sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Macho Callahan

Título no Brasil: Macho Callahan
Título Original: Macho Callahan
Ano de Produção: 1970
País: Estados Unidos, México
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Bernard L. Kowalski
Roteiro: Richard Carr, Cliff Gould
Elenco: David Janssen, Jean Seberg, Lee J. Cobb, David Carradine

Sinopse:
Diego Callahan (David Janssen) é um cowboy forçado a se alistar no exército confederado durante a guerra civil americana. Acusado injustamente de traição é jogado numa das mais infames prisões da guerra. Após fugir vai atrás de todos aqueles que o colocaram naquela situação de vida ou morte. Sua sede de vingança porém não será tão facilmente saciada pois um perigoso caçador de recompensas sai em seu encalço pelos desertos do velho oeste americano.

Comentários:
"Macho Callahan" ficou bem popular no Brasil porque foi lançado em VHS pela Globo Filmes em meados dos anos 1980. É uma produção entre Estados Unidos e México que procura reprisar alguns temas caros aos filmes italianos de faroeste, naquela altura em sua fase de maior popularidade. Isso não deixa de ser muito curioso, pois em última instância era um filme americano que procurava imitar os Westerns Spaghettis, que por sua vez eram imitações mais violentas dos filmes ianques. No meio desse rocambole todo fica até complicado entender quem no final das contas estaria imitando quem! Deixando isso de lado temos que dar crédito ao filme em si, que realmente é bom, diria até acima da média em termos de elenco - embora David Janssen não seja tão conhecido hoje em dia o elenco coadjuvante era de fato um destaque, em especial David Carradine no papel de David Mountford. Enfim, vale a pena conhecer ou rever para matar as saudades da era do VHS no Brasil.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

O Satânico Dr. No

Esse foi o primeiro filme de James Bond no cinema. Foi uma produção complicada, fruto das dificuldades de se adaptar para o cinema as aventuras escritas por Ian Fleming no mundo da literatura. O interesse dos estúdios surgiu curiosamente após o presidente John Kennedy declarar que os livros de Fleming eram os seus preferidos para se ler em momentos de lazer. Assim os direitos do livro foram comprados, porém havia um problema básico a se superar. Quem iria interpretar o agente James Bond, 007? Após várias especulações o estúdio escolheu um ator que era relativamente desconhecido na época, o escocês Sean Connery. E mesmo com todas as críticas por sua escolha (o sujeito nem era inglês!), o resultado se mostrou melhor do que se poderia esperar. Tanto que hoje em dia Connery ainda é escolhido em diversas listas como o melhor James Bond da história do cinema.

De qualquer forma temos também que admitir que apesar de ser um filme importante, por ter sido o primeiro Bond e tudo mais, esse filme envelheceu muito. Esteticamente ainda soa nostálgico e elegante, principalmente quando Connery está em cena, vestindo um elegante smoking. Porém nas cenas finais de ação, com toda aquela parafernália antiga, o filme se mostra completamente datado nos dias atuais. O diretor Terence Young fez um bom trabalho com o que tinha à disposição naqueles tempos, mas revisto hoje em dia o peso dessa mesma produção se faz sentir e de uma maneira bem ultrapassada.

O Satânico Dr. No (Dr. No, Inglaterra, 1962) Direção: Terence Young / Roteiro: Richard Maibaum, Johanna Harwood, baseados no livro escrito por Ian Fleming / Elenco: Sean Connery, Ursula Andress, Joseph Wiseman, Jack Lord, Bernard Lee / Sinopse: O agente inglês James Bond (Sean Connery) é enviado para desvendar o desaparecimento de um membro do serviço de inteligência de sua majestade, ao mesmo tempo que encontra uma ligação com a suspensão do programa espacial dos Estados Unidos. Por trás de tudo há um vilão sinistro, o misterioso Dr. No.

Pablo Aluísio.

