quinta-feira, 17 de março de 2022

A Salamandra

Título no Brasil: A Salamandra
Título Original: The Salamander
Ano de Produção: 1981
País: Inglaterra, Itália
Estúdio: Opera Films
Direção: Peter Zinner
Roteiro: Robert Katz, Rod Serling
Elenco: Anthony Quinn, Christopher Lee, Franco Nero, Eli Wallach, Claudia Cardinale, Martin Balsam

Sinopse:
Um policial italiano investiga uma série de assassinatos envolvendo pessoas em posições de destaque. Um desenho de uma salamandra sempre é deixado para trás em cada cena do crime. O policial começa a suspeitar que esses assassinatos estão ligados a um complô fascista para tomar o controle do governo.

Comentários:
Filme bem interessante e com elenco internacional onde astros do cinema vindos da Itália, Inglaterra e Estados Unidos unem forças para fazer a produção funcionar. Talvez o maior problema do filme seja justamente condensar e resumir a trama complexa do livro original de Morris West que deu origem ao roteiro. Um filme apenas não daria conta disso. Seria melhor adotar um formato de série ou minissérie. De qualquer forma o filme mesmo falhando na adaptação da literatura ainda consegue ser um bom programa. Além disso nunca é demais apreciar a beleza da atriz Claudia Cardinale, ainda encantando na tela. Já Anthony Quinn segue com seu tipo habitual, explosivo, impulsivo, pura emoção. Enfim temos aqui um filme de ação e conspirações políticas que merece uma revisão e uma reavaliação nos dias atuais.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 16 de março de 2022

Dexter: New Blood

Dexter está de volta! Eu sabia que retornaria, mesmo de forma compacta como agora, com apenas 10 episódios. Eu assisti toda a série original. As três primeiras temporadas foram excelentes, depois decaiu um pouco, fruto de uma esperada saturação. Mesmo assim manteve uma boa qualidade. O final ficou em aberto, por isso não foi surpresa esse retorno. Era mesmo esperado. Dexter agora vive em uma cidade gelada no Alaska. Nada mais distante da ensolarada Miami onde se passava a série que deu origem a tudo. Nessa nova vida ele mudou seu nome, foi morar em uma cabana no meio da floresta de gelo e até mantém uma certa normalidade em sua vida, com direito a ter uma namorada fixa (uma policial!) e ser querido pelos moradores da pequena cidade.

Só há um problema: Dexter ficou dez anos sem matar! Isso vai contra sua própria natureza. Sendo um serial killer sua vontade de matar está sempre presente. Dexter sente essa necessidade todos os dias. Ele tenta se manter na linha, com o aparecimento de sua irmã em delírios, servindo como uma guia moral. E quando um sujeito riquinho, esnobe e sem caráter (além de um passado criminoso) surge em sua frente, Dexter pensa seriamente em sair desse estado em que se encontra. Afinal ele sempre seguiu um código interno, de só matar criminosos, seres nocivos para a sociedade. No primeiro episódio Dexter é colocado à prova. E como ele próprio diz, é um assassino em evolução. O que será que vai acontecer?

Dexter: New Blood / Episódio Cold Snap (Estados Unidos, 2021) Direção: Marcos Siega / Roteiro: Clyde Phillips / Elenco: Michael C. Hall, Jack Alcott, Julia Jones / Sinopse: Dez anos após se esconder, Dexter ressurge vivendo em uma pequena cidade do distante e frio Alaska. Ele mudou de nome e tenta levar uma vida normal, só que a sede de matar volta a rondar sua existência.

Pablo Aluísio. 


Guia de Episódios - Dexter New Blood:

Dexter - New Blood 1.02 - Storm of Fuck
As investigações começam para tentar descobrir o paradeiro da vítima de Dexter. E os policiais escolhem para servir de base de campo... a própria casa do Dexter na montanha! Surreal, não é mesmo? Lembrando que o serial killer agora namora uma tira! E obviamente Dexter vai bagunçar a cena do crime, vai criar pistas para uma falsa narrativa, tudo no sentido de despistar os homens da lei. E tem mais um fator a se preocupar: seu filho que agora parece disposto a morar com o pai. Situação mais do que delicada para um assassino que precisa acima de tudo esconder os rastros de seu próprio crime! / Dexter - New Blood 1.02 - Storm of Fuck (Estados Unidos, 2021) Direção: Marcos Siega / Roteiro: Warren Hsu Leonard, Clyde Phillips / Elenco: Michael C. Hall, Jack Alcott, Julia Jones.

