do disco em si. A grande novidade para o fã de Elvis era a inclusão de versões inéditas no LP, algo muito bem vindo e que mostrava naquele momento que material inédito existia e o mais importante, de boa qualidade sonora! Havia no total quatro preciosidades no álbum. A primeira era a tão falada versão envenenada de "One Night" (creditada no disco com seu título original embora saibamos que depois seria rebatizada como "One Night a Sin"). A letra que havia sido mudada para não causar controvérsias aqui aparece em sua versão inicial (e sem censura); "Stranger In My Own Home Town" também surgia em uma versão bem mais crua do que a mais conhecida (e oficial). A intenção era óbvia: mostrar o lado mais visceral da vocalização de Elvis nesses blues arrasadores.

A versão que define o disco porém é "Ain't That Loving You Baby" gravada nas últimas sessões de Elvis antes de seguir rumo à Alemanha para cumprir seu serviço militar. Ao ouvir esse take pela primeira vez fiquei completamente surpreso e isso por várias razões mas a principal era tentar entender como uma versão tão excelente como essa foi simplesmente arquivada por anos e anos e nunca aproveitada pela RCA Victor! Muitas vezes superior à versão do single a música tinha pique e arranjo suficientes para arrasar nas paradas dos anos 50. Incrível como algo assim foi simplesmente desperdiçado pelo pessoal da RCA na época! Além disso a versão apresentada pela primeira vez aqui demonstrava aos fãs nos anos 80 que Elvis havia deixado verdadeiros tesouros arquivados dentro de sua gravadora. Era uma notícia maravilhosa certamente. Por fim, e não menos importante, o álbum trazia também uma versão completa e caprichada do clássico natalino de Blues: "Merry Christmas Baby"!

Além das inéditas é bom frisar que naquela época muitas das músicas presentes no disco não eram fáceis de achar por aí, como por exemplo Down in The Alley e Hi Heel Sneakers que havia anos estava fora de catálogo aqui e nos EUA! Não devemos esquecer que estamos falando de 25 anos atrás, onde não havia internet e nem a facilidade de se conhecer a obra de Elvis que temos hoje! Por isso ao comprar o disco simplesmente o gastei de tanto ouvir por aquela época! Depois tive que comprar novamente em CD mas algumas mudanças não me agradaram na versão digital (como por exemplo a própria capa que foi desfigurada ao colocarem o nome do disco em destaque nada estético). Mas isso é uma outra história. Ouvir Elvis arrasando no Blues marcou muito naqueles distantes anos 80. Como diria Howlin Wolf quando perguntado se Elvis era realmente um bom cantor de Blues: "É claro que é, nunca ouviu as músicas do rapaz?" Pois é, ouça "Reconsider ao estilo Blues" e tire suas próprias conclusões.

Elvis Presley - Reconsider Baby (1985)
Reconsider Baby
Tomorrow Night
So Glad You're Mine
One Night
When It Rains, It Really Pours
My Baby Left Me
Ain't That Loving You Baby
I Feel So Bad
Down in the Alley
Hi-Heel Sneakers
Stranger In My Own Home Town
Merry Christmas Baby:

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis By Request (Specially For Brazil)

Existem situações que nos deixam admirados. Nos anos 70 a discografia nacional de Elvis Presley se transformou após a morte do cantor em algo realmente disperso, sem organização, sem foco. Hoje ao termos acesso a tantas gravações raras e inéditas fico pensando porque não utilizaram esse material ainda naquela década. Certamente venderia muito uma vez que a morte de Elvis ainda era muito recente e o interesse na obra do cantor cada vez mais crescente. Ao invés disso porém discos e discos foram lançados sem muitos critérios e o pior, sem muito conhecimento por parte daqueles que trabalhavam na representante da RCA em nosso país. Felizmente alguém teve a feliz ideia de ouvir os fãs, os que acompanhavam a discografia de Elvis há muitos anos. Essa união entre fãs e a filial da RCA no Brasil rendeu bons frutos como já tive oportunidade de escrever aqui no blog.

Esse Elvis By Request (Specially For Brazil) apesar do nome em inglês é outro disco 100% nacional. A seleção das faixas foi escolhida diretamente por fãs que enviaram suas sugestões à RCA através de uma promoção da gravadora que foi realizada na época. O resultado das músicas escolhidas de certa forma surpreende pois algumas das músicas nunca foram populares por aqui como por exemplo "Sentimental Me" ou "Tell Me Why". Conversando com fãs da velha guarda alguns me confidenciaram que essas faixas foram incluídas porque eram extremamente raras de se encontrar no mercado (nem preciso lembrar que em 1979 ou você tinha o vinil em mãos ou não tinha nada, uma vez que o mercado pirata de LPs era extremamente raro e os discos originais há muito estavam fora de catálogo em nosso país),

Outro aspecto digno de nota é a presença significante de músicas dos anos 60, muitas de trilhas sonoras. Isso é até fácil de explicar de certo modo. Elvis foi um dos campeões de reprises na Sessão da Tarde. Praticamente toda semana um filme seu dos anos 60 era exibido e assim o cantor foi ficando cada vez mais conhecido pela população brasileira em geral justamente por esse tipo de repertório. Não me admira que canções títulos de filmes seus como "Viva Las Vegas" ou "Girls, Girls, Girls" entrassem na seleção final. Além disso hits com claro sabor latino também marcavam presença como "No More" e "It´s Now or Never". Para completar a sempre lembrada "Sylvia" também entrou na edição uma vez que a canção era extremamente popular por aqui.

Além das canções raras ou complicadas de se achar havia ainda as que simplesmente nunca havia sido lançadas antes. Nesse quesito se sobressai "America", que só havia sido lançada em single nos EUA na esteira de lançamento do álbum "Elvis in Concert". Não resta dúvidas que muitos fãs compraram o disco na época apenas para ter acesso a essa faixa, que pela primeira vez chegava ao mercado brasileiro. Para finalizar é importante informar que todas as demais canções são oficiais, sem nenhum traço da incrível avalanche de material inédito que chegaria ao mercado depois dos anos 1990. Por essa razão hoje em dia o interesse em discos como esse é apenas histórico, o que não deixa de ser bem interessante uma vez que ele traz o retrato de uma época no mercado brasileiro em que cada pequeno trecho inédito de Elvis Presley já era motivo suficiente para a elaboração de todo um disco a ser colocado á venda. O LP chegou nas lojas em julho de 1979 e vendeu excepcionalmente bem nos meses seguintes, principalmente em agosto quando se celebrou os dois anos da morte do cantor. Seu êxito de vendas fez com que novos volumes dessa franquia Elvis By Request fossem lançados nos anos seguintes mas essa é uma outra história.

Elvis By Request (Specially For Brazil)
Viva Las Vegas
It´s Now Or Never
No More
Sylvia
Sentimental Me
What a Wonderfull Life
Tell Me Why
Girls Girls Girls
Come What May
It Hurts Me
I Need You So
America
The Wonder of You
Memphis, Tennessee

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Elvis Presley - The Elvis Medley (1982)

Curioso mesmo é esse LP intitulado "The Elvis Medley". Lançado em 1982 e produzido por David Briggs o disco foi a primeira tentativa de modernizar o som de Elvis para as novas gerações. Como sabemos de tempos em tempos a RCA lança no mercado vários remixes do cantor, inclusive "A Little Less Conversation" que foi um enorme sucesso em seu lançamento. Aqui não podemos falar em remix, na realidade é apenas um medley bem elaborado, bem feito e caprichado, claro levando-se em conta a limitação da tecnologia da época. Eu tive o privilégio de acompanhar o sucesso do disco no Brasil em seu lançamento. Naquela ocasião estava morando no Rio de Janeiro e fiquei não menos do que surpreso com o elevado número de vezes que o Medley era tocado nas rádios FM de então. Não importava o local ou a hora, em plena praia de domingo podíamos ouvir Elvis Presley tocando nos carros, nas barracas à beira mar, nos carros de som. Algo muito gratificante para um fã desse artista.

