Decidi rever esse filme por causa do tema. Como se sabe esse "Do Inferno" é uma adaptação cinematográfica da Graphic Novel de Alan Moore. Tudo o que se vê de inovador no roteiro se deve ao seu criador, então palmas para ele. O fato é que até hoje não se sabe com absoluta certeza sobre a real identidade de Jack, o Estripador, o mais famoso serial killer da história. E no meio dessas nuvens surgiram inúmeras teorias. Alan Moore obviamente escolheu uma delas e embora seu texto seja ficção acima de tudo, ficou muito bem orquestrado.
No filme Depp interpreta um inspetor da polícia de Londres. Ele não é um policial típico desse tipo de filme. Ao contrário de ser heroico, tem muitos problemas pessoais. É viciado em ópio e mistura absinto com laudáno, um tipo de veneno. Algo muito barra pesada, que coloca em risco a vida de quem ousasse tomar tal mistura. Só sai de seu estado de torpor quando um crime é cometido e ele é chamado para investigar. No caso os crimes de Jack, o Estripador.
E assim Alan Moore tece a teia de sua trama. Ele adotou uma teoria amplamente difundida na cultura de livros, ensaios, etc, que ligavam as mortes de Jack com a família real britânica, nos tempos da Rainha Vitória. Um príncipe teria se apaixonado por uma prostituta de Whitechapel. Pior do que isso, teria se casado e tido um filho com ela. Um escândalo desses seria devastador naquela época. Para encobrir tudo começou um verdadeiro banho de sangue promovido justamente por um médico da corte, um sujeito com ligações com a maçonaria. As cinco prostitutas mortas teriam ligação com o caso do jovem nobre. Tudo política, no final das contas.
Embora o que se veja na tela seja mesmo puramente ficcional, Alan Moore sabe como mexer os personagens de seu tabuleiro de xadrez. Tudo é muito bem orquestrado. O Jack do filme é um refinado médico maçônico, com ares de grandeza. Sim, ele faz o serviço sujo para a realeza, mas procura também satisfazer seus instintos mais sádicos e violentos. Usando roupas finas, métodos educados, acaba seduzindo as pobres moças com uma taça de vinho e um punhado de uvas. A miséria em que elas viviam era tão grande que elas associavam esse tipo de coisa com o luxo das elites mais abastadas!
Curiosamente, há pouco tempo, foi lançado um livro em que se propôs finalmente a revelar de uma vez por todas quem de fato seria Jack. A ciência indicou o imigrante polonês Adam Kosminski como o assassino em série. Seu DNA teria sido encontrado numa das peças de roupas de uma das vítimas de Jack. Supostamente ele estava enlouquecido pela sífilis, doença que tinha contraído justamente com as prostitutas de Whitechapel. Por isso sua sede de vingança brutalizada se concretizou de forma tão violenta contra elas! Assim Jack não era um médico da corte da Rainha Vitória, mas sim um vagabundo de rua. Mesmo assim, não abraçando a verdade histórica, "Do Inferno" funciona muito bem como cinema até hoje. O clima soturno, escuro e decadente, combina muito bem com a história de morte insana envolvendo Jack. E Depp está inesperadamente contido e sério, melhorando ainda mais um roteiro que por si só já era excelente.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 16 de maio de 2024
quarta-feira, 15 de maio de 2024
A Saga Highlander
Highlander tinha tudo para ser uma das grandes sagas da história do cinema. Porém tudo acabou muito cedo. Já no segundo filme já tínhamos uma ideia da lambança que os produtores e roteiristas iriam fazer. Como se sabe os filmes contam a história do Highlander Connor MacLeod interpretado nos quatro filmes por Christopher Lambert. Ele seria apenas um guerreiro do século XVI se não fosse por um detalhe: MacLeod era um ser imortal, que passaria a eternidade lutando contra outros imortais, até que sobrasse apenas um. Era o destino de todos os que não poderiam morrer pelos meios tradicionais. Muitos duelos e lutas pelos séculos, atravessando a história da humanidade.
