Na foto ao lado vemos o ator James Dean e o diretor Nicholas Ray que o dirigiu no clássico "Juventude Transviada". Já dizia o ditado popular que "O tempo é o senhor de tudo". Nada sobrevive a ele e mais cedo ou mais tarde todos, não importa o tamanho da fama que conquistaram em vida, um dia serão apenas nota de rodapé na história (ou nem isso). Isso de certa forma aconteceu com o mito James Dean. Embora nos círculos de cinéfilos ele ainda esteja presente o fato é que para o público em geral (inclusive jovens) o nome James Dean não significa mais muita coisa. Percebi isso recentemente quando vi em uma loja de shopping uma bonita camisa com a estampa do eterno ídolo jovem em exposição. Obviamente sabendo de quem se tratava fiz um pequeno teste e perguntei para a atendente da loja, uma moça bem simpática, se ela conhecia o jovem estampado na roupa. Sua resposta foi: "Deve ser algum modelo americano".
Nesse momento eu senti que o antigo mito jovem realmente está morrendo lentamente na lembrança da sociedade. Também pudera, James Dean morreu de um acidente de carro no longínquo ano de 1955. Faça as contas, lá se vão 56 anos, mais de meio século, desde que enfiou seu porsche Spyder num acidente em um cruzamento poeirento do deserto da Califórnia. O curioso de tudo isso é que Dean foi mais famoso na morte do que em vida. De fato o único filme que tinha sido lançado antes dele morrer foi justamente sua estréia como astro de primeiro time no famoso "Vidas Amargas". Antes ele já tinha aparecido em três produções mas em nenhuma delas fez algo relevante, tudo não passando de mera figuração em cena!
Depois de sua morte o filme "Juventude Transviada" ganhou as telas e Dean foi literalmente santificado pela juventude rebelde dos anos 50. Seus trejeitos, modo de vestir e penteado viraram febre nos chamados "anos da brilhantina". Os pedaços de seu carro destruído foram vendidos como souvenirs e até mesmo pessoas que mal o conheceram em vida lançaram livros com revelações "bombásticas". O jovem interiorano do meio oeste americano caiu nas graças do público após isso, se tornando um verdadeiro mártir da rebeldia sem causa! Nada mal para um sujeito que largou tudo para tentar vencer na vida da ensolarada Hollywood.
De baixa estatura, míope e nem um pouco sociável Dean lutou bastante para alcançar seu lugar ao sol. Infelizmente quando colhia seus primeiros frutos na sua carreira uma tragédia cruzou em sua ascensão ao estrelato. Dean pode hoje estar esquecido nas areias do deserto escaldante em que morreu, mas deixou três pequenas obras que lhe garantirão a imortalidade da sétima arte. Como diria o refrão da famosa música do Eagles, James Dean levou bem a sério o lema "too fast to live, too young to die"
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
Sargento York
Roteiro e Argumento: O filme é baseado na história real do soldado Alvin York. Ele era um simples fazendeiro do Estado rural do Tennessee que foi convocado para lutar na I Guerra Mundial. Religioso passou por uma crise de consciência por ter que ir lutar e matar inimigos na Europa. O interessante é que sua vida no campo foi vital para seu sucesso no conflito pois era exímio atirador. Acabou se tornando conhecido nacionalmente e virou herói após ter matado vários atiradores alemães na França e ao lado de apenas sete homens de seu batalhão ter conseguido a façanha de render quase 140 soldados inimigos. O feito lhe valeu uma medalha do congresso americano e uma notoriedade sem precedentes entre o povo americano. O roteiro explora a vida pacata de York antes do conflito e depois na sua chegada nas trincheiras do front. Em ambas as situações o filme é extremamente bem realizado e sucedido. Provavelmente a riqueza de detalhes do roteiro se deva ao fato dele ter sido adaptado do diário pessoal de York que ele escreveu durante o conflito.