O Medley era composto apenas de faixas fortes, mega sucessos do passado glorioso de Elvis: Jailhouse Rock / Teddy Bear / Hound Dog / Don´t Be Cruel / Burning Love e Suspicious Minds. O produtor Briggs não quis arriscar e resolver investir no certo e seguro. O mais interessante é que mesmo juntando faixas de períodos diferentes da carreira de Presley tudo transpareceu muito bem encaixado, como se realmente fossem da mesma fase de sua trajetória. Como seria impossível lançar um álbum apenas com esse Medley os produtores resolveram, para completar o disco, colocar mais hits, só que dessa vez em suas versões oficiais, tal como foram gravadas. Chamo inclusive a atenção para a inclusão de "Always On My Mind". Como sabemos a música não teve qualquer repercussão ou sucesso enquanto Elvis estava vivo. De fato foi relevada para um mero lado B do single "Separate Ways" em 1972. Presley nunca sequer a cantou ao vivo durante toda a sua carreira. Música obscura e deixada de lado que após a morte do cantor se tornou um megasucesso, sendo tocada insistentemente em rádios e programas, principalmente durante as décadas seguintes. Sobre sua inclusão em "The Elvis Medley" Briggs comentou: "Era uma grande gravação mas nunca havia se dado atenção a ela. Resolvi incluir no disco como uma forma das pessoas prestarem atenção nela". Acertou em cheio nas suas pretensões.

Outro aspecto a se considerar sobre o disco "The Elvis Medley": além da tentativa de tornar o som de Elvis em algo moderno o disco investiu muito bem no acabamento do produto. Capa de extremo bom gosto, com direção de arte trabalhada, era um LP de presença, ótimo para exibir nas lojas de disco em destaque. Houve inclusive intenso trabalho na promoção do LP, que não ficou restrito apenas às execuções do disco durante os programas mais populares nas rádios mas também através de promoções e sorteios, inclusive com viagens à Memphis - pois Priscilla naquele momento tomando as rédeas do nome Elvis dava cabo ao seu projeto mais ambicioso: a abertura de Graceland para visitação pública, algo que se mantém até os dias atuais. Em suma, "The Elvis Medley" é de certa forma um sinal dos novos tempos que viriam em relação ao nome do cantor, uma forma de tornar o produto Elvis mais atraente, jovem, atual. Um empreendimento que vamos ser sinceros deu muito certo, com certeza.

The Elvis Medley (1982)
The Elvis Medley
Jailhouse Rock
(Let Me Be Your) Teddy Bear
Hound Dog
Don't Be Cruel
Burning Love
Suspicious Minds
Always On My Mind
Heartbreak Hotel
Hard Headed Woman

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Our Memories Of Elvis (1979)

Lançado em fevereiro de 1979 esse disco (na realidade uma pequena série de dois LPs) é bem curioso, a começar pela capa. Nela vemos Tom Parker e Vernon Presley em frente à Graceland, a mansão de Elvis. É o único disco do cantor em que ele mesmo não está na capa e sim seu empresário, na época muito preocupado com a exploração em torno do nome de seu falecido cliente. Nesse ano inclusive ele havia contratado uma empresa de licenciamento exclusivamente para vender a imagem de Elvis em produtos e preservar a integridade de seus direitos autorais (e cujo maior beneficiário era justamente ele, Tom Parker, é claro!). Era uma clara tentativa de evitar ao máximo a exploração não autorizada do cantor.

O design desse projeto é pobre e acima de tudo bem apelativo. Ao lado de um selo de lembranças de "mais um ano sem Elvis" surge todo o oportunismo da velha raposa holandesa. Na realidade a maior exploração em torno da morte do cantor não veio de outros mas do próprio Parker que não se fez de rogado ao bolar um nome sentimentaloide ao LP e usar o próprio pai de Elvis para faturar mais uma grana. Incrível o nível a que chegou o sujeito. A contracapa do vinil ainda era pior: sem medo de parecer desleixada a RCA simplesmente repetiu a contracapa do recém lançado disco "Elvis in Concert". Além de ser constrangedor a falta de primor técnico revelou ainda mais a falta de capricho por parte da gravadora em torno do nome do cantor. Além do sentimentalismo barato "Our Memories of Elvis" mostrava bem como a gravadora RCA estava perdida na época. Sem uma pesquisa correta, a gravadora nem ao menos sabia o que tinha em mãos em relação a Elvis. Tudo o que conseguiram realizar foi um projeto apelativo e de sentimentalismo barato como esse, sem nenhuma preocupação em realmente vasculhar os arquivos da gravadora em busca de algo inédito (e como sabemos hoje havia muito material pegando pó nos extensos setores de conservação sonora da empresa).

Entre as faixas quase nenhuma novidade relevante, a não ser o fato das músicas (as mesmas versões oficiais dos últimos discos de Elvis) virem sem o chamado Overtub (a instrumentalização colocada após a música ter sido gravada em estúdio). A pergunta é: e isso faz alguma diferença? Em termos de novidade, nenhuma. Claro que hoje em dia existem fãs que não gostam muito dos arranjos de Felton Jarvis e preferem as versões mais "cruas", sendo o mais próxima possível do que Elvis gravou em estúdio, mas isso na realidade faz pouca ou quase nenhuma diferença. No meio de todo esse material requentado a única diferença substancial era a versão completa de "Don´t Think Twice It´s All Right" do volume 2 da coleção. Como havia sido editada ao máximo no LP original de 1973 o lançamento do take completo era muito bem-vindo. De resto o Coronel Parker ainda inventou dois singles* que foram lançados ao mercado mas não conseguiram nenhuma repercussão. Pelo menos dessa vez não caíram na Lábia do velho trambiqueiro.

Our Memories of Elvis vol 1
Are You Sincere
It's Midnight
My Boy
Girl Of Mine
Take Good Care Of Her
I'll Never Fall In Love Again
Your Love's Been A Long Time Coming
Spanish Eyes
Never Again
She Thinks I Still Care
Solitaire

Our Memories Of Elvis vol 2
I Got A Feelin' In My Body
Green Green Grass Of Home
For The Heart
She Wears My Ring
I Can Help
Way Down
There's A Honky Tonk Angel
Find Out What's Happening
Thinking About You
Don't Think Twice It's All Right (Complete Unedited Version)

* Singles lançados: "Are You Sincere / Solitaire" em março de 1979 e "I Got A Feelin' In My Body / There's A Honky Tonk Angel" em julho do mesmo ano.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 3 de março de 2009

Elvis Presley - Disco de Ouro (1977)

Elvis Disco de Ouro - Não há como falar sobre a discografia brasileira de Elvis Presley sem citar "Elvis Presley - Disco de Ouro". Esse foi o álbum nacional que mais tempo ficou em catálogo em nosso país. O disco era item obrigatório em qualquer loja de discos de qualquer cidade do país. Era presença certa seja nos grandes magazines, seja nas pequenas lojas de esquina pelo país afora. Até mesmo naqueles lugares onde não havia quase nenhum título de Elvis à venda era certo encontrar ao menos uma cópia do Disco de Ouro para vender. Como explicar tanta popularidade, ainda mais de um LP sem nenhum grande atrativo, uma mera coletânea de sucessos como esse?

O fato é que uma série de eventos acabaram contribuindo para o Disco de Ouro ser o mais vendido LP de Elvis no Brasil em todos os tempos. O primeiro é cronológico. O disco foi lançado pela RCA em nosso país em março de 1977, ou seja, poucos meses antes da morte de Elvis. Na verdade "Elvis Presley - Disco de Ouro" faz parte de uma coleção de LPs com esse selo lançado pela gravadora com aqueles que eram, na época, os maiores vendedores de discos da RCA. Isso é facilmente perceptível ao se olhar a contracapa do disco: vários outros LPs dessa mesma série estão anunciados lá. Propagandas desse estilo eram comuns na época. Assim é desnecessário dizer que quando Elvis morreu em agosto de 1977 e o público foi às lojas em busca de algum LP do cantor encontraram à venda justamente o Disco de Ouro. Por isso em pouco tempo a coletânea estourou em vendagens. Era sim o disco certo na hora certa, principalmente para quem não era colecionador ou fã do cantor e só queria levar uma lembrança de Elvis para casa.