Dexter - New Blood 1.03 - Smoke Signals
As coisas pioram para Dexter. As buscas pela sua vítima recomeçam, inclusive com o uso de cães farejadores. Ele precisa despistar os animais. Acaba usando um pedaço de roupa do próprio morto para criar um falso rastro no meio da noite dentro da floresta. E onde ele vai desovar o corpo? Após pensar muito Dexter decide levar os pedaços do homem morto até uma velha mina há muito abandonada, mas acaba dando de cara com um urso faminto lá dentro! E as coisas só complicam. Sua única saída é contar com a ineficiência dos policias locais. Só assim ele vai se safar de mais um crime. / Dexter - New Blood 1.03 - Smoke Signals (Estados Unidos, 2021) Direção: Sanford Bookstaver / Roteiro: David McMillan / Elenco: Michael C. Hall, Jack Alcott, Julia Jones.

Dexter - New Blood 1.04 - H Is for Hero
O filho de Dexter carrega o passageiro sombrio do pai. Durante uma confusão na escola ele acaba esfaqueando um colega, um jovem gordinho que vive sendo alvo de bullying por parte dos outros alunos. E a situação só piora. Ele mente, inventa uma versão de que foi ele o esfaqueado e que salvou os outros alunos que iriam sofrer um atentado ao estilo escola de Columbine. Assim o jovem Harrison Morgan é elevado a uma posição de herói da escola, mas isso tudo não passa de uma grande mentira. Dexter descobre tudo e vê que seu filho também é um psicopata assassino. E agora, o que ele vai fazer? Uma situação mais do que complicada! / Dexter - New Blood 1.04 - H Is for Hero (Estados Unidos, 2021) Direção: Sanford Bookstaver / Roteiro: Tony Saltzman / Elenco: Michael C. Hall, Jack Alcott, Julia Jones.

Dexter - New Blood 1.05 - Runaway
O filho de Dexter vai para uma festa de jovens e toma uma droga que quase o mata. Ele sofre uma overdose de drogas. Escapa por pouco. Dexter fica furioso. Decide ir atrás do traficante. Ele quer fazer justiça pelas próprias mãos. E como é um serial killer sempre que pinta uma boa oportunidade é hora de matar mais um. Só que Dexter tem perdido a mão depois de vários anos sem prática. Ele arma todo o cenário, traz as ferramentas, mas em seu ritual de morte as coisas acabam dando errado e ele precisa, de última hora, arranjar um plano B. E mal ele sabe que vaza a informação de que ele não é quem diz ser. Que ele usa um nome falso. Isso voltará mais tarde para lhe atormentar. Na outra linha narrativa a policial e aquela blogueira de crimes chegam na cidade de Nova Iorque atrás do jovem desaparecido que supostamente estaria hospedado em um hotel de luxo. Acabam descobrindo que não é ele. Na verdade ele continua desaparecido. / Dexter - New Blood 1.05 - Runaway (Estados Unidos, 2021) Direção: Marcos Siega / Roteiro: Veronica West / Elenco: Michael C. Hall, Jack Alcott, Julia Jones.  

Dexter - New Blood 1.06 - Too Many Tuna Sandwiches
Dexter descobre que o velho Kurt tem esqueletos no armário. O sujeito mantém uma cabana escondida na floresta. Ele leva essas jovens perdidas até lá, as tranca em um quarto no porão e depois os mata, fazendo mira na mata. Dexter segue Kurt e a jovem e atrapalha os planos do velho de encarcerar mais uma desavisada da vida. E por falar em Dexter sua namorada policial está furiosa com ele. Ela descobriu que ele usa um nome falso. E ela acaba descobrindo ossos em uma caverna da região, uma mina. De quem seria esses ossos? Da vítima de Dexter ou de alguma vítima de Kurt? Veremos nos próximos episódios. Até lá! / Dexter - New Blood 1.06 - Too Many Tuna Sandwiches (Estados Unidos, 2021) Direção: Marcos Siega / Roteiro: Scott Reynolds / Elenco: Michael C. Hall, Jack Alcott, Julia Jones.