Elenco: O grande destaque do elenco de "Sargento York" é a ótima interpretação de Gary Cooper no papel principal. Aqui ele consegue com grande êxito captar a personalidade simplória do personagem. Um sujeito caipira, sem estudo, que tinha como único objetivo maior na vida comprar uma pequena faixa de terras em sua cidade para se casar com Gracie Williams (interpretada pela bela e simpática Joan Leslie). O fato de Cooper ter nascido em outro Estado interiorano (Montana) certamente lhe ajudou muito nessa caracterização. A excelente atuação de Cooper acabou lhe valendo o Oscar de melhor ator daquele ano. Mais do que merecido, é bom frisar.
Produção: A produção da Warner não mediu esforços para que contar bem a história do famoso Alvin York. Como o clima de patriotismo estava na ordem do dia em razão da II Guerra Mundial o estúdio sabia que tinha um potencial grande sucesso nas mãos e por isso caprichou na produção, investindo nos melhores profissionais disponíveis no mercado. Isso se vê bem nos detalhes da produção, figurino, cenários, equipamentos militares, tudo recriado de acordo com o contexto histórico da I Guerra Mundial.. Embora grande parte do filme tenha sido realizada em estúdio (principalmente nas cenas no Tennessee) o resultado é no final das contas excepcional. Nas cenas de batalha tudo é extremamente bem feito. As trincheiras típicas da I Guerra Mundial foram recriadas com extrema veracidade e fidelidade histórica.
Direção: O filme foi dirigido pelo excelente cineasta Howard Hawks. O que mais chama atenção nesse diretor era sua extrema versatilidade. Hawks passeava com grande êxito pelos mais diferentes gêneros cinematográficos. Realizava ótimas comédias musicais (como "Os Homens Preferem as Loiras") ao mesmo tempo em que revisitava lendas do velho oeste (sua parceria ao lado de John Wayne foi longa e produtiva). Nesse "Sargento York" ele volta a dirigir uma cinebiografia, algo que havia conseguido com grande sucesso na década de 30 com "Scarface, a Vergonha de uma Nação". Sua boa técnica e precisão podem ser conferidas nas duas partes básicas em que "Sargento York" se divide. Na primeira parte, quando York é apenas um caipirão do interior e o filme tem mais toques dramáticos. Já na segunda quando York vai para o front temos nitidamente um filme de guerra. Em ambas as divisões Hawks se sai extremamente bem sucedido, o que reforça bem sua versatilidade na direção. O resultado final é de alto nível.
Sargento York (Sergeant York, EUA, 1941) / Direção: Howard Hawks / Roteiro: John Huston, Howard Koch, Abem Finkel, Harry Chandlee e Tom Skeyhill / Com Gary Cooper, Walter Brennan e Joan Leslie / Sinopse: Cinebiografia de Alvin Cullum York (Gary Cooper) , condecorado soldado americano na I Guerra Mundial. O filme foi vencedor dos Oscar de Melhor Ator (Gary Cooper) e Melhor Montagem, sendo indicado a nove outras categorias.
Pablo Aluísio.
Elenco: O grande destaque do elenco de "Sargento York" é a ótima interpretação de Gary Cooper no papel principal. Aqui ele consegue com grande êxito captar a personalidade simplória do personagem. Um sujeito caipira, sem estudo, que tinha como único objetivo maior na vida comprar uma pequena faixa de terras em sua cidade para se casar com Gracie Williams (interpretada pela bela e simpática Joan Leslie). O fato de Cooper ter nascido em outro Estado interiorano (Montana) certamente lhe ajudou muito nessa caracterização. A excelente atuação de Cooper acabou lhe valendo o Oscar de melhor ator daquele ano. Mais do que merecido, é bom frisar.
Produção: A produção da Warner não mediu esforços para que contar bem a história do famoso Alvin York. Como o clima de patriotismo estava na ordem do dia em razão da II Guerra Mundial o estúdio sabia que tinha um potencial grande sucesso nas mãos e por isso caprichou na produção, investindo nos melhores profissionais disponíveis no mercado. Isso se vê bem nos detalhes da produção, figurino, cenários, equipamentos militares, tudo recriado de acordo com o contexto histórico da I Guerra Mundial.. Embora grande parte do filme tenha sido realizada em estúdio (principalmente nas cenas no Tennessee) o resultado é no final das contas excepcional. Nas cenas de batalha tudo é extremamente bem feito. As trincheiras típicas da I Guerra Mundial foram recriadas com extrema veracidade e fidelidade histórica.