Outro fator que fez esse álbum cair no gosto popular foi sua seleção musical, feita e elaborada especialmente para o público brasileiro. Não é por outra razão que o disco abria logo com a conhecida "Kiss Me Quick". É fato que nos EUA nenhuma coletânea traria essa canção como carro chefe pois por lá a música passou em brancas nuvens e não fez o menor sucesso que alcançou em nosso país. O resto das músicas não eram diferentes, uma boa seleção das mais populares de Elvis como Don´t Be Cruel, Jailhouse Rock, Love Me Tender e Tutti Frutti (outra que dificilmente entraria em uma coletânea Made in USA). Interessante é que em algumas regiões o disco acabou ficando conhecido como "Kiss Me Quick" mesmo não sendo esse seu título original. O fato é que o disco caiu nas graças popular. Infelizmente o álbum não informa o autor da seleção musical, de qualquer forma não há como negar que ele acertou em cheio.

A direção de arte do álbum era bem simples mas eficaz. Aproveitaram uma foto bem conhecida retirada da discografia americana (já fazia parte das capas de "A Date With Elvis" e "Elvis Golden Records") e a colocaram no estilo visual de todos os demais álbuns dessa série. Era algo sem maiores firulas mas de certa forma era uma capa bem eficiente e chamativa. Outro ponto a favor no sucesso do disco. "Elvis - Disco de Ouro" foi tão popular que arrisco a dizer que esteve na casa de praticamente todo apreciador de música nos anos 70 e 80. Sempre o encontrava nas casas de amigos, vizinhos ou parentes, mesmo que eles não fossem grandes fãs de Elvis. O disco vendeu muito e por longo tempo. Segundo pesquisas descobri que o LP ficou em catálogo (ou seja sempre sendo fabricado pela gravadora RCA no Brasil) por longos 16 anos. Na verdade ele só saiu de cena quando o próprio vinil saiu do mercado. Mesmo assim ganhou uma digna reedição em CD logo no comecinho dos anos 90, o que demonstra ainda mais a força de seu apelo comercial no Brasil. Por tudo isso não restam dúvidas que o LP marcou a discografia brasileira de Elvis Presley definitivamente.

Elvis - Disco de Ouro (1977)
Kiss Me Quick
It´s Now Or Never
Don´t Be Cruel
Hound Dog
Jailhouse Rock
One Night
I Need Your Love Tonight
Tutti Frutti
All Shook Up
Heartbreak Hotel
Love Me Tender
Loving You
Blue Suede Shoes
Surrender

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis Sings for Children and Grownups Too!

Já que o dia das crianças está chegando eu me lembrei recentemente desse LP intitulado "Elvis Sings for Children and Grownups Too!" que tenho até hoje em minha coleção de discos de vinil. O álbum foi lançado originalmente em 1978, ou seja, um ano após a morte de Elvis, e mostra claramente que a RCA Victor tinha um vasto mercado consumidor ávido em adquirir discos do cantor mas, até aquele momento, não sabia muito bem como fazer isso. A morte de Elvis ocorrida poucos meses antes criou uma verdadeira corrida às lojas em busca de seus álbuns e discos. De repente todo mundo parecia ter virado fã da noite para o dia. 

Um tipo de sentimento muito comum em relação a grandes ídolos mortos. Como foi um acontecimento inesperado, a gravadora não estava muito preparada para a demanda, por isso começou a criar coletâneas sem muito sentido, aproveitando geralmente datas festivas. O importante era faturar com o calor do momento. Foi dentro desse contexto meio bagunçado que surgiu essa seleção especial para crianças (algo que convenhamos me soa bizarro até os dias de hoje!). O conteúdo reúne músicas infantis cantadas por Elvis ao longo de sua carreira. Obviamente que como roqueiro ou astro de Las Vegas não haveria espaço para esse tipo de faixa, mas em Hollywood tudo era possível. Por essa razão a grande maiorias das músicas foram retiradas de trilhas sonoras, as mesmas que quase acabaram com sua carreira nos anos 1960.

O disco também apresenta alguns equívocos pois nem todas as faixas foram gravadas para o público infantil. Veja por exemplo o clássico "(Let Me Be Your) Teddy Bear". Essa canção da trilha sonora de "Loving You" apesar de ter o nome de um brinquedo popular nos Estados Unidos na época é direcionada na verdade para as fãs adolescentes de Elvis dos anos 1950. Como se sabe surgiu um boato (não verdadeiro) em 1956 de que Elvis adorava ursinhos de pelúcia. Assim de repente as fãs começaram a enviar o ursinho Teddy de presente para ele em Memphis, a ponto do cantor ter que ir à imprensa dizer que ficava muito comovido com o carinho de todas elas, mas que não havia mais lugar em Graceland para tantos ursinhos! Para aproveitar a repercussão dos acontecimentos então a música foi composta. "The Puppet On A String" e "Angel" também seguem essa linha de amores adolescentes, pouca coisa tendo a ver com crianças. 

Entre as músicas puramente infantis se destacam mesmo "Wooden Heart" da trilhas sonora "G.I. Blues" que rendeu uma ótima cena no filme com as marionetes e "Old Shep", um clássico absoluto de seu segundo disco de 1956 e também a única representante de uma obra essencialmente mais roqueira do cantor (embora a canção em si seja uma balada chorosa). E finalizando o disco especialmente criado para a garotada vem a linha trash representada pelas maçantes "How Would You Like To Be" e "Cotton Candy Land" (ambas da mais infantil trilha sonora da carreira de Elvis, "It Happened at the World's Fair" de 1963) e "Old MacDonald" (que confesso simpatizo por ser assumidamente idiota e divertida!). Pois é, em 1978 a RCA provou que ainda não sabia que lado ia em relação ao fantástico acervo de Elvis. Isso só se tornaria mais claro anos depois quando vasto material gravado por ele foi encontrado pegando poeira nos arquivos da gravadora... mas isso, é claro, é uma outra história.

Elvis Sings for Children and Grownups Too! (1978)
(Let Me Be Your) Teddy Bear
Wooden Heart
The Five Sleepyheads
The Puppet On A String
Angel
Old MacDonald
How Would You Like To Be
Cotton Candy Land
Old Shep
Big Boots
Have A Happy

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Elvis Presley - Elvis in Concert (1977)

Elvis in Concert (1977) - Em junho de 1977, o coronel Parker assinou com a CBS um contrato para a elaboração de um especial de TV com Elvis. O cantor sempre se deu bem com seus programas de televisão e essa era mais uma oportunidade para mostrar o cantor ao vivo em todos os lares dos Estados Unidos. Elvis estava afastado da TV desde 1973, com "Aloha From Hawaii" e agora voltava com um programa simples, que só deveria filmar seus shows ao vivo, sem cenas de estúdio ou roteiro pré estabelecido. Elvis gostou da ideia, para ele seria muito mais cômodo assim, tudo o que ele tinha que fazer era se apresentar normalmente no palco. Além do mais não haveria cenas de estúdio, como no NBC 68 e nem a pressão de se apresentar ao vivo, como no "Aloha". Na realidade ele até demonstrou um certo desinteresse pela produção, inclusive não comparecendo a uma reunião com os executivos da rede CBS.

E assim foi feito, a turnê começou em Greensboro no dia 21 e terminou no histórico dia 26 de junho em Indianapolis, no último show de sua carreira. A CBS gravou quase todos os shows, mas as tomadas que foram escolhidas para o especial foram as de Saginaw, Rapid City e Omaha. A trilha do especial foi quase toda gravada em Rapid City. O especial foi ao ar em outubro, dois meses após a morte de Elvis e deu a CBS uma das maiores audiências de sua história. Os Estados Unidos em peso tiveram a oportunidade de assistir aos últimos shows de Elvis. No final do programa foi apresentado um pequeno trecho com Vernon Presley. Muito abatido e abalado ele lamentou a morte do filho. Lamentavelmente Elvis não estava nada bem no programa; ele deixou transparecer todos os seus problemas físicos durante essas apresentações: muito gordo, pálido, suando muito e um pouco perdido no palco. Quase perdeu o controle em "Are You Lonesome Tonight?" e só se recuperou totalmente na visceral interpretação de "How Great Thou Art" (ele sempre renascia ao cantar gospel).