O Acidente de Montgomery Clift

Em 1956 Montgomery Clift estava filmando ao lado da amiga Elizabeth Taylor a produção "A Árvore da Vida". Para celebrar Liz convidou Monty a um jantar em sua casa. A recepção seria realizada por ela e seu marido na época, Mike Wilding. Montgomery Clift já vinha com problemas envolvendo bebidas. Ele estava bebendo cada vez mais, ao ponto até de interferir em sua vida profissional e em eventos sociais como aquele abusava ainda mais do copo. O jantar foi muito festivo, além de Elizabeth Taylor havia outras estrelas de cinema na ocasião, como Rock Hudson. Monty parecia animado e alegre durante a festa, algo que estava se tornando cada vez mais raro.

Tarde da noite, entrando pela madrugada, finalmente o ator resolveu ir embora. Ele estava completamente embriagado mas como havia chegado sozinho em seu carro pretendia voltar também dirigindo ele próprio seu veículo. A questão era que pelo seu estado de embriaguez não havia muita possibilidade de algo assim dar certo. Bebida e volante nunca combinam. Para piorar a estrada que levava à casa de Elizabeth Taylor era sinuosa e mal iluminada. Primeiro partiu Kevin McCarthy, um dos convidados de Liz e logo em seguida saiu Monty. Numa das primeiras curvas Kevin olhou pelo retrovisor e ainda conseguiu ver o carro de Montgomery Clift saindo pela tangente da pista, indo de encontro a um poste telefônico. A batida foi certeira. O automóvel ficou em frangalhos e o ator estava severamente ferido.

Ao ouvir o barulho da batida Elizabeth Taylor saiu em disparada para o local do acidente. Monty estava encoberto por um banho de sangue. Sem cinto de segurança seu rosto foi de encontro ao volante e partes do para-brisa cortaram seu rosto. A situação era bem grave. Logo uma ambulância foi chamada e ele foi levado ao hospital. Seus ferimentos foram graves e atingiram vários nervos faciais, o que para um ator era uma notícia terrível pois sua capacidade de expressão ficaria comprometida. A produção do filme que estava participando foi suspensa e Monty passaria os meses seguintes sofrendo severas dores de cabeça decorrentes da grande pancada que sofreu. Para amenizar as dores começou a tomar grande quantidade de drogas pesadas, além de aumentar seu consumo de bebidas. Depois do acidente Montgomery Clift jamais foi o mesmo. Entrou em quadro de depressão e começou a lentamente se auto destruir.

Para piorar ele que sempre era considerado um dos atores mais bonitos do cinema começou a enfrentar problemas para arranjar novos trabalhos, uma vez que seu rosto agora exibia diversas cicatrizes que nem os melhores maquiadores conseguiam esconder. Além da queda de sua aparência física havia outros problemas sérios, como uma constante dor de cabeça que nunca o deixava em paz. Isolado e sofrendo ele começou um caminho sem volta. De fato essa terrível fase de sua vida acabou sendo conhecida como o "mais longo suicídio da história de Hollywood". Ele morreria precocemente em julho de 1966, sem nunca ter superado esse trauma em sua vida.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Elvis Presley - Elvis (1956) - Parte 4

Elvis não colocava muita fé em sua carreira em seus anos iniciais. Quando um repórter perguntou a ele o que estaria fazendo dali a dez anos, Elvis pensou um pouco e respondei: "Não sei! Acho que vou abrir uma loja de carros usados ou algo assim". Diante da resposta incomum o jornalista quis saber se Elvis não se via cantando no futuro ao que ele deixou a entender que não pois "cantores surgem e somem com rapidez".

De qualquer maneira naquele distante ano de 1956 Elvis vivia um dos melhores momentos de sua vida pessoal e artística. Sua mãe Gladys estava viva, ele curtia a onda de sucesso de seus discos e tinha assinado como uma grande gravadora, a RCA Victor. O que poderia estar faltando? Basicamente nada. Era só questão de gravar bons discos e seguir em frente com o mesmo sucesso.