Direção: O filme foi dirigido pelo excelente cineasta Howard Hawks. O que mais chama atenção nesse diretor era sua extrema versatilidade. Hawks passeava com grande êxito pelos mais diferentes gêneros cinematográficos. Realizava ótimas comédias musicais (como "Os Homens Preferem as Loiras") ao mesmo tempo em que revisitava lendas do velho oeste (sua parceria ao lado de John Wayne foi longa e produtiva). Nesse "Sargento York" ele volta a dirigir uma cinebiografia, algo que havia conseguido com grande sucesso na década de 30 com "Scarface, a Vergonha de uma Nação". Sua boa técnica e precisão podem ser conferidas nas duas partes básicas em que "Sargento York" se divide. Na primeira parte, quando York é apenas um caipirão do interior e o filme tem mais toques dramáticos. Já na segunda quando York vai para o front temos nitidamente um filme de guerra. Em ambas as divisões Hawks se sai extremamente bem sucedido, o que reforça bem sua versatilidade na direção. O resultado final é de alto nível.
Sargento York (Sergeant York, EUA, 1941) / Direção: Howard Hawks / Roteiro: John Huston, Howard Koch, Abem Finkel, Harry Chandlee e Tom Skeyhill / Com Gary Cooper, Walter Brennan e Joan Leslie / Sinopse: Cinebiografia de Alvin Cullum York (Gary Cooper) , condecorado soldado americano na I Guerra Mundial. O filme foi vencedor dos Oscar de Melhor Ator (Gary Cooper) e Melhor Montagem, sendo indicado a nove outras categorias.
Pablo Aluísio.
Doris Day
Recentemente andei navegando na internet atrás de informações da atriz Doris Day. Quem gosta de filmes dos anos 50 e 60 vai imediatamente relembrar seus antigos clássicos onde geralmente interpretava garotas românticas que procuravam a felicidade sem perder sua grande virtude. No meio ela acabou sendo inclusive apelidada de "A Virgem Profissional" por isso pois ao contrário de Marilyn Monroe sempre representou o lado mais doce e angelical das mulheres dos anos dourados nas telas. Pois bem, eu estava procurando informações sobre seus filmes quando me deparei com várias reportagens em sites americanos mostrando uma foto atual dela, aos 84 anos, tirada por um paparazzi quando ele saía de uma loja de vendas de produtos veterinários na Califórnia.
O pior nem é o fato de usar sua imagem assim, sem nenhuma autorização, mas sim o uso de uma linguagem debochada e vulgar nos textos. É completamente ridículo, na minha forma de pensar, que um pseudo jornalista de um desses sites de fofocas fique fazendo observações imbecis e chacotas em torno da imagem que ela tem atualmente. Nem ao menos possuem a dignidade de respeitar as pessoas mais velhas. O que essas pessoas queriam? Que Doris aparentasse da mesma forma que nos anos 50?! O tempo passa para todos e o fato dela estar envelhecida em nada a desmerece. Pelo contrário, pela vida que levou Doris é uma vencedora pois enfrentou diversos dramas ao longo dos anos e os superou com muita dignidade.
Seu último marido faleceu e seu filho morreu de câncer há alguns anos atrás. Com tantos dramas pessoais Doris mudou seu nome - é conhecida como Clara nas vizinhanças - e mora solitária em seu rancho. Assim como outra diva do cinema, Brigite Bardot, ela também abraçou a causa animal e hoje compartilha sua vida com vários gatos e cães. O direito norte-americano é extremamente falho nesse ponto. As pessoas famosas são invadidas em sua vida pessoal e viram motivo de escárnio pelos urubus da imprensa marrom. No Brasil as leis são mais duras em relação ao direito constitucional de se resguardar a vida privada e familiar de cada indivíduo. Do que interessa ao público o fato de Doris hoje viver isolada e solitária em sua propriedade? É um direito dela, não sujeito a aprovação ou desaprovação de qualquer um que seja. Se ela desejou se retirar da vida pública todos devem respeitar sua escolha e ninguém tem absolutamente nada com isso. Deixem essa grande artista, que tanto trabalhou no cinema e no mundo da música, desfrutar de sua velhice em paz e longe dos holofotes. Só assim o que determina a carta magna (a nossa e a deles) será plenamente respeitada.