No mais, apresentou uma seleção musical à prova de falhas; como tinha medo de esquecer as letras, escolheu as canções mais manjadas de sua carreira. Não inventou, resolveu e preferiu o caminho seguro. Em julho a CBS mostrou o material gravado a Elvis. Ele se mostrou passivo, não sugerindo nenhuma alteração. Curiosamente o destaque do especial, a interpretação ao piano de "Unchained Melody" ficou de fora da trilha sonora, sendo lançada antes, no disco "Moody Blue". A crítica se dividiu entre aqueles que respeitaram o momento (o choque da morte de Elvis ainda era muito presente) e outros que não pouparam o cantor recém falecido. Dois em especial foram muito além do razoável, Roy Carr e Mick Farren escreveram: "Se o especial tivesse sido exibido com Elvis vivo, causaria mais danos à sua carreira do que uma década estrelando filmes de terceira". O disco foi lançado logo e se tornou um grande sucesso de vendas. A RCA apostou alto e resolveu lançar um álbum duplo, sendo que o disco I traria a íntegra do especial e o disco II traria uma seleção de canções gravadas ao longo deste último tour. Sem grandes novidades, o disco serviu para uma coisa: mostrar que apesar de tudo a voz de Elvis estava intocável, perfeita. A lamentar apenas a falta de critério por parte da gravadora, que resolveu colocar fotos antigas de Elvis no encarte interno. Deveria ter sido usado material do próprio especial, até porque Elvis estava usando uma de suas jumpsuits mais bonitas e famosas.

"Elvis In Concert" nunca foi lançado em DVD nos EUA. Dizem as más línguas que Priscilla Presley pessoalmente vedou a comercialização do especial para preservar a imagem de Elvis. Se esta foi a sua real intenção, ela está muito equivocada. Elvis pode não estar bem fisicamente, mas artisticamente, suas interpretações estão entre as melhores de sua carreira. "Elvis In Concert" é um momento raro na história televisiva norte americana e mundial, pois levou para a posteridade os últimos momentos do Rei do Rock nos palcos e por isso deve ser conhecido pelas novas gerações. Não se deve e nem se pode maquiar e esconder a verdade histórica.

Also Sprach Zarathustra (Richard Strauss) - Composição clássica do grande maestro e músico Richard Strauss. Tornou-se mundialmente conhecida como tema do filme 2001 - Uma Odisseia no espaço do diretor Stanley Kubrick. Elvis adorava ficção científica e resolveu que ela seria usada no começo de seus shows. A primeira versão arranjada por Felton Jarvis copiava o estilo das discoteques dos anos 70. Elvis detestou e resolveu usar o arranjo clássico normal. Sem dúvida se tornou uma abertura à altura do Rei do Rock. Curiosidade: Zarathustra é uma antiga divindade dos persas. No "Elvis in Concert", infelizmente ela foi "picotada" pelos engenheiros da RCA Victor. Foi acrescentado gravações de vários fãs de Elvis falando de seu amor pelo cantor. Acho que isso só funciona bem mesmo na TV, no disco ficou um pouco fora de contexto, acho que esses comentários deveriam ter ficado de fora da trilha, são totalmente dispensáveis.

See See Rider (Arr. Elvis Presley) - Novo arranjo para a canção "C.C.Rider Blues" dos anos 50. Esta canção seria utilizada em quase todos os seus shows se tornando parte fixa de seu repertório nos anos setenta. Numa homenagem a Elvis nos anos 90 o "The Killer" Jerry Lee Lewis ficou responsável por uma nova versão desta canção, o que resultou num dos mais esquisitos tributos musicais a um artista da história. A nova versão de Lewis não lembrava nem a original e muito menos a versão de Elvis resultando em mais uma extravagância do "matador". Lançado originalmente no disco "On Stage - February 1970". Acho que essa versão do "In Concert" é bem mais "hardcore" do que todas as outras. Isso se deve ao fato de que a banda TCB estava mais do que entrosada em 1977, sem dúvida, o que trazia também mais liberdade para os músicos.

That's All Right (Arthur Crudup) - Esta é uma música histórica! Foi a primeira canção interpretada pelo cantor a ser lançada comercialmente pela pequena gravadora de Sam Cornelius Philips: Sun Records. Foi gravada no dia 7 de julho de 1954 por um simples caminhoneiro do Tennessee que ganhou uma chance de Provar seu talento graças a interferência da secretária de Philips, Marion Keisker, que insistiu com o patrão para que ele proporcionasse uma chance para o "Cara de Costeletas". Elvis virou a versão de "Big Boy" pelo o avesso e criou as bases estéticas do Rock'n'Roll! O Rock não é só a mistura de vários ritmos americanos, mas também uma postura positiva e satírica diante da vida e Elvis foi o primeiro a se expressar desta forma criando o "Rockabilly". "Thats All Right (mama)" pode ser considerada uma das dez canções mais importantes da história da música pop do século XX. Ela foi lançada pela primeira vez no Compacto Simples SUN 209 e depois pela RCA no disco "For LP Fans Only". Em 2003 "That's All Right (mama)" foi eleita a canção mais inovadora da História.

Are You Lonesmo Tonight? (Turk / Handman) - Outra versão de Presley para uma música do início do século XX. "Are you Lonesome Tonight ?" foi grande sucesso na era do cinema mudo com o cantor Al Jolson (Que iria estrelar o primeiro filme falado da história "O Cantor de Jazz") em 1926. Em 1959 surgiria outra versão com Jaye P. Morgan pela própria RCA. Finalmente a versão de Presley foi gravada no dia 4 de Abril de 1960 e lançada em Novembro do mesmo ano se tornando mais uma música de "the pelvis" a atingir o Primeiro lugar entre os mais vendidos. Estou convencido que Elvis tinha um problema em apresentar "Are You Lonesome Tonight?", principalmente na parte falada. Ele sempre queria rir nessas ocasiões, inclusive há uma versão ótima em que ele morre de rir ao cantá-la em um show de Vegas em 1969. Recomendado para mal humorados de plantão!

Medley: Teddy Bear (Mann / Lowe) / Don't Be Cruel (Presley / Blackwell) - No auge do sucesso de Elvis correu um boato que ele adorava ursinhos de pelúcia, apesar de não ser verdade o boato ganhou força e de um momento para o outro o cantor se viu num mar de bichinhos dados pelos seus fãs. Para aproveitar esta história foi composto este grande sucesso que alcançou o primeiro lugar da parada de singles da Revista Billboard com "Loving You" no lado B. Este compacto simples foi lançado em junho de 1957. "Teddy Bear", por sua vez, foi gravada nos estúdios Radio Recorders em 24 de janeiro de 1957. O "Teddy" do ursinho é uma homenagem ao presidente americano Theodore Roosevelt. Ainda é uma das mais queridas músicas de Elvis principalmente pelas mulheres. É a representante no CD da trilha do filme "Loving You" (a mulher que eu amo, 1957). Já Don't be Cruel foi Lançado em um single juntamente com "Hound Dog". Elvis em diversas entrevistas nos anos cinquenta afirmou ser esta a sua música preferida. Seu produtor na Sun Records, Sam Philips, declarou: "...Não gostei de Heartbreak Hotel, mas quando ouvi Don't be Cruel eu pensei comigo mesmo: Agora eles descobriram o que fazer com o talento de Elvis". Foi lançada em julho de 1956 atingindo o primeiro lugar rapidamente. Foi durante a apresentação desta música que Elvis foi censurado no Ed Sullivan Show pois os produtores do programa resolveram só o mostrar da cintura para cima! Sem dúvida este ato simbolizou todo o moralismo da sociedade americana dos anos 50. "Don't be Cruel" foi gravada em 2 de julho de 1956 em Nova Iorque. Finalmente o single Hound Dog / Don´t Be Cruel foi lançado em 13 de julho de 1956 e ganhou ouro quase na mesma semana

You Gave Me a Mountain (Marty Robbins) - Música que Elvis cantava com bastante emoção. A letra poderia ser adaptada para os próprios dramas pessoais do cantor. Lógico que Elvis estava se identificando com a canção, pois estava se divorciando de Priscilla na época. Uma vez, em Las Vegas, Elvis dedicou esta bela melodia a sua filha, Lisa Marie. Foi lançada pela primeira vez na discografia de Elvis no disco "Aloha From Hawaii" em 1973.