Nesse momento ele também recebeu o título de "Rei do Rock". O curioso é que Elvis não gostava de ser chamado de Rei. Para ele apenas Jesus Cristo poderia ser chamado de Rei, no caso de "Rei dos Reis", conforme o título de um filme épico de sucesso da época. Aproveitando de toda a onda dessa nova música a RCA por sua vez queria que Elvis gravasse cada vez mais rocks, um atrás do outro, pois era esse tipo de gravação que andava vendendo muito por todo o país. Elvis cedeu e gravou "Ready Teddy", um rock visceral composto pela dupla Robert Blackwell e John Marascalco. A música era dinamite pura e Elvis foi encorajado para apresentá-la ao vivo em sua apresentação na TV. A performance do jovem roqueiro com cabelo cheio de brilhantina causou grande comoção em todo o país. Os mais velhos odiaram. Os mais jovens amaram. No meio de toda a polêmica que se seguiu Elvis ficou ainda mais famoso.

"Long Tall Sally" foi outro rock de raiz gravado por Elvis nesse LP.  Era uma original de Little Richard, que anos depois disse estar honrado de ter ouvido uma de suas músicas gravadas pelo garoto de Memphis. Era algo especial. Isso também colocava por terra aquela velha narrativa de que Elvis seria um ladrão da cultura negra. Um branco bonitão que colocou as mãos nas músicas compostas pelos primeiros roqueiros negros e depois ficou rico e famoso com elas. Na verdade o próprio Richard desmentiria isso, dizendo que o fato de Elvis ter gravado sua música o teria lhe ajudado muito naqueles tempos pioneiros. Era um ato de colaboração, ajuda e amizade e não de exploração como muitos quiseram fazer crer anos depois.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Heartbreak Hotel / I Was The One

O primeiro sucesso nacional de Elvis Presley curiosamente não fez parte de seu primeiro álbum pela RCA Victor. "Heartbreak Hotel" só foi lançado mesmo em single, compacto simples, com a baladona "I Was The One" no lado B. Afinal porque isso aconteceu? Muito simples. A lógica comercial da indústria fonográfica nos anos 50 era bem diferente da de hoje. O carro chefe da popularidade dos artistas era justamente o single - pequeno compacto de vinil com duas canções, uma no lado A e outra no lado B.

Caso a canção conseguisse fazer sucesso nas rádios a venda desses pequenos discos era garantida, eram baratos, simples e muito acessíveis, sendo vendidos em todos os locais - até em postos de gasolina. Retorno financeiro rápido e fácil. "Heartbreak Hotel" foi muito trabalhado pela RCA. Elvis havia custado caro à gravadora e ele tinha que emplacar nas paradas de todo jeito. A música causou perplexidade entre alguns executivos. Era bem estranha, com um ritmo pouco comum, não era um blues, nem um rock autêntico e tampouco era uma balada. O que diabos era "Heartbreak Hotel" então?

A canção foi escrita baseada em uma única frase: "Eu caminho numa rua solitária". Mae Axton havia lido essa frase marcante em um jornal local que noticiava o suicídio de um homem que havia deixado escrito em seu bilhete de despedida apenas isso. Ela então imaginou que no final dessa rua solitária deveria haver um Hotel... dos corações partidos. Mais emblemática do que isso, impossível. Mae então levou a música para uma convenção de músicos e compositores em Nashville. Ela sabia que Elvis Presley iria estourar nas paradas e isso poderia ser sua grande chance de emplacar um sucesso realmente nacional. Após muita luta conseguiu uma audição com Elvis. Tocou a música para ele numa demo onde o cantor tentava imitar justamente o estilo de Elvis. Presley adorou o que ouviu e disse que gravaria a música. O resto é história.

Durante muitos anos se especulou porque Elvis estava creditado na música se não a tinha composto de fato. Era comum na década de 50 os cantores dividirem a autoria da música para lançamento em suas vozes no mercado. Era uma forma do intérprete ganhar alguns trocados a mais com os direitos autorais. Era praxe na época e Elvis seguiu apenas um costume do mercado fonográfico. Apesar disso sempre que perguntado em entrevistas se tinha realmente composto a música, Elvis logo se punha a explicar que não era o caso, que ele apenas assinava a composição por uma questão de mercado. "Heartbreak Hotel" trouxe bons resultados para Elvis - caiu no gosto popular e atingiu o primeiro lugar na parada Billboard (a principal dos EUA). Foi a primeira vez que ele conseguiu esse feito. Além disso trouxe ao cantor seu primeiro disco de ouro. Era o começo de um reinado nas paradas de singles que iria durar, sem maiores interrupções, até mais ou menos 1962 quando seus singles começaram a derrapar nas paradas por causa dos filmes em Hollywood. Essa porém é uma outra história.