Só que não souberam aproveitar o personagem ao longo dos filmes. Com um personagem que poderia viver em qualquer época os roteiristas jogaram ele no filme "Highlander 2 - A Ressurreição" em um mundo distópico, meio Blade Runner, meio Mad Max. Não ficou bom em nenhum aspecto. Uma péssima ideia. A ideia de copiar outros filmes ao invés de desenvolver sua própria mitologia estragou a franquia muito rapidamente. A culpa aqui pode ser creditada facilmente aos roteiristas que não capricharam, não procuraram pela originalidade. E isso foi destruindo o personagem ao longo dos filmes.
Em "Highlander 3: O Feiticeiro" o protagonista até enfrentou um bom vilão, interpretado pelo ator Mario Van Peebles, porém o estrago estava feito. O diretor Andrew Morahan só conseguiu mesmo dirigir um filme genérico de ação. E a direção de arte, além dos efeitos especiais, deixaram muito a desejar. O quarto filme chamado "Highlander 4: A Batalha Final" já mostrava que a saga havia caído na vala comum dos filmes de pequeno orçamento. Um diretor desconhecido chamado Douglas Aarniokoski foi contratado. A Dimension Films comprou os direitos dos personagens, mas não fez nada muito interessante com eles. Nesse quarto filme o único mérito foi fechar mesmo, de forma praticamente definitiva, a história de Connor MacLeod no cinema. Não foi em nenhuma hipótese uma grande cena, mas pelo menos o personagem encerrou sua participação na franquia original. Ele finalmente morre durante o filme. Pois é, imortais podem morrer, mas apenas se forem decapitados com uma espada por outros imortais. Regras que foram impostas no primeiro filme e seguidas desde então.
Aliás por falar no primeiro filme... esse foi mesmo o único grande filme dessa saga. Lançado em 1986, "Highlander - O Guerreiro Imortal" segue sendo um clássico dos anos 80. Além do ótimo elenco, que tinha a honra de trazer Sean Connery como coadjuvante nessa mitologia que nasceu nas terras altas da Escócia (logo ele que sempre teve grande orgulho de ser escocês), o filme ainda presenteava o público com uma trilha sonora em parte assinada pelo Queen. Além disso todos os méritos também vão para o diretor australiano Russell Mulcahy. Ele era jovem e cheio de ideias excelentes para o filme como um todo. Esse primeiro filme é daqueles em que todos os elementos parecem estar bem colocados. Pena que com o passar dos anos nada tenha sido feito de bom dessa mitologia dos imortais. Recentemente um remake foi anunciado, mas será que podemos esperar por alguma coisa boa? É complicado acreditar que sim.
Pablo Aluísio.
Só que não souberam aproveitar o personagem ao longo dos filmes. Com um personagem que poderia viver em qualquer época os roteiristas jogaram ele no filme "Highlander 2 - A Ressurreição" em um mundo distópico, meio Blade Runner, meio Mad Max. Não ficou bom em nenhum aspecto. Uma péssima ideia. A ideia de copiar outros filmes ao invés de desenvolver sua própria mitologia estragou a franquia muito rapidamente. A culpa aqui pode ser creditada facilmente aos roteiristas que não capricharam, não procuraram pela originalidade. E isso foi destruindo o personagem ao longo dos filmes.
Em "Highlander 3: O Feiticeiro" o protagonista até enfrentou um bom vilão, interpretado pelo ator Mario Van Peebles, porém o estrago estava feito. O diretor Andrew Morahan só conseguiu mesmo dirigir um filme genérico de ação. E a direção de arte, além dos efeitos especiais, deixaram muito a desejar. O quarto filme chamado "Highlander 4: A Batalha Final" já mostrava que a saga havia caído na vala comum dos filmes de pequeno orçamento. Um diretor desconhecido chamado Douglas Aarniokoski foi contratado. A Dimension Films comprou os direitos dos personagens, mas não fez nada muito interessante com eles. Nesse quarto filme o único mérito foi fechar mesmo, de forma praticamente definitiva, a história de Connor MacLeod no cinema. Não foi em nenhuma hipótese uma grande cena, mas pelo menos o personagem encerrou sua participação na franquia original. Ele finalmente morre durante o filme. Pois é, imortais podem morrer, mas apenas se forem decapitados com uma espada por outros imortais. Regras que foram impostas no primeiro filme e seguidas desde então.