Jailhouse Rock (Leiber / Stoller) - Música título do terceiro filme estrelado por Elvis que no Brasil recebeu o nome de "O Prisioneiro do Rock", sendo que sua trilha foi lançada em um Compacto Duplo em outubro de 1957. Foi ainda lançada como single em setembro de 1957 com "Treat Me Nice" no lado B. O Sucesso foi imediato e o single chegou ao primeiro lugar na parada americana. A cena do filme em que Elvis apresenta esta canção é considerado o melhor momento do cantor no cinema. Leiber e Stoller afirmaram posteriormente que sua intenção era "...imitar o som de pedras quebrando" o que de certa forma foi conseguido. Foi gravado em 30 de abril de 1957 nos estúdios Radio Recorders em Hollywood. Assim Elvis ignorou a intenção satírica dos autores (Jerry Leiber e Mike Stoller) e interpretou a canção com fúria. Jailhouse Rock foi o primeiro single da história a ir direto para o topo das paradas no Reino Unido.

How Great Thou Art (Stuart K. Hine) - Escrita em 1886 pelo Reverendo Carl Boberg com o nome de "O Stored Gud". Em 1907 o Reverendo Stuart K. Hine escreveu a primeira versão em língua inglesa, esta por sua vez baseada na versão alemã da canção intitulada "Wie Gross Bist Du". A primeira gravação foi de George Beverly Shea em 1955, seguida da versão dos Blackwood Brothers em 1957. Elvis recebeu o prêmio Grammy na categoria "Melhor Perfomance Inspirativa" por sua interpretação desta música em 1974 no disco "Elvis As Recorded Live On Stage in Memphis" (1974). Sem dúvida um marco na carreira de Presley.

I Really Don't Want to Know (Barnes / Robertson) - Na minha opinião o melhor country da carreira de Elvis Presley. Sei que isso vai causar um certo rebuliço entre os puritanos, mas o que eu posso fazer? gosto realmente não se discute. A versão original foi gravada no dia 07 de junho de 1970 e lançada em single pouco depois. Fez parte de um dos melhores discos da carreira de Elvis, o mitológico "Elvis Country", sempre presente na lista dos mais importantes da história de The Pelvis. Aqui no In Concert Elvis apresenta uma bela versão, sem novidades, mas bem executada.

Elvis Introduces His Father (Presley) - Aqui Elvis pede para que seu pai, Vernon Presley, suba no palco para que ele o apresente ao público presente. Mostra o valor que Elvis dava aos seus familiares, principalmente como uma bela homenagem ao velho Vernon. A RCA resolveu colocar esse trecho no disco.

Hurt (Crane/Jacobs) - Sucesso de Jimi Huro em 1961. Esta versão de Elvis é o carro chefe do disco e também a principal canção do único single extraído do LP "From Elvis Presley Boulevard". É uma bela canção que mostra a maturidade vocal alcançada pelo cantor em seus anos finais. Pode-se dizer que Elvis se aproximava cada vez mais do estilo de seu ídolo de infância: Mario Lanza. "Hurt" foi gravada no dia 5 de Fevereiro de 1976.

Hound Dog (Jerry Leiber / Mike Stoller) — Sem dúvida uma das mais conhecidas músicas de Elvis. Originalmente foi lançada por Willie "Big Mama" Thornton em 1953. A Versão de Elvis surgiu como lado B do single "Don't Be Cruel" alcançando o primeiro lugar nas paradas em julho de 1956. Foi uma das mais difíceis de gravar levando Elvis e seu grupo a produzir mais de trinta takes!. Finalmente Elvis se deu por satisfeito escolhendo uma das versões como definitiva. Elvis a apresentou no programa de Milton Berle na TV americana numa das melhores performances de sua vida. Foi gravada em 2 de julho de 1956 nos estúdios da RCA em Nova Iorque. Anos depois Stoller se manifestou: "Hound Dog foi feita para ser cantada por uma mulher...mas a versão de Elvis ficou tão legal que ninguém se tocou sobre isso. Elvis conhecia a versão original de Big Mama Thornton, mas só optou por cantá-la após ouvir a versão de Freddie and The Bellboys em Las Vegas, em maio de 56. Antes de gravar a canção, Elvis já a havia cantado duas vezes na TV. Quando chegou a hora de gravá-la, precisaram executá-la 31 vezes para obter a versão perfeita"

My Way (Claude François / J. Revaux / P. Anka) - A versão deste single é a do disco "Elvis In Concert", que foi gravada no dia 21 de junho de 1977 na cidade de Rapid City. O single só foi lançado três meses após a morte de Elvis. Considero a versão do "Aloha From Hawaii" a melhor da carreira do Rei, sem descartar, é lógico, a ótima versão de estúdio. Não vou desmerecer essa, até porque "My Way" é ótima na voz de Elvis, em qualquer época. Inclusive, acho que "My Way" deveria ter sido lançada antes na carreira de Elvis, deveria ter sido o single principal do "Aloha", sem dúvida. Mas enfim, só chegou nas lojas americanas após a morte do cantor. É considerado o último single da carreira de Elvis. Esta sem dúvida pode ser incluída entre as cinco melhores músicas que Elvis interpretou em sua vida. O Título original desta canção Francesa é "Comme D'Habitut" e foi lançada pela primeira vez pelo autor, Claude François, em 1967, na França, pelo selo Barclay. Em 1968, Frank Sinatra lançou sua versão em língua Inglesa, adaptada por Paul Anka, que acabou conquistando o mundo.

Can't Help Falling In Love (Peretti / Creatore / Weiss) -- Canção baseada em "Plaisir d'Ámor" do compositor francês de origem alemã Jean Paul Martini. A versão de Presley foi muito feliz pois foi muito bem adaptada. O maior sucesso do filme. Quando foi lançada em Single em Novembro de 1961 alcançou um enorme sucesso de vendas. Nos anos setenta ela seria utilizada como desfecho de todos os seus shows. Nos anos 90 o grupo UB40 faria uma nova versão de grande sucesso. Parte da trilha sonora do filme Blue Hawaii. O álbum ficou durante incríveis 20 semanas no nº 1 e vendeu mais de 2 milhões de exemplares.

I Got a Woman / Amem (Ray Charles) - Outra música que entrou em definitivo no repertório do Rei nos anos cinqüenta e setenta, sendo muitas vezes usada de introdução logo após "Also Spratch Zarathustra" de Richard Strauss. Deve-se sua criação a Ray Charles que colocou uma letra pop sobre o ritmo de uma música religiosa chamada "My Jesus is all the world to me". Esta música trouxe problemas para Elvis pois seu título (Eu consegui uma Mulher) foi considerado ofensivo pela rígida sociedade americana da época. Elvis era considerado um incentivador da delinquência juvenil pelos moralistas por sua dança e sua música e é claro que eles não iriam deixar passar esta oportunidade para mais uma vez atacá-lo. Foi gravada em 10 de janeiro de 1956 e é a primeira música gravada por Elvis nos estúdios da RCA Victor. Foi lançado num single junto com "I'm Counting on you" em agosto de 1956. "Amem" é uma canção gospel, mas que Elvis a utiliza aqui mais como um bom treinamento vocal.