Dexter - New Blood 1.07 - Skin of Her Teeth 
Dexter é um personagem muito bom. Nessa temporada especial só produziram 10 episódios, o que acho pouco, já que a história em si daria muito pano para a manga. Tanto isso é verdade que apesar de estar no sétimo episódio desta temporada, ainda haveria muitos desdobramentos interessantes e trazer caso os roteiristas assim determinassem. Nesse episódio Dexter descobre que Kurt já tem ciência de seu passado. Assim ficamos com 2 psicopatas em lados opostos, com uma óbvia tensão cada vez mais crescente entre eles. Kurt aliás se safa das acusações, uma vez que encontraram seu DNA na caverna onde uma ossada humana foi descoberta. Ele alega que o verdadeiro assassino da jovem havia sido seu pai morto muitos anos antes. Dexter também tem problemas dentro de casa, seu filho tem demonstrado em várias ocasiones que carrega o mesmo problema do pai, ou seja, trata se de um jovem psicopata. E a série assim segue cada dia mais interessante, pena que vai acabar daqui 3 episódios. / Dexter - New Blood 1.07 - Skin of Her Teeth  (Estados Unidos, 2021) Direção: Sanford Bookstaver.

Dexter - New Blood 1.08 - Unfair Game
As cartas estão sobre a mesa entre Dexter e Kurt. Eles sabem quem são, não há mais necessidade de se manter uma fachada de boa convivência, tanto que Kurt manda um dos seus capangas dar um fim em Dexter. Ele é pego por trás, desprevenido, na covardia e levado para a Floresta, a intenção é óbvia pois Kurt quer Dexter Morgan morto. Só que o psicopata ainda tem cartas na manga e não vai deixar barato. Ele consegue se soltar e fugir. Tudo se torna um jogo de vida ou morte. Mesmo sendo alvo, como ponto fixo de tiro, consegue sobreviver. Enquanto isso Kurt leva seu filho Harrison para sua cabana de execução isolada. Uma vez lá se mostra muito confiável e amigável, um sujeito muito bacana, até o momento em que enfia uma máscara medonha na cabeça e fala para Harrison correr por sua vida. Bom episódio, pela história que conta bem poderia ser o final da temporada. / Dexter - New Blood 1.08 - Unfair Game (Estados Unidos, 2021) Direção: Sanford Bookstaver / Elenco: Michael C. Hall, Jack Alcott, Julia Jones.

Dexter - New Blood 1.09 - The Family Business
Dexter e Kurt vão parar o tudo ou nada. A situação fica tensa quando Kurt faz uma visita inesperada na casa da namorada de Dexter, surgindo como aquele cara amigão, gente boa, mas que você sabe que aquilo é no fundo um desafio. E assim eles acabam se encontrando para um duelo final. Quem se dá bem é Dexter que leva Kurt para sua mesa de execução. Para surpresa de muita gente, ele está ao lado do seu filho Harrison. Nesse momento Dexter já confessou ao filho sobre o seu passado e o seu passageiro Sombrio. Dexter deseja que filho descubra como controlar esse instinto assassino. Assim no final de tudo Kurt ganha uma passagem só de ida para inferno! / Dexter - New Blood 1.09 - The Family Business (Estados Unidos, 2022) Direção: Marcos Siega / Elenco: Michael C. Hall, Jack Alcot, Julia Jones.

Dexter - New Blood 1.10 - Sins of the Father
Esse é o último episódio da série Dexter. Como termina essa série? Ou pelo menos essa temporada? Bom, antes de mais nada, é interessante saber que Dexter aqui pode ter encontrado o seu fim. Pelo menos assim sugere a cena final, quando o Dexter leva um tiro no peito e cai em cima da neve branca que fica vermelha de seu sangue. Muitos podem pensar que nada foi dito efetivamente sobre sua morte, mas de qualquer forma fica no ar a questão. Um tiro daquele costuma ser fatal. Pode ser que ele realmente tenha morrido, ou então vão inventar algo absurdo para a próxima temporada. Eu espero por tudo. De qualquer forma, o tiro é dado pelo seu próprio filho, Harrison. Ele havia sido preso porque foi encontrado em sua casa que pegou fogo parafusos cirúrgicos. Daquele rapaz, o filho de Kurt que havia desaparecido. Assim, a ex namorada logo percebeu que ele era o verdadeiro responsável por aquele crime. A partir daí, ele tem que se virar para sair da cadeia. E acaba sendo atingido pelo tiro do próprio filho. Um bom episódio final. Será que haverá outra temporada? Só nos resta esperar. / Dexter - New Blood 1.10 - Sins of the Father (Estados Unidos, 2022) Direção: Marcos Siega / Elenco: Michael C. Hall, Jack Alcott, Julia Jones.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 15 de março de 2022