Elvis Presley: Heartbreak Hotel / I Was The One (1956)
Elvis Presley (vocal, violão), Scotty Moore (guitarra), Chet Atkins (guitarra), Bill Black (baixo). D.J. Fontana (bateria), Floyd Cramer (piano), Gordon Stoker, Ben Speer e Brock Speer (vocais de apoio), Heartbreak Hotel (Tree Publishing Co, BMI) 2:08 - Data de gravação: 10 de janeiro de 1956 - Local: RCA Studios, Nashville. I Was The One (Cheppel e Co, Inc / Rachel's Own, ASCAP) 2:33 - Data de gravação: 11 de janeiro de 1956 - Local: RCA Studios, Nashville.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 2 de agosto de 2022

Bravura Indômita

Não existe nada mais perigoso no mundo do cinema do que refilmar antigos clássicos absolutos do passado. Quando o remake de "Bravura Indômita", western clássico com John Wayne, foi anunciado eu temi pelo pior. Não havia esquecido ainda de vários remakes desastrosos que foram feitos como "Psicose", por exemplo. Se é um marco da história do cinema, qual é a finalidade de refazer tal filme? Além da falta de originalidade os remakes sofrem de outro problema, sempre caindo em uma verdadeira armadilha: ou seguem literalmente o filme original e aí se tornam inúteis ou então tentam inovar correndo o risco de despertar a fúria dos fãs da obra original. As duas opções, convenhamos, não são nada boas.

Eu fiz questão de rever o original poucos dias antes de assistir a esse remake justamente para ter uma base melhor de comparação com o filme dos irmãos Coen. A minha impressão é a de que essa nova versão preferiu seguir o caminho da refilmagem mais fiel ao original, sem inovações impertinentes ou banais. Os diretores tiveram um certo respeito pelo filme original. Embora seguindo lado a lado com o filme de John Wayne, o remake também apresenta pequenas e pontuais novidades. Afinal os irmãos Coen, tão autorais em sua filmografia, não iriam dirigir um filme totalmente desprovido de originalidade.

Não resta dúvida, por exemplo, que essa nova versão tem um roteiro bem mais explicativo do que o filme de 1969, mostrando mais aspectos do livro que deu origem aos dois filmes. A reconstituição histórica também segue mais condizente com a época em que se passa a história. Esses são certamente pontos positivos aqui. É um filme, como disse antes, muito bem feito, com tudo colocado no lugar certo, mas curiosamente sem grandes surpresas, chegando a ser até mesmo um pouco convencional, isso claro se compararmos com o primeiro filme. Burocrático? Não chega a incomodar nesse aspecto. Respeitoso em excesso com o filme original? Certamente.

Um dos grandes méritos dessa nova versão vem de seu elenco. E aqui temos que destacar o trabalho do ator Jeff Bridges. É fato que Rooster Cogburn é um personagem à prova de falhas, pois foi ótimo para John Wayne e novamente caiu muito bem na caracterização de Bridges. O que mais me chamou a atenção é que a interpretação no novo remake é quase uma homenagem velada ao desempenho anterior de Wayne. Até a entonação vocal é extremamente semelhante. Bridges, em certos momentos, é quase uma paródia de Wayne, tudo muito igual e parecido. É uma homenagem ao grande ator do passado, que inclusive foi premiado com o Oscar, após longos anos de carreira, justamente pela interpretação desse personagem. Palmas para Jeff Bridges! No final de tudo, gostei desse novo filme. Penso que o caminho certo a seguir por remakes é justamente esse. Ser bem fiel ao livro original, preservando aspectos do filme clássico.

Bravura Indômita (True Grit, Estados Unidos, 2010) Direção: Ethan Coen, Joel Coen / Roteiro: Joel Coen, Ethan Coen baseado na novela escrita por Charles Portis / Elenco: Jeff Bridges, Matt Damon, Hailee Steinfeld / Sinopse: Jovem garota (Hailee Steinfeld) resolve contratar velho agente federal gordo e bêbado chamado Rooster Cogburn (Jeff Bridges) para encontrar um grupo de criminosos que mataram seu pai. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Jeff Bridges), Melhor Atriz Coadjuvante (Hailee Steinfeld), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia (Roger Deakins), Melhor Figurino, Melhor Edição de Som, Melhor Mixagem de Som e Melhor Direção de Arte.