Love Me (Jerry Leiber / Mike Stoller) - Sem dúvida uma das mais belas criações daquela que sem dúvida foi a mais importante dupla de compositores do Rei. Leiber e Stoller compuseram as mais importantes músicas da carreira de Elvis como "Jailhouse Rock", "Trouble" e "King Creole" entre outras. Esta foi feita especialmente para Elvis pois Mike e Jerry achavam interessante o apego que Elvis tinha por músicas românticas, então resolveram compor uma canção sob medida para o gosto e a interpretação do cantor. Era uma das preferidas dele tanto que a integrou em seu repertório nos anos setenta estando presente em quase todos os seus discos gravados ao vivo neste período. Também foi lançada num compacto duplo em outubro de 1956 junto com outras músicas do LP "Elvis Presley".

If You Love Me (Rostill) - Country empolgante que foi grande sucesso nos Estados Unidos. Se tornou rapidamente parte do repertório do cantor nos shows ao vivo. Foi gravada no dia 25 de Abril de 1977 no segundo show que Elvis fez na cidade de Saginaw. Também faz parte do especial de TV "Elvis in Concert". Foi lançada pela primeira vez no disco "Moody Blue".

It's Now Or Never (Schroder / Gold) - Versão em língua inglesa para a conhecida canção napolitana "O Sole Mio" (que fez parte da trilha da novela "Terra Nostra"). "O Sole Mio" foi gravada por inúmeros artistas ao longo da história, sendo que em 1899 ela ganhou o festival Napolitano Piedigrota, considerado um dos mais importantes da Europa. A Primeira versão em língua inglesa foi gravada por Tony Martin em 1949 com o título de "There's no Tomorrow". Em 1960 Elvis Presley gravou sua versão que se tornou um de seus maiores sucessos alcançando o primeiro lugar em Agosto de 1960. Gravada pouco mais de uma semana após Stuck on You, vendeu 10 milhões de discos do single mundo afora. É um dos maiores sucessos do cantor.

Tryin'To Get To You (Charles Singleton / Rose Marie McCoy) - Gravada em 11 de julho de 1955 nos estúdios Sun em Memphis, Tennessee. Aqui Elvis exercita seu poderio vocal numa balada romântica característica do Sul dos Estados Unidos. Esta sem dúvida era uma de suas prediletas pois mesmo sendo ele o Rei do Rock'n'Roll não dispensava uma balada melódica como essa. Pode-se encontrá-la em discos ao vivo gravados durante os anos 70, porém a melhor versão sem dúvida é essa: simples e direta passando o sentimento dominante da época. Mais uma canção do disco "Elvis Presley".

Hawaiian Weeding Song (King / Hoffman / Manning) -- Canção que Elvis cantou para Priscilla na sua lua de mel segundo o próprio relato dela no livro "Elvis e Eu" (Elvis and Me, Editora Rocco, 1985). Pode-se encontrar duas versões ao vivo desta canção gravadas pelo cantor nos anos setenta. Uma está presente no já citado disco "Alternate Aloha" e a outra que faz parte do trabalho musical póstumo "Elvis in Concert". Termina assim a trilha, como no filme, com a "canção havaiana de casamento"

Fairytale (Anita Pointer / Bonnie Pointer) - Esta é do "Elvis Today". Foi a primeira música gravada por Elvis no dia 10 de março. Quando as sessões terminaram no dia 12, o produtor Felton Jarvis levou as matrizes para Nova Iorque para as mixagens e retoques finais e depois voltou a Los Angeles para passar pelo crivo final de Elvis. Ele odiou as mudanças e explodiu com o pessoal da RCA Victor: "Sabem de uma coisa? Se eu fosse esperto deixava vocês e ia para a White Wale (uma das piores gravadoras dos EUA). Aposto que acho emprego em qualquer lugar. Aposto como alguém me contrata. Juro por Deus, isso não vai voltar para Nova Iorque, vai para Memphis, para uma remixagem e lá vai ficar, seus fdp". Apesar da bronca e da remixagem de um engenheiro de som de confiança de Elvis, ele não ficou contente e achou que as gravações foram prejudicadas pela RCA. Chegou a desabafar com Linda, sua namorada na época: "Este disco, Elvis Today, foi seriamente prejudicado pelos caras da RCA como uma forma de revanche contra mim. Essa vai ser a última vez que algo assim vai acontecer. Da próxima vez eu vou embora. Gravadora de merda"

Little Sister (Pomus / Schuman) - Música lançada como lado B do single "His Latest Flame" em agosto de 1961. A letra é bem fraquinha, porém o ritmo é ótimo principalmente pela aula de guitarra de Scotty Moore. Elvis no filme de 1970 "That's The Way It Is" (Elvis é assim, 1970) apresenta esta música em um ensaio com sua banda, nada levado à sério mas que serve para animar o ambiente durante as gravações.

Early Morning Rain (Gordon Lightfood) - Do disco "Elvis Now". Sucesso country de Peter, Paul and Mary nos anos 60. A Versão de Elvis Presley foi gravada no dia 15 de março de 1971. Era uma de suas preferidas estando sempre presente em seus shows, como pode-se constatar nos discos "Elvis in Concert" e "Alternate Aloha".

What'd I Say (Ray Charles) - Esta canção foi tema do filme de Elvis "Viva Las Vegas". Essa versão do "Elvis In Concert" não foi levada muito à sério por Presley, é só uma brincadeira com a banda TCB. Clássico de Ray Charles, gravada por um grande número de artistas ao longo da história. Em "Viva Las Vegas" Elvis contou não somente com sua banda, mas também por um grupo de apoio da MGM, contando inclusive com uma segunda turma de vocalização, os grupos The Jubilee Four e Carole Lombard Quartet. Este primeiro inclusive teve direito a apresentar uma canção solo no filme, chamada "The Climb". Ann-Margret também apresentou duas canções solos: "Appreciation" e "The Rival".

Johnny B. Goode (Chuck Berry) - O Riff mais conhecido da história do Rock. Aqui, James Burton dá o tom da nova era na carreira de Elvis Presley. Um dos mais adorados e conhecidos hinos da nação rocker ganha sua versão na voz do Rei. Elvis, por sua vez, não deixa por menos e protagoniza uma das melhores versões para a histórica canção de Chuck Berry. O próprio Berry já dizia: "Tudo o que eu preciso para fazer uma música de Rock é um cara, uma garota e um cadillac". Definitivo, nas palavras do mais Outsider de todos os grandes nomes do surgimento do Rock.

And I Love You So (Don McLean) - Outra do "Elvis Today". Uma das provas mais contundentes do fato de Elvis utilizar suas canções para resolver seus conflitos pessoais. Estaria Elvis se dirigindo a Priscilla para realçar seu amor por ela, ao afirmar que ainda a amava tanto? Na minha opinião, sem dúvida. Muitas das músicas retratavam o homem Elvis com perfeição transparente, eis um exemplo cabal disso. A canção é linda, dispensa maiores comentários. Apenas junte-se a Elvis neste momento de mais uma declaração de amor na sua carreira. Em tempo: No "Elvis in Concert" está uma versão ótima deste canção ao vivo. Imperdível.

America (Tradicional) - Embora Elvis sempre a apresentasse nos shows, America nunca havia sido lançada antes em sua discografia. Esta música foi se tornando cada vez mais presente em seus repertórios, principalmente após 76, o ano em que se comemorou os 200 anos de independência dos EUA. Em 2001, após os atentados ao World Trade Center em Nova Iorque, America foi relançada em single de grande sucesso. Toda a renda foi revertida para a fundação American Red Cross Disaster Relief Fund.