Pablo Aluísio.
O pior nem é o fato de usar sua imagem assim, sem nenhuma autorização, mas sim o uso de uma linguagem debochada e vulgar nos textos. É completamente ridículo, na minha forma de pensar, que um pseudo jornalista de um desses sites de fofocas fique fazendo observações imbecis e chacotas em torno da imagem que ela tem atualmente. Nem ao menos possuem a dignidade de respeitar as pessoas mais velhas. O que essas pessoas queriam? Que Doris aparentasse da mesma forma que nos anos 50?! O tempo passa para todos e o fato dela estar envelhecida em nada a desmerece. Pelo contrário, pela vida que levou Doris é uma vencedora pois enfrentou diversos dramas ao longo dos anos e os superou com muita dignidade.
Seu último marido faleceu e seu filho morreu de câncer há alguns anos atrás. Com tantos dramas pessoais Doris mudou seu nome - é conhecida como Clara nas vizinhanças - e mora solitária em seu rancho. Assim como outra diva do cinema, Brigite Bardot, ela também abraçou a causa animal e hoje compartilha sua vida com vários gatos e cães. O direito norte-americano é extremamente falho nesse ponto. As pessoas famosas são invadidas em sua vida pessoal e viram motivo de escárnio pelos urubus da imprensa marrom. No Brasil as leis são mais duras em relação ao direito constitucional de se resguardar a vida privada e familiar de cada indivíduo. Do que interessa ao público o fato de Doris hoje viver isolada e solitária em sua propriedade? É um direito dela, não sujeito a aprovação ou desaprovação de qualquer um que seja. Se ela desejou se retirar da vida pública todos devem respeitar sua escolha e ninguém tem absolutamente nada com isso. Deixem essa grande artista, que tanto trabalhou no cinema e no mundo da música, desfrutar de sua velhice em paz e longe dos holofotes. Só assim o que determina a carta magna (a nossa e a deles) será plenamente respeitada.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
George Hamilton
Uma das ocasiões que mais ri com o Hamilton foi quando um jornalista perguntou a ele como gostaria de ser lembrado. Levantando as sobrancelhas (um gesto típico de canastrões assumidos) ele respondeu sem hesitação que "gostaria de ser lembrado como o bronzeado mais perfeito de Hollywood". Impagável não é mesmo?
Ele nasceu em Memphis, local que ficou imortalizado como sendo a cidade do coração de Elvis Presley, mas logo cedo foi para Los Angeles. A mãe sonhava com um futuro de grande estrela para Hamilton. O destino porém mostrou que esse não seria o caminho. Ator apenas mediano, Hamilton se destacou mesmo como ótimo relações públicas, dando grandes festas em sua casa onde a realeza do cinema americano sempre se reunia.
No cinema nunca se fez de difícil, aceitando trabalhar no que surgisse pela frente. Isso lhe deu um respeitável currículo de 105 filmes na carreira, formado por alguns belos abacaxis mas também por outros bons filmes despretensiosos, divertidos e engraçados. Como esquecer o vampiro que tem que lidar com os desafios da modernidade em "Amor à Primeira Mordida" ou o Zorro pra lá de afetado em "As Duas Faces do Zorro"? Sempre trabalhando para manter sua fachada de rico e famoso Hamilton fez também muita TV, inclusive brilhando em sucessos como a novelona americana "Dinastia". Para ele o que importa é o trabalho em si e não tanto a qualidade dos projetos em que se envolveu ao longo da vida. Mas no final das contas tudo isso nem importa, o que é bom mesmo é deixar os parabéns para essa figura ímpar de Hollywood. Parabéns George Hamilton!