Pistoleiros do Entardecer

Sam Peckimpah - um dos maiores diretores da história do cinema - não fez por menos: conseguiu erguer uma obra arrebatadora e psicológica, subvertendo uma ordem cinematográfica quase unânime a respeito das linhas limítrofes que cercam todo o quadrante onde está inserido um filme de faroeste (qualquer que seja ele). O diretor, não só rompeu com alguns paradigmas, como também transfixou no corpo e na alma de cada personagem a flecha negra que dissemina de forma sistêmica algumas "viagens" pela psiquê humana. A exceção de uma fotografia exuberante e que de alguma forma parece escapar por todos os poros da fita, tudo parece funcionar no limite, inclusive a dupla dos quase aposentados e magníficos atores, Joel McCrea e Randolph Scott.

A categoria, juntamente com a empatia desses dois monstros do cinema é um refrigério saudosista para os verdadeiros fãs dos filmes do velho oeste. O excelente Peckimpah une a velha dupla com o objetivo de transportar uma grande soma em dinheiro, mas também os separa: nos olhares, nas mensagens subliminares de desconfiança, e principalmente no silêncio. Steve Judd (McCrea) sabe que Gil (Randolph Scott) está longe de ser um companheiro confiável. Na dura empreitada, ainda acompanha a dupla, Elsa Knudsen, interpretada pela belíssima Mariette Hartley e o aprendiz de ladrão e capanga de Gil, Heck Longtree (Ron Starr). O primeiro nó psicológico vem justamente da bela Elsa - que foge das garras do pai, um religioso fanático e boçal, para ir ao encontro de seu futuro marido, o pilantra Billy Hammond (James Drury). Depois de unir-se ao trio - McCrea, Scott e Starr - Elsa ameaça a já estremecida parceria com os seus problemas e seu desejo juvenil e doentio de um casamento no mínimo estapafúrdio.

Em determinado momento, o filme se parece com um vulcão prestes a entrar em erupção, pelo simples fato de não existir purgatório: ou se está no céu, ou no inferno. A ingênua Elsa descobre que o seu príncipe encantado não é tão encantado assim. O resgate do dinheiro, o casamento bizarro entre Elsa e Billy Hammond, juntamente com a tensão crescente entre o trio e os irmãos Hammond, torna o ar quase irrespirável e o conflito entre os dois grupos inexorável. Essa violência brutal, silenciosa, e que aos poucos vai crescendo e tornando-se insuportável, é a marca inimitável do mestre Peckimpah, o "poeta da violência". Mas o ponto alto do filme traz a chancela indelével do mestre: o casamento de Elsa e Billy realizado dentro de um bordel. Nesta cena, Peckimpah mistura elementos sórdidos, vulgares e profanos servidos à mesa com muita violência, bebidas, gargalhadas, prostitutas, homens sujos, tarados e muita depravação. É o ponto alto e "Rodriguiano" do filme. É o momento em que o grande diretor mostra a sua cara. O terço final do longa tem ganchos épicos com direito a doses cavalares de mixórdia moral e imoral, auto comiseração e o resgate de uma velha parceria que consagrou o gênero. Peckimpah fecha o clássico com chave de ouro, num duelo ao estilo O.K. Corral na lendária cidade de Tombstone. Um filmaço.
Nota 10

Pistoleiros do Entardecer (Ride the High Country, EUA, 1962) / Direção: Sam Peckinpah / Roteiro:N.B. Stone Jr./ Com Randolph Scott, Joel McCrea, Mariette Hartley, Ron Starr e Edgar Buchanan / Sinopse: Steve Judd (Joel McCrea), um ex- xerife é contratado para levar um carregamento em ouro por um território hostil. Para ajudar nessa tarefa ele chama Gil Westrum (Randolph Scott). Westrum porém tem outros planos sobre o ouro.

Telmo Vilela Jr.

Deuses e Generais

Título no Brasil: Deuses e Generais
Título Original: Gods and Generals
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Ronald F. Maxwell
Roteiro: Jeff Shaara, Ronald F. Maxwell
Elenco: Robert Duvall, Jeff Daniels, Stephen Lang

Sinopse:
Em 1863 os Estados Unidos passam por uma séria crise política. De um lado estados do norte, ricos, desenvolvidos e industrializados, anseiam pelo fim da escravidão negra nos estados do sul, rurais, atrasados, com mão de obra escrava e sistema de plantation de culturas de algodão. A diferença de opinião e visão sobre o futuro da nação acabou levando a uma guerra brutal com milhares de mortes para ambos os lados. Vencedor do prêmio MovieGuide Awards na categoria Melhor Ator (Stephen Lang).