Elvis Presley - Elvis in Concert (1977): Elvis Presley (vocal, piano e violão) / James Burton (guitarra) / John Wilkinson (guitarra) / Charlie Hodge (violão) / Jerry Scheff (baixo) / Dennis Linde (baixo) / Norbert Putnam (baixo) / Ronnie Tutt (bateria) / David Briggs (piano e orgão) / Bobby Ogdin (piano elétrico) / The Sweet Inspirations (vocais) / J.D. Summer & The Stamps (vocais) / Kathy Westmoreland (vocais) / Sherril Nielsen (vocais) / Joe Guercio (orquestra) / Tony Brown (piano) / Chip Young (guitarra) / Alan Rush (guitarra) / Randy Cullers (bateria) / Farrel Morris (percussão e sinos) / Chip Young (guitarra) / Jane Fricke, Lee J. Beranetti, Sherilyn Kramer e Yvonne Hodges (vocais de apoio) / Produzido e arranjado por Felton Jarvis e Elvis Presley / Gravado no Crisler Arena, Ann Arbor (24 de abril de 1977) - Civic Center, Saginaw (25 de abril de 1977) - Civic Auditorium, Omaha (19 de junho de 1977) - Rushmore Civic Center, Rapid City (21 de junho de 1977) / Data de lançamento: Outubro de 1977

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Moody Blue (1977)

Esse foi o último disco lançado em vida por Elvis Presley. Foi o marco final na trajetória de um dos grandes vendedores de discos da história. A indústria fonográfica poucas vezes havia presenciado um fenômeno de vendas como o que aconteceu com Elvis. Desde 1956, quando Elvis despontou para o sucesso, ele jamais deixou de frequentar as principais listas dos mais vendidos pelo mundo afora. Embora tenha tido altos e baixos nessa longa caminhada o cantor se transformou ao longo dos anos em uma verdadeira mina de ouro para o mercado musical.

Ao todo foram três décadas de sucesso. Ao morrer, pouco tempo após o lançamento desse seu último disco, Elvis era um dos nomes mais conhecidos da cultura mundial. Os anos 50 foram seu auge quando ele simbolizou toda a rebeldia dos jovens da época. Nos anos 60 sua carreira foi prejudicada por um grande número de filmes que nada acrescentaram a sua fabulosa veia artística. Finalmente nos anos 70 Elvis conseguiu reerguer sua carreira gravando músicas de qualidade com ótimos arranjos. Apesar de tudo o que ocorreu em sua vida pessoal, Elvis se mostrou maduro o suficiente para continuar transmitindo alegria e emoção através dos diversos shows que ele fez na década de 70. O disco traz canções gravadas no estúdio montado pela RCA em Graceland junto com músicas gravadas ao vivo. É um canto de cisne à altura daquele que foi o maior nome do Rock'n'Roll mundial. Elvis se despediu com este LP como o maior recordista de vendas de todos os tempos sendo o seu nome incluído no livro "Guiness Book" como o artista solo de maior sucesso musical da história mundial. Um grande marco para um grande artista.

UNCHAINED MELODY (North/Zaret) - Originalmente lançado por Al Hibbler em 1955 pelo selo Decca. No mesmo ano Roy Hamilton lançava sua versão pelo selo Columbia. A versão de Presley foi gravada ao vivo no dia 24 de Abril de 1977 no Center Civic em Saginaw durante uma de seus inúmeros shows. É um dos momentos mais inspirados de sua carreira onde Presley nos brinda com uma amostra de seu inigualável talento. Sozinho ao piano ele emociona a todos sendo ovacionado ao final com uma grande salva de palmas. Esta canção é um dos destaques do especial de TV "Elvis in Concert", exibido pela rede CBS, após a morte do cantor. Esta música acabou se tornando o tema principal do grande sucesso cinematográfico "Ghost", com Patrick Swayze e Demi Moore nos anos 90.

IF YOU LOVE ME (Rostill) - Country empolgante que foi grande sucesso nos Estados Unidos. Se tornou rapidamente parte do repertório do cantor nos shows ao vivo. Foi gravada no dia 25 de Abril de 1977 no segundo show que Elvis fez na cidade de Saginaw. Também faz parte do especial de TV "Elvis in Concert".

LITTLE DARLIN (Maurice Williams) - Sucesso imortal dos Drifters. É sem sombra de dúvida o melhor e mais divertido momento do disco pois esta pode ser considerada uma música símbolo dos anos 50. O destaque fica por conta do ótimo acompanhamento vocal. Ela foi gravada ao vivo no dia 24 de Abril de 1977 em Saginaw.

HE'LL HAVE TO GO (Allison/Alison) - Esta é a última música gravada por Elvis em estúdio. Ela marca a despedida de um dos maiores "Hit Makers" da história. Desde que entrou em um estúdio pela primeira vez em 1953 foram muitas canções gravadas (quase 700) sendo algumas delas as mais populares do século. Como disse um grande crítico norte-americano: "...Se você deseja conhecer a história do show business ianque conheça antes a história de Presley". Esta histórica música foi gravada no dia 30 de Outubro de 1976 em Memphis.

LET BE ME THERE (Rostill) - Originalmente lançada em 1973 pelo selo MCA por Olivia-Newton John. A versão deste LP é a mesma versão que foi lançada no disco "On Stage In Memphis" e que foi gravada no show que Elvis fez em Memphis em 1974, depois de um longo período em que ele esteve afastado dos palcos de sua cidade do coração. Este show foi especial para Elvis pois sua versão apresentada no espetáculo da música gospel "How Great Thou Art" ganhou o Grammy, o Oscar da música norte americana.

WAY DOWN (Martine) - Grande sucesso de Elvis que quando foi lançado como single em Julho de 1977 chegou ao primeiro lugar nas paradas britânicas. Conta com ótimo arranjo e maravilhoso acompanhamento do cantor J.D.Summer. Foi gravada no dia 29 de outubro de 1976 em Graceland.

PLEDGING MY LOVE (Robey/Washington) - Canção do mitológico cantor de R&B Johnny Ace que morreu em 1954 vítima de roleta russa. Ela foi gravada em 29 de Outubro de 1976 em Graceland e lançada como lado B do Single de grande sucesso "Way Down".

MOODY BLUE (Mark James) - Música título do LP composto pelo autor de um dos maiores sucessos da carreira de Elvis: "Suspicious Minds". As primeiras 250 mil cópias deste disco foram lançadas em vinil azul transparente inspirada nesta música. "Moody Blue" também foi lançada em single junto com "She Thinks I Still Care" em Dezembro de 1976. A Música foi gravada no dia 4 de Fevereiro de 1976 em Graceland.

SHE THINKS I STILL CARE (Duffy/Lioscomb) - Sucesso do início dos anos 60. Elvis fez uma bela versão desta canção sendo que na mesma ocasião foi gravada um arranjo radicalmente diferente deste, em versão blues, versão esta que foi lançado na caixa de 5 CDs intitulada "Walk a mile in my shoes" em 1995. Foi gravada em fevereiro de 1976 sendo lançada como lado B do Single "Moody Blue".

IT'S EASY FOR YOU (Lloyd/Weber) - Esta é a canção que marca a despedida do Rei do Rock ao mundo musical após 21 anos de muito sucesso. Ela mantém o alto nível artístico do LP que foi um dos grandes sucessos da carreira de Elvis chegando ao terceiro lugar nas paradas americanas quando foi lançado em Junho de 1977. Dois meses depois o mundo chorava a morte de Elvis Aaron Presley, O REI DO ROCK'N'ROLL. Mas sua música e sua arte nunca morrerá. Viva Elvis.