Pablo Aluísio.

Sabata, o Homem que Veio para Matar

Título no Brasil: Sabata, o Homem que Veio para Matar
Título Original: Ehi Amico... C'è Sabata, Hai Chiuso
Ano de Produção: 1968
País: Itália
Estúdio: Produzioni Europee Associati (PEA)
Direção: Gianfranco Parolini
Roteiro: Renato Izzo, Gianfranco Parolini
Elenco: Lee Van Cleef, William Berger, Ignazio Spalla

Sinopse:
A construção da estrada de ferro acaba atraindo todos os tipos de foras da lei para a região do velho oeste americano, onde oportunidades de assaltos e crimes surgem em todos os lugares. Para piorar até mesmo os políticos se rendem ao estado de corrupção e crime reinantes e nenhum deles querem perder a oportunidade de ficarem ricos, mesmo de forma desonesta. Todos porém terão que enfrentar antes um infame pistoleiro e matador, Sabata (Lee Van Cleef).

Comentários:
O ator americano Lee Van Cleef (1925 - 1989) fez mesmo a festa no cinema europeu durante os anos 1960. Nem pensou duas vezes e foi morar na Itália onde a indústria de cinema do país fervia numa efervescente produção de filmes de faroeste que acabariam sendo chamados de Western Spaghetti. Foi uma decisão muito inteligente por parte de Cleef pois lá ele acabaria se tornando um astro de dezenas de películas, que nem é necessário dizer logo se tornaram grandes sucessos de bilheteria. "Sabata, o Homem que Veio para Matar" é outro de seus clássicos, uma fita muito bem movimentada que tenta lançar mais um personagem marcante ao estilo Django ou Trinity! Uma espécia de Sartana particular de Lee Van Cleef! O cenário e o palco de toda a ação acontece na chamada corrida rumo ao velho oeste, com a construção das grandes estradas de ferro rumo ao Pacífico. O diretor Gianfranco Parolini assina o filme como Frank Kramer, como se fosse um cineasta americano. Hoje em dia isso é visto como algo desnecessário pois os italianos são reconhecidos como talentosos artesãos da sétima arte. Apenas o preconceito da época justificava algo assim. De qualquer modo aí está outro faroeste europeu para você colocar em sua lista de produções imperdíveis.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Lolita

Esse filme original dos anos 60 é muito superior ao fraco remake que foi produzido algumas décadas depois. A fotografia em preto e branco é um dos trunfos do filme que por si só já é muito bem dirigido pelo mestre Stanley Kubrick, aqui em um de seus filmes mais convencionais. Se bem que o uso do termo convencional nem pode ser usado impunemente em um filme com tema tão explosivo e polêmico como esse. Como sabemos o roteiro foi baseado no livro escrito por Vladimir Nabokov. Mesmo na época do lançamento original do livro, ainda dentro dos muros da literatura, o escritor precisou lidar com uma avalanche de críticas pesadas por causa da história de seu romance sui generis.

E o que justificava tanta polêmica? Ora, Lolita contava a história pouco aceita socialmente de um tórrido interesse de um homem bem mais velho por uma adolescente, a ninfeta Lolita. Nabokov não pintou seus personagens de culpa, arrependimentos ou pecado. Ao contrário disso ele procurou mostrar aquele desejo do velho homem como algo natural mesmo, da natureza humana. E talvez isso tenha gerado tantos problemas para ele. Kubrick, em seu filme, também segue pelo mesmo caminho. Para interpretar a Lolita ele acertou em cheio ao escolher a jovem Sue Lyon. Além de linda a atriz era talentosa e esperta, ou seja, era de certa forma a própria personificação da Lolita de Vladimir Nabokov. Para uma adaptação cinematográfica não poderia haver escolha melhor.