Pablo Aluísio.
domingo, 16 de dezembro de 2007
Barrabás
Roteiro e Argumento: O roteiro de Barrabás foi escrito baseado no romance do escritor Par Lagervist, vencedor do prêmio Nobel de literatura de 1951. É importante esclarecer que tirando o Novo Testamento não existem fontes históricas sobre quem seria ou o que teria acontecido com Barrabás após a crucificação de Jesus Cristo. Tudo o que se sabe ao certo é que era um rebelde da tribo dos Zelotes que estava preso acusado de assassinato. Assim tudo o que se passa no filme é mera ficção, romance, literatura. De qualquer forma o roteiro, seguindo os passos do livro, é muito bem escrito e lida com vários aspectos da Roma Antiga de forma bem eficiente, sendo mostrados aspectos da escravidão no império, das arenas de gladiadores e do nascimento da nova religião, o cristianismo.
Elenco: Barrabás tem um elenco muito bom a começar por Anthony Quinn no papel título. Sua interpretação é muito adequada. Seu personagem é uma pessoa rude, brutal, fruto do meio, que tenta entender a filosofia do cristianismo em um mundo que até então só lhe exigia violência e força. Outro grande ator em cena é Jack Palance. Ele interpreta um gladiador que treina e depois enfrenta Barrabás na arena (numa ótima cena do filme, muito bem editada e realizada). Palance não aparece muito mas quando surge traz muito ao filme. Outro destaque é a presença da musa italiana Silvana Mangano. Seu papel também é pequeno, geralmente surgindo nas cenas de taberna mas mesmo assim consegue marcar boa presença.
Produção: A produção do filme é do famoso Dino de Laurentis. Esse produtor foi o que mais próximo surgiu na linha deixada por Cecil B. De Mille. Ele não economizava recursos em seus épicos e procurava trazer o melhor, seja em cenários, seja em figurinos luxuosos. O filme foi totalmente rodado na Itália em parceria com a Columbia Pictures. Isso deu uma veracidade maior ao que se passa em cena pois as locações chegaram ao ponto de utilizar antigas construções romanas como as minas no Monte Etna na Sicília e o anfiteatro de Verona. Além disso a experiência dos profissionais de Cinecittà ajudaram muito para melhorar ainda mais esse aspecto do filme. Produção realmente classe A.
Direção: Barrabás foi dirigido por Richard Flescher que já tinha experiência com produções caras e complicadas antes (havia dirigido "20 Mil Léguas Submarinas" cinco anos antes). Seu trabalho é muito bom, algumas cenas lembram até mesmo pinturas da Renascença como a crucificação coletiva na cena final do filme. Também mostrou grande competência na direção de cenas com grande número de extras - como vemos nas cenas de Arena. Ele ainda faria um interessante filme anos depois com Tony Curtis chamado "O Homem que Odiava as Mulheres".
Barrabás (Barabbas, EUA - Itália, 1962) / Diretor: Richard Fleischer / Roteiro: Nigel Balchin, Diego Fabbri, Christopher Fry, Ivo Perelli / Produção: Dino de Laurentis / Roteiro: Nigel Balchin, Diego Fabbri, Christopher Fry, Ivo Perelli / Elenco: Anthony Quinn, Silvana Mangano, Arthur Kennedy, Katy Jurado, Jack Palance, Vittorio Gassman, Harry Andrews, Ernest Borgnine e Valentina Cortese. / Sinopse: Criminoso e assassino judeu chamado Barrabás (Anthony Quinn) é libertado no lugar de um jovem profeta chamado Jesus de Nazaré. Após ser escolhido no lugar do Messias tenta entender a razão de ter sido poupado da morte em detrimento do Nazareno que é crucificado por tropas romanas.
Pablo Aluísio.
Elenco: Barrabás tem um elenco muito bom a começar por Anthony Quinn no papel título. Sua interpretação é muito adequada. Seu personagem é uma pessoa rude, brutal, fruto do meio, que tenta entender a filosofia do cristianismo em um mundo que até então só lhe exigia violência e força. Outro grande ator em cena é Jack Palance. Ele interpreta um gladiador que treina e depois enfrenta Barrabás na arena (numa ótima cena do filme, muito bem editada e realizada). Palance não aparece muito mas quando surge traz muito ao filme. Outro destaque é a presença da musa italiana Silvana Mangano. Seu papel também é pequeno, geralmente surgindo nas cenas de taberna mas mesmo assim consegue marcar boa presença.