Comentários:
A Guerra Civil americana segue como uma das mais sangrentas da história dos Estados Unidos. Esse excelente "Gods and Generals" tenta lançar uma luz sobre o quadro político e social que deu origem ao conflito ao mesmo tempo em que tenta mostrar seus principais personagens como pessoas reais, com sonhos, ambições e desejos. A Guerra Civil acabou transformando muito de seus generais em lendas. Basta lembrar de Robert E. Lee, o lendário general que assumiu o comando das tropas sulistas confederadas, aqui em bela interpretação de Robert Duvall. O interessante é que apesar de tanto tempo - mais de um século - desde o fim do conflito ainda há resquícios de rivalidade dentro dos Estados Unidos. Um fato que comprova isso foi que durante o lançamento do filme houve uma séria controvérsia entre os produtores e setores da sociedade sulista que acusaram o roteiro do filme de ser historicamente inverídico e manipulador dos fatos tal como ocorreram. De uma forma ou outra considero uma bela película, com capricho na reconstituição histórica em termos de figurinos, cenários e ambientações. Talvez por ter que retratar tantos personagens importantes o roteiro acabe de certa forma ficando um pouco disperso mas nada disso atrapalha no resultado final. Seja você confederado ou unionista o fato é que ao final da exibição saberá bem mais sobre os bastidores dessa guerral brutal que levou milhares de americanos à morte.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 14 de março de 2022

Marlon Brando - Hollywood Boulevard - Parte 21

Esse foi o personagem que mudou a vida e a carreira de Marlon Brando. O ator sabia que ganhar um papel numa peça chamada "Um Bonde Chamado Desejo" de Tennessee Williams em Nova Iorque seria a sorte grande em sua vida profissional. Assim Brando foi uma das centenas de atores que se inscreveram para fazer o teste para o papel. Stanley Kowalski era retratado na peça teatral como uma força da natureza, um bruto, sem sentimentos e com muitos músculos. Tennessee Williams sabia que precisava encontrar o ator certo, caso contrário grande parte do apelo dramático de seu texto se perderia. A escolha de Brando para viver esse homem das cavernas moderno teve um fator de pura sorte, por mais incrível que isso possa parecer.

Tennessee Williams já estava perdendo a paciência quando Brando subiu ao palco. A maioria dos que fizeram teste antes dele acabou não agradando ao escritor. Brando parecia ser mais promissor. Era um jovem musculoso, com jeito de interiorano e sem muita educação. Esses eram os pontos que o autor estava buscando. Marlon fez uma boa audição de sua cena mas não foi isso que o levou a ganhar o papel. Casualmente Williams comentou com seu assistente que estava com um horrível vazamento de água em sua casa. Ele morava com a mãe e estava preocupado pois não conseguia encontrar um bom encanador. Ora, Brando desde que saíra da escola militar passou a exercer vários empregos braçais, onde a técnica de se lidar com canos e entupimentos era uma função e um requisito obrigatório.

Assim Brando se ofereceu para ir na casa de Williams para consertar o vazamento. Tennessee Williams confessaria anos depois que quando viu Brando todo suado e sujo, consertando seus canos quebrados, teve a certeza de ter encontrado o ator ideal para dar vida a Stanley Kowalski. Brando estava em ótima forma física e o autor, que era gay, ficou imediatamente atraído por aquela visão, mas procurou se manter à distância, afinal se envolver com os atores de suas próprias peças teatrais não parecia ser uma boa ideia. Brando também não parecia ser gay e isso era algo que foi essencial em sua escolha, afinal de contas tantos atores afeminados tinham feito o teste que Williams dava graças por encontrar um hétero de verdade no meio daquele monte de atores nova-iorquinos homossexuais.