Aliás por falar no primeiro filme... esse foi mesmo o único grande filme dessa saga. Lançado em 1986, "Highlander - O Guerreiro Imortal" segue sendo um clássico dos anos 80. Além do ótimo elenco, que tinha a honra de trazer Sean Connery como coadjuvante nessa mitologia que nasceu nas terras altas da Escócia (logo ele que sempre teve grande orgulho de ser escocês), o filme ainda presenteava o público com uma trilha sonora em parte assinada pelo Queen. Além disso todos os méritos também vão para o diretor australiano Russell Mulcahy. Ele era jovem e cheio de ideias excelentes para o filme como um todo. Esse primeiro filme é daqueles em que todos os elementos parecem estar bem colocados. Pena que com o passar dos anos nada tenha sido feito de bom dessa mitologia dos imortais. Recentemente um remake foi anunciado, mas será que podemos esperar por alguma coisa boa? É complicado acreditar que sim.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 14 de maio de 2024
Django, o Bastardo
Título no Brasil: Django, o Bastardo
Título Original: Django il bastardo
Ano de Produção: 1969
País: Itália
Estúdio: Società Europea Produzioni
Direção: Sergio Garrone
Roteiro: Sergio Garrone, Anthony Steffen
Elenco: Anthony Steffen, Paolo Gozlino, Luciano Rossi
Sinopse:
Django (Anthony Steffen) é um pistoleiro errante que chega na distante cidade de Desert City. Seu objetivo é procurar por algumas pessoas que o encurralaram anos antes em uma emboscada traiçoeira, escapando da morte por pouco. Desert City está dominado por dois irmãos, ricos e poderosos, que não admitem oposição. Um deles, Rod Murdok (Paolo Gozlino) tem velhas contas a acertar com Django.
Comentários:
Mais um western spaguetti genérico com o personagem Django. O roteiro é banal - a velha história da vingança de um pistoleiro contra seus algozes do passado - e a produção bem capenga. O ator que interpreta Django Anthony Steffen praticamente entra mudo e sai calado. O interessante é que logo o filme se torna um dos mais sangrentos com Django. Em menos de 40 minutos de filme o às do gatilho já se antecipa e mata logo pelo menos uns 30 adversários para deixar claro suas intenções. Também parece ter vindo diretamente do inferno, se tornando um ser meio sobrenatural. Como convém a todo Spaguetti esse aqui também tem lances curiosos (e involuntariamente engraçados). Antes de matar suas vítimas Django aparece com uma cruz com o nome do infeliz, com a data de sua morte e tudo mais. Gentilezas da profissão por certo! Também traz diálogos divertidos. Em determinado momento um cowboy pergunta a Django de onde ele veio. A resposta? "Eu vim do inferno, para onde pretendo levar você!". Ora, alguém duvida que os fãs de faroeste italiano não vão adorar tudo isso?
Pablo Aluísio.
Título Original: Django il bastardo
Ano de Produção: 1969
País: Itália
Estúdio: Società Europea Produzioni
Direção: Sergio Garrone
Roteiro: Sergio Garrone, Anthony Steffen
Elenco: Anthony Steffen, Paolo Gozlino, Luciano Rossi
Sinopse:
Django (Anthony Steffen) é um pistoleiro errante que chega na distante cidade de Desert City. Seu objetivo é procurar por algumas pessoas que o encurralaram anos antes em uma emboscada traiçoeira, escapando da morte por pouco. Desert City está dominado por dois irmãos, ricos e poderosos, que não admitem oposição. Um deles, Rod Murdok (Paolo Gozlino) tem velhas contas a acertar com Django.