Produção: A produção do filme é do famoso Dino de Laurentis. Esse produtor foi o que mais próximo surgiu na linha deixada por Cecil B. De Mille. Ele não economizava recursos em seus épicos e procurava trazer o melhor, seja em cenários, seja em figurinos luxuosos. O filme foi totalmente rodado na Itália em parceria com a Columbia Pictures. Isso deu uma veracidade maior ao que se passa em cena pois as locações chegaram ao ponto de utilizar antigas construções romanas como as minas no Monte Etna na Sicília e o anfiteatro de Verona. Além disso a experiência dos profissionais de Cinecittà ajudaram muito para melhorar ainda mais esse aspecto do filme. Produção realmente classe A.
Direção: Barrabás foi dirigido por Richard Flescher que já tinha experiência com produções caras e complicadas antes (havia dirigido "20 Mil Léguas Submarinas" cinco anos antes). Seu trabalho é muito bom, algumas cenas lembram até mesmo pinturas da Renascença como a crucificação coletiva na cena final do filme. Também mostrou grande competência na direção de cenas com grande número de extras - como vemos nas cenas de Arena. Ele ainda faria um interessante filme anos depois com Tony Curtis chamado "O Homem que Odiava as Mulheres".
Barrabás (Barabbas, EUA - Itália, 1962) / Diretor: Richard Fleischer / Roteiro: Nigel Balchin, Diego Fabbri, Christopher Fry, Ivo Perelli / Produção: Dino de Laurentis / Roteiro: Nigel Balchin, Diego Fabbri, Christopher Fry, Ivo Perelli / Elenco: Anthony Quinn, Silvana Mangano, Arthur Kennedy, Katy Jurado, Jack Palance, Vittorio Gassman, Harry Andrews, Ernest Borgnine e Valentina Cortese. / Sinopse: Criminoso e assassino judeu chamado Barrabás (Anthony Quinn) é libertado no lugar de um jovem profeta chamado Jesus de Nazaré. Após ser escolhido no lugar do Messias tenta entender a razão de ter sido poupado da morte em detrimento do Nazareno que é crucificado por tropas romanas.
Pablo Aluísio.
Os Homens Preferem as Loiras
Certa vez Billy Wilder disse que alguns filmes só dariam certos se Marilyn Monroe estivesse neles. Penso que é o caso de "Os Homens Preferem as Loiras", um excelente musical com ótima trilha sonora que diverte, encanta e emociona. Assistir Marilyn Monroe cantando tão bem sua mais famosa canção no cinema "Diamonds Are a Girl´s Best Friend" balança com qualquer cinéfilo que se preze. E como Marilyn estava linda no filme! Ela no auge da beleza e juventude esbanja sex appeal em todas as cenas, sem exceção. Seu jeito de falar sussurrando era extremamente sensual. Sua personagem, a corista e dançarina Lorelai Lee, se parece muito com a que interpretou em "Como Agarrar um Milionário" mas isso realmente não importa. O que fica mesmo é a ótima coreografia, figurinos e roteiro de uma produção que nasceu para ser leve e bem humorada. Outro dia mesmo reclamei da falta de canções de Marilyn em um outro filme. Pois bem, aqui em "Os Homens Preferem as Loiras" temos a oportunidade de assisti-la cantando quatro músicas, todas ótimas é bom dizer.
Sempre achei Marilyn Monroe uma cantora subestimada. Eu pessoalmente acho seu timbre vocal lindo (além de ser excepcionalmente sensual). Não consigo entender também pessoas que a criticam afirmando que era apenas um mito sexual e não uma grande atriz! Bobagem, Marilyn Monroe tinha um talento nato para comédias e basta assistir filmes como esse para entender bem esse aspecto de sua carreira. Ela era divertida e não fazia esforço para parecer engraçada em cena (que em suma é o grande segredo dos grandes comediantes). Além disso sua voz sempre me soou relaxante e agradável. Tem que ser muito ranzinza para não gostar de musicais maravilhosos como esse. Mais um ponto positivo na grande carreira do diretor Howard Hawks que sempre foi um dos meus cineastas preferidos. Enfim, não precisa dizer mais nada. Quem ainda não assistiu e não consegue entender a longevidade do mito Marilyn Monroe não perca mais tempo. "Os Homens Preferem as Loiras" está lhe esperando. Assista e se divirta.