Brando ganhou não apenas o papel mas também a aclamação da crítica. Ele era de fato um sujeito amoral, brutal e rude em cena, tal como seu personagem exigia. Uma das coisas que Brando aprendeu atuando em uma peça de sucesso em Nova Iorque era que não havia moleza sobre isso, pelo contrário, era um trabalho puxado, que exigia muito de um ator. Nos fins de semana havia matinês e assim Brando tinha que se apresentar por duas vezes no mesmo dia. Não era fácil. Ele que sempre fora um indisciplinado viu que as coisas não seriam tão maravilhosas como pensava. Essa aliás foi uma das razões porque Brando escolheu o cinema ao invés de se consagrar definitivamente nos palcos da Broadway. Um filme não exigia tanto esforço e trabalho. Por essa época ele deu mais uma de suas declarações polêmicas a um jornal especializado no mundo do teatro em Nova Iorque. Sorrindo, ele resumiu a situação: "Apenas atores que se assemelham a prostitutas vão para Hollywood fazer filmes. Os grandes atores, os mestres da arte de representar, ficam em Nova Iorque fazendo peças. Bem, o que posso dizer? Eu sou uma prostituta!"

Pablo Aluísio.

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 21

Eram opostos e talvez por isso tenham se apaixonado tanto. Arthur Miller era um intelectual respeitado, autor de textos maravilhosos como “A Morte do Caixeiro Viajante”. Era alto, tinha uma mentalidade de esquerda e gostava de conversar sobre os grandes clássicos da literatura. Havia se casado com sua colega de universidade e tinha filhos pequenos. Marilyn Monroe era a atriz número 1 da América. Uma artista de sucesso que escondia sob uma fachada de glamour e luxo uma pessoa com problemas emocionais graves. A primeira vez que Marilyn encontrou Miller foi em uma festa em Hollywood. Ela obviamente ficou atraída por sua inteligência e postura. De fato Miller se parecia fisicamente com o grande ídolo de Monroe, o Presidente Abraham Lincoln. Sabe-se lá a razão a questão era que Marilyn tinha verdadeira veneração por Lincoln e aonde quer que fosse levava uma foto do famoso presidente para colocar ao lado de sua cama. Provavelmente se identificava com a vida de Abe, pois assim como ela o presidente também tinha tido uma origem muito humilde e só depois, com muito esforço e dedicação pessoal, conseguiu subir na vida.

Lincoln estava morto quase há um século mas Miller estava ali, bem próximo a ela. Fazendo-se de dengosa ela puxou conversa com Miller e ambos sentaram em um sofá na sala de estar. Marilyn queixou-se do sapato apertado que estava usando e Arthur Miller se ofereceu para lhe fazer uma massagem nos pés. Ela ficou tão relaxada e calma com a habilidade de Miller que ali naquele momento, como confidenciou tempos depois, decidiu que queria ficar com o escritor, que iria se casar com ele algum dia. O curioso é que no meio de tantos romances e amores Monroe jamais esqueceu daquela noite. Através de um amigo em comum conseguiu o telefone de Arthur e começou a telefonar para ele com freqüência. Arthur Miller resistiu por pouco tempo. O charme e a sedução de Marilyn haviam funcionado novamente. Para uma pessoa que sempre foi dita como muito equilibrada, Miller pareceu ter perdido o juízo ao se relacionar com a musa. Desfez seu casamento de longa data e se atirou em um romance que apesar dos bons momentos o levaria a situações realmente conflitantes.

O casamento aconteceu com relativa rapidez. Marilyn parecia muito decidida. No começo a atriz tentou se moldar ao modelo que Arthur Miller esperava de uma esposa. Nas primeiras semanas se revelou uma pessoa dedicada a ele, com interesse em suas idéias e forma de pensar. Chegou até mesmo a defender o marido quando ele foi acusado de ser comunista durante a famosa caças ás bruxas do congresso americano. Os meses felizes porém acabaram logo. Após engravidar e perder mais uma vez seu filho, algo que Marilyn desejava muito, ela começou a mostrar sinais de desequilíbrio. Monroe começou a tomar muitas pílulas novamente e o pior, começou a beber em demasia. Arthur Miller presenciou tudo e até tentou endireitar a situação mas ele tinha uma personalidade introspectiva, peculiar a escritores, e não conseguia se impor à Marilyn, que era expansiva e um furacão de mulher.