Comentários:
Mais um western spaguetti genérico com o personagem Django. O roteiro é banal - a velha história da vingança de um pistoleiro contra seus algozes do passado - e a produção bem capenga. O ator que interpreta Django Anthony Steffen praticamente entra mudo e sai calado. O interessante é que logo o filme se torna um dos mais sangrentos com Django. Em menos de 40 minutos de filme o às do gatilho já se antecipa e mata logo pelo menos uns 30 adversários para deixar claro suas intenções. Também parece ter vindo diretamente do inferno, se tornando um ser meio sobrenatural. Como convém a todo Spaguetti esse aqui também tem lances curiosos (e involuntariamente engraçados). Antes de matar suas vítimas Django aparece com uma cruz com o nome do infeliz, com a data de sua morte e tudo mais. Gentilezas da profissão por certo! Também traz diálogos divertidos. Em determinado momento um cowboy pergunta a Django de onde ele veio. A resposta? "Eu vim do inferno, para onde pretendo levar você!". Ora, alguém duvida que os fãs de faroeste italiano não vão adorar tudo isso?
Pablo Aluísio.
A Heroína do Texas
Título Original: The Texans
Ano de Lançamento: 1938
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: James P. Hogan
Roteiro: Bertram Millhauser, Paul Sloane
Elenco: Randolph Scott, Joan Bennett, May Robson
Sinopse:
Após a Guerra Civil, um ex-soldado confederado enfrenta novas batalhas, incluindo os membros de uma quadrilha de bandidos que tentam roubar uma jovem indefesa. E ele terá que ser um às do gatilho para vencer todos aqueles bandidos.
Comentários:
Depois do sucesso comercial de "O Último dos Moicanos" o ator Randolph Scott deu um tempo nas fitas de faroeste. E isso surpreendeu muita gente já que todos esperavam que ele iria cair com tudo no gênero para aproveitar o sucesso. Apenas algum tempo depois é que ele voltaria a usar chapéu de cowboy, botas e esporas para montar seu belo cavalo branco. Isso voltaria a acontecer em "A Heroína do Texas" (The Texans), boa produção dirigida pelo cineasta James P. Hogan. O que chamava bastante a atenção aqui é que todas as atenções do roteiro iam para a mocinha do filme e não para o herói. Algo raro em um estilo cinematográfico tão voltado para o público masculino. Era algo novo e inovador, algo que poucos tinham feito em Hollywood naquele período histórico do cinema americano. A estrelinha do filme, a atriz Joan Bennett, foi até mesmo creditada na frente do astro Randolph Scott. isso mostrava também como ele poderia ser generoso com as colegas de profisssão. Ele vinha de um sucesso de bilheteria e poderia muito bem calçar seu ego de astro de western em Hollywood e exigir seu nome em primeiro lugar nos créditos do filme. Porém não fez isso. Foi bem humilde e companheiro, sendo usado até mesmo como escada da jovem atriz.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 13 de maio de 2024
O Canhoneiro do Yang-Tsé
Título Original: The Sand Pebbles
Ano de Lançamento: 1966
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Robert Wise
Roteiro: Richard McKenna, Robert Anderson
Elenco: Steve McQueen, Richard Crenna, Candice Bergen, Richard Attenborough, Emmanuelle Arsan, Larry Gates
Sinopse:
Marinheiro americano chega na China, no começo do século XX, para servir em um velho navio de guerra da Marinha dos Estados Unidos. Sua função é trabalhar na casa de máquinas da velha embarcação e logo surgem inúmeros problemas, entre eles um clima revolucionário que parece tomar conta da população local. Eles querem os estrangeiros fora de sua nação. Além disso o novo membro da tripulação não parece se entrosar muito bem com os demais marinheiros do navio.