Elvis Presley - Moody Blue (1977): Elvis Presley (voz, violão e piano) / James Burton (guitarra) / Jerry Scheff (baixo) / John Wilkinson (guitarra) / Charlie Hodge (violão) / Glen Hardin (piano) / David Briggs (piano elétrico) / Bill Sanford (guitarra) / Norbert Putnam (baixo) / Bobby Emmons (piano elétrico) / J.D.Summer and the Stamps (Vocais) / Kathy Westmoreland (Vocais) / Myrna Smith (vocais) / Chip Young (guitarra) / Dennis Linde (baixo) / Sherril Nielsen (vocais) / Tony Brown (piano) / Weldon Myrick (steel guitar) / Joe Guercio e sua Orquestra / Produzido por Felton Jarvis e Elvis Presley / Arranjado por Felton Jarvis, Bergen White / Data de Gravação: 2 a 7 de fevereiro, 29 e 30 de outubro de 1976 em Graceland, Memphis e 24 e 25 de abril de 1977 no Civic Center em Saginaw / Data de Lançamento: junho de 1977 / Melhor posição nas charts: #3 (EUA) e #3 (UK)

Pablo Aluísio.

domingo, 1 de março de 2009

Elvis Presley - From Elvis Presley Boulevard, Memphis, Tennessee (1976)

From Elvis Presley Boulevard foi o penúltimo disco de Elvis a ser lançado. Chegou nas lojas americanas em maio de 1976 e no Brasil oito meses depois. O álbum trazia pela primeira vez parte das gravações que Elvis realizou em Graceland na chamada Jungle Sessions (o nome foi dado por causa da sala das selvas localizada na mansão, onde as músicas foram gravadas). Isso explica também o nome do disco, uma referência ao endereço onde se situava a famosa residência do astro. Em termos musicais Boulevard segue basicamente uma linha country melancólica, onde o cantor procurou gravar músicas que retratassem aspectos de sua vida pessoal na época. Basta dar uma rápida olhada nos títulos das músicas para entender bem o estado de espírito no qual Elvis se encontrava. As letras falavam sobre mágoa (Hurt), despedida (The Last Farewell), solidão (Solitaire) e desilusão (Never Again). Ao se analisar bem o conteúdo do LP os admiradores logo entenderam o recado que o cantor tentava passar aos ouvintes.

O ano de 1976 foi marcado por uma intensa agenda de shows que Elvis realizou pelos Estados Unidos. Como a data marcava o bicentenário de independência do país o patriota cantor resolveu homenagear seu país com a inclusão de América em muitos dos shows (a música seria lançada em single após sua morte). Também fez questão de levar a canção Hurt para o repertório de muitos de seus concertos, numa clara tentativa de divulgar melhor seu disco, já que os anteriores não tinham alcançado boa margem de vendas nas principais paradas. Como sempre o estado de saúde de Elvis fez ele alternar bons shows com apresentações fracas, em visto dos problemas que enfrentava. Como resultado final o disco conseguiu se destacar nas paradas country, porém no Top 200 só conseguiu atingir um modesto quadragésimo primeiro lugar. Se não foi o ideal pelo menos alcançou uma posição melhor que seus antecessores, Promised Land e Elvis today. Como havia certa incerteza sobre os rumos que sua carreira poderia tomar daí em diante parte do material gravado na Jungle Session foi arquivado para ser lançado apenas um ano depois no disco Moody Blue. Essas são as canções de From Elvis Presley Boulevard, Memphis, Tennessee:

HURT (Crane / Jacobs) - Sucesso de Timi Yuro em 1961. Esta versão de Elvis é o carro chefe do disco e também a principal canção do único single extraído do LP. É uma bela canção que mostra a maturidade vocal alcançada pelo cantor em seus anos finais. Pode-se dizer que Elvis se aproximava cada vez mais do estilo de seu ídolo de infância: Mario Lanza. "Hurt" foi gravada no dia 5 de Fevereiro de 1976.

NEVER AGAIN (Wheller / Chesnut) - Balada romântica extremamente melancólica. Retrata de forma muito triste os diversos problemas emocionais enfrentados pelo cantor no crepúsculo de sua vida. Conta com um bom acompanhamento principalmente de cordas. Foi gravada no dia 6 de Fevereiro de 1976.

BLUES CRYING IN THE RAIN (Rose) - Grande momento do disco. Country delicioso em que Elvis parece demonstrar que apesar de todos os problemas, ele ainda era capaz de cantar de forma maravilhosa. O Acompanhamento vocal ficou simplesmente magnífico contando mais uma vez com J.D.Summer and the Stamps, Myrna Smith e Kathy Westmoreland. No dia de sua morte Presley sentou-se ao piano e cantou esta canção para alguns amigos seus, deste modo esta pode ser considerada uma das últimas músicas que o Rei do Rock cantou em sua vida. A versão definitiva foi gravada em 7 de Fevereiro de 1976.

DANNY BOY (Weatherly) - Música que faz parte do folclore irlandês composta no início do século sendo gravada diversas vezes por inúmeros intérpretes. Era mais conhecida por "Londoderry Air". Era uma das preferidas do pai do cantor, Vernon Presley, e talvez por esta razão Elvis a tenha gravado. O novo arranjo ficou belíssimo e a interpretação do cantor figura entre as melhores de toda a sua carreira. Uma pena que nunca foi bem aproveitada ao vivo, sendo conhecida apenas uma rara versão cantada por Elvis no Texas. A faixa foi recuperada e anos depois lançada no CD Tucson 76.

THE LAST FAREWELL (Whitaker / Webster) - Sucesso do cantor e compositor Roger Whitaker. É bastante comovente analisar algumas letras das canções interpretadas por Presley neste período de sua vida. Quase todas elas de alguma forma retratam situações que o cantor podia se identificar em sua vida pessoal. Esta é uma delas. Foi gravada no dia 2 de Fevereiro de 1976

FOR THE HEART (Dennis linde) - Country do mesmo autor de um dos maiores sucessos de Elvis Presley nos anos setenta "Burning Love". Esta canção foi lado B do single "Hurt" que foi lançado em março de 1976. A música recebeu novos instrumentos na sua mixagem o que sem dúvida deu maior consistência a sua melodia. Ela foi gravada no dia 5 de Fevereiro na "Sala das Selvas" em Graceland.

BITTER THEY ARE, HARDER THEY FOR (Gatlin) - Larry Gatlin era um dos autores preferidos de Elvis e lançou esta canção em 1974 alcançando um grande sucesso. Elvis a escolheu e gravou sua versão no dia 2 de fevereiro de 1976. É uma boa balada e possui bom ritmo.

SOLITAIRE (Sedaka / Cody) - Música lançada por Neil Sedaka em 1972 pela RCA que se tornou um grande sucesso na interpretação do grupo "Carpenters". A versão de Elvis não foi das mais felizes se transformando no momento mais fraco do disco. A versão do Rei deixa transparecer a decadência física que o cantor passava.

LOVE COMING DOWN (Jerry Chesnut) - Outro country que cumpre bem suas pretensões. No final de sua carreira Elvis começou a se voltar cada vez mais a dois tipos básicos de canções: Baladas Românticas e música country. Sem dúvida nesta escolha entrava o próprio gosto pessoal do cantor que adorava particularmente esses estilos musicais.

I'LL NEVER FALL IN LOVE AGAIN (Donegan / Currie) - Grande sucesso do cantor Tom Jones nos anos 60. Elvis se tornou grande amigo de Jones em seus anos de Las Vegas. Os dois de certo modo tinham o mesmo estilo de show e se apresentavam quase sempre nos mesmos hotéis. Elvis inclusive chegou a subir no palco com Tom Jones em 1974. Apesar de tudo, esta versão do Rei se tornou satisfatória tendo em vista as condições pessoais dele. Foi gravada no dia 4 de fevereiro.

Elvis Presley - From Elvis Presley Boulevard, Memphis, Tennessee (1976): Elvis Presley (voz, violão e piano) / James Burton (guitarra) / Jerry Scheff (baixo) / John Wilkinson (guitarra) / Charlie Hodge (violão) / Glen Hardin (piano) / David Briggs (piano elétrico) / Bill Sanford (guitarra) / Norbert Putnam (baixo) / Bobby Emmons (piano elétrico) / J.D.Summer and the Stamps (Vocais) / Kathy Westmoreland (Vocais) / Myrna Smith (vocais) / Chip Young (guitarra) / Dennis Linde (baixo) / Sherril Nielsen (vocais) / Tony Brown (piano) / Weldon Myrick (steel guitar) / Joe Guercio e sua Orquestra / Produzido por Felton Jarvis e Elvis Presley / Arranjado por Felton Jarvis, Bergen White / Data de Gravação: 2 a 7 de fevereiro de 1976 em Graceland, Memphis / Data de Lançamento: maio de 1976 / Melhor posição nas charts: #41 (EUA) e #29 (UK)

Pablo Aluísio.