Não tardou para que Marilyn transformasse o pacato Miller em seu saco de pancadas preferido. Ela o desabonava publicamente, fazia pouco dele, o chamava de chato na frente de estranhos e criava confusão o tempo todo com o temperamento do marido. Miller havia prometido a Marilyn que escreveria o argumento de seu próximo filme mas estava tão esgotado emocionalmente por causa de seu deteriorado relacionamento com a atriz que não encontrava mais inspiração para escrever novos textos. O pior é que após um período de fidelidade (algo raro para Monroe) ela logo voltou aos velhos hábitos traindo o marido com atores, políticos e até mesmo com um conhecido membro da quadrilha do mafioso Sam Giancana. A situação piorou e muito nas filmagens de “Os Desajustados”. Marilyn dava ataques no set de filmagens e humilhava o marido na frente de todos. Numa das brigas mais sérias deixou o marido no meio do deserto, onde o filme estava sendo rodado, o colocando para fora de seu Cadillac. Se não fosse John Huston, o diretor, que retornou para pegar Miller esse certamente seria deixado lá para morrer de sede.

Arthur Miller deu o troco usando Marilyn como inspiração para criar em seu novo texto uma personagem completamente insana, desequilibrada e às portas da loucura. Era um retrato demolidor e nada lisonjeiro da esposa. Certo dia, meio que ao acaso, Marilyn encontrou os manuscritos de Miller e ficou chocada pela forma que era retratada na prosa do marido. Quando esse chegou em casa o tempo fechou completamente. Ambos brigaram e se destruíram psicologicamente. Um acusando o outro pelo fracasso do casamento. Ao contrário de Di Maggio, Arthur Miller jamais pensou em bater em Marilyn. Simplesmente se levantou após a briga, pegou sua mala e seu velho chapéu surrado e foi embora. Era o fim de mais um casamento muito dolorido da vida de Marilyn Monroe. Nos dias seguintes Marilyn afundou no álcool, nas drogas e em uma sucessão de sessões de análise que a deixaram ainda mais confusa. O pior é que ela teria que em breve voltar aos estúdios da Fox para o começo de um novo filme, agora ao lado do cantor e amigo Dean Martin. A tempestade estava próxima e Marilyn se via perdida mais uma vez em sua vida. O que aconteceria daí em diante iria causar muita dor e confusão em sua vida pessoal e profissional mas essa é uma história que contaremos em outra oportunidade.

Pablo Aluísio.

domingo, 13 de março de 2022

Irmão Urso

Título no Brasil: Irmão Urso
Título Original: Brother Bear
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: Walt Disney
Direção: Aaron Blaise, Robert Walker
Roteiro: Tab Murphy
Elenco: Joaquin Phoenix, Jeremy Suarez, Rick Moranis

Sinopse:
Um caçador mata um urso. Ele alega acidente, mas para provar de seu próprio erro ele retorna como um urso para aprender as lições de preservação da natureza.

Comentários:
É uma animação tradicional com a marca da Walt Disney. Então os pais não precisam se preocupar nem com o roteiro amigável à família e nem tampouco com a qualidade técnica do desenho. Nem preciso dizer que o padrão de qualidade da Disney sempre foi, desde sua fundação, um dos melhores do mundo (isso, claro, se não for o melhor mesmo!). Para cinéfilos em geral vale a curiosidade de ouvir a voz de Joaquin Phoenix (sim, ele é o narrador da estorinha), naquele que acredito ser seu único trabalho para o público infantil. No mais indico esse "Irmão urso" para as crianças bem pequenas, abaixo dos 7 anos de idade. As lições de ecologia também são muito bem-vindas para os pequeninos.

Pablo Aluísio.

sábado, 12 de março de 2022

Agente das Sombras

Título no Brasil: Agente das Sombras
Título Original: Blacklight
Ano de Produção: 2022
País: Estados Unidos
Estúdio: Zero Gravity Management
Direção: Mark Williams
Roteiro: Nick May, Mark Williams
Elenco: Liam Neeson, Aidan Quinn, Taylor John Smith, Emmy Raver-Lampman, Claire van der Boom, Yael Stone

Sinopse:
Travis Block (Liam Neeson) é um agente especial do FBI especializado em fazer o serviço sujo do Bureau. Sua nova missão passa a ser caçar e neutralizar um ex-agente que decidiu contar tudo o que sabe para uma jovem jornalista investigativa disposta a revelar o lado podre do FBI. Ele deve evitar que isso aconteça, não importe os meios que use.