Comentários:
Um bom filme que chegou a concorrer a oito estatuetas do Oscar! Para um filme desse estilo, que priorizava a ação, era realmente algo fora da rota da Academia. O destaque do elenco vai mais uma vez para o ator Steve McQueen. Ele interpreta o protagonista, um marinheiro que precisa contornar muitos problemas. Ele não é necessariamente bem-vindo naquele navio e para piorar tudo, acaba se envolvendo numa confusão na cidade chinesa para onde vai passar um tempo de licença. E como o clima revolucionário já se instalava entre o povo chinês, sua presença se torna ainda mais perigosa e agrava o antagonismo dos chineses para com os militares americanos. E ele não poderia mesmo contar nem com o apoio de seus próprios colegas da Marinha, uns tipos meio intragáveis. É curioso porque o personagem de McQueen acaba morrendo na última cena do filme. Eu não me lembro de ter visto essa situação em nenhum outro filme desse ator. Outra novidade. Por fim uma observação. O filme tem mais de 3 horas de duração! Talvez por essa razão não tenha sido um grande sucesso comercial e raramente tenha sido exibido nos canais de filmes clássicos. Esse tipo de duração certamente vai exigir um pouco de paciência e compromisso por parte do espectador. Mas vá em frente, o resultado final é muito bom e o filme certamente vale a pena.
Pablo Aluísio.
A Nova Viagem de Sinbad
Título no Brasil: A Nova Viagem de Sinbad
Título Original: The Golden Voyage of Sinbad
Ano de Produção: 1973
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Ameran Films
Direção: Gordon Hessler
Roteiro: Brian Clemens, Ray Harryhausen
Elenco: John Phillip Law, Caroline Munro, Tom Baker, Douglas Wilmer, Martin Shaw, Grégoire Aslan
Sinopse:
Sinbad e o vizir de Marabia, seguidos pelo mago maligno Koura, procuram as três tábuas de ouro que podem lhes dar acesso ao antigo templo do Oráculo que trará todo conhecimento aos que o encontrarem. Adaptação do clássico oriental "As Mil e Uma Noites" para o cinema.
Comentários:
Quem foi criança ou adolescente nos anos 70 e 80, certamente vai lembrar desse filme porque ele foi campeão em reprises na antiga Sessão da Tarde na Rede Globo. E como todos sabemos o que atraía a garotada nos filmes de Simbad era a galeria de criaturas criadas pelo genial mestre em efeitos visuais Ray Harryhausen. Aqui ele caprichou pois o filme traz diversos tipos de seres mitológicos, entre eles uma deusa indiana com seis braços e seis espadas, um centauro e até mesmo uma divindade de madeira, daquelas que eram colocadas nas frentes dos navios, que ganha vida e parte para a luta contra Simbad. Seres alados dos mais diversos tipos, misturas de leões e dragões, também estão no filme, mostrando bem o talento de seu criador. O roteiro tem muita magia e lutas de espadas. É tipicamente um filme da linha "espadas e feitiçaria", literatura de fantasia. O roteiro inclusive foi escrito também por Harryhausen. Como ele era o criador dos monstros mitológicos, obviamente ele determinava quando eles iriam surgir na tela. Enfim, um filme nostalgicamente saboroso que ficou ainda mais charmoso com o passar dos anos.
Pablo Aluísio.
Título Original: The Golden Voyage of Sinbad
Ano de Produção: 1973
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Ameran Films
Direção: Gordon Hessler
Roteiro: Brian Clemens, Ray Harryhausen
Elenco: John Phillip Law, Caroline Munro, Tom Baker, Douglas Wilmer, Martin Shaw, Grégoire Aslan
Sinopse:
Sinbad e o vizir de Marabia, seguidos pelo mago maligno Koura, procuram as três tábuas de ouro que podem lhes dar acesso ao antigo templo do Oráculo que trará todo conhecimento aos que o encontrarem. Adaptação do clássico oriental "As Mil e Uma Noites" para o cinema.