Os Homens Preferem as Loiras (Gentlemen Prefer Blondes, EUA, 1953) / Direção: Howard Hawks / Roteiro: Charles Lederer / Com Jane Russell, Marilyn Monroe e Charles Coburn / Sinopse: Duas coristas, Lorelei e Dorothy (Marilyn Monroe e Jane Russel), viajam até Paris para conhecer o pai do noivo de Lorelei. Durante a viagem são espionadas por um detetive que tem a missão de provar que ambas são apenas mulheres interesseiras em busca de dotes milionários de homens ricos.
Pablo Aluísio.
Sempre achei Marilyn Monroe uma cantora subestimada. Eu pessoalmente acho seu timbre vocal lindo (além de ser excepcionalmente sensual). Não consigo entender também pessoas que a criticam afirmando que era apenas um mito sexual e não uma grande atriz! Bobagem, Marilyn Monroe tinha um talento nato para comédias e basta assistir filmes como esse para entender bem esse aspecto de sua carreira. Ela era divertida e não fazia esforço para parecer engraçada em cena (que em suma é o grande segredo dos grandes comediantes). Além disso sua voz sempre me soou relaxante e agradável. Tem que ser muito ranzinza para não gostar de musicais maravilhosos como esse. Mais um ponto positivo na grande carreira do diretor Howard Hawks que sempre foi um dos meus cineastas preferidos. Enfim, não precisa dizer mais nada. Quem ainda não assistiu e não consegue entender a longevidade do mito Marilyn Monroe não perca mais tempo. "Os Homens Preferem as Loiras" está lhe esperando. Assista e se divirta.
Os Homens Preferem as Loiras (Gentlemen Prefer Blondes, EUA, 1953) / Direção: Howard Hawks / Roteiro: Charles Lederer / Com Jane Russell, Marilyn Monroe e Charles Coburn / Sinopse: Duas coristas, Lorelei e Dorothy (Marilyn Monroe e Jane Russel), viajam até Paris para conhecer o pai do noivo de Lorelei. Durante a viagem são espionadas por um detetive que tem a missão de provar que ambas são apenas mulheres interesseiras em busca de dotes milionários de homens ricos.
Pablo Aluísio.
sábado, 15 de dezembro de 2007
Rock Hudson, História de sua vida
Fim de ano é sempre uma boa oportunidade para colocar a leitura em dia. Nesse período de festas resolvi me dedicar a ler as biografias de dois mitos de Hollywood do passado: Marilyn Monroe e Rock Hudson. Sobre o livro 'A Deusa", que mostra detalhes da vida de Marilyn, ainda tecerei comentários futuramente aqui mesmo no blog. Agora quero falar um pouco sobre a autobiografia de Rock Hudson intitulada "História de sua vida". Em um texto muito bom somos apresentados a uma das trajetórias mais marcantes dos anos dourados do cinema americano. A ascensão e a queda de um dos grandes ídolos do passado são desvendados sem o glamour que tanto conhecemos. Rock desvenda sem pudores os grandes segredos dos estúdios, as intrigas e o star system. Logo no começo do livro o ator deixa bem claro que não devemos acreditar em nada do que nos é repassado pelos grandes estúdios. Tudo não passava de uma grande mentira.