Comentários:
Esse thriller policial teria sido excelente se o roteiro assumisse o lado mau do personagem interpretado por Liam Neeson. Afinal ele é amigo pessoal do diretor do FBI, um sujeito que praticamente nunca segue a lei. Um corrupto e criminoso convicto! Porém o tal bom mocismo impera, assim o agente de Neeson surge como um cara bonzinho que ama a neta. Cenas pegajosas de pura pieguice estragam um filme que deveria ter sido muito mais visceral. Além disso não existe lógica na construção de um personagem que faz todo tipo de serviço sujo para o FBI e ainda assim se mostra o bonzinho, o bom moço! Outro problema que encontrei na história do filme veio em seu desfecho. O roteiro trabalha na construção de uma organização criminosa dentro do FBI, mas tudo desmancha como cartas em castelo nos dez minutos finais. Apressado e nada crível, o final decepciona. Fiquei passando em como tudo isso renderia uma boa série, afinal FBI versus FBI renderia ótimas ideias.

Pablo Aluísio. 

Diários de Motocicleta

Título no Brasil: Diários de Motocicleta
Título Original: Diarios de motocicleta
Ano de Produção: 2004
País: Argentina, Chile
Estúdio: FilmFour Pictures
Direção: Walter Salles
Roteiro: Jose Rivera
Elenco: Gael García Bernal, Rodrigo de la Serna, Mía Maestro, Mercedes Morán, Jean Pierre Noher, Sofia Bertolotto

Sinopse:
Baseado em fatos reais, o filme conta a história de um jovem Ernesto Guevara que decide fazer uma grande viagem de motocicleta pela América Latina e em sua jornada acaba conhecendo o lado mais desigual da sociedade, com a camada pobre da sociedade sendo colocada à margem. E essa situação reforça e concretiza sua mentalidade socialista e humanista.

Comentários:
Premiado com o Oscar, esse filme é realmente muito bom. Uma visão bem interessante do jovem Che, quando ele ainda não era um revolucionário comunista lutando na Ilha de Cuba. Intelectual, interessado pelos problemas de sua comunidade, prestes a entrar na universidade de medicina, ele decidiu ver com seus próprios olhos a América Latina. isso rendeu um diário que anos depois se tornou um livro premiado, um verdadeiro best-seller. Claro que o filme renova e engrandece o mito em torno de Che Guevara, o que certamente vai irritar quem não possui um viés ideológico de esquerda. Ignore esse aspecto e veja o filme como pura obra de arte cinematográfica. Como puro cinema esse filme é realmente ótimo, sob qualquer ponto de vista.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 11 de março de 2022

A Dama na Água

Quando surgiu, o cineasta M. Night Shyamalan foi aclamado como uma das maiores novidades do cinema. Seus filmes, na maioria das vezes também roteirizados por ele, logo se tornaram frenesi entre público e crítica. Porém, é inegável reconhecer, que o fôlego do diretor para obras primas do cinema atual não durou muito. Logo foram perdendo o brilho de seus primeiros filmes. Esse "A Dama na Água" já demonstrava claros sinais de desgaste e falta de originalidade. Em linhas gerais o roteiro de M. Night Shyamalan bebia diretamente como fonte das antigas lendas de seres marinhos, de linhagem feminina, que encontravam os homens nas longas viagens pelos sete mares. Pois é, esse roteiro traz como protagonista uma espécie de sereia. Temos aqui claramente uma reciclagem modernosa de lendas antigas...

Só que obviamente o diretor não iria fazer algo tão banal, então ele criou todo um universo para esse estranho ser, muito embora não explique praticamente nada, transformando tudo em um filme de enredo bem vazio e entediante. A história de um zelador que encontra uma estranha mulher nadando na piscina no lugar onde ele trabalha não avança muito. É puro estilo, mas sem conteúdo. Quando chegou nos cinemas (eu assisti em uma sala de cinema em setembro de 2006) ainda havia uma percepção de que o novo filme de M. Night Shyamalan era novamente muito interessante, original e tudo mais. Porém revisto hoje em dia percebemos claramente que tudo não passava de bolhas no ar que logo explodiram, sumindo rapidamente. De certa forma o filme é uma grande farsa, no pior sentido dessa palavra.

A Dama na Água (Lady in the Water, Estados Unidos, 2006) Direção: M. Night Shyamalan / Roteiro: M. Night Shyamalan / Elenco: Paul Giamatti, Bryce Dallas Howard, Jeffrey Wright / Sinopse: Um homem comum, zelador de um condomínio, encontra uma estranha mulher na priscina do lugar onde trabalha. O que ele nem desconfia é que ela não é um ser humano como ele, mas sim uma criatura muito especial.

Pablo Aluísio.