Comentários:
Quem foi criança ou adolescente nos anos 70 e 80, certamente vai lembrar desse filme porque ele foi campeão em reprises na antiga Sessão da Tarde na Rede Globo. E como todos sabemos o que atraía a garotada nos filmes de Simbad era a galeria de criaturas criadas pelo genial mestre em efeitos visuais Ray Harryhausen. Aqui ele caprichou pois o filme traz diversos tipos de seres mitológicos, entre eles uma deusa indiana com seis braços e seis espadas, um centauro e até mesmo uma divindade de madeira, daquelas que eram colocadas nas frentes dos navios, que ganha vida e parte para a luta contra Simbad. Seres alados dos mais diversos tipos, misturas de leões e dragões, também estão no filme, mostrando bem o talento de seu criador. O roteiro tem muita magia e lutas de espadas. É tipicamente um filme da linha "espadas e feitiçaria", literatura de fantasia. O roteiro inclusive foi escrito também por Harryhausen. Como ele era o criador dos monstros mitológicos, obviamente ele determinava quando eles iriam surgir na tela. Enfim, um filme nostalgicamente saboroso que ficou ainda mais charmoso com o passar dos anos.
Pablo Aluísio.
domingo, 12 de maio de 2024
A Rainha Faraó
O título de Faraó no Egito Antigo era exclusivo para os Reis, para a linhagem masculina dos herdeiros ao trono. Assim duas regras eram sagradas: O Faraó só poderia ser um homem e apenas homens se tornavam Reis do Egito Antigo. As Rainhas eram apenas as esposas dos Faraós ou então Regentes temporárias e provisórias do verdadeiro Faraó que poderia estar impedido de assumir suas funções por questões de saúde ou idade.
Bom, assim foi por milhares de anos, mas como em toda regra há exceções, também houve uma quebra dessas antigas regras sagradas nessa linhagem monárquica. A princesa Hatshepsut iria mudar todas essas regras. Ela era a filha mais velha do Faraó Tutmés II. Seu pai tinha saúde muito frágil pois sofria desde jovem com problemas sérios do coração. Por essa razão não viveu muito e teve apenas dois filhos, a própria princesa Hatshepsut e seu irmão, um garotinho de 3 anos de idade. Assim quando o Faraó morreu criou-se um grande problema. Os dois herdeiros ao trono eram jovens demais para assumir o controle de uma potência como o Egito.
A princesa Hatshepsut com apenas 16 anos de idade assumiu o trono como Rainha Regente de seu irmão, evitando assim um golpe de Estado que se armava no horizonte. Ela iria comandar o Egito enquanto ele atingisse a idade certa para se tornar Faraó. E para surpresa de todo o Reino a jovem Rainha se saiu muito bem. Ela era inteligente e focada nos assuntos do Estado. Realmente não havia reclamações por parte do povo e tudo corria bem.
Para agradar o clero ela também assumiu o título de esposa de Amón, o principal deus do Egito. Com isso ganhava a confiança e o apoio da classe sacerdotal. Mandou restaurar o antigo templo de Amón e cercou os sacerdotes com privilégios. Também ganhou o apoio do Exército, colocando no posto de general apenas homens honrados, honestos e que tinham provado seu valor no campo de batalha. Abriu rotas comerciais que garantiam o comércio das principais cidades do Egito. Enfim, mostrou ser de fato uma excelente Rainha.
Só que a jovem Rainha Regente também era muito ousada, dessa forma decidiu que iria assumir o trono não apenas como Regente, mas também como a primeira Faraó da história do Egito Antigo. Colocou barbas postiças e vestiu o famoso figurino dos Faraós. O gesto chocou os sacerdotes do Templo e o povo. Era uma transgressão! Isso acabou selando o destino de Hatshepsut. Ela perdeu o apoio do povo e acabou caindo em desgraça, embora fosse uma ótima administradora, levando o Egito para um dos seus momentos de glória em toda a sua história. De certa forma essa foi uma grande pioneira na valorização do poder feminino, mostrando que também poderia ser uma boa Faraó como qualquer outro homem que tivesse vindo antes dela. Aliás foi bem melhor do que muitos Faraós do passado. Uma interessante lição de história sobre o papel das mulheres na construção desse grande império da antiguidade.