A própria vida de Rock Hudson foi de certa forma construída em cima de uma mentira. Após passar alguns anos na Marinha, Roy Fitzgerald Scherer (seu verdadeiro nome) foi para Hollywood tentar a carreira de ator. Boa pinta, com mais de 1.90 de altura, Roy sabia que poderia encontrar uma boa oportunidade na terra do cinema. Lá começou os primeiros passos rumo ao estrelado. Através de bons contatos profissionais o ator conseguiu ser aceito na "fábrica de atores" da Universal e começou a aparecer numa série de pequenos filmes do estúdio. Era o chamado Star System. As companhias de cinema treinavam, ensinavam como se comportar em eventos sociais e promoviam determinados atores para depois os transformarem em grandes astros. Até mesmo seus nomes eram mudados e transformados, tudo num rígido e bem pensado sistema de promoção à prova de falhas. E foi assim que nasceu "Rock Hudson", um verdadeiro galã americano que em poucos meses já havia se transformado no sonho de todas as mulheres daquele tempo. Rock era considerado o "homem ideal" e o "marido perfeito" e assim foi construído todo o seu mito. Durante mais de uma década foi o ator mais popular de Hollywood, conquistando um sucesso de bilheteria atrás do outro. Era definitivamente a personificação do Sonho Americano. Só havia um pequeno detalhe nessa história de sucesso que era guardado a sete chaves pela Universal: Rock era gay!
A autobiografia de Rock foi escrita quando o ator estava em seu leito de morte, corroído pela AIDS. Com receio de sua história ser distorcida por outros, Rock contratou uma escritora profissional (Sara Davidson) e resolveu contar o seu lado da história. Mesmo debilitado resolveu abrir o jogo sobre a verdade obscura atrás da cortinas douradas de Hollywood. O retrato descrito por ele é demolidor. Rock conta vários segredos de bastidores que deixariam qualquer um de seu fãs dos tempos áureos de queixo caído. Em pouco mais de 400 páginas o ator fala sobre o mecanismo de fabricação de ídolos e revela fatos até então nunca revelados. Entre eles admite que só conseguiu o grande papel de sua carreira, no filme Assim Caminha a Humanidade, após dormir com um dos principais executivos da Universal. O sujeito, casado e pai da família, depois encontraria Rock em um jantar social e sussurraria em seu ouvido que "ainda o amava"!
O homossexualismo de Rock é mostrado sem rodeios. Os vários amantes e companheiros de sua vida são nomeados e descritos sem qualquer problema. Não poderia ser diferente, como Rock morreu antes da conclusão da autobiografia ele pediu aos seus amores do passado que contassem toda a verdade sobre os anos que viveram juntos. Essa parte do livro pode incomodar algumas pessoas pela franqueza. As várias tentativas de encobrir sua vida pessoal também são mostradas em detalhes. Entre elas a maior de todas: o casamento de fachada entre ele e uma secretária de um dos seus agentes. Rock se casou com ela justamente quando os boatos de que era gay ganhavam maior destaque na mídia. Apesar de sempre haver dúvidas Rock conseguiu, a duras penas, manter sua fama de "homem ideal" por várias décadas, tanto que o mundo recebeu com grande surpresa em 1985 a notícia de que estava com AIDS por ser homossexual.
Outro aspecto interessante do livro é mostrar a nítida transição que o cinema sofreu no final dos anos 60 e começo dos anos 70. Rock descreve a dificuldade de se manter trabalhando nesse período, quando os filmes passaram a retratar uma realidade concreta da vida e não apenas uma realidade idealizada dos grandes filmes do passado. Foi a época em que uma nova geração de atores surgiu, como Al Pacino, Robert De Niro e outros. Astros com cara de gente comum, pessoas do povo, bem distante da imagem de galã impecável do qual Rock era o símbolo maior. Sem trabalho Rock teve que se contentar em fazer TV (que odiava) e Teatro (que amava). Enfim, o livro é um excelente retrato de uma período que marcou a história do cinema. Rock é mostrado não apenas como um grande ator desse tempo mas também como uma pessoa muito humana que tentou sobreviver em Hollywood da melhor maneira que podia. Sua coragem no final de sua vida ao revelar todos os seus segredos diz muito sobre sua personalidade. Com sua morte Rock chamou a atenção da grande mídia para a AIDS, que naquele momento ainda era uma doença relativamente desconhecida do grande público. No final da vida soube utilizar bem o maior segredo de sua vida para algo definitivamente positivo, pois despertou o mundo para os perigos que a nova doença trazia. Seu livro é um testemunho de vida e deve ser conhecido por todos.
Pablo Aluísio.
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