Lolita (Lolita, Estados Unidos, Inglaterra, 1962) Direção: Stanley Kubrick / Roteiro: Stanley Kubrick, baseado na obra de Vladimir Nabokov / Elenco: James Mason, Sue Lyon, Shelley Winters, Gary Cockrell / Sinopse: Homem bem mais velho, já coroa, cai de amores e sedução por uma jovem adolescente, uma ninfeta chamada Lolita. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor roteiro adaptado.

Pablo Aluísio.

O Amante da Morte

Título no Brasil: O Amante da Morte
Título Original: The War Lover
Ano de Produção: 1962
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Philip Leacock
Roteiro: Howard Koch, John Hersey
Elenco: Steve McQueen, Robert Wagner, Shirley Anne Field, Gary Cockrell, Michael Crawford, Bill Edwards

Sinopse:
A história do filme se passa em 1943, na Inglaterra, durante a II Guerra Mundial. Dois pilotos americanos, Buzz Rickson (McQueen) e Ed Bolland "Bo" (Robert Wagner), voam em potentes bombardeiros B17 (conhecidos como Fortalezas Voadoras). Sua missão é jogar bombas em instalações industriais da Alemanha nazista.

Comentários:
Também conhecido como "O Amante da Guerra" esse bom filme se passa durante a II Guerra. Os dois protagonistas são pilotos da USAF que estão estacionados em uma base aérea na Inglaterra, perto do Londres. São dois tipos de personalidades bem diferentes. Enquanto Bo (Wagner) é um militar certinho que tenta seguir as normas das forças armadas, seu companheiro de avião, Buzz (McQueen) é o extremo oposto. Ele é considerado um ótimo piloto por seus oficiais superiores, mas também é visto como insubordinado, irresponsável e indisciplinado. Chega ao ponto de dar voos rasantes na base apenas para se divertir. As coisas andam bem entre os dois pilotos, mas logo a coisa azeda quando entra em jogo uma garota inglesa que ambos estão interessados. Assim o roteiro proporciona o melhor de dois mundos para o público. Quem estiver interessado na parte da aviação militar não vai se decepcionar pois há ótimas sequências de combate nos céus da Alemanha. E quem estiver em busca de um melhor desenvolvimento dos personagens também não vai ter do que reclamar, pois o roteiro é muito bom nesse aspecto. Enfim, um filme de guerra completo.

Pablo Aluísio. 


domingo, 31 de julho de 2022

Blackfish - Fúria Animal

Título no Brasil: Blackfish - Fúria Animal
Título Original: Blackfish
Ano de Lançamento: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: CNN Films
Direção: Gabriela Cowperthwaite
Roteiro: Gabriela Cowperthwaite
Elenco: James Earl Jones, Samantha Berg, John Hargrove, Dean Gomersall, Mark Simmons, Tilikum

Sinopse:
Documentário que denuncia a forma como grandes parques aquáticos dos Estados Unidos exploram e maltratam orcas e golfinhos em suas instalações. Também mostra o histórico de ataques e incidentes violentos envolvendo os treinadores e os animais em cativeiro.

Comentários:
Imagine um animal selvagem sendo capturado em alto mar e depois levado para viver em piscinas de parques aquáticos americanos. Uma vez lá, são treinados e adestrados para fazer truques circenses para plateias de grandes cidades. Esse documentário mostra a crueldade dessa situação, focando nos shows de animais como o Sea World, um dos mais populares dos Estados Unidos. A orca Tilikum ganha destaque. Capturada ainda filhote nos mares da Islândia, ela foi levada para parques onde se apresentava. Sofreu todos os tipos de abusos físicos e em determinado momento atacou e matou sua própria treinadora em plena apresentação. Já tinha um histórico de ataques contra seres humanos, mas tudo havia sido abafado pelo parque. Esse animal acabou se tornando símbolo do absurdo da situação de se ter predadores de grande porte da natureza em ambientes artificiais onde ficavam nadando en círculos por toda a vida. A realidade é simples de entender, quando um ser humano não respeita a natureza, essa encontra sua própria forma te revidar e reafirmar seus instintos naturais e selvagens. O resultado é a tragédia que vemos nesse ótimo documentário.

Pablo Aluísio.