Pablo Aluísio.
Rainha da Moda: Maria Antonieta
Nesses últimos dias terminei de ler o livro "Rainha da moda: Como Maria Antonieta se vestiu para a Revolução". A autora Caroline Weber se propôs a escrever uma biografia diferente da rainha da França. Ao invés de focar apenas nos eventos históricos propriamente ditos, ela procurou mostrar como a moda de Maria Antonieta, seus vestidos, seus penteados e roupas magníficas influenciaram nos eventos políticos que deram origem à revolução francesa. É uma boa ideia, certamente interessará aos estudiosos de moda e costumes, tudo na mais perfeita ordem.
A questão porém é que em termos de história o livro também se desnuda muito superficial. Claro que o vestuário em termos de Maria Antonieta ganha ares de profunda importância em sua história, porém a rainha também não se resumiu a apenas isso. Alguns momentos marcantes da vida da monarca por essa razão passam quase em brancas nuvens.
Isso fica bem claro nos momentos finais antes de Maria Antonieta ser levada à guilhotina ou então em seu julgamento. Tudo é visto pela autora de maneira muito superficial e raso. Eu apenas bato palmas para a coragem de Caroline Weber em se lançar na elaboração de um livro sob esse enfoque. A revolução francesa foi tão brutal que nenhum vestido de Maria Antonieta sobreviveu aos séculos. Tudo foi roubado ou destruído pelos revolucionários. O que sobrou do luxo de sua vida está nas pinturas, nos retratos que mostram os vestidos mais marcantes da rainha ou seus penteados ao estilo poof, também reproduzidos em pequenas aquarelas ou gravuras que eram vendidas em Paris.
O pano original, o tecido real, tudo foi perdido. De Maria Antonieta sobraram apenas algumas espartilhas, pequenos sapatinhos, etc. Assim fazer um filme sobre a moda da época sem ter o objeto de estudo em mãos já é pelo menos um ato de coragem da escritora. No final de tudo o que poderia recomendar em termos de literatura é mesmo o maravilhoso livro escrito por Zweig Stefan. Essa sim é uma obra espetacular. Já esse "Rainha da Moda" serviria apenas como um complemento de luxo ao livro principal. Faça essa dobradinha literária que será bem agradável.
Pablo Aluísio.
A questão porém é que em termos de história o livro também se desnuda muito superficial. Claro que o vestuário em termos de Maria Antonieta ganha ares de profunda importância em sua história, porém a rainha também não se resumiu a apenas isso. Alguns momentos marcantes da vida da monarca por essa razão passam quase em brancas nuvens.
Isso fica bem claro nos momentos finais antes de Maria Antonieta ser levada à guilhotina ou então em seu julgamento. Tudo é visto pela autora de maneira muito superficial e raso. Eu apenas bato palmas para a coragem de Caroline Weber em se lançar na elaboração de um livro sob esse enfoque. A revolução francesa foi tão brutal que nenhum vestido de Maria Antonieta sobreviveu aos séculos. Tudo foi roubado ou destruído pelos revolucionários. O que sobrou do luxo de sua vida está nas pinturas, nos retratos que mostram os vestidos mais marcantes da rainha ou seus penteados ao estilo poof, também reproduzidos em pequenas aquarelas ou gravuras que eram vendidas em Paris.
O pano original, o tecido real, tudo foi perdido. De Maria Antonieta sobraram apenas algumas espartilhas, pequenos sapatinhos, etc. Assim fazer um filme sobre a moda da época sem ter o objeto de estudo em mãos já é pelo menos um ato de coragem da escritora. No final de tudo o que poderia recomendar em termos de literatura é mesmo o maravilhoso livro escrito por Zweig Stefan. Essa sim é uma obra espetacular. Já esse "Rainha da Moda" serviria apenas como um complemento de luxo ao livro principal. Faça essa dobradinha literária que será bem agradável.
Pablo Aluísio.
sábado, 11 de maio de 2024
The Beatles - Can't Buy Me Love / You Can't Do That
Em seu recente livro de memórias, onde Paul explica de onde veio algumas de suas mais populares músicas, McCartney relembrou como "Can't Buy Me Love" foi composta. A música foi criada em Paris. Os Beatles estavam se apresentando na França, em uma curta turnê no famoso teatro Olympia. Assim eles faziam os shows de noite e de dia, geralmente no período da tarde, tentavam compor novas músicas, ainda mais naquele momento em que eles tinham assinado um contrato novo para novos discos no selo americano Capitol.
A música foi composta para sair em single, mas acabou sendo muito associada ao novo disco dos Beatles, pois seria o maior sucesso da trilha sonora de "Os Reis do Ié, Ié, Ié" ou citando o título original dessa produção, "A Hard Day´s Night". Assim que foi lançada em compacto foi um grande sucesso de vendas, chegando no primeiro lugar dos singles mais vendidos da Europa e dos Estados Unidos. No Brasil, nem preciso dizer, também foi um grande sucesso nas rádios.
O Lado B desse single trazia a faixa "You Can't Do That". Essa era uma criação de John Lennon. Aliás grande parte do disco "A Hard Day´s Night" foi composto por Lennon, com Paul ajudando de forma coadjuvante. Nessa época John estava em uma das fases mais criativas de sua carreira e ele estava mesmo empenhado em compor muito e compor bem. Tanto que durante esses primeiros anos ninguém, nem mesmo Paul, ousava contestar sua liderança nos Beatles.
O compacto original com essas duas músicas chegou ao mercado internacional em 16 de março de 1964, Depois a gravadora EMI decidiu incluir as duas faixas na trilha sonora do novo filme dos Beatles, o primeiro e considerado o melhor trabalho deles no cinema. Esse filme captou bem o clima da Beatlemania. Em fotografia preto e branco foi um precioso registro cinematográfico de como eram os Beatles naquela época.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - You Don't Have to Say You Love Me / Patch Up
Em termos de single o último lançamento de Elvis em relação a "That´s The Way It Is" foi esse compacto simples com a dobradinha "You Don't Have to Say You Love Me / Patch Up". Era outubro de 1970 e embalado pela promoção extra que vinha das salas de cinema o novo single de Elvis acabou sendo muito bem sucedido nas paradas.
Quase alcançou o Top 10 da Billboard, chegando na décima primeira posição entre os mais vendidos. Uma ótima posição para Elvis naquela época. As rádios tocaram bastante o Lado A "You Don't Have to Say You Love Me". Já o Lado B com "Patch Up" não teve a mesma sorte, embora Elvis tivesse se esforçado bastante para divulgar a música em seus shows realizados em Las Vegas.
A capa trazia na discografia do cantor uma curiosidade. Era a primeira vez que um disco seu o trazia usando óculos! A foto foi tirada durante os ensaios para a temporada em Las Vegas e como sempre acontecia nesses momentos Elvis mantinha seus óculos pois havia sido aconselhado por médicos a fazer isso pois ela tinha desenvolvido glaucoma. Com a iluminação das filmagens da MGM ele resolveu manter seus olhos protegidos.
Já nos palcos Elvis raramente usava óculos, o que lhe trouxe problemas oculares por causa dos canhões de luz próprios da época. Curiosamente os covers de Elvis não dispensam os óculos de "aviador" nem mesmo quando estão no palco, talvez para reforçar a caracterização do cantor (esse modelo acabou ficando bem marcado com essa fase de Elvis). Então é isso, temos aqui um single muito bem sucedido comercialmente, embora a longo prazo não tenha sido tão marcante assim pois Elvis logo deixaria de cantar as canções em seus concertos. O público também pareceu se esquecer rapidamente delas, apesar do sucesso inicial.
Pablo Aluísio.
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